Reencontros Frustantes.
Olá pessoas! Demorei mas voltei.
Espero que estejam bem, eu não estou lá cem porcento (esse frio também não ajuda) ma consegui trazer mais esse capítulo para vocês.
Notas adicionais no fim do capítulo. Boa leitura 📚!
❤️🌈❤️
Pov's Jimin
Jung Jinhyo é incrível. Sério, se existisse um prêmio de melhor quase-sogra do mundo, com certeza ela levaria o primeiro lugar, que mulher incrível!
Eu já desconfiava disso pelos livros maravilhosos dela, artigos marcantes, pela criação do Jungkook e até mesmo pelo tempo que eu e Tae passamos com ela antes de ontem, na quarta-feira em que buscamos ela no aeroporto. Mas depois de ontem eu pude ter certeza de que se eu pudesse desejar uma sogra incrível, eu com certeza desejaria ela.
A ômega lúpus era praticamente um sol, sorridente, alegre e extremamente gentil de um jeito que eu duvidava que existisse alguém contra ela no mundo, e eu sabia que tanto Hoseok como Jungkook haviam herdado isso dela. E só por isso eu já era muito grato.
Após todos os pedidos de desculpa - incluindo os de Yoongi que também tinha uma parcela de culpa em toda a confusão -, ela marcou de sair comigo e com Taehyung ontem a tarde para passarmos mais um tempo juntos, conversar e fazer compras.
E após conseguirmos mudar as nossas folgas para aquela quinta nós três fomos as compras, das quais voltamos dando quase meia noite, para a preocupação de três alfas que ficaram de fora do rolê - por causa da perna quebrada e do serviço da qual eles não puderam escapar.
Entretanto a preocupação de Jungkook foi pelos ares assim que cheguei - praticamente junto com ele que voltava do trabalho no bar - e ele me encontrou todo empolgado arrumando os presentes que Jinhyo tinha dado para o nosso filho. Incluindo uma pelúcia a qual ela tinha comprado uma para cada neto, meias de bichinho, macacões, conjuntinhos e uma manta, para o nosso bebê e para os de Taehyung, Yoongi e Hoseok.
Eu estava tão feliz com a nossa saída que foi quase impossível Jungkook não se contagiar, vendo os presentes da mãe para nosso ou nossa alfinha enquanto me ajudava a guardá-los, deixando sua bronca para depois do nosso pequeno momento de fofura arrumando as roupinhas do bebê que já começavam a se acumular. Precisávamos de mais espaço inclusive.
Taehyung também levou uma bronca de Hoseok pelo horário, após seu momento fofura mostrando as roupinhas para os namorados, e as queixas do lúpus eram as mesmas do meu alfa. Friagem, perigo, cansaço excessivo e outras paranoias a parte, que foram facilmente refutadas hoje de manhã pela nossa querida sogra que criou um grupo com nós seis intitulado "Família" onde a primeira mensagem era um áudio de dois minutos justificando nossa demora no shopping e mandando os dois filhos pararem de serem neuróticos.
A primeira resposta foi de Yoongi. Uma figurinha de velho e vários emojis de palmas.
Passado isso, agora estávamos indo para a cafeteria, Jungkook tinha acabado de me buscar no campus e me levava para o serviço enquanto me contava sobre sua noite no bar e eu contava sobre a prova surpresa que tive durante a segunda aula. A minha sorte foi que o assunto já era conhecido, já que era praticamente o mesmo de um trabalho que eu fiz há algumas semanas, então até que estava bem fácil.
— Então você acha quê foi bem?
— Acredito que sim, posso ter errado algumas questões mas nada que irá prejudicar minhas notas. — respondo ele, meu olhar fixo em minha barriga enquanto fazia carinho e pensava sobre quando passaria a sentir meu pequeno ou minha pequena chutar.
— Isso é bom. — ele responde, tirando os olhos da rua por um momento e sorrindo para mim, vendo o que eu fazia. Sua mão pousando sobre a minha, compartilhando esse carinho. — Você é tão inteligente e esforçado com seus estudos, espero que nosso filho herde tudo isso de você e não seja como eu nesse ponto...
— Se você ousar dizer isso outra vez, eu vou te bater. — digo sério mas ele riu, levando minha fala para um lado mais irônico.
— Então ainda bem que eu gosto de apanhar de homem bonito. Só de você no caso...
— É sério Jungkook! Você não é menos inteligente só porque não está fazendo uma faculdade. Não existe um "medidor de inteligência" como essas provas nos fazem acreditar. Você toca quatro instrumentos diferentes enquanto eu nem me arrisco no piano, entende os papos filosóficos do Yoongi de igual pra igual e ele tem duas pós-graduações na área, você adora a história da arte e isso me dá sono só de ouvir falar! Então não meça a sua inteligência baseado em um vestibular, você é muito mais do que uma prova.
Desabafo, vendo-o refletir em minhas palavras - dessa vez sem levar na brincadeira - sorrindo para mim mais uma vez pouco tempo depois, pegando minha mão e a apertando com carinho, levando-a até os lábios e a beijando bem onde eu portava nossa aliança, sem tirar os olhos da rua.
— Eu já te falei que você é incrível?
— As vezes, mas eu não me importo de ouvir de novo, desde que você também se sinta assim. Você é incrível! Não deixe ninguém dizer o contrário, nem mesmo você. Se não eu vou te bater e você não vai gostar.
— Sim senhor... — disse rindo, sabendo que eu não falava sério - pelo menos era o que ele pensava - me fazendo lembrar de algo que ele ia me dizer, mas esqueceu.
— Mas e ontem no bar? Disse que o Yixing queria falar com você, o que ele queria? — pergunto, já que ontem o alfa chinês queria falar algo em particular e especificamente para Jungkook, que ele ficou de me dizer mas acabou não dando tempo. Acordamos atrasados hoje de manhã.
— Ah isso, bem é que um amigo dele tá vindo da China daqui umas semanas, ele é empresário no ramo da música e ele quer nos apresentar...
— Sério?! Isso é incrível Jungkook! Pode ser a sua chance de ingressar na música!
— Se tudo der certo e ele gostar de mim... — ele diz estacionando frente ao café e a esse ponto eu já queria bater nele.
— Para de se colocar pra baixo se não eu vou cumprir minha promessa de te bater.
— Certo, certo, já parei... — ele diz, colocando a mão sobre minha coxa, me encarando nos olhos com um sorrisinho que também estava em meus lábios, o encarando enquanto passava a mão pelo seu cabelo, subindo pelos fios de sua nuca. — Sabe o que me colocaria bem pra cima agora?
— O quê? — respondo quase irônico, vendo um sorriso divertido ocupar seu rosto e sabendo o que ele queria com aquilo.
Eu não precisei de resposta para saber, em cinco segundos Jungkook me beijava afoito como todo dia ele me beijava. Nossas bocas se conheciam e se encaixavam com perfeição, ele conhecia cada detalhe dela e usufruia disso muito bem para nosso bel-prazer.
Eu amava como ele me beijava e sentia o ápse da conexão de nossos lobos sempre que tínhamos esse contato. Era algo que eu sentia com uma exatidão avassaladora, quase como se tivesse sido marcado por ele.
Isso além de sentir esse desejo vindo dos lobos, a necessidade da união mais profunda existente entre alfa e ômega, uma marca que nos uniria como um só. Nossos lobos ansiavam por isso, nós ansiavámos.
— E agora? Tá mais pra cima? — digo ofegante, claramente em duplo sentido, rindo dele ainda sem afastar nossos rostos após o beijo.
— Se demorasse mais um pouco não ia ser só eu que ia ficar pra cima. — ele diz corado e só então eu me afasto, rindo dele e dando um tapa em seu ombro.
— Ainda é meio-dia Jungkook. — digo pegando minhas coisas, jogando o notebook e os dois livros que peguei no banco de trás.
— E só porque é meio-dia não posso desejar meu ômega? Que injustiça... — ele diz irônico fazendo-me revirar os olhos, abrindo a porta.
— Significa que tá cedo demais pra você realizar qualquer desejo. Agora vai antes que se atrase de novo...
— Não vou ganhar mais um beijinho? — me encarou com os olhos pidões brilhando, fazendo-me sorrir com tanta fofura, e assim me impedindo de sair do carro antes de lhe dar o que queria.
— Mais que alfa mais manhoso que eu fui arranjar viu... — digo rindo, enchendo-o de beijos antes de finalmente sair do carro. — Toma cuidado hein? Se cuida, eu amo você.
— Você também, se cuida, eu te amo. — ele se despede, sorrindo para mim antes de fechar a porta, me vendo entrar antes de dar partida de volta para o trabalho.
Entrando na cafeteria, o movimento estava aquela coisa de sempre, mas a maioria das mesas já estavam atendidas e por isso o vai e vem dos funcionários não estava lá tão grande. Sendo assim, após esquentar minha comida eu sentei no balcão e comecei a comer, cumprimentando o pessoal que passava e observando o movimento todo, mas não encontrando Seokjin que era quem eu mais precisava ver.
— Chanyeol? Cadê o Seokjin? — pergunto para o alfa assim que o vejo passar por ali com uma bandeja, colocando-a sobre o balcão e arrumando alguns copos.
— Não vai nem me dar "oi"? Magoei... — ele dramatiza. Típico de quem mora com Byun Baekhyun, também conhecido como uma versão beta de Kim Taehyung.
— Oi Chanyeol! Boa tarde meu grande amigo, por acaso você viu o nosso chefe por aí?
— Boa tarde para você também, Jimin meu pequeno amigo. O Seok saiu, foi levar umas coisas e resolver uns assuntos com o Namjoon...
— Assuntos? Sei... — digo rindo, me lembrando que agora era o horário de descanso do médico. Pelo que eu sabia, Namjoon ia entrar de plantão hoje então Seokjin deve ter aproveitado para passar esse tempinho de descanso ao lado do marido. — E quem tá no comando?
— Quem tá no comando? Oras quem está no comando sou eu! Eu sou o gerente. — ele diz indignado, me fazendo rir. Provocar Chanyeol era um hobby maravilhoso.
— Eu sei, só estou brincando... — digo rindo, me arrumando na cadeira, o que de certa forma atraiu sua atenção. — Qual o meu posto de hoje?
— Hoje você fica no caixa, ordens diretas do Seok, ele não quer você e nem o Mark se esforçando demais.
— Mark não vem hoje, ele tem consulta com a obstetra. — o lembrei e ele se apressou em confirmar.
— Sim, ele me mandou mensagem avisando... — ele diz simples, terminando o que fazia e se sentando ao meu lado. — Jimin, você...
— Você o quê? — o incentivo, vendo que ele estava receoso em perguntar seja lá o quê ele queria dizer, coçando a nuca meio sem jeito.
— Deixa quieto, é besteira minha. — ele diz, passando a mão no rosto e desviando o olhar que antes estava na minha barriga, meio escondida pelo moletom marrom claro enorme que eu usava.
— Se é besteira, não é diferente de tudo o que você fala. — provoco e ele ri, virando o rosto e se fazendo de difícil, me obrigando a apelar. — Vai Chanyeol! Não precisa ficar com vergonha de me perguntar nada, somos amigos há anos, não sendo sua opinião de nerd fanático por Star Wars eu vou respeitar totalmente.
— Não é nada demais, é que... É tão estranho pensar que tem algo aí dentro, quase não dá pra acreditar.
— Eu te garanto que isso aqui não é gordura. — respondo em uma risada, marcando a barriga escondida debaixo do moletom e o pegando de surpresa.
Era bem raro eu usar roupas em que minha barriga ficasse muito marcada, então qualquer desenvolvimento dela era imperceptível aos olhos dos demais, inclusive do Park mais velho e injustamente bem mais alto.
— Caramba! Já tá desse tamanho? — ele pergunta, meio receoso em tocar, me fazendo puxar sua mão e a levar de encontro com minha barriga. Não entendo essa mania das pessoas de tocarem a barriga de gente grávida, mas acho fofo até.
— Pra você ver, até os nove meses eu vou estar enorme. — respondo rindo, vendo-o recolher sua mão também rindo comigo, se aconchegando na cadeira um pouco mais.
— Eu imagino. Nossa, chega a ser engraçado, logo você sendo pai antes de mim e do Baek...
— Pois é, mas fazer o quê não é mesmo? E vocês vão conseguir Chany, tudo em seu tempo. Tenho certeza de que vocês vão conseguir antes mesmo do meu filho nascer.
— Eu espero que sim. O Baek tá tão ansioso, sabe? Por conta do processo e tudo mais...
— Pede ele em casamento que passa.
— Jimin, eu tô falando sério! — ele diz realmente com uma certa seriedade - quase desesperadora - no olhar, me fazendo rir.
Eu sabia que era sério e o quanto o processo de adoção deles estava desanimador, Baekhyun nos atualizava toda a semana sobre as novidades que infelizmente não eram muitas no momento. O quê me fez rir mesmo foi o desconhecimento dele do pedido de casamento que o namorado estava armando, ele nem sequer desconfiava e olha que este seria feito amanhã de noite.
Acho até que era por isso que o Byun estava mais ansioso.
E antes de qualquer coisa, se dependesse de Park Chanyeol, ele e Baekhyun já estariam casados. Isso só não aconteceu por conta da incerteza do beta quanto ao casamento, porque vontade era o que não faltava naquele alfa de quase dois metros de altura. Ele é do tipo romântico.
— Eu também tô falando sério! Mas mudando de assunto, fiquei sabendo que vocês vão sair pra jantar amanhã a noite, vão comemorar o quê? — fiz o sonso, sorrindo para ele e vendo seu leve desespero aumentar.
— Era i-isso que eu queria te perguntar, o Baek fica fazendo suspense mas eu não faço ideia do que ele quer comemorar! Não é meu aniversário, não é aniversário dele, não é nosso aniversário de namoro... Céus ele vai me matar se eu não me lembrar.
— Fica calmo, eu duvido que ele fique bravo ou alguma coisa assim. — digo, tapando minha boca com o guardanapo para rir, limpando minha boca e juntando minhas coisas. — É só você chegar nele e dizer com toda sinceridade que você não sabe.
— Você fala como se fosse fácil, mas esquece como Baekhyun é quando tá bravo.
— E você também, devia saber melhor do que ninguém que você é o calmante dele. — digo indo para a cozinha, parando no meio do caminho e olhando para ele antes de responder. — Sério Chanyeol, para de se preocupar com isso, o Baekhyun te ama, só relaxa e curte o jantar com ele. Tenho certeza que vai ser incrível.
Digo, dando um sorriso e finalmente deixando-o ali perdido em seus próprios pensamentos, indo até a cozinha e lavando minhas coisas antes de ocupar meu posto, começando com o trabalho.
Sinceramente ficar no caixa é a melhor coisa que existe. Você só tem que ficar sentado anotando e recebendo comandas e recebendo os pagamentos dos pedidos. Miya estava cuidando do balcão então sempre que não estávamos atendendo nós conversávamos, o que fazia o tempo passar mais rápido.
Mesmo sendo ótimo ficar só ali, uma hora eu tive que me levantar - minhas pernas já estavam doloridas de tanto ficar sentado - então, mesmo contra as ordens de Seokjin eu passei meu posto para um outro funcionário para que eu pudesse andar um pouco enquanto atendia algumas mesas.
Eu terminava de levar os pedidos de um casal, desejando gentilmente um bom apetite, e estava prestes a voltar para o caixa e pegar alguma coisa para comer quando uma voz me chamou me deixando totalmente desconcertado, já que eu não a ouvia há muito tempo. E não pensei que um dia a ouviria novamente.
— Oi Jimin... — ela disse, causando-me um arrepio seguido de uma sensação ruim no peito, quase sem coragem de olhar para onde a voz e o cheiro da ômega misto ao perfume importado característico vinham.
Devia ser coisa da minha cabeça, pelo menos era o que eu queria acreditar.
Mas não era. Ela estava bem ali.
Me virando lentamente eu senti meu estômago embrulhar como na pior fase dos meus enjoos assim que me deparei com a mais velha parada a minha frente, exatamente como eu me lembrava. As roupas de marca estampadas e extravagantes, os cabelos curtos sempre bem feitos e o sorrisinho falso estampando o rosto pouco envelhecido e maquiado que eu infelizmente conhecia bem.
Afinal era impossível esquecer o rosto da própria mãe.
— O quê você quer aqui? — foi a primeira coisa que pude dizer, tentando demonstrar indiferença e me afastando rumo ao balcão para evitar atrair a atenção dos clientes, sendo seguido a passos rápidos por ela.
— Eu só quero conversar com você filho...
— Eu não sou seu filho. Você deixou isso bem claro e eu também não faço questão.
— Ji-Jimin, por favor vamos conversar! É sobre o seu pai. — ela argumenta sôfrega, finalmente atraindo a minha atenção. Eu podia não considerá-la de forma alguma, por conta de tudo o que ela me fez e de como ela me expulsou de casa, mas com meu pai a história era bem diferente.
Ele nem sempre estava em casa por causa do trabalho, mas sempre que estava tentava me defender dela e era o melhor pai que eu poderia ter. Eu sabia que ele tinha medo dela, não faço ideia do quê, mas sabia que era por isso ele não se opunha as coisas que ela fazia ou dizia para mim.
— Então diga, o que tem o meu pai? — questiono, deixando a bandeija a qual levava os pedidos no balcão, cruzando os braços acima do peito enquanto a encarava nos olhos, tentando parecer inexpressivo. Embora as lembranças dela me trouxessem raiva.
— Eu queria falar com você e-em um lugar mais reservado, você pode vir comigo? — ela diz baixo e extremamente calma, embora seu rosto exalasse falsidade por trás daquela atuação, como sempre. Aquele sorriso e aquela cara de coitadinha não me enganavam.
— Quer mesmo que eu acredite em você? Que depois de cinco anos você se rebaixou ao nível de vir me procurar para falar do meu pai? — pergunto vendo-a engolir em seco, sua expressão calma e sôfrega mudando em poucos segundos, fazendo-a se perder no personagem.
— Eu não viria se não fosse importante. — ela diz, agora com uma seriedade mesclada em seu descaso me fazendo rir seco, dando as costas para ela, indo até o caixa.
— Claro que não, afinal de contas você é muuito superior para descer no meu nível. Mas realmente estou surpreso Min-Jun, você vir de Busan para cá só pra me falar do meu pai? Realmente é uma desculpa fabulosa.
— Não existe desculpa nenhuma, eu realmente preciso falar com você sobre ele... — ela diz, ainda me seguindo enquanto fazia meu trabalho, atraindo a atenção de Chanyeol que já estranhava a situação toda. — Estou hospedada na casa de uma velha conhecida e preciso que você vá comigo para lá.
— Não sei se você percebeu mas eu estou trabalhando, e qualquer coisa que você queira falar pra mim você pode falar aqui. — digo indo para o outro lado do balcão, sentindo meu estômago roncar de fome.
Eu evitava tocar ou fazer qualquer gesto que revelasse minha barriga escondida pelo moletom, para que - se ela não tivesse notado - minha gravidez passasse por despercebido, pelo menos até eu ter certeza do que ela queria.
— Jimin? Quem é essa? — Chanyeol sussurrou no meu ouvido enquanto eu pegava algumas canecas para a cafeteira, ignorando a senhora do outro lado do balcão.
— Jimin, eu te prometo que é só isso. Por favor venha comigo, prometo que depois de hoje você nunca mais vai voltar a me ver.
— E o que me garante que você não está mentindo?
— Eu dou minha palavra.
— A sua palavra não vale nada para mim desde que você me deserdou como seu filho, me expulsou de casa e desejou a minha morte por não querer garantir o seu conforto financeiro através da porra um casamento arranjado!
Ditei ríspido, quase saindo do controle pela raiva que me consumiu, vendo seu olhar surpreso e quase incrédulo pelo meu tom, olhar esse que também ocupava o rosto de Chanyeol, em circunstâncias totalmente diferentes - ele não parecia puto pelo que eu disse, como Min-Jun aos poucos estava ficando.
Porém ela me surpreendeu quando se acalmou ao invés de soltar um de seus ataques de ira, voltando a atuação de mulher centrada e calma, que eu sabia que ela não era.
— Ele está morto. — ela diz simples, sem expressar qualquer emoção pelo fato, me chocando pela informação ao mesmo tempo que me custava a acreditar. — Não queria ter que dizer assim mas você me forçou à isso. Preciso que venha comigo para que receba sua parte da herança, o advogado dele insiste que você esteja presente durante a divisão de bens.
— Então é isso? Meu pai está morto e a única coisa que você quer é que eu vá com você para a divisão de bens? Você não mudou nada, continua a mesma megera gananciosa de sempre...
— Pode ter raiva de mim mas não vou permitir que me insulte! Eu sou sua-
— Não! Você não é! — acabo me exaltando, chamando mais atenção do que deveria, me deixando envergonhado por me esquecer onde estava.
Sem muitas opções, me apresso em sair dali, vendo Chanyeol contornar a situação e acalmar os clientes, indo até a salinha onde guardava meus pertences, deixando meu avental e pegando minha bolsa, digitando uma mensagem para Seokjin e Jungkook antes de sair. Avisando que estava saindo da cafeteria com Min-Jun e caso não retornasse a mensagem em uma hora deveriam chamar a polícia, deixando a localização ligada também.
— Jimin?! O que está acontecendo? — o alfa retorna em me perguntar, e em resposta eu arrumo a bolsa em meu ombro, olhando para a ômega que se mantinha atenta a conversa, parada no mesmo lugar com sua pose autoritária e bolsa tira-colo.
— Não se preocupe Chanyeol, eu venho repor meu turno na minha próxima folga, converso com o Seok depois. — digo me afastando, indo até a ômega cujo um sorriso convencido brotava em seus lábios, em contraste a minha feição séria. — Vamos logo com isso, eu não tenho o dia todo, e espero que cumpra a sua promessa de sumir da minha vida.
— Tudo bem, vamos então... — ela diz, quase não contendo sua alegria pela "vitória" sobre mim. Mas eu ainda não estava convencido, eu sabia que tinha algo a mais nessa história toda.
Havia um carro de luxo esperando por ela no lado de fora da cafeteria, dirigido por um senhorzinho simpático que foi muito atencioso comigo e com Min-Jun que pouco fez de sua gentileza, mexendo no celular totalmente indiferente à mim e ao beta.
Embora a hipótese dela estar falando a verdade fosse mínima, eu me senti mal só de pensar que meu pai tivesse realmente morrido. Isso ardia em meu peito e os hormônios só me davam mais vontade de chorar, o que apenas não aconteceu pela raiva que eu sentia dela durante aquele trajeto.
Poucos minutos após sairmos da cafeteria, meu celular vibrando chamou não só a minha atenção como a da ômega ao meu lado, interessada em quem estaria tão desesperado para falar comigo, me fazendo mexer nele da maneira mais desconfortável possível para evitar que ela visse o contato de Jungkook e as mensagens que trocávamos.
Jimin o quê está acontecendo?|
Você tá me assustando|
Quem é Min-Jun?|
Jimin?|
Jimin me responde!|
???|
[Chamada perdida]|
|Céus que alfa desesperado
|Eu estou bem meu amor, só fique calmo
|Assim que eu descobrir para onde ela está me levando eu envio o endereço
|Eu vou ficar bem
Jimin para com isso!|
Tá me deixando preocupado|
Jimin o quê está acontecendo?|
Jimin?!|
|Jungkookie eu não posso explicar agora
|Só faz o que eu pedi está bem?
|Qualquer coisa fala com o Seokjin, ele pode te explicar melhor do que eu no momento
|Eu te amo
|E eu tô com fome, compra sorvete pra mim
Jimin?!|
Foi a última mensagem que eu li antes de silenciar e guardar meu celular, para o descontentamento de Min-Jun que pelo visto não conseguiu ver e ler o que queria. Mas em compensação passou a prestar atenção demais em mim após isso, enquanto seguíamos em um bairro nobre de Seul onde apenas mansões de famílias extremamente ricas se encontravam.
— Você engordou, parou com as dietas? esse jeito não vai agradar nenhum alfa, ninguém gosta de ômegas gordos...
— Eu vou ao médico regularmente, não estou sobrepeso e estou saudável, o único problema que eu tenho no momento é você e seu olhar antiquado e preconceituoso. — digo sem sequer olhá-la nos olhos, embora sentisse seu julgo queimando minha pele, me fazendo agir rápido ao retirar minha aliança assim que ela desviou o olhar, torcendo para que ela também não a tivesse percebido.
— Seu cheiro também está horrível, voltou a usar perfumes para alfas? Ou está se deitando com vários e se comportando como um prostituto barato?
Disse e dessa vez quase que perdi o controle do meu lobo, olhando para ela com um ódio que um filho não devia sentir pela própria progenitora, mas que era impossível de não ser nutrido por aquela mulher mesquinha e asquerosa. Ela sequer se lembrava do cheiro do próprio filho para notar que tinha algo de diferente comigo.
Suspirando fundo eu consegui me acalmar, aliviado pois pelo visto ela ainda não tinha percebido do que o cheiro de alfa se tratava, olhando para ela com o maior cinismo e sarcasmo que a pegaram desprevenida.
— Você quer dizer, me comportando como você? É uma pena papai ter morrido sem saber que você era uma vadia que aproveitava do dinheiro dele e de quando ele não estava em casa pra levar os seus amantes para te foderem. Acha mesmo que eu não me lembro?
— Ora seu... !
— Seu o quê? Vamos fale! Ah, você já usou todos os xingamentos quando me expulsou de casa não é? Nem tem mais ofensas nessa boca imunda... — digo, a deixando raivosa o suficiente para que tentasse me bater. O que ela não conseguiu, pois segurei seu braço antes que ela encostasse sequer um dedo em mim. — Eu não sou mais o garotinho assustado que você largou a própria sorte... Você não vai encostar mais nenhum dedo em mim!
— S-senhora Park? Chegamos. — o motorista disse meio sem jeito, em visto a discussão que tínhamos enquanto eu a encarava nos olhos com ódio, largando sua mão de qualquer jeito e virando-me para a janela, vendo onde estávamos.
O lugar todo parecia ter saído de um filme, e passava uma imagem boa, limpa e simpática demais para alguém como Min-Jun estar lá. Assim que o portão do enorme casarão se abriu o carro seguiu caminho pela entrada extensa, passando pelo jardim muito bem cuidado e estacionando entre uma fonte e o pequeno lance de escadas que dava para grande porta de madeira da mansão.
— Onde estamos? — pergunto assim que saio do carro, vendo mais de perto a arquitetura do lugar. Não que eu entendesse muito, mas que era uma puta de uma mansão, isso era.
— Essa é a residência dos Zhang, vamos logo. — disse ríspida indo até a porta e rapidamente associei o sobrenome dito, pegando meu celular e enviando o endereço para Jungkook, guardando o aparelho junto a minha aliança dentro da bolsa, seguindo ela para dentro da residência, aberta por um empregado.
A casa por dentro era tão bonita quanto por fora e as decorações eram finas e de extremo bom gosto, a maioria de característica e origem chinesa, como eu já imaginava que fossem.
Uma empregada logo se aproximou de Min-Jun, pedindo seus pertences para que os guardasse e outra se aproximou de mim fazendo o mesmo, mas diferente da ômega que entregou seu casaco e bolsa para a beta eu educadamente recusei, pedindo para ficar com as minhas coisas durante o breve momento que passaria ali.
Além dos empregados, aparentemente não havia mais ninguém ali naquela casa tão grande e que poderia facilmente ser tida como abandonada se não estivesse quase brilhando de tão limpa. Pelo menos foi essa a impressão que passou, quando segui a ômega pelo salão de entrada até a sala perfeitamente alinhada e praticamente intocada. Parecia ter saído de um mostruário.
— Vem sente-se, vou pegar os documentos para você assinar, o advogado já está chegando. — ela diz, subindo as escadas enormes que davam para o segundo andar e me deixando sozinho por um momento.
Novamente eu senti minha barriga roncar faminta, dessa vez mais intensamente a ponto de doer, o que me levou a acariciar a região, aproveitando que Min-Jun não estava ali.
— Você deve estar com fome não é meu bebê? — converso com meu filhote, sorrindo ao senti-lo ali mesmo sem se manifestar, ansioso para senti-lo mais presente. — O papai também tá morrendo de fome, mas não se preocupe, a gente já vai embora e seu pai vai comprar uma coisa bem gostosa pra gente comer.
Digo fazendo um carinho ali, me arrumando no sofá assim que ouço os passos de alguém descendo as escadas, arrumando minha blusa para que minha barriga ficasse menos aparente. Min-Jun logo apareceu na sala de estar, trazendo os papéis que ela tinha mencionado, sentando-se no sofá frente ao meu.
— Está tudo aqui, é só assinar o final de cada folha, tem um espaço reservado ao lado da minha assinatura. — passou a papelada para mim, se acomodando confortavelmente no sofá, tentando parecer pouco preocupada, embora eu pudesse sentir seu nervosismo quando comecei a folhea-las. — Elas são praticamente a mesma coisa, são apenas alguns direcionamentos que mudam. O advogado lerá os termos e irá oficializar o... Por que você está rindo seu insolente?!
Ela se interrompe, ao que eu ria do seu papo furado e do que eu lia naquelas folhas que para a minha surpresa - só que não - não se tratavam de divisão de bens nenhuma. Muito menos a documentação que eu encontrei em meio a toda aquela papelada facilmente escrita por algum estudante do primeiro semestre de Direito. Mas que pela sua expressão ela jurava que eu não iria perceber.
— Aí Min-Jun, sério você é uma piada...
— O quê disse?!
— Você pode ter mudado o formato do documento e um ou dois parágrafos mas as cláusulas continuam as mesmas... — digo em uma risada incrédula, me levantando e jogando aquelas folhas na mesa, deixando o documento mencionado por cima. Embora minha vontade fosse de jogar tudo na cara dela. — Acha mesmo que eu não reconheceria outra tentativa estúpida de casamento arranjado?!
Digo quase gritando com ela, que em resposta apenas me encarou em silêncio. Sua expressão surpresa aos poucos se tornando neutra quando a única coisa que ela fez foi pegar uma cartela de cigarro e um isqueiro em seu bolso, acendendo um, tragando e rindo seco, agora com um ódio implícito no olhar.
— Hum! Você é realmente meu filho...
— Não eu não sou. Se eu fosse realmente seu filho eu estaria cego pelo dinheiro da "herança" que você me ofereceu e assinaria sem pensar duas vezes, pouco me fodendo pro que está escrito!
— Você devia ser mais esperto, essa família é rica e você teria um futuro melhor do que um garçom de cafeteria...
— O quê? Você queria me casar com o Yixing?! — digo incrédulo, vacilando por um momento ao revelar que conhecia os Zhang, o que a pegou de surpresa. Fodeu.
— Conhece os Zhang? — ela pergunta desconfiada, tragando seu cigarro que junto com seu perfume estavam me deixando tonto.
— Já fui no bar deles. Tem que ser idiota pra não conhecer Zhang Yixing. — minto, até porque não fazia ideia da existência dele até Jungkook mencionar que ele estava vindo pra cá assumir os negócios do pai.
E pelo visto ela não estava sabendo que ele já estava de quatro por um certo ômega que trabalhava no Music Bar.
— Então deve saber que o pai dele morreu. Ele é um bom alfa e eu custei conseguir convencer a mãe dele a sequer ponderar um casamento. Você deveria ser grato!
— Grato pelo quê?! Por você querer controlar a minha vida? Por me jogar pra cima de um alfa que eu mal conheço para me casar? Você é louca?!
— Não fale assim comigo garoto! Eu só quero que você tenha um futuro e uma vida digna de um ômega decente, ou vai me dizer que pretende continuar limpando e servindo mesas até morrer?!
— Você não tem nada a ver com isso! Se eu quiser trabalhar ali até morrer, eu vou trabalhar! Eu não sou indecente por isso e não vou estragar o futuro de alguém com um casamento que ninguém além de você quer! E eu não vou estragar a vida desse alfa igual você fez com o meu pai...
— Eu só quero o seu bem, Jimin!
— Um caralho dos grossos que você quer! Você só quer garantir a porra da sua vida de madame, você está pouco se fodendo pra mim!
— Olhe a sua boca! Não age como um ômega mais pelo menos fale como um! — ela se levanta, apontando o cigarro asqueroso na minha cara.
— Tô pouco me fodendo pro que você acha... — digo desgostoso, batendo em sua mão para que ela parasse de apontar aquela coisa fedida pra mim, fazendo-o cair de sua mão. — Mas me diz Min-Jun? Onde está meu pai? Porque morto eu já sei que ele não está!
— Hum! Eu me divorciei do seu pai, logo depois de você desaparecer das nossas vidas! Ele seguiu o seu exemplo, assim que saiu a sentença do juiz e eu fiquei com o quê queria, ele sumiu. — resmungou ríspida e aquilo me afetou mais do que a notícia de sua "morte". Acho que porque dessa vez eu sabia que ela estava falando a verdade.
— E-e sabe onde ele está? — pergunto choroso, sentindo-me por pouco vulnerável, um nó se formando em minha garganta. O que foi percebido por ela que riu da minha situação.
— É claro que não. Pensei que ele tivesse ido atrás de você, mas acho que nem ele te queria mais! Também, quem vai querer um filho ingrato, estúpido e descuidado feito você? Você não passa de lixo! Igualzinho ao seu pai... Um traste miserável que eu devia ter obrigado a-
— Min-Jun? — uma terceira voz foi ouvida, e esta pertencia a uma alfa que eu já conhecia.
Descendo as escadas com uma feição assustada no rosto bonito e envelhecido, a senhora Zhang parecia horrorizada por ter ouvido tudo o que a ômega me dizia enquanto descontava sua raiva, não escondendo todo o seu ódio por mim, que já estava no limite. Meu peito ardia, meus olhos marejavam e eu estava prestes a chorar pelo sentimento que aflorava meus hormônios.
A alfa olhava toda a cena com horror e estranhava a minha presença, já que me conhecia como o "ômega do Jungkook" desde que fomos apresentados na semana passada.
Isso foi quando Jungkook foi pegar o teclado com Junmyeon e me levou junto, mas acabou não encontrando o ômega e nem o dono do lugar, mas sim a alfa que foi extremamente receptiva e gentil com a gente.
— Li Huang! E-eu estava-
— Estava me ofendendo, como pôde ver. Olá senhora Zhang. — a interrompo limpando meus olhos, sentindo-me novamente tonto ao ir até a alfa para cumprimentá-la mais cordialmente para o espanto de Min-Jun, já que eu tinha mentido sobre esse detalhe.
— Olá Jimin, como você está? E o seu bebê?
Ela diz simples e calorosa, sorrindo para mim após me cumprimentar, fazendo um carinho na minha barriga que levou a ômega preocupada e alheia a uma expressão espantosa ao finalmente raciocinar o que a alfa disse, me olhando de cima a baixo totalmente incrédula.
— Estamos ótimos, esse alfinha está maior a cada dia...
— V-você está grávido... — ela diz pasma, apontando e olhando para mim e para a alfa sem compreender muita coisa, ficando cada vez mais frustrada e irritada, buscando um apoio atrás de si. — Você está grávido?!
— Min-Jun o que está acontecendo? Por que você estava ofendendo o Jimin daquele jeito?
— Li Huang, e-eu... N-não acredite em uma palavra do que ele diz! E-este é o meu filho, q-que nós íamos apresentar para o Yixing, para o casamento! E-eu sei que ele está meio gordo mas grávido? É claro que não! Ele adora essas brincadeiras... Nem marcado ele é!
Ela disse seu absurdo quase patético em desespero, para o estranhamento da alfa que a encarava perplexa e quase assustada pelo tom da ômega em esperneio, que tentava à custo convencê-la de seu argumento obviamente mentiroso.
— Que história é essa? Eu nunca concordei com nada de casamento! Apenas concordei que eles fossem apresentados, Min-Jun.
— Ainda bem que a senhora é sensata. — digo em sussuro, me referindo a alfa que muda rapidamente sua atenção para mim.
— Ela é a sua mãe? — ela perguntou preocupada, me guiando até o sofá para que eu me sentasse ao perceber minha situação. Eu me sentia cada vez mais tonto.
— Ela não tem esse título desde que me expulsou de casa.
— Ela te expulsou de casa?!
— N-não acredite nele Li Huang! Jimin está tentando me envergonhar e-e...
— Não só isso, como só agora veio atrás de mim para tentar me fazer assinar esse contrato de comprometimento matrimonial sem que eu soubesse. E pelo visto ela queria que a senhora fizesse o mesmo. — mostrei os papéis para a alfa que analisava os documentos cada vez mais chocada, passando um olhar raivoso por Min-Jun que teve sua fala interrompida.
Enquanto isso, eu olhava com o mais puro deboche para a ômega que me encarava de volta com os olhos oscilando de raiva e o rosto vermelho de vergonha, preso em uma expressão de desespero que - quase - seria triste se ela não fosse uma cobra desgraçada oriunda do inferno!
— Seon Min-Jun! Isso é crime, você pode ir presa! — a alfa disse completamente em choque, começando a se enraivecer pelas atitudes e todo o desdém da amiga, principalmente quando a ômega riu com certo nervosismo, sentando-se no sofá a frente.
— Não é pra tanto querida. Jimin sempre foi exagerado e você não vai chamar a Polícia para mim, e-eu sou sua amiga e-
— Jimin! — uma quarta voz quebra sua fala, atraindo minha atenção ao reconhecer imediatamente a voz de Jungkook, virando-me para entrada e encontrando não só ele mas Yixing e Junmyeon passando correndo por lá, sendo seguidos por uma empregada que ia atrás deles desesperada.
— Mãe! Não faz nada eu- — Yixing disse, entrando correndo, escorregando e caindo no chão, o que interrompeu sua fala. Atraindo a nossa atenção pelo tombo, especialmente a da mãe, se levantando rapidamente com a ajuda de Junmyeon. — Mãe não assina nada!
— O quê está acontecendo aqui?! — Min-Jun quem perguntou descontente, sentindo-se nervosa quanto a todos os seus planos sendo desfeitos.
Jungkook veio diretamente até mim, ignorando o reclamar da ômega e me abraçando temeroso, quase como se eu pudesse desaparecer. Seu cheiro acalmava toda a raiva que eu ainda sentia pela situação e me fazia focar apenas nele, sentindo minhas pernas fraquejarem e meus olhos marejarem pelo choro embolado em minha garganta. Sem qualquer vontade de soltá-lo.
— D-desculpa senhora Zhang, e-eles estavam com pressa, não quiseram esperar que eu os anunciasse... — a empregada se justificou temerosa, ao lado de Junmyeon que aguardou um pouco mais distante de toda a cena, observando Yixing se aproximar e cumprimentar a mãe mais cordialmente.
— Está tudo bem Hyeru, meu filho e Junmyeon são de casa, e Jungkook é muito bem vindo. — ela diz em um sorriso, voltando seu olhar para o filho e segurando as mãos deste com carinho. — Não se preocupe querido, eu não assinei nada e nem pretendia assinar.
Disse olhando furiosa para a ômega que agora se encolhia no sofá perante a presença impotente da mulher pouco mais velha, com os olhos dourados flamejantes de ira contrastando com o vestido preto e os brincos de ouro. Rosnando e fazendo não só ela, mas eu e Junmyeon recearmos pelo timbre de seu lobo.
— Mãe...
— Fique tranquilo Yixing, não vou fazer nada. Mais do que tudo eu respeito a condição do Jimin, do Junmy e até mesmo dela como ômega. Não sou covarde a esse ponto... — a alfa disse retomando a si, voltando os olhos a coloração castanha normal, ainda de olho da ômega sentada encolhida no sofá.
Eu ainda estava abraçado a Jungkook, sentia-me extremamente inseguro, o que era estranho pois eu não me sentia assim enquanto estava a sós com Min-Jun. Acho que a raiva me impediu de me sentir assim, pelo menos estava seguro ali com ele.
— Você tá legal? — ele me perguntou preocupado, tocando meu rosto com cuidado e precaução, seus lábios tremiam e eu me sentia a beira do choro.
Sorrindo mínimo eu confirmei, mais que tudo estava feliz em vê-lo, embora a tontura me incomodasse e o olhar furioso de Min-Jun sobre a cena queimasse minha pele. Jungkook percebeu isso, mudando de expressão rapidamente ao encarar a ômega de um jeito que eu nunca havia visto, ele estava tão furioso que era quase palpável a sua raiva.
— ... Mãe, eu tenho uma coisa para te contar. — a voz de Yixing me levou à prestar atenção nele, assim como Jungkook que rompeu o contato visual com Min-Jun para prestar atenção na conversa do chefe com a mãe. — Jun, você pode vir aqui?
Chamou o ômega que ainda estava distante, se aproximando meio envergonhado de ambos os alfas, corado até o último fio de cabelo embora o olhar apaixonado do Zhang mais novo e o sorriso receptivo da mais velha fossem os mais acolhedores que eu já vi.
— Oh Junmy, desculpe não te cumprimentar direito querido. Como você está? — ela pergunta calorosa, tratando-o como um filho e o abraçando com carinho, mas ele ainda parecia meio sem jeito.
— E-estou ótimo nonna e-e a senhora? — ele perguntou receoso em olhá-la nos olhos, sorrindo tímido e por um momento a expressão da alfa mudou, reparando algo diferente no ômega.
— Eu estou bem e... Você está com o cheiro do Yixing... ? — afirmou olhando para o filho curiosa, embora seu tom soasse como uma pergunta surpresa e não carregava nenhum desgosto.
— Nós dois estamos namorando mãe. — o alfa conta com um sorriso no rosto, se aproximando do ômega e o abraçando carinhosamente por trás. Um sorriso sincero e um pouco envergonhado brotando no rosto dele enquanto seu olhar ia do namorado a sogra, que tinha os olhos marejados em meio ao sorriso genuíno de felicidade. — Nós estamos marcados, vamos morar juntos agora e queríamos a sua benção.
— A-aí meu Deus! I-isso é a melhor coisa que eu poderia querer! — ela diz emocionada, abraçando o mais novo casal com lágrimas nos olhos. — S-seu pai ia ficar tão feliz... O sonho dele era que vocês dois se conhecessem, é uma pena que ele não esteja mais aqui para ver seus dois filhos* queridos juntos, estou tão feliz por vocês. É claro que te dou minha benção!
Ela dizia chorando enquanto abraçava a cada um, e logo também nos juntamos para parabenizar o mais novo casal. Quase nos esquecendo totalmente de Min-Jun, que ainda sentada estava incrédula. Parecia perdida em seus pensamentos quando um barulho que eu desconfiava ser uma sirene começou a soar lá fora, aumentando gradativamente.
A partir daí foi tudo muito rápido, pelo menos na minha concepção. A Polícia chegou, eu dei meu depoimento, desmaiei porque minha pressão abaixou demais - deu uma confusão do caralho - eu acordei tomando soro em uma ambulância e Jungkook conversava com Jackson enquanto a dona da mansão dava seu depoimento sobre os dias que Min-Jun ficou em sua casa, e a ômega era presa sob muito protesto.
— Ah, finalmente você acordou... — meu alfa disse se aproximando de mim, que me sentava com cuidado na ambulância com a ajuda de uma paramédica que também me ajudou a tirar o acesso do soro. — Trouxe um lanche do Jin pra você, já liguei para ele inclusive. Ele estava preocupado com você...
— Obrigado... Por quanto tempo eu apaguei? — pergunto, agradecendo sua preocupação e pegando a embalagem com dois sanduíches de patê de cenoura, milho, tomate e frango e a garrafinha de suco.
— Não tem quinze minutos, sua pressão abaixou demais e pelo visto a sua "mãe" vai ser presa. Estão descobrindo um monte de coisas sobre ela...
— Não me surpreende.
— Mas me surpreende pra caralho... — ele diz, se sentando ao meu lado, passando a mão pelo rosto aparentemente cansado. — Se sabia que ela era assim, por que aceitou vir com ela? Ela podia ter feito algo ruim com você, quer dizer, pior do que isso.
— Ela disse que meu pai estava morto. — digo simples mordendo meu lanche, sentindo o pedaço embolar em minha garganta e meus olhos encherem d'água. Surpreso ele me abraçou de lado, me confortando embora eu mesmo não soubesse se aquilo era verídico. — E-eu não sei se é verdade ou não, ela usou isso para tentar me fazer assinar os documentos, depois disse que se divorciaram e também falou coisas horríveis para mim e-e...
— Shiu... Calma meu bem, já passou. — ele disse afagando minhas costas, me abraçando de lado e me confortando enquanto eu lhe contava com mais calma e detalhes sobre tudo o que tinha acontecido desde o momento em que ela apareceu.
— ... Porra eu odeio essa mulher.
— E eu não posso te julgar por isso...
— É uma pena a Jinhyo ser sua mãe, eu adoraria que ela fosse a minha.
— Se quiser pede pra ela que eu tenho certeza que ela deixa você chamá-la assim, ela adora isso na verdade e vai adorar te ter como filho. — ele diz rindo enquanto me aconchego melhor em seu ombro.
— Tem razão... Vai ser bom ter uma mãe de verdade. — digo rindo, me lembrando de já ter visto Yoongi chamar ela de mãe, até nossa atenção cair em Zhang Li Huang que se aproximava um tanto cautelosa.
— Eu vim me desculpar com você Jimin. E-eu sabia que Min-Jun era uma pessoa difícil, mas não fazia ideia desse lado dela e muito menos do que ela tinha feito com você. Eu peço desculpas em nome dos Zhang, por todo esse ocorrido...
— Não precisa senhora Zhang, é sério. Eu sabia que um dia ela iria vir atrás de mim com outra desculpa pra me empurrar para um casamento vantajoso para ela. — me justifiquei, deixando a embalagem com um sanduíche mordido de lado. — Lamento que vocês tenham sido usados para isso, embora ela mesma não parecesse muito certa do que estava fazendo... Parecia desesperada até para pensar que era loucura.
— E ela está desesperada de fato. Ela hipotecou a residência antiga dos Park, e agora ela não consegue pagar a dívida ao banco.
— Ela hipotecou a casa? C-como ela teve coragem?! — indago totalmente indignado. A casa a qual ela se referia era a casa herdada do meu pai dos meus avós, a casa onde eu cresci, e que provavelmente havia sido passada para ela após o divórcio.
— Ela se desfez da casa para não ter que penhorar as joias. Sinto muito querido, imagino que a residência dos Park deve significar muito para você... Se quiser eu posso comprá-la de volta.
— Ah não senhora Zhang, o-obrigado pela oferta mas terei de recusar, e-eu só estou em choque... Por mais que eu tenha passado dezoito anos conturbados lá, eu amava aquela casa. Mas não pretendo voltar a morar em Busan de qualquer forma, e acredito que meu pai também não.
— Min-Jun disse que ele foi embora de Busan após o divórcio, mas que não sabe para onde ele foi.
— Ela me disse... — digo me recordando brevemente de suas palavras, desviando rapidamente desses pensamentos. Antes que eles me deixassem ansioso. — Mas eu acredito que ele está bem. Meu pai conhece muita gente, em muitos lugares dentro e fora do país, ele deve estar bem.
— Tem razão meu bem, não esquente a cabeça com isso, se preocupar com isso agora não vai fazer bem pra você. Já passou por muita coisa hoje. — Jungkook me incentivou, fazendo carinho em minhas costas e deixando um beijo em minha cabeça que me arrancou um sorriso.
— Ele está certo Jimin, se quiser eu posso começar uma busca pelo senhor Park, tenho contatos que podem ajudar a encontrá-lo. Inclusive agora me recordo que meu falecido marido conhecia seu pai, eles fizeram alguns negócios há uns oito, dez anos...
— Foi antes da empresa do meu avô falir... — reflito, me lembrando que realmente meu pai recorreu a alguns negócios para tentar salvar a empresa. Foi quando as ideias de casamento de Min-Jun começaram. — Eu agradeço sua preocupação senhora Zhang, mas agora tudo o que eu mais quero é ir pra casa...
— Imagino querido, acredito que a Polícia já tenha nos liberado, mas vou conferir só para garantir... — ela diz sorrindo, se afastando até onde os policiais estavam, deixando eu e Jungkook ali junto aos dois paramédicos que também se aprontavam para deixar o local.
— E então? O quê você quer jantar? Vou cozinhar o que você quiser comer, você merece. — Jungkook diz em um chamego, pouco depois da alfa se afastar, afundando o rosto em meu pescoço e sentindo meu cheiro. Me fazendo rir pelas cócegas, se levantando e me puxando carinhosamente, me deixando em pé de frente para ele.
— Então eu tenho direito a um pedido? — digo rindo manhoso, apoiando meus braços ao redor de seu pescoço, o que ele viu como iniciativa para me pegar no colo, já sem a mesma facilidade de antes, já que bem... Eu estava bem mais gordinho do que eu era. E tá tudo bem.
— Direito a todos os pedidos que você quiser meu amor. — ele diz, dando-me selinhos e mostrando aqueles dentinhos de coelho em um sorriso a qual eu era loucamente apaixonado.
— Você é um ótimo quase-namorado sabia disso?
— Eu tento... Só espero não ter que salvar você de outro quase sequestro daqui um mês, vamos parar com essas loucuras por enquanto. Até o bebê nascer pelo menos.
— Tá dizendo que não tem problema eu ser sequestrado depois que o nosso filho nascer? É isso? — brinquei com a cara dele, ganhando mais selinhos e mais beijos que sempre terminavam em sorrisos.
— Céus, você tem que distorcer tudo o que eu digo? — ele pergunta rindo, me pondo novamente no chão. Colocando suas mãos delicadamente sobre as maçãs do meu rosto. — Eu não me importo de vir te buscar em qualquer encrenca que você se meter, mas eu te amo muito, não quero perder nem você e nem nosso filhote...
Disse sério. Eu sentia sua preocupação quanto a isso e a entendia perfeitamente. Me fazia refletir sobre quão dependente eu estava dele, do quão apaixonado eu estava por ele. Ele não parecia tão diferente de mim, e isso era incrível e ao mesmo tempo reconfortante.
— Eu sou tão sortudo por ter você... — digo, acariciando sua mão e deixando um beijo em sua palma, sorrindo para ele e desfrutando desse sentimento, levando sua outra mão até meu ventre. — Vocês são minha família, eu amo vocês dois e você jamais vai nos perder. É uma promessa.
— Assim eu espero, mas vamos ficar longe da sua mãe só pra garantir... — ele diz me fazendo rir, pegando minha mão e indo comigo até o carro.
— Não se preocupe com isso, já pedi uma medida protetiva durante meu depoimento. Mesmo se ela for presa e acabar saindo, ela não vai nos incomodar.
— Tomara mesmo, espero não ter que conhecer mais ninguém da sua família desse jeito.
— Nem se preocupe com isso. Minha família é pequena, e é orgulhosa demais ou é "brigada" demais para vir atrás de mim, e todo mundo odeia Min-Jun então ninguém vai vir atrás da gente para infernizar a nossa vida.
— Isso é um alívio.
— E como... Mas agora me diz, de que sabor você comprou meu sorvete? — pergunto já dentro do carro, afivelando meu cinto enquanto ele fazia o mesmo, parecendo se lembrar do detalhe provavelmente esquecido.
— Então... Eu deixei para comprar agora na volta, pra você escolher o sabor e-
— Essa é a sua melhor desculpa? — pergunto rindo, vendo-o corar em sua própria desculpa esfarrapada para tentar mudar o fato de que ele tinha esquecido do sorvete, sorrindo amarelo para mim e ligando o veículo.
— Foi muito ruim?
— Foi péssima.
— Bom, em minha defesa eu entrei em desespero com as suas mensagens e me esqueci totalmente disso. Mas podemos comprar sorvete agora.
— Acho justo, mas eu vou querer de trufa de morango.
— Tudo o que meu amorzinho quiser. — ele responde em tom de humor com uma voz que soava engraçada, fazendo um sorriso e uma risada surgirem quase que de imediato em meus lábios.
Família... Era a primeira vez que eu me referia como parte de uma em muitos anos. E ao mesmo tempo, era a primeira vez que eu realmente me sentia realmente como parte de uma. Aquecia meu coração de um jeito diferente, mas eu amava me sentir assim. Era a mais pura felicidade.
❤️🌈❤️
O *filhos na fala da senhora Zhang, é porque o marido dela considerava o Junmyeon realmente como filho dele mesmo, assim como o Yixing que era seu filho de sangue (eles não foram criados como irmãos e muito menos tinham parentesco). Só para esclarecer mesmo.
O que vocês acham que vai acontecer? E o bebê dos jikook? É menino ou menina? Quero apostas.
E vcs que leram a primeira versão, sem spoilers hein.
É isso meus amores, logo eu tô de volta, espero que tenham gostado do capítulo, desculpe qualquer erro ortográfico (o capítulo passará por segunda correção durante a semana) um beijinho pra vocês, bebam água e até mais.
💜💜💜
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top