Talvez uma família.
❤🌈❤
Pov's da autora (de novo)
O sol aos poucos invadiu a suíte do casal de lúpus que pouco se importou com o leve incômodo que a luz do sol proporcionou ao seu sono. E nenhum dos dois ousou se levantar.
Namjoon estava agarrado à Seokjin, abraçado à sua cintura como se sua vida dependesse disso, sentindo o calor e o aroma da pele do ômega que com certeza era um dos seus preferidos, envoltos em um sono que poderia durar o dia todo, se o médico não precisasse trabalhar e o empresário não precisasse gerenciar suas cafeterias.
Era cedo, bem cedo, mas para eles que o dia começava antes de todos, já era tarde e eles deveriam começar a se aprontar para saírem.
E foi esse pensamento que levou Seokjin a despertar, assim que um incômodo raio de sol bateu em seu rosto, se espreguiçando e se soltando de Namjoon que resmungou algo desaprovando a ação do marido, ainda deitado sem sequer abrir os olhos.
Sentindo que o ômega já não estava do seu lado o alfa soltou outro resmungo que desta vez, soava como um palavrão, que chamou a atenção do ômega, o fazendo rir. Namjoon era incrivelmente manhoso quando estava com Seokjin, principalmente quando se tratava de dar carinho ao mais velho ou receber carinho dele.
Fazendo um cafuné nos cabelos do mais novo Seokjin pode jurar que ouviu Namjoon ronronar, sorrindo e deixando um selar em seu rosto, ele puxou o celular da mesa de cabeceira para ver que horas eram. Eles infelizmente precisavam levantar.
Com esse intuito Seokjin tentou sair da cama, sendo impedido por Namjoon que o puxou de volta, o prendendo pela cintura e o deixando perto de si novamente, ouvindo-o rir.
— Eu tenho te mimado demais, deveria parar com isso ou vai acabar virando um alfa mimado...
— Você é meu marido e meu ômega, não temos filhos então é claro que você devia estar me mimando.
O alfa respondeu em um tom rouco e arrastado por ter acabado de despertar, se levantando e se sentando atrás do ômega lúpus, ainda agarrado à ele, deixando uma trilha de beijos preguiçosos sobre suas costas, seguindo para seu pescoço, bochecha e por fim boca, dando-lhe um beijo de bom dia.
— Bom dia pra você também, e vê se toma vergonha Namjoon, eu já te mimo o suficiente. — respondeu, não evitando sorrir ao receber um carinho na bochecha, sendo agarrado com ainda mais força pelo alfa. Nada que o machucasse, apenas o suficiente para manterem aquele contato por mais um tempinho, antes de realmente se levantarem.
Dando uma risada preguiçosa Namjoon novamente o beijou, um beijo longo e tão preguiçoso quanto ele no momento, atento as feições de Seokjin que aproveitava cada segundo daquele contato com o marido a quem tanto amava, sendo analisado por ele que o considerava o homem mais bonito do mundo.
Eles continuariam ali a manhã inteira se não tivessem mais a fazer, entretanto Namjoon interrompeu o beijo de modo súbito, fazendo o ômega encará-lo confuso pela interrupção repentina.
— Por que parou? — questionou ofegante e insatisfeito, tirando as mãos dos ombros do alfa que sorriu com a atitude, soltando sua cintura e se afastando, pronto para se levantar.
— Ah é porque eu deveria parar de te mimar, sabe? Vai acabar virando um ômega mimado...
Respondeu, rindo ao perceber o olhar quase incrédulo do esposo ao ter seu argumento usado contra si mesmo, falhando ao desviar quando o ômega acertou um travesseiro em seu rosto, subindo em seu colo e o jogando na cama, o prendendo entre suas pernas e sorrindo enquanto o encarava.
Logo Seokjin tomou seus lábios, o beijando com muito mais afinco e desejo do que antes, fechando os olhos e sentindo as mãos do alfa explorarem sua pele por debaixo do pijama de setim, quase gemendo ao sentir as mãos do mais novo adentrarem seu shorts, apertando a carne de sua bunda com força, sorrindo entre o beijo.
Eles continuaram ali, praticamente esquecidos dos compromissos do dia, mas um tocar da campainha os despertou para o mundo real e para as responsabilidades que tinham que cumprir.
— Vai eu ou você? Deve ser a Christin... — Seokjin perguntou, sentindo diversos selares em sua boca, tentando se manter no controle. O que era difícil com Kim Namjoon debaixo de si, ofegante e com cabelo bagunçado pr ter acabado de acordar.
Afinal para ele, independente de quanto tempo passasse, Namjoon ficava cada vez mais lindo.
— Deixa que eu vou, vai tomando banho enquanto isso. Eu aproveito e já separo suas vitaminas, depois eu volto e tomo banho com você. — disse se sentando e deixando outro beijo nos lábios do esposo que riu, batendo de leve em seu ombro e se levantando para a tristeza do alfa.
— Tá bom... Ah, é mesmo, quase eu me esqueço. Talvez a Christin esteja com o filho, parece que a escolinha dele não vai abrir hoje. Ontem ela me mandou mensagem e disse que se não conseguisse ninguém para ficar com ele, ela o traria pra cá.
— Tudo bem, sem problemas... — sorriu, pegando o roupão e vestindo as pantufas, abrindo a porta e saindo do quarto, enquanto Seokjin se levantava e pegava as coisas para o seu banho.
Rapidamente o lúpus saiu pelo corredor de quartos a qual apenas um era ocupado por ele e o esposo, descendo as escadas de mármore branco rapidamente, atravessando a sala e o rol de entrada, até a porta alta onde Lee Christin aguardava.
A alfa era faxineira do casal havia cerca de quatro anos e foi contratada durante o segundo ano de casamento de Seokjin e Namjoon. Logo após eles perceberem que, com seus empregos e rotinas não conseguiriam manter a organização da casa enorme apenas por eles dois. O que foi perfeito para a alfa que estava buscando um emprego após se mudar definitivamente para a Coreia, para viver com o namorado e o filho que tinha apenas dois meses.
Ela era australiana, e após se apaixonar por Jinhyoon em uma visita aos tios na Coreia, ela e o ômega passaram a trocar mensagens e chamadas, desenvolvendo um relacionamento a distância. Uma ou duas vezes ao ano, eles se revezavam para visitarem um ao outro em seus respectivos países, mas alguns meses após a última visita da alfa à Coreia, eles tiveram a surpresa da gravidez, e desde então a preocupação de Christin foi unicamente dar apoio ao seu ômega, mesmo que de longe.
Com oito mesesde gestação, Jinhyoon conseguiu uma passagem para Melbourne para visitar a namorada, imaginando que conseguiria retornar para Seul antes que seu bebê resolvesse nascer, mas acabou que o ômega nasceu lá mesmo, uma semana após a chegada de Jinhyoon à Austrália, ganhando dupla nacionalidade assim que ambos decidiram regressar definitivamente à Coreia. Isso dois meses depois.
Não conseguindo arranjar algo em sua área de atuação, a alfa buscou o mais básico e acabou sendo contratada como faxineira pelos Kim. E como o casal não tinha filhos e mal ficava em casa, com todos os benefícios do trabalho relativamente "fácil", ela ficou por ali mesmo, embora tivesse outro emprego semanal e continuasse estudando quando tinha tempo.
— Bom dia senhor Kim, me desculpe o atraso... — a alfa informou se curvando em um pedido de desculpas, embora o semblante do lúpus que abrira a porta fosse extremamente calmo e seus olhos fossem da alfa, até o pequeno ômega que segurava sua mão, segurando uma mochila de dinossauro com a outra, sorrindo gentil para a mãe e o filho. — Ah, esse é meu filho Yon Bok, acredito que seu esposo tenha mencionado que ele viria comigo.
— Bom dia, sim ele mencionou, não tem problema algum. — disse ainda calmo e totalmente compreensível, dando espaço para que os dois entrassem, se abaixando para falar com o menino. — Oi Yon, tudo bem? Eu sou o Namjoon.
— Oi... — ele disse meio tímido, corando o rostinho cheio de sardas e sorrindo, escondendo-se atrás da perna da mãe e ganhando outro sorriso de Namjoon.
Formado em medicina com duas pós graduações em psiquiatria e psicopedagogia, além do mestrado que ele estava fazendo no momento, Namjoon atuava como pediatra e era apaixonado por crianças, ele amava seu desenvolvimento e como eram puras e sinceras. A ponto de tê-las como pacientes em sua área de atuação médica.
Com apenas vinte e oito anos ele era um dos mais jovens dentro da profissão, o que era de se esperar dele que quando mais novo havia sido considerado um gênio em vários concursos e provas de QI em nível nacional.
Atuava dentro da pediátria, embora seus estudos pendessem para o estudo psiquiátrico de sua atuação, e por mais que exaustivo as vezes, amava sua profissão e as crianças que atendia.
Tanto que foi ele o primeiro a sugerir um bebê para o esposo, mas a ideia foi negada pelo mais velho por achar muito cedo, já que o alfa teve sua ideia no segundo ano de casamento. Nos anos seguintes as desculpas de Seokjin já eram outras, a ponto deles brigarem na última vez em que um filho foi sugerido pelo alfa lúpus, isso há um ano.
Demorou semanas até se acertarem, prometendo que pensariam mais calmamente sobre o assunto depois, o que rendeu longo meses de terapia de casal com Youngjae, que se tornou um amigo íntimo dos dois no processo.
Namjoon sempre teve o desejo de ser pai e ele mesmo geraria uma criança se pudesse. Seokjin mais que tudo sabia disso, só não estava certo quanto a ideia de ser pai, e refletindo tão pouco sobre, ele simplesmente se esqueceu do assunto. Ele sabia do desejo do mais novo com a paternidade e entendia seu lado, só não entendia o porquê de Namjoon não entender o seu.
Ao fazer parte do grupo de apoio uma centelha de esperança surgiu no coração de Namjoon, e Seokjin tentava se acostumar aos poucos com a ideia da paternidade, já que simplesmente não a aderia por um capricho bobo e uma pequena insegurança sobre sua afetividade com crianças. Youngjae já havia lhe dito mil vezes que era paranoia, mas a mente caprichosa do ômega lúpus simplesmente não aceitava.
— Ele costuma ser tímido quando está em lugares que não conhece, mas já ele se solta e aí só um milagre para esse menino fechar a boca! — a mãe do ômega mencionado comentou rindo, seguindo o patrão até a cozinha, onde ela costumava guardar suas coisas.
— Isso é bom, criança que fala bastante é criança feliz. Quantos anos você têm Yon? — perguntou para o pequeno que havia sido sentado em uma banqueta da ilha da cozinha pela mãe, os olhos do ômega atentos em cada movimento do lúpus, que separava as vitaminas do esposo.
— Tenho quatro, mas já, já eu faço cinco! Acho que ano que vem. Você sabe quando é o ano que vêm? — perguntou para Namjoon, insinuando que ele mesmo sabia a resposta, tirando um caderno e um estojo da própria mochila.
— Eu não sei, você sabe? — entrou na brincadeira, sorrindo enquanto o via abrir o caderno, passando por vários desenhos coloridos a giz. Christin estava na parte de fora da casa, no armário da lavanderia, pegando os materiais para limpeza e atenta a conversa do filho.
— Daqui à um montão de dias! Meu pai disse que hoje eu não pude ir pra escola por causa dos piolhos. Tem um montão deles na turma da tia Yang, mas eu não tenho nenhum, pode ver.
Disse mostrando os próprios cabelos castanhos para o médico que não se conteu e riu, quase derramando as vitaminas de Seokjin no chão. Enquanto isso Christin passava por ali com uma vassoura, um esfregão e um balde, meio envergonhada pela falta de filtro do filho, mas aliviada por Namjoon entender a fala da criança e se divertir com ela.
— Eu disse doutor, depois que ele se acostuma...
— Doutor? Você é médico? — perguntou curioso pela fala da mãe ao lúpus e este assentiu, bebendo suas próprias vitaminas.
— Sou sim.
— Você trabalha no Hospital? — perguntou novamente, seus olhos brilhando à cada resposta, e na maior paciência do mundo Namjoon assentiu. Estava adorando aquela entrevista, mas infelizmente tinha que subir, tomar banho e ir trabalhar.
— Trabalho, e inclusive estou indo para lá agora. Que tal nós conversamos depois? Sua mãe pode te trazer aqui de novo... — sugeriu e o sorriso do pequeno aumentou, concordando com a ideia do alfa que bagunçou seus cabelos antes de sair e ir de encontro com Seokjin, que terminava de se vestir no quarto deles.
Aos olho do alfa, Seokjin estava lindo como sempre, a camisa social e o jeans social contrastavam e davam o aspecto despojado e ao mesmo tempo arrumadinho ao ômega. Simplesmente uma obra de arte.
— Se continuar me encarando assim eu vou ficar envergonhado... — o mesmo disse em tom de brincadeira, notando o olhar apreciado do alfa na porta do quarto através do espelho, sorrindo com sua fala enquanto se aproximava do mesmo, trazendo um copo de água e uma tampinha de plástico com suas vitaminas.
— É que eu não consigo deixar de admirar, minha lua...
Disse apaixonado, lhe entregando aquilo que trazia e o vendo aceitar, corando por sua fala. Era só um apelido bobo que tinha ganhado na época da faculdade, mas vindo de Namjoon se tornava indescritível e especial.
— Agora você está me deixando sem jeito, o que é incrível mesmo depois de seis anos de casados e mais dois de namoro. — disse deixando o copo e a tampinha agora vazios sobre a cômoda, abraçando Namjoon pela cintura, o encarando nos olhos. — Você consegue me deixar cada dia mais apaixonado por você...
— Isso é bom, sinal de que estou conseguindo cumprir aquilo que eu te prometi quando nos casamos, e você está fazendo o mesmo, me deixando cada dia mais apaixonado por você.
Disse totalmente sincero, Seokjin o sentia pela marca, mesmo com os problemas e a falta de tempo que tinham, eram completamente apaixonados um pelo outro.
Um beijo deu-se início ali, tão esperado como se fosse o primeiro, embora fosse mais curto do que eles queriam. Namjoon logo seguiu para o seu banho e Seokjin pegou sua bolsa, as coisas tragas pelo alfa e desceu, deixando a bolsa no estofado de couro e indo para a cozinha, levando um leve susto ao encontrar um pequeno ômega ali, comendo frutas picadas em uma vasilha do Totoro enquanto desenhava distraidamente em seu caderno de desenho.
— Oi... — ele o cumprimentou, atraindo sua atenção e o menor logo lhe respondeu com um sorriso fofo, que rendeu outro sorriso de Seokjin.
— Oi, qual é o seu nome? — perguntou interessado, vendo o ômega lúpus lavar o copo e a tampa que antes foram levadas pelo alfa lúpus.
— Ahn... Seokjin, mas pode me chamar só de Jin.
— Jin... Posso te chamar de hyung? — perguntou fofamente, e mesmo estranhando Seokjin assentiu, sentindo aquele estranho conforto, achando o pequeno muito fofo.
Ele terminava de preparar o próprio café da manhã e o de Namjoon, quando pegou sua própria refeição e se sentou frente ao ômega mais novo, curioso com sua presença.
Afinal não era sempre que ele conversava com crianças. As vezes com as que iam na cafeteria, mas na maioria das vezes apenas as observava de longe, ou ouvia os pedidos delas feitos pelos progenitores.
— Eu me chamo Yon Bok, se você quer saber. Mas pode me chamar de Yon, todo mundo me chama assim. Eu tenho quatro anos, e você?
— Vou fazer vinte e nove... — respondeu simples, vendo uma expressão surpresa tomar conta do rosto do menor.
— Uau, meu pai tem vinte e quatro e minha mãe tem vinte e cinco. Também é bastante né?
— É... — respondeu menos encantado. Com quatro anos aquela criança só sabia falar de idade?
— Você é muito bonito. — o pequeno diz de repente, espantando o mais velho ao ouvir sua voz após um período relativamente longo em silêncio.
— Sim eu sou, muito obrigado por notar. Você também é muito bonito...
— É, minha mãe diz isso pra mim sempre, e meu pai também. Eu posso te desenhar? — pegando novamente o Kim de surpresa ele pediu, virando a folha do caderno. Dando uma risada Seokjin assentiu entrando na brincadeira, perguntando qual pose que ele queria enquanto terminava seu desjejum.
Não demorou muito e Namjoon apareceu ali, e seu sorriso foi instantâneo ao se deparar com a cena que acontecia na cozinha. Seokjin estava com o rosto apoiado em uma mão que segurava uma maça mordida, a qual ele mastigava quase de modo imperceptível ao artista que desenhava em seu caderno empolgado.
Passando ao lado do garoto ele não deixou de comentar o quanto seu desenho estava ficando lindo, e o garoto logo pediu para que ele saísse dali, já que só mostraria o resultado no final. Rindo o alfa lúpus pegou seu café da manhã, se sentando ao lado do esposo, um tanto distante para não atrapalhar o desenho de Yon Bok, preferindo analisar de longe Jin interagindo com uma criança. Nem parecia o mesmo ômega que dizia não ter "jeito" com crianças.
— Tá pronto? — Seokjin perguntou ansioso, mas sem sair de sua posição. Já tinha quase terminado de comer a maçã, mas o desenho não estava pronto.
— Quase... Só mais um pouquinho e... Pronto! — finalmente disse e Seokjin saiu de sua posição, se endireitando sobre a banqueta e se inclinando, curioso para ver o quê ele havia feito.
Após uma curta contagem regressiva, Yon Bok virou o caderno para o lúpus que por dois segundos não escondeu sua surpresa. É claro que as habilidades técnicas de uma criança de quatro anos não eram das melhores, mas todo o esforço dele para fazer aquele desenho, somado ao sorriso que ele lhe olhava, arrancou um sorriso e uma risada sincera de Seokjin e de Namjoon que aproveitou para ver também a obra de arte.
— Uau... — Seokjin disse, rindo admirado enquanto pegava o caderno para ver mais de perto. Por mais que simples e um tanto torto, a pose em que o desenho estava era a mesma que Seokjin, e até a maçã em sua mão o ômega havia desenhado. — Tá incrível Yon, você captou minha essência direitinho, é um grande artista...
— E não é?! Eu sou incrível! — disse com um sorriso divertido, arrancando risadas do casal. E enquanto se divertiam, Namjoon se levantou ainda rindo, pegando seu prato e o do esposo para levar para a pia, vendo Christin retornar para buscar algo, percebendo a agitação incomum ali.
— Yon, você não está perturbando os senhores Kim, está? — a alfa indagou preocupada, afinal o filho era bem tranquilo, mais falava que era uma beleza e aquilo podia incomodar seus patrões, especialmente por estarem acostumados com o silêncio à aquelas horas da manhã. — Bom dia senhor Kim.
— Bom dia. Imagina Christin, estamos só conversando, ele é uma graça, não é incomodo algum... Já tomou café?
— Já sim, obrigada pela preocupação. — sorriu para o lúpus e Seokjin sorriu de volta, sentindo um beijo na bochecha vindo de Namjoon que não notou se aproximar.
— Eu já vou indo, tá bom?
— Mas já? Não vai comer mais? — perguntou ao marido preocupado, deixando o caderno sobre a ilha e se levantando para acompanhá-lo pelo menos até a entrada da cozinha, vendo-o se virar e sorrir para si, o abraçando pela cintura com aquela expressão tranquila que ele mantinha na maior parte do tempo.
— Eu comi bem, estou satisfeito e qualquer coisa compro algo para comer no refeitório do hospital. — garantiu ao ômega preocupado, dando um beijo casto em seus lábios. — Eu te amo, tenha um bom serviço e nos vemos mais tarde... Tchau Christin, tchau Yon.
— Até mais doutor, tenha um bom dia.
— Tchau hyung, tenha um bom dia! — Yon disse ganhando um sorriso do médico, antes dele se despedir novamente do esposo e sair pela porta que dava para a garagem, pegando seu carro.
Assim que ele saiu, logo Seokjin voltou a se sentar onde anteriormente estava, frente à Yon Bok que já fazia outro desenho em seu caderno, sendo observado por Seokjin, que hora ou outra falava com ele, naquele clima agradável, sentindo aquela sensação boa lhe preencher, sempre que o garoto falava com ele, lhe arrancando diversos sorrisos.
— Ah, sinto muito mesmo senhor Kim, meu esposo teve que ir ao médico e eu realmente não tinha com quem deixá-lo, espero que ele não esteja o incomodando. — Christin reforçou sua preocupação, assim que foi até a cozinha para fazer a limpeza do cômodo, se sentando ainda envergonhada pela situação.
— É sério Christin, não precisa se preocupar, ele não é incomodo e não dá trabalho nenhum. Pode trazê-lo sempre que precisar...
— Sim. É que fica meio chato, o senhor é meu patrão e agora parece que você está cuidando do meu filho para que eu trabalhe...
— Se for por isso, não é problema algum, como eu disse ele não dá trabalho e é ótimo conversar com ele, né Yon?
— Sim! O hyung é muito legal mamãe, ele sabe fazer macarons iguais aos da vovó, você devia aprender com ele... — disse e Seokjin quis rir, embora a alfa estivesse quase tão vermelha quanto os cabelos ruivos, de vergonha.
— Você não vai conseguir trabalhar assim, se quiser eu posso levar ele para o café, posso cuidar dele lá enquanto você termina por aqui. Hoje eu fecho cedo e garanto que trago ele de volta inteiro.
— A-ah não senhor Kim, não precisa se preocupar com isso, ele trouxe o caderno e alguns brinquedos, ele vai ficar quietinho...
— Então, se ele vai ficar quietinho, ele não vai me dar trabalho, não é Yon?
— Não mesmo. — o ômega respondeu com uma carinha que quase o transformaria em um santo, ganhando uma encarada da mãe que conseguia ver a empolgação nos olhos do filho.
Ela confiava em Seokjin e em sua boa índole, só não queria dá-lo ao trabalho de cuidar de seu filho.
— Não precisa se preocupar senhor Kim...
— Preciso sim mulher, deixa disso. Ele vai ficar comigo o tempo todo e caso não, eu tenho dois amigos de confiança que trabalham comigo e que estão grávidos, por isso não podem se esforçar tanto. Eles podem ficar de olho nele também.
Ponderou e a alfa pensou, por mais que o filho realmente não lhe desse trabalho ela seria uma irresponsável se não ficasse com o pequeno ômega de quatro anos a vista. Afinal Yon Bok era uma criança curiosa, e como todas ele tinha um ótimo jeito de se meter em confusão quando estava fora de supervisão de um adulto. E foi pensando nisso que ela tomou sua decisão.
— Tudo bem. — respondeu e o menor deu um grito de alegria, girando na banqueta e por pouco caindo, ganhando um olhar mais severo da alfa. — Mas se comporte, ouviu? Não dê trabalho ao senhor Kim, se não quando chegarmos em casa eu conto tudo pro seu pai.
— Pode deixar. — riu sapeca, mostrando as covinhas que se destacavam com as sardas, ganhando um sorriso de imediato de Seokjin.
Com isso resolvido, Seokjin foi até a garagem onde além de seu carro, as bicicletas dele e do marido e um monte de coisas que eles não usavam com frequência, havia uma cadeirinha de criança para carro, que pertenceu ao filho de seus vizinhos, um alfinha de quase seis anos que tinha ganhado uma nova - já que estava grande demais para aquela. Ele pretendia dá-la para Mark, pois sabia que agora que tinham uma criança da mesma idade precisavam de uma, mas o americano já tinha dado um jeito nisso e comprado uma cadeirinha daquelas em um bazar de uma amiga.
Verificando se a mesma estava limpa ele a instalou no carro com uma facilidade que o surpreendeu, voltando para dentro da própria casa onde Christin dava mais alguns conselhos para o filho que parecia escutar atentamente, esquecendo-se totalmente da alfa assim que viu o ômega mais velho sorrindo para si, o esperando.
— E então? Vamos?
— Vamos! — disse pulando até o lúpus que o pegou no colo, brincando com ele, rindo com a risada gostosa do mais novo, vendo-o se despedir da mãe. — Tchau mamãe, eu já volto. Se comporta, tá bom?
— Digo o mesmo pra você mocinho... — disse fazendo cócegas no menino, afagando os fios castanhos da mesma cor que os do pai dele, fazendo-a suspirar. — Me trás ele inteiro?
— Não te entrego menos que isso. — prometeu. — Tem algo sobre ele que eu preciso saber? Sabe, condição, cisma ou alergia?
— Bom, na verdade não. Só toma cuidado com o açúcar, se não ninguém dorme hoje. — disse rindo, arrumando o zíper meio aberto da mochila nas costas do filho. — Novamente obrigada pelo que está fazendo senhor Kim...
— Não precisa agradecer, é sério. Não é nada demais, vamos nos divertir um monte. — disse dando um hi-five com Yon Bok, novamente se despedindo e então saindo dali e indo até a garagem, o afivelando na cadeirinha do banco de trás do carro, se assegurando que estava bem preso.
Perguntando para o menor se estava tudo certo, ele sorriu colocando a mochila no acento do meio assim que ele afirmou, fechando a porta e entrando no banco do motorista, colocando sua própria bolsa no banco do passageiro e o cinto quando o ômega chamou sua atenção, sentindo o cheiro da cadeirinha onde estava sentado.
— Hyung? De quem é essa cadeira? É do seu filho? — ele perguntou curioso, ganhando a atenção do lúpus que o observou pelo retrovisor, estranhando.
— Não, era do filho do meu vizinho. Eu não tenho filhos. — disse dando partida, ainda estranhando a atitude do menino em cheirar o banco, ele parecia gostar do cheiro, ou talvez fosse só uma mania de criança.
— Hum... E ele é criança?
— É sim, deve ser um pouquinho mais velho que você, mas ele cresceu bastante e precisou trocar de cadeirinha.
— Entendi...
— Por que quer saber?
— Por nada. Ele deve ser legal.
— Ele é um menino esperto, tão esperto quanto você. Está na casa da vó agora, mas se você vier de novo e ele estiver em casa, vocês podem brincar juntos.
— Sério?! Então tomara que a turma da tia Yang continue cheia de piolhos! Aí eu vou poder vir com a minha mãe todo dia! — disse simples fazendo Seokjin rir.
Eles continuaram conversando durante todo o trajeto, até Seokjin estacionar em sua própria vaga, frente à cafeteria. Saindo estão do carro, ele logo foi até o banco do Lee, retirando o cinto do mesmo e o pegando no colo, usando a mão livre para segurar a própria bolsa e a mochila de dinossauro dele, entrando no café.
— Bom dia Jin... — Chanyeol foi o primeiro a lhe cumprimentar, varrendo a calçada como lhe era de costume, pousando os olhos no menino no colo do mais velho com curiosidade.
— Bom dia Chanyeol, desculpa o atraso. O pessoal já chegou?
— Já sim, tá todo mundo aqui. Quem é esse? — disse se aproximando, sorrindo e acenando para o pequeno que escondeu-se na curvatura do pescoço do mais velho, rindo um tanto tímido.
— Esse é o Yon, ele vai me fazer companhia hoje.
— Oi Yon, eu sou o Chanyeol. — cumprimentou, seguindo Seokjin para dentro da cafeteria, ganhando olhares de Miya e Jonnhy que limpavam as mesas, encarando os dois ômegas com a mesma curiosidade.
— Oi. — Yon Bok respondeu assim que foi colocado no chão, olhando para a cafeteria com um encanto nos olhos que fez Seokjin sorrir.
O lúpus então pediu para que ele se sentasse em uma das mesas por um instante, enquanto o mesmo dava as devidas informações do dia para os funcionários, sendo sempre observado pelo pequeno, que mesmo o conhecendo há pouco tempo - uma hora -, achava o ômega lúpus muito legal.
Assim que deu todos os anúncios e apresentou Yon Bok aos demais o Kim voltou a ficar perto dele, assim como havia prometido à sua mãe, o observando brincar e desenhar, saindo de perto dele poucas vezes, para atender algum cliente na falta de funcionários disponíveis ou para dar alguma instrução aos responsáveis pela cozinha, o deixando sob o olhar atento de Chanyeol quando preciso.
O alfa estava simplesmente encantado, o ômega inicialmente tímido lhe lembrava Baekhyun e seu jeito sincero, fora que o garoto possuía um grande talento para arte, e fez até um desenho dele, enquanto estava tomando conta dele e Jin passava algumas informações para Jihyo e Minhyun na cozinha.
Ao brincar enquanto cuidava dele, ele se imaginava com o namorado assim que ambos conseguissem passar pelo processo de adoção e levassem o seu filho para casa. Se imaginava brincando daquele jeito com aquele que seria o seu filho e do Byun, sentindo o entusiasmo lhe consumir de tanta ansiedade. Mais que tudo eles queriam que aquilo desse certo.
O movimento na cafeteria não estava lá á todo vapor, estava normal, por mais que fosse sexta-feira. Era comum a cafeteria encher àquelas horas, mas inusitadamente isso não ocorreu, e os clientes estavam no mesmo vai e vem de sempre.
A parte da manhã passou rápido e quando o Kim menos viu, já era quase meio-dia. Dando uma pausa ao que ele e Yon Bok faziam, ele o levou para se sentar onde estava antes e lhe deu o almoço, sentando-se com ele e comendo também, conversando com o garotinho durante toda sua hora de almoço. Ele se levantou para levar a louça para a cozinha e no mesmo momento em que retornou, pode ver Jimin e Mark chegando, junto de Jungkook que vinha de mãos dadas com o Park, Kyungsoo e um menino que vinha no colo do norte-americano.
— Ué, não era o Jin que não queria filhos? — Jungkook perguntou para Jimin que estranhava a cena tanto quanto ele.
— É ué, mas acho que não é dele, eu posso ser lerdo mas ele nunca engravidou na vida e o menino não parece com ele, pode ser do Namjoon. — Jimin argumentou em tom de brincadeira, mas a expressão que o alfa ao seu lado fez indicava que ele provavelmente tinha levado a sério.
— Mas vocês dois hein... Oi Seok-ah, boa tarde. — Mark cumprimentou, passando por eles e levando sua bolsa até onde a guardava, sem tirar o pequeno ômega de seu colo. Diferente de Yon Bok, Bambam era realmente muito tímido devido a situação de sua criação. Ele ainda estava se adaptando à viver fora daquele porão.
— Boa tarde Mark, Jimin, Jungkook e Kyungsoo. E quem é você pequeno? — perguntou se aproximando de Mark devagar, vendo o ômega no colo deste se encolher receoso e um tanto assustado.
— Esse é o Bambam. — apresentou o pequeno agarrado à si como um coala, observando Seokjin com uma curiosidade tímida que era quase a mesma estampada nos olhos de Yon Bok, à algumas cadeiras dali. — Eu tive que trazer ele hoje Seok, Jackson está resolvendo algumas coisas na delegacia, mais tarde ele vem buscá-lo.
— Sem problemas, a mãe dele teve que fazer o mesmo, então decidi trazê-lo para ela não se sobrecarregar. — se referiu ao ômega australiano sentado na mesa ali, ganhando a atenção de Bambam que o encarou curioso. — O nome dele é Lee Yon Bok, filho da moça que trabalha lá em casa.
Disse e os três ômegas e o alfa assentiram, tendo a dúvida saciada. Comprando um café, Jungkook se despediu de Jimin com dois beijos, prometendo que o buscaria mais tarde, dando um carinho na barriga aparente do ômega, que cada vez mais indicava a gravidez aos olhares alheios, se despedindo do bebê e dos demais, saindo, pegando o carro e voltando ao trabalho.
Mark então colocou Bhuwakul no chão, por mais que o menino fosse leve, não era bom ficar forçando as costas, ainda mais quando estava indo para o terceiro mês de uma gestação até então tranquila. Mas ele não precisou se preocupar tanto com Bambam, explicando para o ômega que ele continuaria com ele e que ninguém ali o faria mal, Bambam se sentiu mais calmo, por mais que continuasse agarrado ao mais velho.
Kyungsoo foi rapidamente até o balcão e logo fez seu pedido. Estava enjoado da própria comida e da comida caseira feita pelo esposo. Amava a variedade de pratos da cafeteria e claro que tinha seus preferidos na hora de escolher. Tanto que nem precisava de cardápio para isso. Então com o pedido feito, ele foi o primeiro a se sentar na mesa onde Yon Bok estava, meio receoso pelo olhar um tanto intimidador do ômega mais velho, porém o receio logo se foi assim que o Kim lhe cumprimentou e conversou com ele, mostrando algo bem diferente do que ele imaginava sobre sua personalidade.
Seokjin foi logo atrás, se sentando com os dois enquanto Jimin e Mark esquentavam sua própria comida, sendo Mark responsável não apenas pelo seu prato mas pelo de Bambam também, obviamente.
Logo os dois foram para onde os mais velhos estavam, colocando os pratos na mesa. Mark cumprimentou Yon Bok e então ajudou Bambam a se sentar na cadeira um tanto alta ao lado do outro menino que o fitou com curiosidade, dando um sorrisinho e acenando para o ômega menor que não respondeu por mais que estivesse igualmente curioso. Ele nunca havia conversado com outras crianças, ainda mais da idade dele.
— Oi Yon, tudo bem? Eu sou o Jimin. — o Park cumprimentou o ômega mais novo que sorriu de volta, embora estivesse meio chateado por não ser correspondido pelo outro menino, vendo os olhos do mais velho sorrirem junto ao seu sorriso, o que ele achou adorável.
Seokjin observava a interação com um sorriso no rosto, vendo Jimin se sentar quando um certo relevo - bem maior do que ele se lembrava - lhe chamou a atenção, especialmente por ser pego de surpresa. Desde que havia engravidado e passado a conviver com Jungkook, Jimin sempre usava as camisas mais largas que o alfa tinha para ir trabalhar, e isso dificultava para os demais verem qualquer desenvolvimento do bebê que ele esperava, e isso pegou o lúpus de surpresa.
— Minha nossa Jimin, vocês já estão de três meses? — perguntou apontando para a barriga do Park que sorriu, passando a mão pelo volume e deixando ainda mais aparente o tamanho de sua barriga, ganhando um sorriso de Seokjin que se sentia feliz só de ver a alegria do mais novo.
— Não, estamos indo pra décima semana. Dois meses e uma semana de pura saúde. O doutor disse que ele ou ela vai ser um bebê grande, o quê não é à toa visto que é um alfa e que o pai dele é bem grande também, Jungkook tem quase um e oitenta.
— É tem razão, então quem está de três meses é o Mark? — questionou vendo o americano assentir, fazendo o mesmo com a camisa larga e deixando a mostra sua barriga de três meses, apenas um pouco maior que a de Jimin.
— A diferença entre as duas não é tanta, são praticamente iguais, já que nós dois estamos esperando alfas.
— Vocês tem barrigas gêmeas! — Yon Bok disse atraindo a atenção dos mais velhos que riram achando graça.
— O quê são gêmeas? — surpreendendo não apenas Mark, como à todos na mesa, Bambam perguntou ao outro menino que sorriu para ele, contente em ouvir sua voz. Já que pensou que talvez o outro não tivesse gostado de si.
— Gêmeos é quando tem duas coisas iguais. Tipo a barriga deles, duas frutas que são igualzinhas ou dois brinquedos.
Yon Bok explicou à sua maneira e embora não da mais correta possível, o outro ômega entendeu, perguntando outra coisa enquanto comia, baixo e timidamente, se sentindo um pouquinho mais a vontade com o outro ômega. Os adultos apenas observaram admirados, especialmente Mark, incrivelmente feliz com o progresso do menino.
— Ah é Kyung! O Jin já sabe? — Jimin perguntou empolgado, dando uma garfada em seguida vendo Kyungsoo negar, sabendo exatamente do que o Park estava falando.
— O quê eu não sei? — o lúpus se dirigiu ao advogado, vendo-o sorrir meio tímido antes de limpar a boca por ter acabado de comer.
— Eu vou ter trigêmeos! — contou a novidade e Seokjin ficou sem reação, fazendo Jimin rir e quase engasgar pela cara que o mais velho fez, esperando que o outro Kim se explicasse. — Semana passada eu e Jongin fomos no obstetra que o Namjoon indicou ao Jimin e pelo visto, além de omitir essa informação da gente, a antiga obstetra que cuidava da minha gestação faz parte do esquema de tráfico humano.
Disse baixo a última parte, na tentativa de que as crianças não ouvissem, por mais que Yon Bok estivesse ocupado demais tirando uma de suas folhas do caderno para desenhar com Bambam, que tinha se esquecido completamente de comer. Com a informação, Seokjin ficou quase incrédulo, aquilo gerou uma sensação horrível em si, só de pensar o que aconteceria se Kyungsoo continuasse ali.
— C-céus... Mas e aí? O quê deu?
— Assim que saímos do consultório fomos à polícia prestar queixa. Já que tínhamos provas, não foi muito difícil emitirem um mandato de prisão para ela. E também surgiram várias acusações que ajudaram a mandá-la para o lugar de onde ela não vai sair fácil.
— Então é por isso que os cheiros alteravam... Poxa, ainda bem que vocês decidiram trocar de obstetra rápido. — disse e o ômega suspirou assentindo, tocando a barriga de quatro meses e meio, bem mais aparente que à dos outros dois grávidos, sorrindo.
— Realmente. Eu estou indo pra lá agora, tenho retorno de consulta marcado, tenho que levar alguns exames. Só precisava comer algo antes, não aguento mais a comida de casa.
— Entendo. Pode vir aqui quando quiser.
— Agradeço por isso, mas agora eu realmente tenho que ir, quanto mais cedo eu for melhor. Assim eu não fico ouvindo o Jongin chorar preocupado pelo celular. — se levantou, pegando a própria bolsa e arrumando os fios negros antes de se despedir dos demais, seguindo para o caixa e pagando pelo seu pedido.
Com um pouquinho de esforço, Mark e Jin conseguiram convencer as duas crianças à terminarem de comer, já que os dois estavam desenhando com tanto empenho que se esqueceram totalmente da comida. Jimin também já tinha terminado de comer e com o desejo de comer algo doce falando mais alto, ele logo se levantou para pegar uma sobremesa.
— A gente pode comer doce também hyung? Deixa por favor? — Yon pediu para o mais velho que no momento conversava com Mark, ponderando. Um docinho não faria mal, a questão era saber o que Mark achava.
— O quê você acha?
— Acho que um docinho não faz mal a ninguém, quer um Bambam? — o americano perguntou e o garoto assentiu sorrindo em silêncio, descendo da cadeira e sendo pego de surpresa quando o outro garoto pegou em sua mão falando sobre qual doce iria querer, enquanto iam até Jimin no balcão.
— Só um doce Yon, lembra do que sua mãe disse. Podem pedir para o Jimin que ele pega pra vocês. — Seokjin avisou, vendo ambos olharem para trás para ouví-lo.
— Tá bom hyung, vem Bambam! — chamou o mais novo amigo, ambos indo até Jimin que os atendeu com maior prazer, sendo observados por Jin e Mark que sorriam com a cena.
— Ele é uma graça... — Mark comentou e Seokjin assentiu voltando a conversa.
— Ele é... — sorriu fraterno, olhando para o pequeno australiano de cabelo castanho escuro, cheio de sardas adoráveis como se fosse seu próprio filho. Entendendo um pouco daquela estranha e acolhedora sensação que vinha sentindo. — O seu também é uma graça.
— Bambam é um guerreiro, merece o mundo todo pelo que ele passou. Nunca pensei que amaria uma criança tanto quanto eu amo ele e o meu filho. — respondeu, vendo o garotinho tímido que Jackson havia encontrado em um sofá, rir para outra criança com o nariz sujo de chantilly. Mark estava orgulhoso.
— Espero que vocês consigam ficar com ele por um bom tempo durante a tutoria. Já descobriram algo sobre a família dele?
— A parte que o envolvia no caso já está praticamente fechada. Aparentemente a mãe e a tia dele trabalhavam em uma boate na Tailândia. Não se sabe quem é o pai ou a outra mãe dele, ela fazia programa para complementar a renda.
— Céus... E como foram parar naquele lugar? — Jin indagou curioso, vendo Mark suspirar triste antes de continuar o relato.
— Parece que a tia dele tinha uma dívida com traficantes, eles começaram a persegui-las e a única opção delas foi imigrarem para cá, e acabaram caindo naquele lugar onde ela descobriu da gravidez. Acho que nem ela sabia quem era o outro progenitor...
— Então ele não têm família? — perguntou e Mark negou. — E o quê vai ser dele? Se a justiça suspender a tutoria ele vai ser simplesmente jogado em um orfanato?
— Não... — o ômega respondeu com certeza, ainda com o olhar fixo no garoto que comia seu doce com Jimin e Yon Bok, um sorriso ressurgindo em seu rosto. — Eu e Jackson estamos entrando em um processo pela guarda dele.
— Vão adotá-lo? Isso é incrível Mark!
— Sim. Sabe Seok-ah, quando o Jack me ligou e sugeriu a tutoria, eu não entendi o que ele tinha sentido ao ver esse garoto, tão frágil e em condições tão precárias, mas assim que eu falei com ele eu percebi que ele era a parte que faltava em nossa família. Ele é meu filho Jin, meu e do Jackson, nós soubemos assim que o vimos, e agora só o quê queremos é que ele fique conosco.
— Uau... — Seokjin disse admirado, imaginando como seria sentir tal sensação. Talvez ele realmente devesse repensar no pedido do esposo, ele já havia curtido sua juventude e a boa fase da vida adulta, faria trinta anos em um ano, talvez fosse a hora deles formarem uma família.
Com o horário de almoço próximo do fim, Jimin foi vestir seu avental, trazendo o de Mark para que ele fizesse o mesmo, indo atender alguns clientes que haviam acabado de chegar. Cuidando das crianças, Seokjin as observava brincar com esmero, resolvendo uma coisa ou outra quando necessário mas sempre de olho nos meninos. Ele até os levou na pracinha com Mark quando o movimento da cafeteria diminuiu, voltando pouco tempo depois sobre protestos dos dois que queriam brincar mais um pouco, mas que se esqueceram completamente dos brinquedos assim que Seokjin preparou um lanche da tarde para eles.
A medida que o tempo passava, a hora de fechar o estabelecimento se aproximava e Bambam já ia se entregando ao sono, buscando Mark com o olhar e lhe pedindo colo, o que foi atendido pelo mais velho que o aninhou nos braços, se sentando e lhe oferecendo carinho até cair no sono. Yon Bok continuou brincando, por mais que a brincadeira não tivesse mais tanta graça sem o outro ômega.
Jackson chegou primeiro, tirando Bambam do colo do esposo e esperando que este pegasse suas coisas para irem. Jungkook chegou logo depois, e tendo terminado todo seu serviço Jimin também se foi, se despedindo de Seokjin e dos demais.
Como Chanyeol fecharia o café naquela semana, Seokjin pegou suas coisas e pediu para que Yon Bok fizesse o mesmo para irem embora, se despedindo do alfa e de Miya, já que ela ficaria para esperar pelo namorado dele que lhe daria uma carona até próximo à sua casa.
Entrando no carro após repetir o processo de colocar o ômega na cadeirinha e conferir se todas as suas coisas estavam ali - incluindo uma embalagem com alguns doces para os pais do pequeno - Seokjin dirigia rumo ao condomínio onde morava com Namjoon, refletindo sobre sua mais nova decisão, quase totalmente certo de que aquela era a escolha certa. Ele estava imerso em seus próprios pensamentos e na rua, quando Yon Bok o tirou de seus pensamentos, chamando sua atenção.
— Hyung? Se a mamãe me levar na sua casa de novo, você pode me levar no parque?
— Se eu tiver tempo eu posso te levar sim, mas você também pode ir vom seus pais. Vai ser ainda mais especial se você for com eles...
— Não sei não, a gente não sai mais como antes, desde que o papai ficou doente... — ele disse como se aquele fato não fosse nada demais, chamando ainda mais a atenção de Seokjin que não fazia ideia do fato. — Ele tá sempre indo no médico e não gosta de sair muito por causa do cabelo, ele só usa touca agora, mesmo quando tá calor.
— E ele tá melhor?
— A mamãe diz que sim, mas eu não sei se é verdade. Uma vez quando ele tava no hospital eu vi a mamãe chorando na cozinha.
— Entendi...
— Mas quando eu crescer eu vou ser médico, que nem o Namjoon hyung, aí eu vou poder cuidar dele e a gente vai poder passear um monte! — disse sonhador, apoiando a cabeça na cadeirinha enquanto olhava pela janela, sendo observado por Seokjin pelo retrovisor. Christin nunca havia lhe dito nada sobre aquilo.
Em alguma parte do percurso, Yon Bok acabou dormindo, foi um dia cheio e agradável, ele estava cansado. Chegando no condomínio Seokjin dirigiu até a própria residência, estacionando na garagem, saindo e pegando o garotinho no colo, sorrindo ao ver o rosto adormecido, se esforçando para não acordá-lo quando pegou a bolsa, a mochila e as duas sacolas, entrando na casa em silêncio.
Passando pelo corredor ele deitou o pequeno ômega no sofá com cuidado, o aconchegando para que ficasse confortável, deixando sua mochila ao pé do outro lado do estofado, juntamente com sua bolsa, indo até a cozinha, onde encontrou a mãe dele, secando e guardando as poucas louças que usavam no dia a dia.
— Ele dormiu. — disse sem aviso, vendo a alfa sorrir para si ao vê-lo se aproximar meio inquieto, imaginando que tivesse algo haver com o filho.
— Ele deu muito trabalho senhor Kim? — perguntou, vendo o mais velho começar a ajudar a guardar a louça, mesmo que ela dissesse que não precisava.
— Nenhum, ele se comportou como um anjinho, brincou a tarde toda com o filho de um amigo meu. — disse, o sorriso crescendo ao se lembrar de Mark e de Bambam.
— Isso é ótimo. Novamente muito obrigada por isso senhor Kim, realmente não precisava se preocupar.
— Que isso Christin, eu já te disse, não foi esforço algum. E você não precisa me chamar de senhor o tempo todo, não sou velho, pode me chamar de Jin, eu insisto.
Respondeu e por mais que a alfa ruiva quisesse refutar e dizer novamente que não tinha necessidade ela se calou disposta a aceitar a condição do mais velho, afinal se para ele não era nada demais, não era para ela que seria.
— Está bem... — respondeu, voltando a secar alguns pratos enquanto Seokjin os guardava em silêncio, vendo aos poucos o restante de sol se pôr, observando a alfa de costas para si, quando finalmente lhe veio a coragem para perguntar.
— Seu esposo está bem? — disse, vendo a alfa ficar rígida assim que ele a questionou.
— E-ele está, foi ao médico hoje. — disse simples embora Seokjin sentisse o choro em sua voz.
— Ele está melhor? Yon me disse que ele estava doente... — perguntou e a alfa aos poucos foi deixando de secar a louça, tapando a boca para evitar soluçar frente ao patrão. Não queria envolvê-lo nisso.
— E-está sim, m-me desculpa senhor Kim eu não queria e nem quero envolvê-lo em nossos problemas. Você e seu marido já fazem muito por mim e por minha família.
— Não se desculpe Christin, e-eu quem deveria estar me desculpando, acho que estou sendo invasivo em um assunto delicado e que não é da minha conta...
— N-não é isso... É-é que Jinhyoon foi diagnosticado com câncer há um ano, e tem sido difícil para nós, com todo o tratamento e tudo mais. E-eu nunca imaginei que o veria daquele jeito...
Disse não conseguindo conter suas lágrimas e por impulso Seokjin a abraçou, quase como se soubesse que ela precisava daquilo naquele momento. Separando-se do abraço assim que percebeu que ela estava mais calma, a levando para se sentar.
— Eu sinto muito Christin, não consigo sequer imaginar o que vocês tem passado, se tiver algo que eu ou Namjoon pudermos ajudar...
— N-não precisa, ele está fazendo quimioterapia e segundo a oncologista, ele está progredindo muito bem e em breve fará uma cirurgia para tentar remover o tumor. Caso contrário terão que remover o útero dele, mas isso é bem melhor do que perdê-lo...
— Entendo, mas se quiser o Nam pode conseguir uma consulta com alguns amigos dele especialistas na área. É sempre bom uma segunda opinião.
— Por favor senhor... Q-quer dizer Jin, vocês já fizeram muito por nós.
— Christin, me deixa ajudar vocês, é o mínimo que eu posso fazer por você ser tão boa e prestativa com a gente. Seu esposo precisa disso, e o Yon também.
— E-ele te disse algo?
— Ele só está preocupado com vocês. Yon Bok pode ter só quatro anos mas é muito esperto, ele notou algo diferente entre vocês. — indagou, observando o rosto tristonho e preocupado da alfa quando lhe veio uma ideia. — Christin? Posso fazer uma pergunta?
— Pode, o que estiver ao meu alcance de responder...
— Bem, o Yon tem algum padrinho ou madrinha?
— Não, ele não têm, nós até pensamos em escolher alguém mas foi tão corrido quando ele nasceu que nem deu. Mas por que pergunta?
— Bom é que, eu queria saber se eu e o Nam podemos ser tipo padrinhos dele, c-claro se você e seu marido não se importarem. Eu sei que não somos tão íntimos mas eu gosto muito do Yon, e queria fazer parte da vida dele, mesmo se um dia você não trabalhar mais para mim.
— C-céus, n-não precisa senhor Kim, de verdade...
— Por favor Christin, pelo menos pense no assunto, mas se você realmente não quiser, eu vou entender. Mas quero levá-lo para passear qualquer dia desses, e se você precisar ir ao médico com seu marido e não tiver ninguém para cuidar dele, pense em mim.
— Bem... Eu, e-eu vou pensar, vou falar com meu esposo e amanhã eu te dou a resposta, pode ser?
— Claro, da forma que preferir. — disse sorrindo e a abraçando novamente. A alfa então retribuiu o abraço, se separando logo depois sorrindo para o mais velho se sentindo mais que grata.
Terminado seu serviço, ela pegou suas coisas, agradeceu pelos doces, pegou o filho e foi embora, deixando Seokjin sozinho. E pela primeira vez ele sentiu o som do silêncio como algo não muito agradável.
Pegando a própria bolsa ele subiu ao próprio quarto para tomar um banho, saindo de roupão e pegando o celular para ver as mensagens. Não passou muito tempo e o som da porta da garagem abrindo denunciou a chegada de Namjoon. E sentado sobre a cama, ele não precisou esperar muito até o alfa lúpus estar ali com ele, se desfazendo da própria gravata e sorrindo assim que o viu.
— Oi... Tudo bem? — disse se aproximando e dando um selinho nele, ganhando um sorriso largo, sentindo a alegria e a ansiedade dele pela marca. — Tá feliz, quer me contar sobre seu dia?
— Quero muito, mas antes vai tomar um banho, você tá com cheiro de hospital...
— Tudo bem... — disse deixando outro selar em seus lábios, pegando suas coisas e indo para o banheiro. Mexendo no celular enquanto esperava, Seokjin suspirou ao ver o mais novo sair do banheiro apenas de cueca box, secando os cabelos com a toalha e sorrindo para si, antes de se sentar ao seu lado sobre a cama.
Dando abertura para ele, Namjoon contou à Seokjin sobre seu dia no hospital, as dificuldades e as coisas boas que aquele dia tinha trago para ele e as novidades, e assim que acabou seu relato o ômega lúpus fez o mesmo, contando como havia sido bom o seu dia com o filho de Christin na cafeteria, as novidades e a conversa que teve com ela.
— Então talvez nós vamos ter um afilhado? Por quê tão de repente? — questionou e Seokjin deu um sorriso, acariciando o cabelo do marido antes de responder.
— Bem, é que eu acho que nós devemos ter uma certa experiência com crianças, já que um dia vamos ter a nossa...
— Espera... É sério?! — perguntou surpreso e empolgado com sua fala, um sorriso surgindo em seu rosto quase de imediato.
— Sim... Eu ainda não estou certo quanto engravidar, ainda estou me acostumado com a ideia, mas eu quero que saiba que mesmo assim, eu estou disposto a ter uma família com você.
— Eu mal posso acreditar... O que te fez mudar de ideia? Pensei que não quisesse ter filhos comigo.
— Eu quero, mas eu não conseguia me ver como um pai, Namjoon. Sempre que você sugeria um filho e-eu não conseguia ver nada mais que um sonho irreal, você sabe melhor que ninguém, nós brigamos por causa disso. Mas desde que eu comecei o curso, e principalmente depois de hoje, eu consigo ver essa realidade e não só um sonho. Eu, você e nosso filhote. Nossa família.
— Mas você tem certeza? Sabe que essa é uma baita de uma decisão, né?
— Eu estive pensando sobre isso por muito tempo, ano que vêm eu faço trinta anos, e agora eu me sinto pronto para ser pai. E você já vêm me pedindo um bebê à um bom tempo então, se ainda estiver disposto...
Disse sugestivo e Namjoon riu, negando com a cabeça antes de se sentar mais confortavelmente na cama, pegando na mão do ômega e o levando a se sentar no seu colo, o que ele fez sem exitar, passando as mãos ao redor de seu pescoço.
— Nesse caso, seria bom que a gente praticasse um pouco, uh? — disse rouco e sugestivo, e foi a vez de Seokjin rir, negando com a cabeça prestes a beijá-lo.
— Com certeza. — concluiu, sorrindo em meio ao beijo apaixonado que se seguiu. Após oito anos juntos, talvez Seokjin estivesse realmente pronto para começar uma família junto de quem ele tanto amava.
❤🌈❤
Acho que depois de vocês lerem esse capítulo poderão entender melhor o motivo do meu atraso. 9k de palavra é mole? Eu me empolguei um pouquinho só ksksk
Como vocês estão meus amores? Espero que estejam bem e que tenham gostado desse capítulo. Prometo que não vou demorar para publicar o próximo.
Espero que tenham gostado dessa história, conta um pouquinho dos nossos Namjin.
Por hoje é isso menines, bebam água, um beijo e até mais.
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