Luz ao final da escuridão P2

Safira Montenegro

Após o meu pequeno desentendimento com o Alessandro caminho a passos largos pelo corredor do hospital, mas pela obra do destino, dou de cara com a "Pirimeira" que é uma junção de piriguete com enfermeira. Ela me olha envergonhada e lhe dou um olhar mortal, espero que agora ela saiba que o Alessandro já tem dona, que nesse caso sou eu.

Chego em frente a sala do doutor Fagundes e respiro profundamente, após bater escuto um "pode entrar" e viro a maçaneta da porta, entrando assim no local. Com toda certeza eu estava pálida, o sangue das minhas mãos param de correr, pelo menos é o que eu estava sentindo, não há possibilidade de gravidez, tento me convencer até o final, não posso está grávida, não agora.

_ Sente-se por favor. _ Diz o doutor Fagundes e me sento em sua frente em uma das cadeiras

_ Como se sente? _ Continua o doutor olhando-me atentamente

_ Eu estou bem doutor, mas decidi vir fazer os exames que o senhor pediu. _ Falo, ele me olha desconfiado

_ A senhorita tomou essa decisão sozinha? _ Pergunta com a sombrancelha levantada

_ Sim. _ Falo _ Quer dizer... não, o Alessandro me pediu para Vir. _ Falo e ele sorriu

_ Esta vendo como o seu namorado se preocupa com você? O exame vai ser simples, não precisa ter medo. Vamos fazer o Beta, para ver se a senhorita está realmente grávida e comprovar a minha suspeita. _ Explica o doutor

_ Está bem, vamos antes que eu desista. _ Falo e ele solta um riso fraco

_ Vou pedir para uma enfermeira te acompanhar para o procedimento. _ Diz e chama uma enfermeira pelo interfone em sua mesa.

Ficamos conversando e ele me explica a segurança do exame, garante que no hospital nunca houve erros em relação a isso. Minutos depois uma enfermeira entra na sala e o doutor a explica o que ele deseja.

_ Quando acabar volte para minha sala. _ Pede ele e confirmo

Acompanho a enfermeira até o laboratório e quando chegamos no determinado local, ela faz a retirada do meu sangue para o exame Beta. Enquanto isso ela conversa comigo de assuntos envolvendo criança e família, nesse período de pouco tempo descobrir que ela é casada e mãe de duas meninas.

Confesso que fiquei curiosa em saber como seria ter uma família estruturada, mas em meio a esse caos isso seria impossível. Volto para a sala do doutor Fagundes e não o encontro, mas a enfermeira que me acompanhou me pede para esperar na poltrona ao lado de dentro. Minutos depois o doutor Fagundes volta com alguns papéis em mãos.

_ Sinto muito em faze-la esperar, mas olhe o que eu tenho aqui. _ Diz mostrando o exame

_ E então doutor? _ Falo e ele me encara sorrindo

_ Parabéns Mamãe. _ Diz o doutor  e nesse exato momento meu mundo desaba

Como assim estou grávida? Minhas mãos ficam geladas, mas por instinto ela vai de encontro a minha barriga, não dava para se perceber, mas pela notícia eu já sabia que tinha um pequeno ser que habitava em mim. Mas o que vai ser do meu bebê? Como vou contar ao Alessandro? Como ele irá reagir?

O que pode acontecer daqui para frente? Sei que com o Luiz a solta não temos segurança e com o acidente do Alessandro estamos vulneráveis. Meus medos falam por si, mas o que importa é que ninguém sabe do meu bebê, o Luiz com toda sua irã me mataria, disso tenho certeza.

_ Não gostou da notícia? _ Pergunta o doutor Fagundes

_ Gostei, é que eu não esperava ser mãe tão nova. _ Falo e ele sorri

_ Um bebê é sempre uma bênção. _ Diz _ Vou lhe dá um cartão de uma amiga minha, ela fará todo acompanhamento seu e do seu bebê, se você quiser é claro. _ Diz me entregando um cartão

_ Quero sim doutor. _ Falo pegando em sua mão o papel

_ Tenho certeza que ela vai te ajudar. _ Diz

_ Obrigado doutor, agora vou indo. _ Falo me levantando da poltrona

Caminho lentamente processando a notícia, quando abro a porta dou de cara com o Lucas, e nesse exato momento o doutor Fagundes diz.

_  Tenha cuidado na sua gestão. _ Diz, e o Lucas me olha surpreso

_ Eu escutei bem? _ Pergunta o Lucas animado com a notícia, e fecho a porta da sala nesse momento.

_ Fala baixo homem. Sim, você escutou bem. _ Falo sem jeito

_ Como aconteceu? Espera, eu sei como aconteceu. Céus, vamos ter um bebê. _ Diz a última parte me abraçando e me retirando do chão, enquanto girávamos no corredor

_ O Alessandro vai ser papai. _ Diz entusiasmado em bom som, me colocando no chão, nesse momento o mesmo enfermeiro que estava com o Luiz passa nos olhando

_ Lucas cala a boca. _ Falo com receio, mas ele continua a tagarelar

_ Tenho certeza que você será uma boa mãe, já o Alessandro... _ Diz colocando a mão em minha barriga

O homem nos olha mais uma vez, e sai caminhado a passos largos em direção a recepção, provavelmente ele irá sair e contar ao Luiz sobre o mim.

_ Lucas me escuta, você viu aquele homem? _ Pergunto nervosa e ele confirma

_ O que tem ele? Calma, ele é apenas um enfermeiro. _ Diz a me encarar

_ Aquele homem é contratado pelo Luiz, você precisa segui-lo, ele certamente vai contar ao chefe do meu bebê. Você sabe que o Luiz deve me odiar, e eu temo pelo meu bebê. _ Falo nervosa

_ Calma My Girl, como você sabe que ele tem relação com o Luiz? _ Pergunta o Lucas

_ Eu vi os dois juntos, agora vai Lucas, segue aquele homem e me diga aonde ele vai. _ Falo e minhas mãos começam a soar

_ Não posso te deixar nesse estado, ainda mais você estando grávida. _ Diz

_ Eu vou ficar bem, por favor segue ele, pelo meu bebê. _ Peço empurrando ele e assim ele vai, mas antes olha para trás e depois sai correndo em direção a recepção

Após vê-lo se distanciar respiro fundo tentando controlar o fluxo de sangue em meu corpo, agora que não estou mais sozinha, tenho que pensar também na segurança dele ou dela. Me encosto na parede tentando me equilibrar e nesse momento a mesma enfermeira que tirou o meu sangue passa e me ajuda.

Depois de recuperada, volto para o quarto do Alessandro, afinal eu preciso contar a ele que estou grávida e ele vai ser papai. Espero que ele reaja da melhor forma possível. Entro no quarto e encontro o Carlos junto com o Alessandro, no momento em que eles me viram, param de falar.

_ Você demorou. _ Diz o Alessandro me analisando, toda vez que ele faz isso sinto-me nua

_ Encontrei o Lucas no caminho e ficamos conversado. _ Falo, ele me encara mais uma vez com seus olhos azuis, mas tenho a impressão que ele está vendo através de mim

_ Não de tanta moral para o Lucas, ele pode achar que você está dando em cima dele, mas e os exames? _  Pergunta e o Carlos me encara

_ Depois conversamos sobre, o que vocês falavam? _ Pergunto com curiosidade e me apróximo deles

_ Estava contando ao Alessandro que descobrir o endereço do capanga do Luiz, fui na casa do indivíduo, mas ele não quis me atender. Pelo menos é lá aonde ele mora, quem me atendeu foi uma mulher, mas graças as minhas fontes, descobrir que ele é casado tem dois filhos e mora com a mãe, uma senhora de 80 anos. _ Diz o Carlos

_ Mas não quis ajudar, então provavelmente ele ainda tenha ligação com o Luiz. _ Diz o Alessandro começando a ficar nervoso

_ Ou provavelmente tem medo daquele monstro e teme pela família. _ Falo e ele me olha desconfiado

_ Desde quando você esta tão emotiva? _ Pergunta de maneira rude

_ E desde quando você está tão sem sentimentos?_ Retruco lhe
encarando, e ele se cala

Um silêncio reina na sala, e ele continua a me encarar, até que o Carlos resolve quebrar aquele silêncio perturbador.

_ Hoje eu irei tentar novamente uma conversa com o tal lúcios, vim apenas avisar a vocês, agora se me dêem licença. _ Diz o Carlos se levantando da cadeira

_ Posso ir com você?_ Pergunto olhando para o Carlos, e ele olha para o Alessandro

Talvez eu pudesse ajudar de algumas maneira, talvez se eu conversar com ele e contar sobre os meus medos ele possa nos ajudar.

_ Não a um por que você ir. _ Diz o Alessandro

_ Eu quero ajudar, quero ser útil em alguma coisa. _ Falo

_ Você é útil aqui comigo, não precisa se arriscar. _ Diz a me olhar

_ Mas eu quero ir, talvez eu possa ajudar. _ Falo

_ Você não vai, não vou te colocar em perigo, eu morreria sem você. _ Diz e me aproximo dele

_ Eu vou ficar bem, não vamos ficar em perigo. _ Sem querer deixo escapar, mas ele não desconfia ou pelo menos não deixou transparecer

_ Carlos cuide bem dela, traga ela de volta San e salva, se alguma coisa acontecer com ela, eu te mato. _ Ameaça ao final

_ Fique tranquilo. _ Diz o Carlos

_ Não se preocupa, voltarei para você. _ Falo e lhe dou um selinho rápido antes de sair com o Carlos

Caminhamos a passos largos até os fundos do hospital, de longe avisto o carro do Carlos e com cuidado conseguimos chegar até ele sem que nenhum dos paparazzi nos visse. Assim que nos acomodamos o Carlos dá partida, estou tensa, mas mesmo assim me sinto confiante. As ruas de Madrid passa despercebida por mim e quando me dou conta, já estamos estacionados em uma rua de frente para uma casinha muito simples, mas mesmo assim não deixa de ter o seu charme.

_ Posso te fazer uma pergunta? _ Diz o Carlos me tirando dos meus vagos pensamentos

_ Pode sim. _ Falo retirando o sinto de segurança

_ Você acha mesmo que vai fazê-lo mudar de ideia e querer nos receber? _ Pergunta sem colocar fé alguma na minha presença

_ Não sei, mas sinto que preciso tentar. Fique no carro por favor. _ Peço e ele estranha

_ Claro que não, se você entrar ai sozinha e algo te acontecer o Alessandro me mata. _ Diz me fazendo revirar os olhos

_ Ele não precisa saber, apenas aguarde. _ Peço já descendo do carro

Caminho a passos largos até o portão da linda casinha, mas antes de chamar por alguém respiro profundamente e toco a campainha. Não demora muito e sai uma mulher morena com uma menininha nos braços.

_ Pois não? _ Diz simpática

_ Boa tarde, gostaria de falar com o senhor lúcios, ele se encontra? _ Pergunto e ela me olha desconfiada

_ Não, meu marido não está. _ Diz ela me encarando e nesse mesmo momento sai um menininho de 6 anos de idade gritando que o pai se encontra sim, ela me olha sem graça e se aproxima

_ Quieto Bruno. _ Repreendeu a criança _ Quem é você, e o que deseja com o meu marido? _ Pergunta e eu a encaro seriamente e olho para a criança em seus braços

Acho que não terá problemas se eu tratar de mãe para mãe, posso parecer desesperada, mas pouco me importa, mas na verdade é o que eu realmente estou, totalmente desesperada por uma saída, uma luz no final dessa escuridão.

_ Ele precisa me ajudar ou então estarei em perigo, eu e o meu bebê. _ Falo colocando a mão na barriga

_ E o que temos a ver com isso, e como ele pode te ajudar? _ Pergunta ela

_ Por favor deixe-me entrar, não posso ser vista por aqui. _ Falo com receio

Ela me olha, mas abre o portão me dando passagem para entrar em sua casa. Seus olhos pousam em mim a todo instante, e isso é meio desconfortável, mas sei o quanto ela está desconfiada e preocupada pela segurança da família. Ao lado de dentro da casa tudo era simples, mas acolhedor, ela me pede para me sentar em um dos sofás enquanto vai chamar o marido.

Sento e fico esperando a sua volta, até o menininho do portão aparecer e sentar ao meu lado.

_ Oi. _ Diz tímido

_ Olá, como vai você? _ Pergunto

_ Bem, você é muito bonita. _ Elogia o pequeno

_ Obrigado, você é muito encantador. _ Falo e assim ficamos conversando

Ele me convence a me sentar junto com ele no chão, ficamos desenhando por alguns minutos, até que escuto passos até a sala. Olho para cima e lá estava ele, Lúcios Franca um homem alto de cabelos grisalhos, que me encarava com curiosidade.

_ Boa tarde senhorita. _ Diz ele _ Bruno sua mãe te espera no quarto. _ Diz com um olhar severo para o garoto

_ Boa tarde senhor Franca. _ Falo já de pé e aperto a sua mão

_ Não nos conhecemos, mas a minha mulher disse que eu poderia te ajudar, explique-se senhorita. _ Questiona ele enquanto se senta no sofá

_ Verdade não nos conhecemos, mas o senhor conhece muito bem um homem, Luiz Augusto Barry. _ Falo me sentando em sua frente e ele se assusta com as minhas palavras

_ Você está com problemas com o LA. _ Pergunta se levantando bruscamente

_ LA?_ Lhe pergunto

_ Sinto muito senhorita, não posso lhe ajudar. O que posso te aconselhar é que fuja, por favor se retire da minha casa. _ Diz com medo nas palavras, me colocando para fora

_ Senhor por favor. _ Peço e ele me empurra para a saída

_ Não se trata apenas de mim senhor, a vida do meu filho está em risco também. _ Falo no calor do momento

_ Eu sinto muito, não posso ajudar. _ Diz com a mão na fechadura da porta

_ Lúcios isso já esta indo longe demais. _ Diz a mulher aparecendo na sala

_ Com aquele demônio não devemos brincar jamais querida, sinto muito senhorita. _ Diz ele e a mulher lhe para, fazendo ele a encará-la 

_ Você precisa se livrar das amarras do passado meu amor, você precisa ajudar essa moça, ela vai ser mãe, pense nos seus filhos. _ Pede a mulher

_ Mas é por pensar neles que não posso ajuda-la. _ Diz olhando para a esposa

_ Está enganado, você esta sendo um covarde mais uma vez. quando aquele advogado apareceu aqui você não quis recebe-lo, talvez essa moça seja o que falte para você se redimir com o filho do crápula. _ Diz a mulher e ele abaixa a cabeça pensativo

_ Tudo bem, vou ajuda-la, mas com uma condição, o Luiz não precisa saber que fui eu quem disse. _ Diz o Lúcios

_ Como você quiser, mas eu preciso chamar mais uma pessoa. _ Falo, eles se entreolharam, mas concordam

Com cuidado volto para o carro e chamo o Carlos que estava com os nervos a flor da pele. Após entrarmos novamente na casa, o Carlos começa com algumas perguntas e ele responde sem questionar, a sua esposa fica todo o tempo ao seu lado, lhe dando apoio necessário.

_ Você confirma que o Luiz Augusto Barry matou a esposa? _ Pergunta o Carlos

_ Não. A verdade é que o Luiz não fez isso sozinho, ele teve a ajuda de uma mulher, ela que trouxe o veneno do Brasil para Madrid, a erva tinha um efeito semelhante a de problemas cardíaco, mas quando fizeram a autópsia para a doação de alguns órgãos bons, acabaram descobrindo uma pequena folha da erva no intestino, mas o Luiz encobriu o rastro. Naquela época todos tinham medo dele, inclusive eu. _ Diz, o Carlos me encara, mas não tenho palavras nem expressões

_ Você pode confirmar essa sua afirmação? _ Pergunta o Carlos

_ Claro. Querida, pegue o envelope no cofre. _ Ele pede a esposa

_ Guardei isso comigo durante anos, sempre pensei naquela criança, o filho do demônio. Ele foi o que mais sofreu. Guardei como segurança para a minha família, e para entregar ao menino, mas ele nunca veio atrás. _ Diz o Lúcios com os olhos cheio em lágrimas, arrependido sobre o passado

_ Com isso não se preocupe, vou te colocar num lugar seguro a proteção a testemunha. E quanto ao menino que você falou, essa é a mulher dele. _ Diz se virando para mim, e o homem a minha frente cai aos meus pés em choro

_ Me desculpe, me perdoa, eu sinto muito, mas eu tinha que me proteger de alguma maneira. _ Diz, e eu o faço me encarar

_ Nada vai trazer a minha sogra de volta, sei dos seus arrependimento, mas saiba que você ajudou a me salvar e a salvar o meu bebê. _ Falo lhe encarando, mas recebo um olhar assustado do Carlos

_ Me sinto bem melhor em poder ajudar. _ Diz com um sorriso em meio as lágrimas, se sentando ao sofá

_ Enquanto aguardamos, vou ligar para uns policiais vir buscar você e toda a sua família, depois disso não podemos deixa-los aqui. _ Diz o Carlos se levantando

Minutos depois a esposa do lúcios volta e ele pede para ela arrumar as roupas, suas e a dos filhos, já o Carlos volta e ele recebe em mãos os documentos com os exames feitos pela perícia e a conclusão final dos médicos. Não acredito que conseguimos os documentos e ainda temos o depoimento do lúcios gravado e pessoalmente, agora tudo estava correndo ao nosso favor e isso me enche mais ainda de esperança.

Mais um passo e colocamos o Luiz atrás das grades de uma vez por todas, agora só falta eu contar a novidade ao Alessandro e torcer aos céus que o Luiz não desconfie de nada, nem do meu bebê, nem das provas, caso contrário estamos perdidos.

~~~~~~~~~ Continua...

Oi pessoal. Tudo bem com vocês? Espero que sim.

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Agradeço a Deus e a todos vocês e até o próximo capítulo.

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