Sonhos.
Olá minha gente! Peço desculpas pelo atraso, ontem fiquei impossibilitada de postar e por isso estou vindo hoje para trazer este capítulo que assim como o próximo, está gigante.
Tem uma novidade também que eu vou deixar pro final, aguardem. Dito isso, tenham uma boa leitura 💜 📚
❤️🌈❤️
Pov's Jungkook
— Você tem certeza disso? — questionei um tanto aflito visto sua decisão, vendo-o se esticar novamente naquela esteira de yoga, colocando as mãos no chão com uma facilidade gigantesca para alguém com seis meses de gestação.
— Absoluta.
— Tem mesmo? Eu li no seu livro daquela vez e deve doer pra caralho Jimin, só de imaginar eu tenho calafrios. O que o doutor Jongdae acha disso?
— Ele disse... — parou de falar quando começou a agachar com certa dificuldade. — Ele disse que eu sou jovem e saudável e que meu corpo aguenta passar por um parto natural. E eu quero fazer isto Jungkookie.
— Tudo bem então, eu vou estar lá com você de qualquer forma, só espero não desmaiar nem nada. — disse voltando a escrever no notebook e ele riu, terminando seu alongamento e vindo até onde eu estava, fazendo-me uma massagem e observando o que eu escrevia.
— O quê está fazendo meu amor? — ele perguntou me fazendo sorrir. Adorava quando ele me chamava de amor, era uma palavra que sendo dita por ele conseguia me desconcertar todinho.
— Estou compondo... — respondi e ele saiu de trás da cadeira para ficar do meu lado, possibilitando que eu o abraçasse, o levando a se sentar em meu colo, fazendo carinho em sua cintura.
— E eu posso ver?
— Claro que pode. — permito dando alguns beijinhos em seu braço, fazendo carinho em sua cintura e barriga, sentindo o seu cheiro enquanto ele lia alguns versos que eu havia escrito.
— Uau, Jungkook isso está incrível! Você já tem o arranjo? — disse com os olhos brilhando me fazendo corar levemente.
— Ainda não, mandei mensagem e vou conversar com o Junmy pra ver se consigo ir no estúdio "caseiro" dele para gravar o arranjo. — disse o virando para ficar de lado no meu colo para que eu pudesse olhar para ele, suas bochechas fofas, olhos brilhantes e gentis e sorriso perfeito, cada dia mais lindo.
— Isso vai ficar incrível, posso até vê-la em primeiro lugar nos charts... — brincou me dando alguns beijinhos que iam da bochecha à minha boca e que eu recebia de muito bom grado ainda abraçado à sua cintura. — Sinto que sou o namorado de um cantor famoso.
— Ainda não, mas ainda vai ser. — digo, sentindo seu rosto rente ao meu, o beijando e sentindo seus lábios contra os meus, seu lobo conectado ao meu, nossos cheiros se misturando e um chute de sua barriga que me pegou desprevenido. — Eu vou atazanar tanto essa menina quando ela começar a namorar...
Disse causando risadas em Jimin, que me fez rir também. A risada dele era contagiante e não demorou para que eu sentisse um outro chute direto de sua barriga, visto que do jeito em que estávamos eu conseguia senti-lo próximo a mim, em especial sua barriga.
— Está adiantando as coisas de novo, vai demorar pra você poder fazer isso. — ele diz e logo se levanta, assim como eu que tinha que me arrumar para o trabalho. Era quinta-feira e sendo assim, o Music Bar dos Zhang me aguardava para mais uma noite provavelmente agitada. Jimin sabia disso e foi com tristeza que ele novamente me abraçou. — Não queria que você fosse trabalhar hoje...
— Eu sei meu bem, mas o Bar dá uma boa renda extra para nós e, também é um jeito de eu ficar mais próximo da música. — digo em tom compreensivo, acariciando seu rosto e o vendo usufruir deste toque da forma mais deleitosa possível.
— Desculpe, estou sendo egoísta. Você se sacrificou tanto por mim e pela bebê e eu aqui, te impedindo de viver seu sonho...
— Jimin, nunca mais diga isso. Você não está sendo egoísta e eu não me sacrifiquei por pouco, você e a nossa filha são tudo para mim, eu nem chamaria isso de sacrifício. E eu não quero viver meu sonho com a música se vocês não estiverem nele. Me entende? — digo ainda abraçado a ele, beijando seu rosto ao que vi seus olhos marejados. Conforme a gestação avançava mais carente o seu lobo se tornava do meu, visto que ambos se mantinham pelo filhote e necessitavam um do outro, claro que eu também sentia. — Vou tentar terminar meus turnos e voltar o mais rápido para você tudo bem?
— Certo, eu vou ficar bem, não se preocupe. Acho que vou aproveitar para dormir cedo, isso é, se essa mocinha aqui deixar...
— Por que não chama o Taehyung para ficar aqui um pouco?
— É uma boa ideia, mas não sei se ele vai querer, com o planejamento do quarto dos gêmeos e tudo mais. Ele voltou com os enjoos e está naquela fase em que absolutamente tudo incomoda... — mencionou enquanto ia até o nosso quarto e eu o seguia, já buscando o número do Kim em seu celular enquanto eu tirava a minha camisa. — Tae?
— Fala buchudo...
— Quer vir aqui em casa assistir a temporada nova de The Crown? — perguntou, sentado na cama enquanto observava eu me trocar com um sorrisinho nos lábios cujo eu sabia muito bem o significado, me fazendo corar.
— Ah eu cansei daquela porra, parei na morte da Diana e não vou conseguir ir aí de qualquer forma. Tô com dor em literalmente todas as partes do meu corpo e por isso que não sai com os meninos. Aqui em casa só está eu, as crianças e o Tamie, quer vir pra cá?
— Jungkookie pode me levar na casa do Tae?
— Levo, mas temos que sair logo então.
— Tudo bem. Eu vou me arrumar, chego em quarenta minutos.
— Tranquilo, vou pedir alguma coisa pra gente comer. Fala pro Jeon que eu e os meninos te levamos de volta pra casa depois.
— Tá bom, até daqui a pouco. — disse e assim que recebeu uma resposta semelhante do outro lado do celular, o desligou e jogou na cama, se levantando e vindo até mim que no closet buscava por uma camisa.
Me abraçando por trás eu sentia seu rosto sobre a minha pele e seus braços ao redor da minha cintura, um toque amoroso e manhoso que mostrava não apenas a dependência dele como a minha também. Eu tinha muito orgulho dele por estar realizando seu sonho de sua formação e eu sabia que ele sentia o mesmo por mim, embora eu apenas cantasse em um bar algumas noites aos fins de semana. Eu ansiava por mais é claro, meu objetivo nunca foi apenas esse, mas por hora era mais do que suficiente e eu tentava não ser muito ganancioso quanto a isso, embora ansiasse por dar o melhor para Jimin e para nossa filha mais do que qualquer coisa.
Já prontos para sair, com ele e eu no carro, seguimos conversamos rumo ao condomínio onde Taehyung agora morava com meu irmão e Yoongi, vendo os olhos cansados e o sorriso irônico de Jimin quanto às minhas argumentações durante a conversa que perdurou por boa parte do caminho.
— Só estou dizendo que devíamos pelo menos ter algumas opções em mente. O Mark e o Jackson já tinham escolhido o nome do bebê no segundo mês de gravidez...
— Mark e o Jackson tiveram uma gravidez praticamente planejada, eles são casados e namoram há anos, provavelmente já tinham escolhido o nome antes mesmo de noivarem.
— Tá, você tem um ponto, mas daqui para os nove meses são dois piscares de olhos e além de sem quarto nossa filha não pode ser sem nome também...
— Está sendo dramático de novo Jungkook, é claro que nossa filha vai ter um nome, só acho que os nomes que você sugeriu não tem muito a ver com ela. Claro que podemos ter nomes em mente mas acho que definir um agora é precipitado.
— Pensando assim...
— Assume logo que eu tenho razão e seja feliz Jeon.
— Eu não, meu namorado já é muito convencido. — digo em um sorriso travesso como o de alguém que amava implicar com ele, vendo-o rir da minha gracinha me dando um tapinha no ombro. — Você tem razão.
— Viu? Não doeu.
— Não mesmo... — digo vendo seu sorriso sumir aos poucos, ele não parecia magoado nem nada do tipo, parecia cansado e eu sabia bem o porquê, afinal gerar uma vida não é nenhuma tarefa fácil. — Só mais dois meses e eu vou tirar licença do bar para ficar com vocês. Não acho prudente tirar licença agora sendo que você vai precisar muito mais de mim no último mês e quando a nossa filha chegar.
— E você está mais do que certo. Não se preocupe comigo e com meu lobo carente, mais do que tudo eu quero que você se sinta realizado, não apenas com a nossa família mas profissionalmente, inclusive, se você quiser voltar a estudar para os vestibulares comigo, eu ficarei feliz em ajudar.
Ele diz me acancando um sorriso, que me fez pegar sua mão e beijá-la, já que por injustiça do destino eu estava dirigindo e não podia o beijar como eu queria.
— Já te falei hoje que eu te amo?
— Já, mas eu não me importo de ouvir de novo. — ele diz e eu não me importo de repetir, após pedir permissão para entrar no condomínio, repetindo tantas vezes que Jimin se viu obrigado a me pedir para parar, me fazendo repetir ainda mais e ele rir, até finalmente estacionarmos frente a mansão, eu poder me virar para ele e beijá-lo como eu queria há minutos, aprofundando o beijo de forma tão necessitada que me fazia parecer sedento por ele.
Aprofundando o beijo cada vez mais, faltava pouco para o meu lobo ceder a própria vontade e a de Jimin de ficar com ele esta noite e todas as outras em que eu precisasse trabalhar. A salvação - ou não - veio de um latido e dois toques no vidro do carro, acompanhado de um sorriso que meu irmão e cunhado eram totalmente apaixonados.
Taehyung conseguia ver a cena toda graças a luz interna do carro, estando ele com um casaco sobre o pijama levando o cachorro com uma guia.
— Vim ver quem é que estava se comendo de frente à minha casa. — ele comentou assim que abri o vidro, me olhando antes de se virar para o meu namorado. — Sério Jimin, nunca pensei que você faria isso, ainda mais em uma área residencial.
Ele disse em falso choque, como se nós dois estivéssemos fazendo algo demais, o que nos fez revirar os olhos. A sorte é que Jimin sabia como revidar bem melhor do que eu, visto que ele e Taehyung se conhecem desde os cinco anos, e com um carinho em minha nuca eu me virei dando-lhe um último beijo antes que eu fosse ao trabalho, pegando sua bolsa e indo esperar o entregador junto do Kim.
Assim com uma última buzina eu parti rumo ao bar, percebendo o quanto essa frase me faz parecer um babaca se não for contextualizada. Não foram vinte minutos de estrada até que eu chegasse até lá, vendo uma boa parte do pessoal já em seus postos, mas não conseguindo encontrar quem eu procurava, busquei o único entre todos eles que sabia de absolutamente tudo.
— Dani, você viu o Junmyeon? — questionei o barista que no mesmo instante me jogou uma garrafa de água sem nem mesmo olhar para mim, continuando seu trabalho de trocar os xaropes saborizados que haviam acabado.
— Ele tá no escritório com o chefe já faz um tempo. Eu bateria na porta antes de entrar se fosse você.
Disse ainda focado nas bebidas me levando a agradecê-lo rapidamente e me dirigir ao escritório, torcendo para não atrapalhar nada e com receio de estar atrapalhando algo, o que me levou ao dilema de bater ou não bater a porta, afinal eu poderia falar com o Junmy depois.
Eu estava prestes a sair dali quando uma figura bagunçada abriu a porta dando de cara comigo e corando até os cabelos, me fazendo arquear as sobrancelhas entre um sorriso. Atrás dele, logo em seguida, uma figura sorridente e quase tão bagunçada quanto a primeira, terminando de abotoar a camisa social e deixando um beijo na testa do namorado, me cumprimentando em seguida.
— Jungkook! Chegou cedo, como você está? E o seu ômega?
— Estamos bem Yixing sunbae, e vocês? — digo olhando para ele e o ômega que arrumava os cabelos com os dedos e o moletom, se aproximando de nós dois e perdendo aos poucos a vermelhidão em seu rosto.
— Estamos ótimos na verdade. Inclusive, eu tenho algo pra você, lembra que eu comentei que meu amigo é do ramo da música? Ele está na Coreia nesta semana e quer te conhecer, vai chegar daqui a pouco e vocês poderão conversar.
— Tá brincando comigo... é sério?! — questionei incrédulo vendo-o assentir. — Isso é incrível! Muito obrigado pela chance sunbae.
— Que isso, você é talentoso demais para cantar só em bares, meu Junmyeon também mas ele só quer cantar por hobby.
— Me apresentar aqui e seguir carreira são duas coisas muito diferentes e eu não quero isso, eu gosto de onde estou. — se justificou embora não houvesse realmente uma necessidade. Yixing o entendia e estaria feliz por qualquer decisão que ele tomasse, mas assim como dito por ele, Junmyeon apenas queria uma vida tranquila ao lado de seu alfa e isso ele já tinha.
— E eu fico feliz por isso, embora eu fosse capaz de comprar o mundo todo pra você. — ele disse abraçando seu ômega de um jeito acolhedor, me fazendo desejar estar assim com Jimin e imaginando o que ele estaria fazendo neste momento.
— Para com isso! Sabe que eu não preciso nem de metade do que eu tenho pra ser feliz, só você já basta. — ele respondeu beijando ele, e foi neste momento que eu percebi que estava de vela naquela situação toda. E nessas situações, só tem uma coisa a ser feita, tossir e torcer para que eles entendessem o recado, o que felizmente aconteceu. — A-ah! Jungkook, desculpa. Amor eu vou resolver umas coisas com o Jun tá bom?
— Vai lá meu amor, qualquer coisa estou na nossa sala... — respondeu se despedindo em outro beijo, cumprimentando os que passavam ao voltar para o escritório, me causando uma risada. Aquela lua de mel pré-casamento era a mais duradoura - e mais enjoativa - que eu já vi.
— Só falta comprar uma coleira pra ele... Aí! — disse de brincadeira e fui surpreendido por um tapa que me arrancou mais risos enquanto caminhávamos novamente para o open bar, antes de começarem os turnos.
— Muito engraçado, tenho que sugerir isso para o seu ômega quando eu conhecê-lo. Inclusive, quando que vai ser? Conseguiu ver uma data com ele?
— Eu disse pro Jimin que vocês queriam dar a mobília para a bebê. Mas esqueci de pedir para ele ver um dia, vou falar com ele.
— Fale mesmo, você é literalmente o meu melhor amigo, e eu só vi o seu ômega umas três vezes e mal troquei uma palavra com ele...
— Certeza que ele vai adorar você, mas me deixa cuidar daquele assunto primeiro, se não vai ser impossível ver qualquer tipo de mobília.
— Tudo bem, mas veja isso logo, por Deus! Quer ajuda para ver as...
— Nada disso, eu sou um pai de família agora, eu estou analisando minuciosamente as opções.
— Tá bom então, "pai de família". — ele diz em meio uma risada debochada que não me importo nem um pouco de ouvir, me fazendo lembrar de que precisava sim da ajuda dele, mas para outra coisa.
— Na verdade, eu vou precisar sim da sua ajuda... — digo me sentando em uma das banquetas vendo-o fazer o mesmo, indicando para que eu falasse. — Preciso do seu estúdio emprestado.
— De novo? Caramba você tá inspirado! É a terceira música este mês. Qual é o segredo para isso? — ele pergunta em tom jornalístico, usando o punho como uma espécie de microfone me trazendo um sorriso.
— Jimin... ele é a razão de todas as minhas inspirações. — digo com um dos meus maiores sorrisos no rosto e ele ri, negando com a cabeça.
— Sério? E é o Yixing que precisa de coleira?
Ele diz fazendo ambos rirmos até minha visão captar algo, ou melhor, alguém, que instantaneamente faz o meu sorriso desaparecer. Dando um tapinha nas minhas costas Junmyeon não vê o sorriso maléfico que se aproxima e nem a minha feição ao reconhecê-lo e diz que vai arrumar o palco para os turnos de hoje, me deixando ali com minha garrafa de água, vendo aquele maldito se aproximar e ocupar a cadeira onde antes estava Junmyeon, pedindo uma dose de whisky para Daniel que estranha o cliente, sua proximidade e o modo rude como pediu uma bebida.
— Então, você faz todo um showzinho pra me ameaçar e dizer pra me afastar do Jimin, mas é a segunda vez que eu te vejo e você está bebendo em um bar, dando em cima de outro ômega ainda por cima? Que belo alfa você é...
— Eu trabalho aqui, e o ômega é meu amigo, mas claro que você não sabe o que é ter uma amizade sem querer transar com um ômega, não é? — disse sem humor algum nas palavras, perceptível à ele que tirou o sorrisinho do rosto em segundos.
— Você é o quê? Um stripper? Garoto de programa?
— Por quê? Tá interessado? — respondi olhando pra cara dele, só para ver a feição de nojo tomar conta.
— Você sabe mesmo como ser um estraga prazeres, mas acho que começamos com o pé esquerdo. Sou Oh Sehun. — ele disse me oferecendo o sorriso mais falso que eu já vi, me fazendo ponderar meu próximo passo, parando minha garrafa de água à centímetros da boca.
— E é um desprazer conhecê-lo, agora se me der licença, eu tenho que trabalhar... — digo me levantando, e já a alguns passos de distância, ouço-o dizer:
— Vai se arrepender disso, Jungkook.
— Arrependido eu estou de ter vindo até aqui e te encontrado, ao invés de ficar em casa com o meu ômega. — respondi sem sequer parar para olhá-lo, com raiva a ponto de sequer ponderar como ele sabia o meu nome, talvez Jimin tivesse mencionado no dia em que eles acabaram se encontrando, mas nunca se sabe.
Já próximo ao palco e prestes a começar meu turno eu procurava não me estressar com a presença do alfa e focava meus pensamentos em Jimin e em seja lá o que ele estivesse fazendo com Taehyung, o que constantemente me tirava sorrisos. Junmyeon logo se aproximou com sua prancheta onde todos os turnos da noite estavam minuciosamente organizados.
— Jun, o Yixing pediu pra avisar que o amigo dele está aqui, sugiro que você cante uma de sua autoria e um cover, querendo ou não ele vai te avaliar. — ele propôs e logo eu concordei, pedindo para que ele preparasse Euphoria e um violão para o cover.
O primeiro turno era meu, o que era de costume sempre que eu vinha as quintas, então logo me pus sobre o palco, cumprimentando a plateia com uma curta saudação aos que já estavam ali, um número considerável para uma quinta-feira, mas que infelizmente contava com Sehun que sorria de maneira cínica e debochada enquanto desfrutava de uma bebida cujo a garrafa também estava na sua mesa. Era uma bebida horrível, o que combinava com a personalidade insuportável dele.
Sentando-me na banqueta sobre o palco eu dei mais uma olhada na plateia até ver um par de olhos afilados de um ômega que olhava pra mim como se me avaliasse, devia ser o tal amigo do Yixing. Um nervosismo deu lugar em meus pensamentos assim como o medo de falhar, quase dominando a minha mente, quando ao fechar os olhos eu visualizei um sorriso.
Era o sorriso que eu encontrava quase todos os dias - porque as vezes ele estava de mal humor - ao lado da cama ao acordar, era o dono da risada mais linda e melodiosa que eu já ouvi e o dono dos olhos mais adoráveis de todo o mundo. Ele era todo perfeito até em suas imperfeições, e eu amava cada detalhe dele, até os que ele odiava. Meus pensamentos voltados a ele eram o que me motivavam a continuar e o que me motivava a estar aqui nessa noite.
Foi com essa lembrança que sorri, dando o primeiro acorde, tocando as primeiras notas de Euphoria até que o playback acompanhasse. Foi quando tudo ficou em silêncio e eu passei a cantar.
Quando compus essa música eu tinha em mente o livro infantil que minha mãe escreveu para mim e Hoseok quando ainda morávamos em Busan, ele fazia parte da minha vida quase como uma memória real e eu sentia que um dia eu iria encontrar a causa da minha euforia. E enquanto eu cantava, em meio aos olhos atentos, os sorrisos dos amigos e o olhar incrédulo de Sehun, a única pessoa que me vinha em mente era Jimin.
O Jimin que eu conheci à seis longos e maravilhosos meses, o Jimin que era a pessoa mais incrível e inteligente que eu já conheci, o Jimin pai da minha filha, que a carregava em seu ventre e cantava todas as noites para ela antes de dormir. O Jimin que é um ótimo amigo, filho, irmão, namorado e pai.
O Jimin. O grande amor da minha vida.
Assim que a música finalizou uma salva de palmas ocupou o lugar, dando tempo para que eu agradecesse e bebesse um pouco de água, antes de tocar os primeiros acordes de Say You Won't Let Go do James Arthur. Jimin amava as músicas dele e por causa dele eu passei a gostar, e essa era uma de suas favoritas.
Tive a oportunidade de cantar mais um cover e finalizar com outra música de minha autoria Begin, em sua versão acústica, como um brinde aos começos e as novas etapas.
Ao fim da música e sob mais palmas eu desci do palco, entregando o violão para Junmyeon que prontamente o arrumou para o seu turno, ganhando beijinhos de boa sorte do namorado que praticamente se teletransportou para ali onde estávamos. Eu mal pude terminar minha água pois quando vi, Yixing já estava ao meu lado me parabenizando e me chamando para ir até a mesa onde seu amigo se encontrava.
Não precisei ir longe até estar na mesa dele. Os cabelos platinados contrastavam com a maquiagem marcada em preto e a roupa típica chinesa da mesma cor com um dragão bordado em dourado que o deixavam com uma aparência androgena. Além das botas de salto que pareciam me deixar na presença de um ser místico e fluído, com o olhar de um dragão prestes a incinerar sua vítima.
— Jungkook, quero que conheça Lu Han, meu antigo colega de faculdade, CEO e dono da ILUmix Entertainment. Lu, esse é Jeon Jungkook, o rapaz de quem eu te falei.
— É um prazer senhor. — digo em uma curvatura, sendo cordialmente correspondido e aceitando seu convite para me sentar a mesa. Yixing também se acomodou à mesa para minha grande alegria, porque eu não saberia proceder a partir dali, e como meu chefe o conhecia, ele ajudou a quebrar aquela tensão desconfortável, embora sua atenção estivesse presa ao ômega no palco na maior parte do tempo.
Assim que seu turno foi finalizado, com três músicas perfeitamente interpretadas, Junmyeon se juntou a nós mas não ficou por muito tempo. Entre a conversa uma coisa quase palpável de tão visível era o modo que Lu Han passou a se portar assim que Junmyeon apareceu, e não muito diferente estavam as caras de ciúmes do Jun ao ômega que pouco se importava com a sua proximidade do alfa marcado que estranhava a atitude do amigo, o que estava deixando o Kim irritado e com muita razão, embora não houvesse motivos para desconfiar de Yixing, ele lamberia o chão por onde Junmyeon passasse se pudesse.
Logo Junmyeon se levantou e desconfiado do que havia magoado seu ômega, Yixing foi atrás, dando um olhar irritado e reprovador ao lúpus que apenas deu uma risadinha em resposta. Eu tomei alguns goles de água na intenção de espantar o nervosismo e a sensação mista de estar em uma entrevista de emprego e de ser um coelho na toca de um lobo, olhando para o palco para disfarçar o fato de que sabia que estava sendo observado.
— Jeon, certo? É um bom nome para deixar uma marca. — ele quebrou o silêncio após terminar sua bebida, atraindo minha atenção para si novamente. — E um alfa muito bonito também... De rosto e de corpo.
— O-obrigado... — digo, não conseguindo esconder o quanto seu comentário me deixou sem jeito, o que estranhamente pareceu lhe agradar.
— Deve fazer sucesso com os ômegas, não é sempre que se encontra um alfa que é tímido até a um elogio... — ele diz e antes que eu pudesse contestar ele continua, se sentando mais próximo de mim. — Vou ser sincero com você Jeon Jungkook, você tem uma voz espetacular, algo que realmente não se encontra em qualquer lugar. Eu vi como você hipnotizou a plateia e sei que você pode muito mais. Tem potencial para ser um dos grandes.
— O-obrigado, mas...
— Por favor, eu ainda não acabei... — me interrompeu sutilmente, tocando em minha mão, toque que eu imediatamente desvinculei, fazendo com que ele finalmente notasse - pelo menos ao que me pareceu - as alianças de compromisso e namoro praticamente gêmeas em meu anelar, antes que eu me afastasse um pouco da distância cada vez menor que ele se encontrava. — Indo direto ao ponto, eu gostaria que você entrasse na ILUmix Entertainment.
— Mas e as audições? — qual é, eu não sou tão idiota, logo que me arrumei sozinho fiz audições em empresas de entretenimento para seguir carreira (sendo dispensado na grande maioria delas devido a minha timidez e outras coisas), ninguém entrava assim.
— Audições servem para que eu avalie os candidatos para fazerem parte da minha empresa. Esta foi a sua audição. — ele disse, servindo-se de mais um pouco de sua bebida, sendo o seu comentário extremamente motivador para mim, embora me sentisse estranho, o que não fazia sentido. Eu sentia meu sonho cada vez mais perto. — E você passou. Quando pode começar?
— B-bem eu precisaria resolver a minha demissão e-e...
— Certo, então uma semana... Espera, você tem passaporte? Caso não, isso pode demorar mais tempo.
— Passaporte? Não, por que eu precisaria? — eu disse confuso, com um pressentimento ruim crescendo. Vendo a minha confusão ele sorriu, rindo para mim e cruzando as pernas enquanto observava a garota nova cantando, como se achasse que eu fosse muito ingênuo ou simplesmente burro.
— Ah Jungkook, você é um fofo. Pra que precisaria de um passaporte? Para irmos à China é claro. Não tenho sedes oficiais aqui na Coreia, embora pretenda abrir uma futuramente, mas é muita burocracia. Não posso te treinar à distância, preciso de você em Hong-Kong para o treinamento. Seu lançamento seria em cerca de um ano e meio, após registro de marca, promoções, essas coisas.
— U-um ano e meio?!
— Sim! E depois promoções na China, Japão e Coreia e depois América, quem sabe. Com o potencial que eu vejo em você, pode esperar uns oito meses de turnê após as promoções e...
— E-eu não quero.
Minha fala acabou com todo o seu entusiasmo e o fez perder o brilho gradativamente até seu rosto ser tomado por uma feição incrédula. Seus olhos arregalados como se eu acabasse de recusar o antídoto para um veneno que estava me matando.
— Não quer? — o tom de voz era frio e seco, quase calculado, embora eu sentisse que sua vontade era de gritar comigo, me fazendo sentir um arrepio, o que me deixou receoso antes de me explicar.
— V-veja bem, e-eu... Esse é o meu sonho desde que eu era criança, só que eu vou ter que ficar muito tempo fora da Coreia e eu não posso sair daqui assim. Eu tenho um ômega e uma filha que vai nascer em três meses, eu não posso estar longe daqui quando ele der a luz e muito menos quando ele precisar de mim após o parto. E-eu não quero perder esse momento com ele e nem essa fase da minha filha.
Ele parecia chocado, ainda mais do que ao ouvir minha recusa. Parecia que eu tinha acabado de dizer o maior absurdo do mundo e aos poucos a feição simpática começou a se desfazer, após um suspiro que falou mais do que qualquer coisa que ele pudesse ter dito.
— Quantos anos tem?
— Eu? V-vinte e três... — outro suspiro pesaroso.
— Tão novo... Que desperdício. — seu modo desdenhoso me deixou irritado, mas sobre isso não tinha muito que eu pudesse fazer. Ele pareceu pensar muito antes de falar novamente. — Certo e se fizermos assim: eu consigo um apartamento para você e seu ômega durante o período em que ficarem em Hong-Kong e aí ele te acompanha em turnê nos primeiros meses e depois vemos onde isso vai dar.
— Eu-
— Jungkook, desculpe interromper... — Junmyeon disse aparecendo de repente, me surpreendendo. Não apenas pela atitude totalmente incomum - já que o Junmyeon é literalmente a pessoa mais tímida que eu conheço -, mas pelo cheiro de Yixing totalmente impregnado nele, junto aos seus feromônios que indicavam coisas óbvias, além das marcas em seu pescoço que em um dia normal ele tentaria esconder a todo custo. — Mas você tem que fazer o segundo turno.
Disse fitando o outro ômega com a mesma cordialidade que faria até ao seu pior inimigo, mas com o recado dado de que o único dono do coração do Zhang era ele e que não seria ele a mudar isso. Sendo assim eu me levantei, totalmente confuso quanto a proposta e a tudo o que tinha acabado de acontecer, me esquecendo totalmente de que eu não havia lhe dado uma resposta ao lúpus, prestes a seguir Junmyeon rumo ao palco novamente, quando ouço Lu Han falar comigo.
— Eu vou esperar sua resposta, Jungkook. Pense bem, é uma oportunidade de ouro. — ele diz, saboreando sua bebida, sorrindo ao ver minha confusão, como se pudesse ler meus pensamentos.
Seguindo Junmyeon a primeira coisa que eu notei era que Sehun não estava mais no bar, ele havia ido embora e eu nem ao menos tinha visto. A segunda coisa que eu notei era as orelhas de Junmyeon vermelhas de vergonha e só então meus pensamentos novamente se afundaram em toda aquela situação.
Eu tinha a oportunidade de um sonho na mão, mas por um preço pela qual eu não estava disposto a pagar.
Subindo ao palco novamente eu suspirei, sorrindo pequeno ao notar a ironia da situação com a música escolhida, tocando os primeiros e conhecidos acordes no violão.
James Arthur. Car's Outside.
Não podia simplesmente deixar a Coreia por um tempo tão longo e que poderia se estender por ainda mais tempo dependendo de algum imprevisto. Há cinco meses atrás eu havia feito uma promessa a Jimin e não era agora que eu iria quebrá-la, eu estaria com ele em todos os momentos desta gestação, no parto, puerpério e na criação da nossa filha. E isso era inegociável.
Enquanto isso, Lu Han parecia estar recebendo uma bela bronca de Yixing, no momento em que Junmyeon pegava uma garrafa d'água no open bar.
— But you know the truth, I'd rather hold you...
Lu Han pode ter me oferecido uma proposta e tanto ao oferecer para nos mudarmos para Hong-Kong mas, além de instável não existiam garantias de que isso daria certo. Jimin tinha uma vida aqui, família e amigos, um emprego que ele adora, e não só ele mas eu também. E por mais que ele me ame, não é justo que ele desista de tudo isso por mim.
— So many things I'd rather say...
Há seis meses, antes de eu conhecer Jimin, essa proposta seria das mais bem vindas, mas hoje esse sonho não vale o preço da minha família. Era algo muito maior do que isso, um sonho muito melhor.
— You say I'm always leavin'...
E também, parando para pensar agora, não é como se eu não me sentisse realizado com a música, eu apenas nunca vi por essa perspectiva. Eu podia não viver da música, mas ela faz parte da minha vida da forma mais íntima possível.
— But I don't wanna go tonight
Eu podia cantar aos fins de semana no bar, um lugar que me acolheu há bons anos e que era meu segundo emprego, onde eu posso ser apenas eu, cantar o que escrevo e outras músicas que eu gosto. Eu apenas não enxerguei isso pois queria mais, quando tudo o que eu tenho já me é o suficiente.
— I'm tired of lovin' from afar
E ainda tinha o melhor de tudo: eu podia cantar para Jimin e ouví-lo cantar comigo. Cada composição dedicada a ele, cada letra escrita e cada melodia feita, e eu sabia que ele ouviria e apreciaria cada verso, cada estrofe e toda letra, assim como sempre fez desde que nos conhecemos. No fim, a vida pela música não era mais o meu maior sonho, o meu maior sonho era Jimin. Sempre seria ele, e eu era o mais sortudo dos alfas por tê-lo ao meu lado e sentir o seu amor.
Eu não iria à qualquer lugar se ele fosse comigo, e eu mesmo não iria a lugar algum, não fazia sentido irmos para longe daqui ou ficar longe dele. Não consigo mais imaginar acordar sem sentir seu cheiro, ou ouvir sua voz conversando com a bebê logo pela manhã, até mesmo de suas reclamações eu sentiria falta.
— Don't wanna leave you anymore
A música transmitia a minha emoção com toda a situação, embora na letra ele insista para que sua amada vá com ele, e eu jamais faria isso, demonstrando ao mudar as partes onde ele pedia que ela o fizesse, dizendo que iria ficar. Uma felicidade tão frívola como essa não deveria ser a custa de outra, nem mesmo por amor. Eu estava realizado aqui, com ele e com as nossas conquistas.
— Don't wanna leave you anymore — finalizei a música, uma leve salva de palmas antes que eu cantasse a última música, descendo do palco em seguida, caminhando até estar ao lado do lúpus que, sentado em sua cadeira observava o copo vazio como se ele fosse uma paisagem. — Acho que você já sabe a minha resposta.
— É, eu acho que sim... Só espero do fundo do coração que você não se arrependa, mas se mudar de ideia...
— Eu não vou. — cortei ele pela primeira vez, o vendo deixar um cartão sob a mesa e se levantar pegando suas coisas. — Estar com o ômega que eu amo e acompanhar os últimos momentos de sua gestação, ver minha filha nascer, é tudo o que eu mais quero no momento.
— Se é assim... — deu de ombros, me fazendo acreditar que ele não ouvia um "não" com muita facilidade.
Dando um aceno com a cabeça ele se despediu de Yixing, lançando um olhar para Junmyeon no palco e lhe oferecendo um sorriso, pela primeira vez sem nenhum ar de provocação, alçando sua bolsa e se dirigindo à saída. E a maior prova de que eu havia feito a escolha certa era o fato de que não sentia como se tivesse acabado de perder tudo. Sentia apenas alívio, saudades do meu ômega e um lobo agitado por conta disso.
Foram apenas mais um turno e algumas conversas com Junmyeon e Yixing sobre o ocorrido no open bar e finalmente eu pude ir para casa, olhando meu celular e encontrando uma mensagem de Taehyung dizendo que Jimin já estava lá, são e salvo. Pegando o carro eu contei os minutos até estar no prédio e subir até o nosso andar, fazendo o máximo de silêncio possível para não acordar ninguém.
Entrando no apartamento 175 fui direto para o banheiro tomar um banho em um silêncio reconfortante, sentindo seu cheiro pela casa. Saindo o mais rápido que consegui e indo para o nosso quarto, encontrei Jimin já adormecido, deitado da melhor maneira que conseguiu devido a barriga cada vez maior, me rendendo um sorriso.
Logo me juntei a ele e me cobrindo com o lençol, deixei um beijo sob seu cabelo recém cortado e já totalmente preto, vendo-o sorrir com a interação, abrindo espaço para que eu o abraçasse, o que eu prontamente fiz. Não havia lugar melhor para estar do que aquele.
[Cena pós crédito + Pov's autora]
— Que porra você pensou que estava fazendo?! — Yixing disse com um semblante nada divertido, tão irritado quanto seu lobo, uma coisa muito difícil de se ver. E Lu Han tinha conseguido tal proeza.
— Fazendo o quê? — foi sua resposta despreocupada, os olhos praticamente vidrados no alfa tímido e extremamente peculiar no palco, cantando a versão mais linda de Car's Outside que ele já tinha visto na vida. Estava quase certo de que ele aceitaria a proposta e iria com ele a Hong-Kong, mesmo que levasse seu ômega consigo.
— Para de se fazer de sonso, você sabe do que eu estou falando. Por que está provocando meu ômega? — a pergunta genuína não causou nenhuma reação no lúpus, ele apenas bebeu mais um pouco antes de responder.
— Não fui eu que apareci aqui exibindo suas mordidas. Mas não vou julgá-lo, ele conseguiu conquistar você, ele tem que mostrar quem manda. — disse lhe oferecendo um sorriso que não foi retribuído. — Nunca pensei que você fosse se apaixonar por um ratinho igual a ele.
— O "ratinho" foi a melhor coisa que já me aconteceu, e se você chamá-lo assim de novo, vai ser motivo suficiente para que você nunca mais nos veja na vida. — e então se levantou, prestes a partir para ficar junto de seu ômega quando olhou para trás e suspirou pesaroso, vendo o ex-colega de faculdade encarar o copo tão vazio quanto ele mesmo. — Arranje algo para se dedicar, isso vai fazer bem pra você. Mas não precisa destruir a felicidade de ninguém no processo...
Foi a última coisa que ouviu dele naquela noite, pois estava focado na mudança sutil mas clara da letra da música que o seu aspirante a futuro astro estava cantando. Ele não iria aceitar a oferta.
Sua irritação só não era maior pois ao mesmo tempo que a música soava, as palavras de Yixing soavam em sua mente e ele sentia-se levemente alto pelo álcool.
Não precisa destruir a felicidade de ninguém no processo.
Yixing era a última pessoa próxima a ele, talvez isso que tenha conduzido as suas ações naquela noite. Se Yixing deixasse de ser seu amigo, não lhe sobraria ninguém.
Claro que gerar uma crise de ciúme no ômega do melhor amigo era de longe a pior ideia possível e algo muito imaturo de sua parte, mas era o álcool e o medo de ficar sozinho que ele tanto tentava esconder, falando mais alto. Não que isso fosse justificável, mas ele nunca se importou.
Sua personalidade difícil, egoísta e inconsequente era a principal causa que o levou à situação em que estava.
— Eu não vou. Estar com o ômega que eu amo e acompanhar os últimos momentos de sua gestação, ver minha filha nascer, é tudo o que eu mais quero no momento.
Foi a resposta final do alfa inegavelmente atraente, a qual ele estava disposto a tentar se apegar. Estava porque o homem havia deixado claro que não iria deixar o ômega grávido a qual ele estava inegavelmente apaixonado. E ele não iria insistir.
Não precisa destruir a felicidade de ninguém no processo.
Saindo do Music Bar rumando o estacionamento aos fundos, ele se sentia mais confuso do que tudo. Quando foi embora da China após a morte do pai, Yixing disse que a única coisa que queria focar era em cuidar da mãe enlutada e dos negócios do falecido, sem se envolver com ninguém até que tudo estivesse resolvido.
E agora, quase cinco meses após a morte do senhor Zhang, ele estava marcado com um ômega de quem Lu Han nunca tinha ouvido falar, que portava uma aliança em ouro branco e parecia ser a coisinha mais sem graça que ele já tinha visto. Mas o Zhang estava completamente aos seus pés e o ômega aparentava estar perdidamente apaixonado por ele.
Ele não entendia essa coisa de laços ou relacionamentos, afinal nunca teve isso com ninguém. Seu pai era um ômega lúpus cuja a carreira como super modelo fora afetada pela gravidez precoce, fruto de uma noite casual com uma alfa que pouco quis saber dele após isso. Com medo de que um aborto prejudicasse ainda mais sua carreira ele teve a criança a contragosto, deixando o menino com babás e evitando vê-lo o máximo que pode, sempre viajando a trabalho e nunca em casa, o que moldou a personalidade de uma criança mimada, egoísta e praticamente insuportável.
Não precisa destruir a felicidade de ninguém no processo.
E sendo o pai seu único exemplo, ele não tinha como ser muito diferente. Ainda na adolescência ele entrou em uma empresa de entretenimento, debutando em um grupo de ômegas onde ficou por três anos, até o fim do grupo. Sem muitas alternativas ele foi para a faculdade, onde conheceu Yixing e a amizade entre ambos surgiu. Eles se formaram, e enquanto o alfa seguiu carreira nos negócios do pai, o ômega juntou seus contatos e abriu uma pequena empresa que não demorou a crescer, e nove anos depois, lá estavam.
Yixing comprometimento pelo resto da vida com o amor de sua vida, e ele sozinho.
Ele já esperava por isso, já que não acreditava em tal coisa chamada de "amor", para ele aquilo era apenas uma história inventada, um conto de fadas para fazer as crianças dormirem.
Mas aí tinha aquele alfa. Jeon Jungkook.
Ele nem ao menos exitou em sacrificar um sonho de uma vida pelo ômega e pela criança. Ele viu a paixão que aquele rapaz colocava na música, sabia como aquilo devia importar para ele, e mesmo assim ele abdicou. E Lu Han não era capaz de entender.
Talvez não apenas por sua criação, mas pela natureza arromântica do mesmo. Ele não se envolvia romanticamente, apenas de forma carnal e casual.
— Heey gracinha... — a voz embriagada automaticamente o tirou de seus pensamentos, levantando o olhar até o alfa sentado próximo ao seu carro, com duas garrafas vazias ao seu redor. — O carro da Barbie é seu?
Disse se referindo a Lamborghini Huracán Sto cor de rosa e Lu Han não respondeu, ignorando-o e seguindo até o carro, sem se preocupar com a situação. Ele era um ômega, e infelizmente aquela não era a primeira vez que ele lidava com um alfa bêbado.
O único detalhe é que ele sabia muito bem como lidar com a situação. E entediado como estava, lidar com aquele animal seria o ponto alto de sua noite.
— Heey! Você é surdo caralho! Eu estou falando com você! — ele gritou já em pé, indo em passos rápidos até ele, por mais bêbado que estivesse. Cometendo seu pior erro ao tocar em seu ombro. — Me ressponde! Ômega de merd-
Ele nem ao menos soube o que lhe atingiu quando o ômega o imobilizou pelo braço antes de jogá-lo contra o carro com cuidado para não estragar a pintura, chutando a dobra de seu joelho antes de derrubá-lo ao chão.
— Me responde você, alfa de merda! Quem você pensa que é pra tentar me intimidar? — o lúpus disse agachando-se sobre ele, ainda no controle de seus movimentos, apertando seu rosto e o avaliando tal qual uma mercadoria, vendo o ódio explícito em suas orbes esverdeadas pela tentativa de controle de seu lobo. — Hum... Um rostinho bonito que não sabe reconhecer o seu lugar. Não passa de um cachorro que precisa de adestramento.
Disse no claro intuito de ofendê-lo, surpreendendo-se ao ver um sorriso tomar conta do alfa que cheirava a álcool e estava tão bêbado quanto ele, embora o ômega fosse aparentemente mais forte pra bebida.
— Você podia me adestrar, acho que iria gostar de um pouco de diversão... — disse e o ômega não conteve a risada, sentindo a proporção do corpo do outro abaixo de si, aquilo podia ser interessante ou uma piada infame.
— Pelo visto além de um escroto... — enquanto dizia sua mão ia de encontro ao seu pescoço, o apertando de forma que ele ainda conseguisse respirar, ficando rente ao seu ouvido antes de continuar. — ... você é um idiota. Pobre cachorrinho. Não é assim que se oferece esse tipo de diversão a um ômega, e eu dúvido que você gostaria do meu tipo de diversão.
Disse se levantando de cima dele. O fato de estar bêbado e sentindo o cheiro dele, somado ao forte cheiro de bebida, estava lhe deixando tonto. Fora a nem um pouco sutil protuberância que ele sentia crescer cada vez que ele o xingava.
Recuperando o fôlego e vendo o ômega entrar dentro do carro, os pensamentos intrusivos do alfa falaram mais alto quando ele se levantou e caminhou até ele, apoiando-se no vidro.
— Por que você não me mostra o seu tipo de diversão?
A proposta chamou a atenção de Lu Han, embora ele não esboçasse parecer. Aquele alfa era um babaca, seu tipo favorito de brinquedo, mas além do rosto bonito, todo o conjunto chamava a atenção e Lu Han estava afim de se aventurar naquela confusão que ele definitivamente era.
Saindo do carro ele o golpeou nas pernas para que ficasse de joelhos frente a ele, ouvindo o alfa xinga-lo novamente, mas isso seria fácil de resolver. Erguendo então seu rosto para que ele o olhasse nos olhos.
— Qual seu nome?
— Oh Sehun.
— Certo Sehun, vou precisar do seu consentimento por escrito para tudo o que pode acontecer a partir daqui. Isso pode ser um pouco doloroso mas eu garanto que também vai ser uma delícia. — sussurrou a última parte, sentindo o alfa arrepiar. — Você aceita?
— ... Sim.
Não precisa destruir a felicidade de ninguém no processo.
❤️🌈❤️
Na primeira versão esse capítulo era bem menor e com muitas pontas soltas e fiquei feliz em melhorar.
Espero muito que tenham gostado do capítulo e desses pontos de vista diferentes da história (eles não são e não serão frequentes mas eu gosto de variar). Deixem uma estrelinha se gostaram e comentem pra mim saber o que acharam.
E a novidade é que essa nova versão revisada da história, vai contar com no mínimo DOIS capítulos novos contando parte da infância das crianças e da paternidade dos Jikook, já que muitos ficaram curiosos quanto à isso. Espero que tenham gostado da novidade, nos vemos na próxima atualização.
Bjus da tia Anya
💜
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top