Um (não tão feliz) Acidente Pt.2
❤🌈❤
Pov's Jungkook
Acordar atrasado não era algo que acontecia com frequência comigo, mas foi inevitável depois da noite de insônia que tive.
Eu não consegui dormir, meu lobo estava inquieto, me tomando com uma preocupação estranha e a todo momento meus pensamentos se voltavam para Jimin e eu me sentia terrivelmente tentado a procura-lo.
Ouvir sua voz e ver seu sorriso lindo para ter certeza de que ele estava bem. E embora esse fosse meu desejo e eu tivesse a impressão de que todos os meus problemas e a minha ansiedade sumiriam se eu o visse, não o procurei e nem o vi depois daquela noite no bar à três semanas.
Eu queria encontrá-lo de novo, mas ele não tinha me ligado, mandado mensagem e muito menos me procurado, e como não tinha seu número decidi deixar nas mãos dele. Tudo seria no seu próprio tempo e quando fosse acontecer, simplesmente iria acontecer.
E mesmo com essa certeza, foi pensando nele que eu acordei nessa quarta-feira, atrasado e meio sonolento pelas horas não dormidas, correndo para o banheiro tomar um banho para ir ao trabalho. Já no banheiro, apressadamente eu tirava minhas roupas, retirando minha camisa e me deparando com o espelho. Praticamente todas as marcas pelo meu corpo haviam desaparecido, com exceção de uma ou outra que ainda estavam ali, fracas mais ainda visíveis. Me fazendo novamente me lembrar dele.
Todos os meus pensamentos me voltavam à ele e assim como naquela noite no bar, eu me perguntava se eu estava doente ou beirando a insanidade. Pois com tanto lugar para Park Jimin ficar, ele insistia em ficar na minha mente, me fazendo suspirar toda vez que me lembrava de seu sorriso, dos seus olhos adoráveis e da sua boca bonita. Me amaldiçoando por me esquecer de algum detalhe e preocupado com ele depois da noite de ontem e da inquietação do meu lobo que de alguma forma, eu sabia que tinha a ver com ele.
Assim que sai do banho e me vesti, peguei minha bicicleta, fechando o apartamento para ir ao trabalho, mas antes passando na cafeteria do Seokjin, para comprar meu café da manhã, já que estava atrasado. Chegando no café, logo dou de cara com Seokjin, que aparentemente tinha aberto o lugar a pouco tempo, conversando com Chanyeol enquanto o alfa varria a calçada.
— Bom dia hyung, bom dia Chanyeol. — Digo sorrindo, parando a bicicleta frente a ambos que retribuiram meu bom dia da mesma forma. — Pode me ver o mesmo de sempre?
— Posso sim. Quer provar meu novo sabor de donut? O recheio é uma geleia de frutas vermelhas com essência de champanhe.
— Me parece bom... Então troca um donut de chocolate por um desses, por favor. — Peço e o ômega assente entrando no café, indo até o balcão para preparar o pedido, enquanto eu separava o dinheiro e Chanyeol ainda varria.
— E você Jeon? Como está indo a vida? — O alfa pergunta animado como sempre e logo sorrio de volta para ele, tentando disfarçar meu sono e minha preocupação.
— Eu estou bem, a vida anda bem pacata... E você como está?
— Estou bem... Já era para você estar no trabalho, não? — Ele pergunta em dúvida, olhando as horas no celular me encarando desconfiado.
— Sim era, mas eu acordei atrasado, não consegui dormir direito...
— Insônia?
— Sim, ando meio perturbado com algumas coisas ultimamente e tem sido difícil dormir, mas hoje foi simplesmente impossível e é loucura pensar que... — Desabafava porém interrompi minha fala ao que notei estava falando demais. Chanyeol apenas ouvia um tanto perplexo, esperando que eu continuasse.
— "Pensar que..."? — Incentivou-me a falar, curioso como eu bem sabia que ele era, mas não o respondo, de novo perdido em meus pensamentos sobre Jimin. Perdido o suficiente para não notar a pergunta do alfa ao meu lado que me cutucou, me chamando. — Jungkook?
— Hum? O quê foi?
— Você dizia... — Incentivou-me a continuar a falar mas logo minha atenção foi para o Kim que retornava com o meu pedido.
— Aqui está Jungkook, coloquei um biscoito extra de brinde, tenha um bom dia. — Ele diz, entregando uma sacola com o copo de café e uma pequena embalagem, pela qual eu agradeci, dando-lhe o dinheiro já certo, subindo novamente em minha bicicleta para o olhar indignado de Chanyeol.
— Sério mesmo que vai me deixar falando sozinho? — Ele disse cruzando os braços e Jin ri negando, entrando novamente no café.
— Não é nada de importante Chanyeol, não se preocupe. — Minto vendo o mesmo desconfiar, mas logo dando de ombros. "Nada de importante"... Puff, tá bom.
— Se você diz, então tenha um bom serviço... Deseje bom trabalho ao Baekhyun por mim.
— Mas vocês namoram e moram juntos, por que não disse logo que acordou? — Perguntei estranhando, já imaginando que o outro ali tinha esquecido de desejar um bom serviço ao beta.
— Eu disse mas, diga de novo para ele. — Ele diz envergonhado, típico de quando fala do namorado. Aquele beta buguava o cérebro dele mais do que qualquer outra coisa.
Enquanto seguia até o mercado, tentava não pensar muito sobre Jimin e tudo o que aconteceu com a gente, desde o modo inusitado a qual nos conhecemos até o quê chegamos a admitir no bar, enquanto comia um donut.
Assim que cheguei no mercado a primeira coisa ou melhor, pessoa que notei foi Kyungsoo, que retirava algo de dentro do próprio carro antes de me notar, me encarando de modo mortal, com uma visível vontade de me matar, o quê já era de costume mas sempre fazia eu me cagar todo.
E bem, era para mim estar apavorado, mas ele estava tão fofo com aquela barriguinha de grávido, blusa de lã e aquela cara séria, que toda aquela "pose de mal" era quebrada.
— Você está atrasado, o quê aconteceu? — Ele pergunta direto, me fuzilando com os olhos. Ele tinha esse poder de matar as pessoas com o olhar e mesmo que metaforicamente, doía para caralho.
De verdade, era quase como se eu sentisse minha pele queimando e minha alma sendo enviada para as profundezas do inferno. Logo, prendi minha bicicleta no estacionamento, indo até o mesmo, me curvando em sinal de respeito para lhe pedir desculpas.
— Bom dia e me desculpe hyung. Eu tive insônia, não consegui dormir e acabei acordando atrasado, mas isso não vai se repetir.
— Tudo bem, vou deixar passar porque você é um ótimo funcionário e nunca se atrasa, mas se acontecer de novo, vai ter que fazer extra. — Ele diz aliviando sua expressão, sorrindo simples antes de pedir para que eu fosse ajudar Jongin no armazém.
— Obrigado Kyung, tenha um bom dia. — Digo sorrindo, vendo ele retribuir antes de entrar buscando pelo Kim. Pelo menos o dia não seria tão puxado, o quê era algo bom, estávamos no fim do mês e embora fosse época de reposição geral estava tudo bem dividido para não pesar para ninguém.
Boa parte do dia havia se passado e como eu esperava, tinha sido leve mas mesmo assim não deixei de ter trabalho. O que me ajudou e me atrapalhou foi que o dia inteiro passei pensando em Jimin, ficando cada vez mais preocupado e ansioso para vê-lo. Estava quase na hora de eu ir embora e as caixas que eu havia reposto já estavam todas vazias, só faltava levá-las para fora e então eu poderia finalmente ir. Pelo menos eu esperava.
Estava levando as últimas caixas para fora do mercado para coloca-las na parte dos recicláveis, totalmente concentrado no que fazia quando senti um chute na minha perna direita que me fez cair na hora, dando um grito assustado e dolorido. Até porque, o chute foi forte pra caralho e a queda fez doer ainda mais.
Após me recuperar do susto rapidamente virei para trás pronto para xingar seja lá quem foi que fez isso; mas quando vejo Jimin quase desabando em choro ali, me olhando caído no chão, toda minha raiva desapareceu sendo substituída pela mesma preocupação surreal e inexplicável que roubara meu sono noite passada.
Vendo que ele estava aos plantos, logo me levantei, ignorando a leve dor em minha perna - e o fato dele ter me chutado à menos de um minuto - tentando entender o que estava acontecendo e por que ele chorava.
Ele tremia, parecia assustado, sem saber muito o que fazer e de alguma forma todo esse medo e insegurança estavam passando para mim. E vendo que ele não estava em condições de dizer qualquer coisa naquele momento, mesmo receoso eu fui até ele e o abracei, o mantendo em meus braços, sentindo seu cheiro e finalmente me acalmando, sentindo aquela calma que não sentia à dias, preocupado com ele. Estava extremamente feliz, em revê-lo mas a condição em que ele estava era preocupante.
Ele tinha seu rosto praticamente afundado em minha camisa, procurando algum alívio em meu cheiro, ainda chorando mas pelo menos agora ele não tremia e eu tentava acalma-lo enquanto afagava seu cabelo, deixando alguns selares ali. Eu sentia a sua apreensão e a pressão que isso estava lhe causando, me deixando terrivelmente tenso. Seja lá o quê tivesse acontecido era algo sério.
— Você está bem? O quê houve? Por que você está assim? — Pergunto calmo, tentando não assusta-lo visto seu estado. Tocando em seu rosto e limpando uma lágrima ali quando ele finalmente olhou para mim, pelo menos parecia mais calmo.
Mesmo assim demorou um tempo até ele finalmente tomar coragem para tirar sua cabeça dali, me olhando nos olhos quando o fez. Os seus ainda estavam molhados pelo choro e um tanto inchados e eu me sentia horrível só de vê-lo daquele jeito, poderia fazer qualquer coisa para fazê-lo se sentir melhor.
— N-não... Q-quer dizer, mais ou me-menos. A-aconteceu uma coisa m-mas não... — Ele tenta dizer, não conseguindo terminar sua fala chorando ainda mais, enxugando os olhos. — J-Jungkook, nós p-precisamos conversar, e-e sobre um assunto s-sério.
— T-tudo bem, a-aonde você quer conversar? — Pergunto para ele, tão nervoso e assustado quanto, mas não tinha notado quando peguei em sua mão. Com isso ele parecia menos tenso, estava mais calmo, mas isso não me deixava menos preocupado.
— Po-pode ser e-em outro lugar? U-um mais privado? — Ele pede olhando para os lados, seguindo o olhar para mim que estava totalmente sem reação. — É-é que, é algo meio particular, p-por enquanto...
— T-tudo bem, para onde você quer ir?
— E-eu não sei; p-pode ser na minha casa? É-é aqui perto, acho que você se lembra...
— O-ok, nós já vamos, e-eu só preciso avisar o-o Jongin ou o Kyung que estou saindo... — Digo vendo-o assentir, me fazendo sorrir, o abraçando e beijando sua testa por impulso.
Nos separamos daquele abraço e eu peguei em sua mão a segurando firme. Ela estava gelada, ele estava tremendo e com aquele toque sutil eu tentava lhe passar confiança, enquanto o levava para dentro do mercado, pedindo para que me esperasse pois voltaria logo.
Não foi difícil encontrar Jongin, já que o mesmo parecia estar ajudando Kyungsoo a organizar alguns contratos no escritório e assim que o vi perguntei se poderia sair pois já havia terminado o serviço e tinha alguns assuntos para resolver. Ele se assustou ao me ver tão preocupado, permitindo que eu fosse por acreditar se tratar de algo sério. O que realmente era.
Pegando minhas coisas rapidamente voltei para fora, Jimin estava sentado em um banco dali extremamente quieto, então eu o chamei baixinho, tocando em seu ombro e o tirando de seus pensamentos, começando a caminhar com ele até sua casa. Andávamos lado a lado em um silêncio quase perturbador. Pelo pouco que sabia sobre ele, podia deduzir que ele não era alguém quieto, e todo aquele silêncio me deixou ainda mais preocupado.
O caminho todo foi de repleto silêncio e aquilo me deixava aflito, até para perguntar alguma coisa. Não fazia a menor ideia do que ele queria me contar, mas me parecia sério demais para ser pouca coisa.
Perdido em hipóteses do que poderia ser, mal vi o tempo passar e quando notei já estávamos frente ao seu apartamento e entrando ali eu via o quanto ele ficava cada vez mais nervoso, me pedindo para sentar no sofá com a voz trêmula enquanto ia até a cozinha buscar água, retornando com uma garrafa e dois copos.
— E-e então? O-o quê você quer me co-contar? — Digo, tão trêmulo e nervoso quanto ele, vendo-o paralisar antes de se sentar ao meu lado, entretanto não tive resposta. Ele não parecia tão confortável então, em sinal de apoio toquei em seu ombro, o incentivando a falar. — V-você está com algum problema? Pode me falar Jimin, seja o quê for e-eu não vou te julgar e posso te ajudar no que estiver ao meu alcance.
— É que, bem não t-tem um jeito fácil d-de falar isso... — Ele diz um tanto tímido, corando e ainda em um tom choroso, as lágrimas voltando aos seus olhos fazendo-me abraça-lo tentando lhe dar algum conforto e segurança, mesmo que estivesse preocupado e morrendo de medo do que lhe aflingia, já que aparentemente envolvia a minha pessoa. Estava me sentindo extremamente protetor para com ele naquela situação e foi simplesmente natural eu aconchega-lo ali. — V-você se le-lembra do dia em que n-nós... Q-que nós fizemos, quando eu e-estava no cio?
— B-bem, sim. Como eu te disse no bar, e-eu não me lembro bem de c-como foi mas, lembro das sensações perfeitamente... Por quê? V-você se lembrou de algo? E-eu sinto muito s-se fiz alguma c-coisa errado eu...
— Não! Não, você não fez n-nada errado n-naquele dia, e-eu que sai do controle e te levei a i-isso também. O-o problema é-é que não usamos proteção ou usamos?
— E-eu não me lembro, m-mas acho que não. Quando estava arrumando seu quarto não encontrei nada. Mas eu não tenho nenhuma doença, s-se é isso que está te preocupando.
— N-não é isso o que me preocupa Jungkook... O-o problema é q-que, é-é que eu estou g-grávido, e-eu estou esperando um bebê, m-meu e seu...
Ele diz receoso, fechando os olhos e temendo por alguma reação, enquanto eu tentava ao menos processar o quê ele havia dito, me perguntando se havia ouvido certo, totalmente paralisado, quase incrédulo. Ele estava grávido? Grávido? Isso significava que eu iria ser pai? Só a ideia me deixava apavorado e eu temia a realidade. Talvez eu estivesse sonhando.
Na verdade assustado era pouco para descrever o meu estado, eu estava em choque, com medo e sentindo minha ansiedade dar as caras de vez. A ideia de ter algo ali na barriga dele que nós havíamos feito em um período de inconsciência e a calma do meu lobo tornava tudo ainda mais inacreditável.
— Ma-mas eu pensei que v-você tinha se medicado qua-quando acordou...
— E-eu nem p-pensei em tomar algum remédio, n-não tenho nenhum em casa sem ser os de cio. Eu não imaginei q-que poderia engravidar, n-na minha cabeça a gente tinha usado a-alguma proteção... E eu não estava sentindo os efeitos do cio, p-pensei que tinha sido um alarme falso, j-já aconteceu com um c-conhecido meu...
— E-e você tem certeza disso? D-da g-gravidez? — Pergunto vendo-o assentir tímido, bebendo um gole de água e se levantando, indo até sua bolsa, retirando um papel dali e me entregando. Era um exame de sangue e o resultado escrito "gestante: aprox. 4 semanas" era bem real. Aquilo definitivamente não era um sonho, e eu começava a temer por isso.
— E-eu desmaiei no trabalho, meu patrão me levou ao médico e fiz esse exame que constatou a gravidez. E-estava com medo porque, algumas pessoas tinham me dito q-que meu cheiro estava diferente e que eu podia estar grávido m-mas preferi não acreditar... V-você foi a primeira pessoa com quem eu me relacionei depois de anos e-e realmente f-foi descuidado da minha parte i-ignorar isso mas, s-só hoje depois que eu desmaiei e o Seokjin me levou ao médico que...
— E-espera, v-você desmaiou? E você conhece o Jin? — Perguntei ainda um tanto assustado e preocupado com ele, principalmente agora que sabia que ele estava grávido. De um filhote meu e dele.
— S-sim, o Seokjin hyung é meu chefe e um amigo de infância e eu desmaiei por má alimentação, não foi por causa da gravidez, a-aparentemente está tudo bem, por enquanto.
— Entendi... — Disse, sem saber muito o quê dizer naquela situação. A informação era simples e clara, mas não deixava de ser surpreendente para mim.
E claro, ele não era o único culpado por isso. Eu devia ter no mínimo me preocupado em dar um remédio para ele no dia seguinte após perdermos o controle, passando o cio dele juntos. Mas acho que a euforia e a estranheza da situação toda, nos impediu de sequer pensar na hipótese de uma gravidez e agora, lá estávamos. Eu, ele e um pequeno acidente sendo formado em seu ventre.
Um silêncio se instalou naquela sala por minutos esclarecedores para mim que começava a digerir a notícia, imaginando o quê poderíamos fazer e o mais importante, o que ele queria fazer. Afinal era no corpo dele que esse bebê seria formado então isso era o que mais importava no momento, pelo menos para mim.
— E-e agora? O-o quê n-nós vamos fazer? J-Jungkook p-por favor, seja o quê for ou qual for o motivo não me peça para abortar. E-eu não quero aborta-lo, por favor, e-eu não sei o que fazer mas eu não quero isso...
— Não! Jimin, e-eu nunca faria isso, jamais lhe pediria uma coisa dessas, a-a única pessoa q-que pode decidir sobre isso é você. S-sei que não é uma escolha minha e-e que não é culpa sua e nem do b-bebê, m-mas podemos decidir o-o que fazer e...
— M-mas o quê nós vamos fazer Jungkook? E-eu não tenho condições financeiras para criar u-uma criança e eu n-não posso s-simplesmente jogar em suas mãos e pedir q-que se responsabilize. E-eu pensei em dá-lo para a adoção e...
— D-dar o bebê para a a-adoção! Jimin p-por favor n-não faça isso, e-eu nunca conseguiria dormir sabendo que tenho um f-filho e q-que ele está por aí, em casas de adoção ou c-com uma família que pode f-fazer o que bem entender com ele. E-eu não sei se você pensou muito sobre isso m-mas, acho que você também não conseguiria, n-não é? — Disse enxugando seus olhos novamente em lágrimas, ele chorava de modo compulsivo conforme eu falava, percebendo que assim como eu, ele não queria aquilo. Foi quando me veio uma ideia, um tanto absurda e quase desesperada, mas melhor do que ele havia pensado. — E-e se nós, e s-se nós criassemos o bebê?
Disse por puro impulso vendo-o arregalar os olhos em espanto processando o que eu havia dito e eu não estava tão diferente, já que nem eu acreditava no que tinha dito. Mas quanto mais refletia sobre a situação percebia que minha ideia era válida, afinal ele não quis optar por um aborto e sinceramente eu também não queria, mas ele não conseguiria criar o bebê sozinho mas com ajuda a situação seria diferente.
Eu pensava muito sobre aquilo me apegando cada vez mais a ideia, quando ouvi uma risadinha em meio ao choro que me tirou dos pensamentos e então sutilmente Jimin pegou em minha mão a apertando, limpando novamente as lágrimas e aquecendo meu coração.
— N-nós... Nós v-vamos ser pais... — Ele riu quase incrédulo enquanto dizia me fazendo arrepiar todo, quase tão incrédulo quanto, sentindo aquele estranho sentimento me invadir novamente.
— S-sim, n-nós vamos... — Eufórico eu aperto ainda mais a mão dele, fungando e o aconchegando em meu ombro, sentindo aquela estranha sensação tomar conta, ficando com ele ali por minutos, em um silêncio bem mais confortável do que aquele a qual viemos para cá. E eu sentia que talvez aquilo podia dar certo.
— B-bom então, e-eu acho que deveria conhecer melhor o pai do bebê que estou esperando, não é? As pessoas, geralmente fazem isso, sabe? Antes de terem filhos. — Ele disse finalmente quebrando o silêncio e o clima ali, limpando os resquícios do choro me fazendo rir, o que me acalmou.
— Bem, o-o meu nome você já sabe, eu tenho vinte e dois anos e...
— Espera, você têm vinte e dois? — Ele pergunta surpreso e eu assinto vendo-o corar um pouco, confirmando a informação.
— Por que? Q-quantos anos você tem?
— E-eu tenho vinte e três, faço vinte e quatro em breve. — Ele diz e suspiro aliviado e um tanto surpreso. Quase entrei em pânico imaginando que ele fosse mais novo, ele pelo menos parecia ser da minha idade ou mais novo. Porém eu estava surpreso por ele se mais velho, se fosse para supor eu apostaria uns vinte anos.
— E-então quer dizer que você é meu hyung? — Pergunto incerto ainda com certa dúvida e ele cai na risada e eu o encaro surpreso visto a mudança repentina, observando seu hábito de tapar a boca enquanto sorria ou ria, o quê já tinha percebido na noite do bar.
— Sim mas, acho que não precisamos d-disso. Nós já transamos, passamos um cio juntos e à cinco minutos atrás estávamos decidindo sobre como vamos fazer para criar um bebê, então nomenclaturas é tudo o que não precisamos, só do respeito e consideração que nós já temos um pelo outro, certo? — Disse e eu assenti, rindo junto com ele da situação a qual estávamos presos agora. Entretanto eu sentia que isso não seria lá uma coisa tão ruim e esperava que ele sentisse o mesmo.
Nós rimos com vontade da situação que seria quase cômica se não fosse tão preocupante. Aquela era a terceira vez que nos víamos e agora tínhamos um bebê para nos preocuparmos, sem saber muita coisa se não o nome e a idade um do outro e ainda tomados por um sentimento que nos atraía desde a primeira vez que nos vimos. Parecia a receita perfeita para um desastre mas algo em mim torcia para que aquilo desse certo.
Paramos de rir aos poucos, ainda sentindo a quentura da mão um do outro e logo senti seu olhar sob mim, me levando a encara-lo também. Ele estava mais calmo, os olhos inchados pelo choro recente ainda estavam ali mas eu sentia que ele estava melhor vendo-o sorrir pequeno para mim, me levando a fazer o mesmo.
— Obrigado...
— Você não têm que me agradecer por isso Jimin, você não teve culpa, f-foi um acidente, e-eu apenas estou fazendo o que qualquer um deveria fazer e não é só você que quer esse bebê, eu também quero e-e acho que talvez, isso possa dar certo, pelo bem dele... — Digo finalmente tomando certa coragem e levando minha mão até sua barriga, um tanto receoso e trêmulo, procurando alguma confirmação de Jimin que assentiu permitindo, me encorajando a por minha mão ali.
Era uma sensação surreal e quase loucura pensar que ali dentro tinha algo sendo formado, mas a ideia roubou um sorriso incrédulo dos meus lábios antes de olhar com o mesmo sorriso para Jimin, que sorria da mesma forma. Me olhando nos olhos antes de seu olhar descer para os meus lábios e eu perceber que estávamos muito perto um do outro.
Meu olhar também desceu até os lábios carnudos e bonitos que há três semanas eu sonhava em beijar de novo, diminuindo ainda mais a distância entre nós dois até que ela se tornasse inexistente, o beijando como se fosse a primeira vez, sentindo aquela descarga de sentimentos e sensações que sempre acontecia quando nos beijavamos.
Conforme ele aprofundava o beijo, explorando meus ombros e pescoço eu ia cedendo cada vez mais aos seus toques, deitando sobre ele conforme o mesmo me puxava pela blusa até deitar no sofá, me acomodando sobre si de forma que ambos continuassem a usufruir do beijo e dos toques. Tão envoltos e entregues que nem percebemos quando alguém entrou na casa, sem nem ao menos bater.
— Jimin? Ô caralho, você tá em casa? O Jin me falou que você passou mal por falta de comida, então vim ver se... Porra! Que pornô ao vivo é esse?! — Diz fazendo com que levassemos um susto e nos separassemos, mas logo me acalmo um tanto frustado quando de relance vejo Taehyung em choque analisando a cena com algumas sacolas em mãos.
— Taehyung? O que você tá fazendo aqui? — Jimin pergunta franzino o cenho, levemente corado e ofegante, me empurrando de leve para que eu saísse de cima dele, se sentando.
— Como disse antes, eu vim te trazer comida, mas pelo que parece você já está servido. — Ele diz mostrando as sacolas de modo sarcástico, finalmente voltando seu olhar para mim surpreso. — Porra! Não sabia que vocês continuaram se vendo depois da nossa saída, o Hobi contou do puta susto que levou quando viu vocês se pegando. Se deu bem Jimin, quem diria, conseguiu um Pokémon lendário...
— Caralho Taehyung, você tem que parar de comparar pessoas com Pokémons... Me passa a sacola por favor. — Jimin diz revirando os olhos, me fazendo rir, feliz por vê-lo melhor e mais solto com o amigo enquanto atacava as sacolas tragas por ele. Era muito melhor do que o Jimin choroso de hoje cedo.
— Não porra, eu não tenho. Mas agora me conta... — O Kim sugeriu, deixando a hipotese no ar enquanto se sentava na poltrona a nossa frente com curiosidade, nos fazendo encara-lo em dúvida. — Primeiro, por que meu cunhado está aqui sendo que teoricamente você deveria estar em repouso e segundo, Jin disse que algo tinha acontecido com você além do desmaio e que ele "não podia me contar" o quê rolou?
Perguntou e pude ver Jimin engolir em seco, receoso. Era visível seu dilema entre contar ou não contar sobre a gestação e sobre o que teríamos que lidar dali à nove meses, além da incerteza que esses meses nos trariam.
Aquilo não era algo como um namorico, não era algo que ele ou eu poderíamos esconder por muito tempo e eu sabia que ele deveria contar, pois não faria bem a ninguém esconder aquilo do Kim embora eu entendesse seu receio.
— Você quer contar para ele? — O questionei baixinho para que ele em especial ouvisse, o abraçando de lado, pegando em sua mão assim como antes, lhe oferecendo meu melhor sorriso, na tentativa de conforta-lo.
— E-eu... Sim, mas é-é complicado. — Ele diz me olhando nos olhos, momentaneamente nos esquecendo da existência de Taehyung que encarava a cena arqueando as sobrancelhas, surpreso.
— É sim, mas eu estou aqui, fique tranquilo. — Disse dando-lhe outro beijo na testa, lhe acalmando enquanto acariciava sua mão.
— Quanta boiolisse... Vocês dois, podem adiar a sessão de chamego por favor e me contar logo o quê está acontecendo? Eu estou ficando ansioso e não vai ser legal se eu tiver uma crise aqui, além do mais...
— Tae, e-eu estou grávido... Nós estamos. — Jimin diz simples, apertando minha mão com ainda mais força, temendo. Entretanto o Kim estava totalmente paralisado, tinha os olhos arregalados e tentava a custo dizer algo, mas logo deu uma risada incrédula.
— Tá bom... — Ele diz rindo ainda mais, me deixando irritado e Jimin se encolheu. — Conta outra Jimin! Não vai me dizer que foi com ele que você passou seu cio e... E-espera, vocês não estão brincando? — Ele pergunta e ambos negamos e ele aparenta estar cada vez mais sem reação. Até que enfim um sorriso largo brota em seu rosto. — Porra! Não brinca! E-eu vou ter um sobrinho? Caralho Jimin, sempre pensei que eu seria o primeiro a te dar um afilhado, mas porra! Um sobrinho é ainda melhor!
— Sim e seria muito conveniente se você falasse mais baixo. — Disse calmo, ouvindo Jimin suspirar aliviado, se deitando em meu ombro de modo confortável, embora essa situação e Taehyung que não facilitavam muito.
— Tá bom, tá bom, isso não importa! Como que isso aconteceu?
— Como aconteceu Taehyung? É sério? Logo você nos perguntando isso? — Jimin disse incrédulo vendo as marmitas arrumadas dentro das sacolas ali, ganhando uma revirada de olhos do amigo que bufou.
— Não como isso aconteceu, eu sei como bebês são feitos, estou falando de vocês dois! Como isso foi acontecer? Pensei que tivessem se conhecido no bar, ou vocês andam se encontrando sem eu saber? Jimin, pensei que fôssemos amigos... — Fez drama e foi a vez de Jimin revirar os olhos.
— Ugh, para de drama Taehyung, eu não te contei que passei meu cio com um alfa que eu conheci no mercado? Você mesmo fez questão de lembrar disso agora à pouco. — Jimin disse abrindo uma das marmitas com kimbaps, comendo um dos rolinhos ali e o rosto do Kim se iluminou com a recordação.
— Porra, então uma foda e você já está grávido? Caralho seria quase triste se não fosse cômico... Desculpem-me as piadas mas e agora? O quê vocês vão fazer? Vão morar juntos e virar uma família feliz? Já aviso que isso não vai funcionar.
— Nós não decidimos ainda o quê vamos fazer quanto a isso, Jimin acabou de me contar da g-gravidez, não tivemos muito tempo para conversar...
— Claro que não, suas bocas estavam ocupadas, eu entendo... Ai! — Taehyung diz irônico ganhando um chute de Jimin que estava concentrado demais comendo para falar alguma coisa. — Mas o que vocês vão fazer? Sabe, com o bebê?
— Bem, nós vamos cria-lo, não decidimos ainda como vai sei e nem sabemos direito... Mas nós vamos ver, afinal isso pode funcionar... — Jimin diz, se arrumando no sofá, deixando a pequena marmita de lado.
— Tá certo então, é meio estranho pensar que ai dentro tá o meu afilhado, mas podem deixar que eu e os meninos vamos ser ótimos padrinhos. — Ele diz se levantando, vendo algo no celular e ignorando a discordância no olhar meu e do Park.
— Ata, vamos pensar no seu caso... — Disse irônico e ele deviou o olhar do telefone, indignado. — Qual é Tae! Você, o Hoseok e o Yoon já são tios dessa criança. Nós não tivemos tempo de pensar em nada, ainda estamos tentando lidar com isso e nem nos conhecemos praticamente...
— Se é assim, tudo bem. Agora que eu já sei e você está bem eu vou indo, afinal vocês tem muito o quê conversar... — Disse sério indo até a porta, se despedindo, mas logo Jimin o parou, se lembrando de algo.
— Tae... Você pode, não contar isso para ninguém? Por favor?
— Claro... Nem para o Yoon e o Hobi?
— Muito menos para o Hoseok... — Digo apreensivo a ponto de Jimin perceber. Não era como se eu não quisesse que Hoseok soubesse, mas quero que ele saiba disso pela minha própria boca. — É meio complicado, eu quero contar para ele mas p-por mim Tae, pode ser? Por favor...
— Tudo bem. Mas vê se resolve isso logo, se não eu mesmo conto. E vê se tranca a porta da próxima vez Jimin, eu podia ser um assassino. — Falou em tom de falsa ameaça, avisando o loiro ao meu lado antes de sair, nos deixando novamente à sós.
E assim, seguiram-se minutos de silêncio e entreolhares, procurando algo para dizer depois dessa explosão de novidades assustadoras e a única coisa que conseguia pensar era e agora?
❤🌈❤
Olá boa noite :)
Dêem um ⭐favizinho⭐ pra eu ficar feliz e um comentário pra eu saber o que vocês estão achando...
(Te garanto q não cai o dedinho)
Espero que tenham gostado meus amores, é agora que começa a bagunça kskskks
Beijinhos e bebam água 😚
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