Gleycianne Messias
UM GESTO VALE MAIS QUE MIL PALAVRAS
Não queria vê-la, não queria sentir ela perto de mim, estava com tanta raiva! E esse sentimento só fazia eu sentir nojo de mim mesma. Eu a vi com uma garota ontem e elas pareciam tão íntimas. E para piorar, a mulher era perfeita. Ela era magra, seus cabelos eram cacheados, pareciam que foi banhados a ouro. Seus olhos brilhavam de alegria quando elas se encaravam. O abraço íntimo delas, apertou meu coração.
Agora estou de frente ao espelho, tendo mais uma crise de disforia! A dor emocional parecia rasgar meu coração como uma navalha. Eu era patética em todos os sentidos! Como pensei que ela seria fiel a mim? Como achei que ela se contentaria com meu coração? Olhando o meu reflexo na droga do espelho, eu devia aceitar que uma hora ou outra ela iria me trocar.
Eu me odiava em toda a minha essência. Odiava o fato de ser baixa. Odiava o fato de estar acima do peso. Odiava por ser pálida demais. Meus olhos cristalinos só realçavam essa palidez. Mas o que eu mais odiava, era meu corpo. Ser gorda sempre foi um problema para mim!
Meu peso não tinha nada haver com o tanto que eu comia e sim, pelos medicamentos que eu tive que tomar desde criança, por ter tido uma doença. Tentei ao longo da minha adolescência emagrecer, até já fiz dietas malucas, que já me fizeram parar no hospital várias vezes por conta disso. Teve um tempo que quase adquiri bolemia.
Na verdade, eu era uma depressão ambulante. Mas tudo melhorou quando eu conheci ela. Ela era personal de uma academia no shopping, onde eu comecei a trabalhar e decidi praticar de forma saudável, algum exercício físico e foi quando um dos personal me apresentou ela, que ficou responsável por mim. Eu me apaixonei de cara. Mas eu não era burra em sonhar que alguém como ela, iria querer alguém como eu!
Mas aconteceu e ela parecia que tinha gostado de mim. Uma vez ela me chamou para sair e foi muito bom, pois tivemos química. Mas isso não é o suficiente. Mas me deixei me levar por esse sentimento, que agora estava me mostrando como eu fui ridícula em achar que ela ficaria comigo por toda vida, sendo que ela nunca me pediu em namoro oficialmente! Hoje estava fazendo 6 meses que estávamos "namorando".
Hoje foi horrível, pois usei todo meu autocontrole para não transbordar na frente de ninguém, mas não consegui e fui pega pelo meu chefe chorando no banheiro. Só não foi mas constrangedor, porque ele é meu amigo. Ele me colocou de frente ao espelho e disse que eu era linda do meu jeito. Mas eu não achava. E para ferrar de vez, um colega de trabalho também me pegou nessa situação decadente e ele realmente falou coisas lindas de mim, mas ele era padrão. Então apenas concordei e me recompôs.
Ela ligou várias vezes para mim, mas ignorei suas ligações. Ouço a maçaneta do meu quarto se mexer e em seguida a porta se abre. Era ela! Maldita hora que dei a cópia das chaves do meu ap para ela! Seu semblante era pura preocupação e só piorou quando ela viu a decadência que eu me encontrava.
— Você não tem vergonha de vim aqui? Vai embora! – Grito, mostrando toda minha fúria.
— O que aconteceu? Você pode me explicar? Desde ontem você sumiu... a gente iria jantar fora e você... você simplesmente desapareceu!
— Eu vi, tá legal, não precisa fingir demência! – Cuspi as palavras sem cerimônia.
— Seja clara sobre o que você acha que viu! Para que eu pelo menos possa me defender! – Como ela consegue ser tão dissimulada?
— Eu vi você com aquela mulher Tatyana! – Falei segurando as lágrimas.
Ela quebra a distância entre nós e me pega pelos ombros e me faz olhar no fundo dos olhos dela. Ela era linda até com raiva. Sua pele negra brilhava. Seus cabelos quase no zero lhe dava um ar de mulherão. Era alta e forte. Seus olhos escuros eram cativantes. Seus lábios carnudos eram convidativos.
— Não me chame assim! Todos podem me chamar assim, menos você! Pra você é Anna ou amor! – Ela fala me pressionando em suas mãos. Tentei me soltar de suas garras, mas não consegui.
— Me larga, eu tô com nojo de você!
— Porra meu! Você é tão precipitada... ela é minha prima e ainda mais é hétero, casada e tudo! – Engoli em seco sentindo tudo em minha volta girar. Abro a boca para falar, mas o que eu poderia dizer? Então é claro que eu preferi duvidar dela, pois elas não tinham nada de parecido.
— Você está mentindo para mim? – Ela negou com a cabeça decepcionada. Ela me larga e desejei que ela não fizesse isso. O mundo capota mesmo! Minutos a trás eu nem queria vê-la.
Ela pega o celular dela e logo em seguida coloca em minhas mãos. Era o perfil da mulher. Estava na última postagem. Que era um teste de gravidez. Fui passando para a foto do lado e tinha a foto do casal. Bloquei a tela e ela pega seu celular. Porque eu sou assim?
— Ela veio pessoalmente me convidar para o chá de bebê e fez questão que eu levasse a minha namorada. Mas alguma dúvida do meu caráter? Ou eu posso ir embora? – Ela da as costas para mim depois de falar.
— Por favor, me perdoe, eu... eu... – As lágrimas desciam sem nenhuma cerimonia.
— Eu sei que você é insegura e eu realmente te entendo, mas já falamos várias vezes que sempre iríamos conversar sobre nossos sentimentos, não foi? E olha o que você faz? Me acusa de infiel! Que tipo de pessoa você acha que eu sou? Você acha que sou tão baixa assim? Eu escolhi você para ser minha mulher e te respeitaria até o fim da minha vida. Mas é triste saber que você não tem confiança em mim! – Senti sua voz tremendo e isso só fazia eu me senti horrível.
— Me perdoa, eu te imploro! – Supliquei, pegando em sua mão, fazendo ela olhar para mim.
— Mas você tem que me entender, eu estava com ciúmes de ver você em um abraço com outra mulher e ainda mais, com uma tão linda! Você pode me entender?
— O que eu tenho que fazer para te provar que eu te amo? Me fala, que eu farei! Porque é óbvio que minhas palavras não são o suficiente. – Ouvir sua voz chorosa só fazia eu me sentir desprezível, porque é culpa minha, ela está chorando agora.
— A gente está "namorando" faz 6 meses e você nunca me levou para conhecer sua família e nem oficializou nossa relação! A gente é mesmo um casal? – Eu não a culpava pelos meus receios, mas eles estavam ali, me mostrando que eu não sou digna dela!
— Isso me deixaria confiante. Eu sei que deveria me conformar com suas palavras, mas um gesto vale mais que mil palavras. – Falei enxugando suas lágrimas. Ela também enxugava as minhas e sela nossos lábios por alguns segundos em um beijo.
— Desculpas por não ter confiança em mim e acabar descontando minhas frustrações em cima de você. – Falei abaixando minha cabeça por perceber que ela não iria me pedir em namoro.
— Eu que peço desculpas por não te dar confiança o bastante para se contentar com minhas palavras... me desculpe por não ter muita atitude e nem mostrar com gesto o tanto que eu te amo. – Ela fala pegando em minhas bochechas.
— A culpa é minha por querer demais, eu realmente não devia tá reclamando. Eu devia agradecer por alguém tão linda ter se interessado em alguém como eu... – Quando falei isso, ela me pegou pelo pulso e me levou até o espelho, me forçando a olhar nosso reflexo.
— Porque você não consegue enxergar o que eu vejo? Você é linda! Eu me apaixonei por você desde que meus olhos encontraram os seus. Você não sabe como fiquei feliz quando você aceitou sair comigo. Eu senti que eu era a pessoa mais feliz do mundo! – Ela fala, dando um sorriso.
— Mas... – Tentei falar.
— Mas nada! Eu te amo desse jeito e eu só não te levei para conhecer minha família, porque eles nunca aceitaram o fato de eu ser como sou. E acredite, meus pais podem ser muito crueis! E se eu a levasse para conhecer meus pais e eles magoassem a pessoa que eu mais amo, eu nunca mais falaria com eles. – Ela sempre evitou falar dos pais e agora entendia, eu podia sentir a decepção em sua voz.
— Você me perdoa Anna? – Perguntei, procurando olhar nos seus olhos pelo reflexo do espelho.
— Eu só vou te perdoar, se você prometer nunca mais me chamar de Tatyana!
— Eu prometo meu amor! – Falei sem hesitar, me virando para ela, e ela dá um sorriso meigo e dá um passo para trás e se ajoelha na minha frente!
— Eu sei que não te pedi em namoro! – Ela começa a falar e eu levo as mãos para boca em choque.
— Me perdoe por isso, não tem como voltar atrás. Mas eu gostaria muito que você aceitasse se casar comigo! Marcela, meu amor, você aceita casar comigo? – Eu já me encontrava emocionada e lágrimas desciam pelas minhas bochechas, quando ela tirou uma caixinha do bolso do moletom e abriu, revelando as alianças que era de uma marca famosa. Da Hoppey!
— Sim, milhões de vezes sim! – Estico minhas mãos para ela que coloca a aliança no meu dedo anelar e eu faço o mesmo, pegando a aliança e deslizando no seu dedo.
Em seguida me curvo para beijá-la, em um beijo cheio de amor, que carregava promessas de um futuro cheio de sonhos e realizações. Eu amava essa mulher e faria tudo para fazê-la feliz, como ela me fez agora...
User: GleyMessias
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