Nosso Filho.
⚠️Atenção: esse capítulo apresenta menção à alguns temas sensíveis envolvendo depressão, suicídio e abuso sexual.
Olá amores! Tudo bem? Eu estou de volta com mais uma atualização, e dentro do prazo milagrosamente.
Esse capítulo vai tratar de alguns temas envolvendo processos jurídicos dos quais eu não possuo muito conhecimento. Então eu escrevi com base em algumas pesquisas e séries que eu vi sobre o assunto. Aos entendidos sobre o tema: peço desculpa se algo não estiver coerente 😅
Espero que gostem e tenham uma boa leitura 💜
❤️🌈❤️
Pov's autora
A ansiedade estava lhe atacando da forma mais covarde possível e a espera - que parecia interminável - não o ajudava em nada também. O som do relógio na parede ecoava alto em sua mente e o fazia lembrar da clínica psiquiatria que frequentava durante a adolescência. Não era nem um pouco agradável.
Nem mesmo Yugyeom estava satisfeito com a situação. Agitado desde as seis horas da manhã, o pequeno alfinha de cinco meses não parava de chutar o progenitor que roia as unhas, aflito. Céus, ele só queria que aquilo acabasse logo!
Jackson havia entrado na sala ao lado tinha cerca de quinze minutos, mas não era o que parecia para o nervosismo de Mark, que sentia como se o marido tivesse entrado ali há horas.
Mark e ele estavam ali para a auditoria final do caso de Bambam. Onde o alfa, junto com Jaebeom, o sargento que liderava a missão no dia em que Bhuwakul foi resgatado, dariam os testemunhos e pareceres finais da investigação e assim com o caso fechado, possibilitaria que o pedido de guarda dos Wang Tuan fosse posto em pauta. Tanto pelo juri responsável da vara de infância e juventude, tanto pelo juizado.
— ... Cadê ele? Mark?! — Elyn indagou as pressas, encontrando o filho sentado e aflito assim que virou o corredor e então correu para encontrá-lo. Sendo seguida pela esposa, que um pouco mais devagar vinha logo atrás.
— M-mãe... — a voz dele saiu chorosa assim que se levantou e o abraço da mãe o envolveu. Ele estava com medo. — M-mãe, ele entrou lá faz tempo, e-eu não sei o que fazer! E-e se eles não quiserem conceder a guarda? Se tiver algo em aberto no caso e...
— Mark meu bem, se acalme, vocês fizeram tudo certo, daqui a pouco o Jack vai sair dali com uma boa notícia... — ditou calma, tentando apaziguar a aflição do filho mais velho. Beijando seu rosto e o abraçando com carinho. — Sua irmã me ligou hoje, ela está torcendo por vocês. Vai dar tudo certo, você vai ver...
Disse convicta, segurando o rosto do filho com ambas as mãos. Limpando resquícios de choro dele e sorrindo tranquilizadora, o envolvendo em um abraço ainda mais forte, que foi amparado pela alfa que assistia a cena. Abraçando a esposa e o enteado com o carinho e a proteção que ele precisava naquele momento.
De longe, assim como Elyn havia dito, Miza Tuan mandava suas energias positivas e torcia pelo processo de adoção do irmão. Ela morava nos Estados Unidos, sua terra natal e onde estudava museologia em uma universidade de renome. Além dela, Jimin, Taehyung e outros amigos também torciam a favor daquele momento.
A ômega queria estar com a família, principalmente agora em um momento tão importante na vida do irmão mais velho. A notícia da chegada dos sobrinhos foi de surpresa e mesmo sem nunca ter visto Bambam ou até mesmo a barriga do irmão presencialmente, ela já era apegada aos meninos e esperava poder conhecê-los em breve com a chegada de suas férias, quando finalmente voltaria para a Coreia do Sul, depois de um ano longe do país.
Mais alguns minutos se passaram, enquanto Mark era amparado pelas mães e aguardava o proceder da auditoria. Mesmo que pela marca Jackson tentasse acalmá-lo, o ômega não conseguia se sentir menos ansioso e apenas quando viu o esposo sair da sala por onde antes entrou, acompanhado por Jaebeom que viera depor sobre o caso e pelo advogado, ele pode se acalmar.
— E aí? Como foi? — questionou afoito assim que Jackson se aproximou dele, e que vendo a ansiedade do marido logo tratou de explicar.
— Foi tudo bem meu amor, não se preocupe, vai dar tudo certo e vamos voltar com o Bamie para casa. — disse convicto, sorrindo para o marido e o beijando na testa, quase em uma promessa de que não sairiam dali sem que a guarda provisória fosse totalmente deles.
— Certo senhor Tuan, agora só falta o seu depoimento. Obrigado por vim depor sargento Im Choi. — o ômega, um pouco mais velho que Mark agradeceu, logo após pedir que o americano o acompanhasse para prestar suas últimas declarações sobre o caso.
— Não foi mais que minha obrigação senhor Manoban, mas fico feliz em ajudar, especialmente por serem meus amigos. Fiquem tranquilos, tenho certeza que ao fim disso Bambam vai estar em casa com vocês. O juiz não tem por que tirar a tutoria ou não conceder a guarda provisória.
Jaebeom aliviou a preocupação de Mark que de mãos dadas ao marido suspirou fundo, sentindo-o acariciar suas costas e o acalmar. Ele podia não saber no momento, mas só a incerteza da situação estava fazendo sua pressão aumentar.
— Não sabe o quanto isso me alivia Jae... E como ele está? Você conseguiu falar com Youngjae? — perguntou se referindo ao filho e o alfa sorriu compreensivo.
Jaebeom podia parecer quase assustador por fora, especialmente quando fardado, mas era uma das pessoas mais gentis e empaticas que o casal já conheceu.
— Não consegui falar com ele ainda, mas sei que Bambam está bem, ele está com o Jae, com a assistente social e a psicóloga do juizado. Ele está bem.
Enfatizou, trazendo certo alívio para o ômega. Por mais que não fosse seu filho de sangue, tanto Mark quanto seu lobo adotaram o pequeno filhote como seu, e toda superproteção vinda para com ele não era a toa. Era seu filho afinal de contas.
Com o caso dado por encerrado pela detetive, tudo o que precisavam naquela audiência era apresentar o arquivo do caso e constatar que o garoto realmente não tinha outro parentesco que não fosse a mãe e a tia. O que já tinha sido averiguado pela polícia sul-coreana que em parceria com a polícia tailandesa não encontrou ninguém que estivesse ligado a mãe e a tia do pequeno ômega.
E isto, por mais que um fato triste, facilitava muito para que o casal pudesse dar entrada com o pedido da guarda provisória e futura guarda permanente do garoto. Mas Mark sabia que nem sempre as coisas corriam como planejado, mesmo quando propícias a darem certo, e era esse seu maior receio.
Ter Bambam sendo tirado de si naquele momento seria algo mais do que cruel, e embora realmente não fosse acontecer sua mente temia por isso.
A tutoria era legal e estava dando certo. Era isso o quê ele tentava colocar na cabeça.
— Está se sentindo bem para irmos, Mark? Vai ser rápido eu prometo, logo você estará com seu filho. — o advogado deles garantiu sorrindo simpático e acolhedor para o outro ômega, que assentiu sorrindo de volta.
Ele era um amigo de Jackson, que chegou a fazer o treinamento para entrar para a polícia, mas acabou desistindo da profissão há quase sete anos, quando engravidou de sua filha. Dedicando-se a faculdade de direito que tinha trancado no segundo semestre, quando entrou para a academia de polícia.
Foi a primeira pessoa a quem o casal recorreu, para garantir que Bhuwakul ficasse com eles definitivamente. E o advogado estava mais que disposto a ajudá-los com isso.
— Certo... Vamos acabar logo com isso. — o ômega disse com certeza, sorrindo para o advogado e ganhando um beijo do marido ao se levantar, abraçando novamente as mães antes de seguir Manoban até a sala por onde antes ele e os dois alfas saíram.
— Está tudo bem Mark, vamos conseguir. — o ômega mais velho disse verdadeiramente otimista, aguardando junto ao grávido após bater a porta de madeira, esperando a permissão para entrarem.
Após ouvirem a permissão para que entrassem ser concedida, uma alfa representante da vara da infância e juventude abriu a porta para que entrassem na sala antiga e quase monocromática pelas peças de madeira escura que a compunham, formando um ambiente totalmente diferente do corredor no lado de fora, de aparência contemporânea.
Ali, além da alfa, um outro a acompanhava e este representava o juizado de menores. Também compondo a cena, o juiz atrás da grande e robusta mesa tinha vários documentos em mãos além do arquivo do caso e conversava sobre algo com a taquígrafa, sentada em uma das poltronas frente à ele.
— Bom dia senhor Tuan, senhor Manoban. Por favor queiram se sentar para prosseguirmos, certo?
— Certo meritíssimo... — Mark respondeu baixo a sua pergunta, sentindo-se um tanto tímido naquele ambiente. Além do nervosismo que ainda se encontrava presente e dos olhares lançados pelos representantes.
— Auditoria de fechamento de caso e pedido da guarda de Kunpimook Bhuwakul pelos tutores Jackson e Mark Wang Tuan... — ele ditava conforme a taquígrafa digitava em seu notebook. O alfa porém parecia um tanto inquieto atrás das poltronas onde Mark e o advogado estavam sentados. — Parecer final para o pedido de guarda provisória por Mark Wang Tuan. Existe alguma observação a ser feita?
— Nenhuma meritíssimo, apenas as que já foram consideradas durante a apuração dos fatos, referentes à origem da criança, a documentação da mesma e os prontuários dos exames físicos e psicológicos realizados nos últimos meses. — o advogado ressaltou, conforme o que já havia sido explicado e apresentado ao juri, prosseguindo em sua observação. — Além do que foi mencionado, o relatório que no momento está sendo feito pela psicóloga do juizado e os pareceres finais da assistente social devem complementar a favor da guarda.
— O juizado possui uma observação meritíssimo. — o alfa agitado que permanecia quieto ao fundo se manifestou, atraindo a atenção dos demais, especialmente dos dois ômegas que esperavam um procedimento padrão.
— Prossiga senhor Kim.
— Propomos uma reavaliação das condições psicológicas do tutor Mark Wang Tuan, devido ao seu histórico, antes de considerarmos conceder a guarda à ele e ao seu marido...
— Contesto meritíssimo. — Manoban se manifestou calmamente, para o alívio do outro ômega que sentiu seu coração palpitar com a fala do alfa. Ele sabia que aquilo seria constado, tinha receios quanto à isso e esperava que aquilo não afetasse a decisão do juiz.
— Prossiga senhor Manoban. — o juiz permitiu a fala do advogado para alívio de Mark que olhou para o amigo esperançoso mas quase desesperado. Yugyeom para ajudar, também parecia aflito, de tanto que o chutava.
— Em primeiro lugar eu gostaria de limitar qualquer referência à este assunto que possa deixar meu cliente desconfortável. Em segundo, todos os acontecimentos constados no histórico do senhor Tuan são datados, desde sua primeira crise até a última. Incluindo laudos da psiquiatra e do psicólogo que o acompanhou durante seu tratamento.
Disse entregando ao juiz os documentos que constavam tais informações para que o mesmo os analisa-se por si próprio, aguardando o beta folhear as páginas e tomar suas conclusões.
— Ainda faz acompanhamento psicológico senhor Tuan? — a pergunta direcionada fez com que o americano saísse de sua bolha.
— Sim, uma vez por mês vou nas consultas e uma vez por semana participo de um grupo de apoio para gestantes.
— Aqui consta que sua última crise suicida foi à nove anos, acredita que elas possam tender a voltar?
A pergunta não o pegou de surpresa, mas outro sentimento estranho tomou o seu âmago, não era bom mas não era de todo ruim. Era quase alheio a si, pois ele mesmo não se reconhecia mais como aquele adolescente traumatizado, cuja a depressão o tomou de tal forma a ponto de querer tirar sua vida. Ele não era mais aquele Mark.
Eram apenas lembranças de uma época sombria a qual não queria voltar. E não iria de qualquer forma.
Ele estava vivo, ele sentia-se vivo e tinha mais do que uma razão para viver.
— Meritíssimo, atualmente eu realizo acompanhamento psicológico mais por prazer do que por obrigação, não sou mais o mesmo adolescente desses exames. — ditou calmamente, ele mesmo se impressionou com o tom tranquilo que sua voz saiu. — Todos temos momentos ruins e eu não reconheço mais a pessoa que eu era durante minhas crises. Como o senhor mesmo citou, minha última foi à nove anos, eu reaprendi a viver e me sinto mais vivo do que nunca, e este garotinho é uma das minhas maiores razões de viver.
Foi sincero ao depor, sendo encarado pelo beta mais velho que sorria para si com um orgulho nítido, Mark sentia esse orgulho também. Ele tinha vencido, depois de longos anos de remédios, terapia, um marido maravilhoso, família e amigos incríveis ele venceu aquele momento sombrio e os traumas que o causaram.
— Já li o seu caso senhor Tuan, fiquei muito feliz em saber que está bem depois de tudo o que lhe aconteceu. É um ômega forte. — sorriu enquanto dizia, lendo algo em um dos documentos. — Bem, o senhor e seu marido já providenciaram escola para a criança?
— Estou vendo uma vaga para ele na escola primária onde eu trabalho, fica próxima da nossa casa e eu estaria perto dele também... — respondeu ganhando um aceno positivo do beta à sua pergunta, respondendo cada uma das questões levantadas por ele.
Algumas que ele já tinha respondido antes, referentes à tutoria, outras que se referiam a guarda e poucas referentes ao caso, que já não tinha mais o que ser averiguado - especialmente no ponto de vista de um civil -, até que o juiz se desse por satisfeito em sua análise.
— Senhor Tuan, eu agradeço seu depoimento assim como agradeço as considerações de seu advogado, além da presença e pareceres dos representantes da vara e do juizado. Visto análise do caso por completo e seu encerramento, peço para que por favor aguardem ao lado de fora pelo relatório da psicóloga e pareceres atualizados da assistente social para minha decisão sobre a guarda. Obrigado à todos.
— Eu agradeço meritíssimo, iremos aguardar pela sua decisão... — o advogado proferiu calmamente, se levantando e levando Mark a fazer o mesmo. — Com licença.
Curvou-se respeitosamente antes de acompanhar seu cliente até a saída da sala, deixando o juiz com os representantes para darem suas últimas observações e pareceres a respeito do caso e da guarda.
De volta ao abraço de seu alfa, Mark voltou a se sentir seguro, sem o sentimento constante de ser observado e analisado por outros. Junto de suas mães, que também lhe eram um porto seguro, sentia que nada de mal iria lhe acontecer, que tudo iria dar certo. Era isso o que ele esperava no momento e foi isso que lhe fez contornar a doença que quase lhe fez tirar a vida.
A segurança e o amor que sentia vindo daquelas pessoas era o que lhe dava forças todos os dias ao acordar.
Em pouco tempo, duas mulheres apareceram vindo de uma porta mais ao fundo do escritório. Uma já conhecida pelo casal, a assistente social que acompanhava o caso desde que eles decidiram ser os tutores do pequeno ômega e a outra apresentada a pouco tempo, a psicóloga do juizado que trazia consigo um documento que continha o relatório da análise de Bambam.
Depois de um cumprimento formal e a garantia dada pela assistente de que Bambam estava bem e com Youngjae ainda na outra sala, Mark sentiu-se bem mais calmo, apenas concentrando-se em tentar controlar seus batimentos e beber o copo de água trago por Irene, sentindo seu bebê mais quieto agora que ele também se sentia assim.
Foram apenas mais alguns minutos torturantes para a ansiedade do casal, até que o juiz os chamassem de volta a sala. E sob mais desejos de boa sorte das duas senhoras e de Jaebeom, Mark, Jackson e o advogado retornaram para a palavra final, encontrando os representantes um tanto agitados e o juiz sereno voltando a se sentar sobre sua poltrona atrás da grande mesa, sorrindo calmamente e pedindo para que os presentes se acomodarem.
— Obrigado por aguardarem, seguiremos aqui a partir do que sabemos e do que já foi apurado, que me levou a tomar minha decisão. A sentença de oito responsáveis pelo ponto de tráfico de drogas, tráfico humano, trabalho análogo à escravidão e prostituição forçada onde Kunpimook Bhuwakul nasceu e era mantido em cativeiro junto à única parente, dada como morta há pouco mais de dois meses, foi decretada e entra em vigor a partir da próxima semana... — ditou novamente aquilo que eles já tinham conhecimento, dando pequenas pausas para que a taquígrafa pudesse digitar, o que ela fazia rapidamente. — Com isso o casal responsável pela tutoria da criança, Jackson e Mark Wang Tuan entram com um pedido judicial para obterem a guarda do ômega. E sem nenhuma objeção da justiça, eu não vejo motivos para impedir esta ação...
As suas palavras soaram quase melodiosas para o casal e Mark sentiu o coração voltar a bater em meio a um sorriso aliviado. Seus olhos chegaram a lacrimejar ao olhar para Jackson, que eu seu lado segurava sua mão e lhe retribuía o sorriso, compartilhando do mesmo sentimento.
Aquele era o primeiro passo para que legalmente Bambam fosse filho deles, e com este passo certo eles tinham certeza de que muitos outros viriam pela frente, a favor de sua família. E mesmo que não, eles lutariam para que assim fosse.
A notícia da concessão do pedido de guarda provisória aliviou a ansiedade do ômega gestante, mas nem mesmo as orientações e demais decisões do juiz foram capazes de aliviar seus ânimos. Ele queria estar com seu filho e nada que o juiz dissesse iria aliviar seu anseio.
Sua sorte é que Jackson estava ali, segurando em sua mão e lhe garantindo que ficaria tudo bem.
Com a decisão do juiz decretada e orientações tomadas, a sessão criada para a auditoria do caso foi encerrada, com a parte que envolvia Bambam concluída e o pedido de guarda provisória aceito pela justiça. Assim eles enfim foram liberados Mark se viu livre daquela sala com a certeza de que seu filho voltaria com ele para casa e não seria tirado de si tão facilmente.
— E então? Como foi? — Elyn se apressou ao perguntar, esfregando as mãos uma na outra, como fazia sempre que estava ansiosa, esperando a resposta do filho.
— Foi tudo bem mãe, o Bamie vai com a gente pra casa... O pedido de guarda provisória foi aceito. — disse tentando controlar a voz chorosa, abraçando a ômega mais velha com alívio, Jackson da mesma forma abraçava Jaebeom e a outra sogra, agradecido pelo apoio e agradecendo Manoban por ajudá-los naquele momento.
Assim que se desprendeu do abraço que o unia a progenitora, Mark resumidamente explicou a decisão do juiz para as mães e para Jaebeom. Ainda choroso e deverás ansioso, sentindo o alívio percorrer seu corpo à cada palavra que saía de sua própria boca.
O alívio e o conforto que sentiu era tanto que parecia até que já tinham direito total sobre a guarda. Aquele era só o começo, mas não deixava de ser um motivo para comemorar.
Enquanto comemoravam e comentavam aquela vitória, o juiz que analisou o caso saiu de sua sala onde antes eles estavam, juntando-se ao grupo e parabenizando o casal, tanto pela iniciativa da adoção, tanto pela coragem de encarar aquele tribunal. Tinha certeza de que eram pais incríveis e que só queriam o melhor para Bhuwakul.
— Admiro muito o quê vocês fizeram por esse menino, se não fosse por todo esforço de vocês, ele provavelmente seria deportado e de uma forma ou de outra acabaria em um orfanato aqui ou na Tailândia.
— Nós só queremos o melhor para ele meritíssimo, ele é nosso filho. Chegou a pouco tempo em nossas vidas mas eu não sei o que seria de nós sem ele. — Jackson disse, apoiando o marido em seu abraço de forma confortável.
Seus olhos porém acabaram se direcionando à uma pequena agitação que se formava na porta ao fim do corredor, conforme a assistente social saía junto aos psicólogos e uma criança animada que buscava alguém com o olhar enquanto caminhava de mãos dadas com Youngjae.
— Sei bem como é, também tenho filhos. Não se preocupem, tenho certeza de que o processo de adoção será tranquilo, e como a tutoria já pertence à vocês creio que não irá demorar muito para a guarda dele ser definitivamente de vocês e...
— Papai Marku! Papai Jack! — um chamado alegre interrompeu a fala do juiz e atraiu os olhares dos demais, especialmente de Mark e Jackson para a criança que os chamava, soltando-se de Youngjae e correndo até os braços do ômega mais velho que agachou para tê-lo em seus braços.
O pegando no colo e o abraçando como se fosse a primeira vez. O sentimento era o mesmo, a mais pura e genuína felicidade.
— M-meu pequeno... — Mark disse entre lágrimas, atraindo a atenção de Bambam que desfazendo do abraço, parou para olhar o mais velho.
— Não chora papai, tá tudo bem. — disse simples como se soubesse perfeitamente o porquê do mais velho estar chorando. Levando a mãozinha até a bochecha por onde uma lágrima escorria e a limpando como pôde, fazendo o mesmo na outra bochecha. Jackson apenas apoiou a mão sobre o ombro do esposo, sorrindo e bagunçado o cabelo do menino.
— Estou chorando de alegria meu amor, é um choro bom. — Mark riu ao dizer, abraçando novamente o pequeno e o enchendo de beijos na bochecha que o fizeram rir.
— E eu? Não vou ganhar um abraço também? — Jackson dramatizou brincando com o filho, fazendo-o rir e se jogar para o seu colo. É claro que ele queria aquele abraço mais que tudo, mas também não queria que seu ômega carregasse peso, era um combo de benefícios do tipo "pegue um e leve dois".
— Claro que ganha! — disse animado enquanto Jackson o abraçava e o balançava em seu colo o fazendo rir, também beijando sua bochecha carinhosamente. — A gente vai comprar o carrinho do Yug papai?
— Se o seu pai estiver bem, vamos sim...
— Quem é Yug? — o juiz perguntou puxando o assunto, encantado com o garotinho que aquele casal tanto queria adotar, ele era adorável. E antes mesmo que Mark ou Jackson respondessem, surpreendendo os dois, foi Bambam quem respondeu.
— É o meu irmãozinho, tá na barriga do papai, bem ali ó! — disse se pendurando no colo do alfa para apontar para a barriga de Mark, o fazendo rir.
— Ah sim, entendo, então você vai ser o irmão mais velho? — o juiz perguntou, ainda interessado no assunto e achando graça do mais novo. Seus filhos já eram adultos e sentia saudades de crianças em casa. Agora era esperar que algum deles resolvesse lhe dar um netinho.
— Vou sim! Vou mostrar pra ele todos os meus brinquedos e a gente vai brincar muuito. Eu, o Jiny, o Yon e ele. — ele contava nos dedos, fazendo ambos os pais sorrirem, assim como o juiz.
— Tem uma família bem grande Bhuwakul, isso é bom. E quem são aquelas duas senhoras ali? — apontou para as duas mais velhas que conversavam com Youngjae e Jaebeom logo atrás deles e que Bambam ainda não havia notado.
— Vovó Elyn! Vó Neni! — chamou empolgado pelas duas que novamente se atentaram ao pequeno e sorriram para ele, enquanto Jackson o levava para perto delas para que ele as cumprimenta-se, deixando um Mark sorridente ao lado do juiz.
— Muito obrigado meritíssimo, obrigado por tudo...
— Imagine senhor Tuan, é o meu trabalho. Não existem motivos para que eu não permitisse o processo de prosseguir, o caso está fechado afinal de contas. Vocês são ótimos pais, ele tem sorte de ter vocês... — disse sincero, tocando o ombro de Mark e sorrindo antes de se afastar, despedindo-se dos demais e seguindo caminho para outra sala.
Com tudo resolvido, o casal apenas resolveu mais algumas pendências com o advogado e a assistente social, se despedindo de Jaebeom e Youngjae que foram os primeiros à irem embora. Sendo assim, com o fim da curta conversa, o advogado e a assistente se moveram para também irem embora dali, assim como Mark, Bambam e Jackson que também iam rumo à saída com as mães do primeiro, para enfim irem para casa.
Elyn e Irene já tinham partido em seu carro e enquanto Jackson afivelava (ou tentava) o filho na cadeirinha do banco de trás, quando Mark se lembrou de um objeto importante cujo o qual havia esquecido.
— Céus...
— O quê foi? — Jackson perguntou preocupado, visto a entoação do marido ao constatar que seu celular não estava consigo, lutando para conseguir colocar o cinto da cadeirinha em Bambam.
— Meu celular, acho que esqueci na sala do juiz. — informou, já removendo o cinto de segurança e abrindo a porta para buscar o aparelho.
— Quer que eu busque pra você?
— Não precisa, eu vou rápido. Pode terminar aí que eu já volto. — disse já indo em direção ao prédio, deixando Jackson com as duas pontas do cinto em mãos e uma expressão confusa no rosto.
Qual é! Ele era um policial! Lidava com os mais diversos e complexos equipamentos e mal conseguia afivelar um cinto de uma cadeirinha infantil?
— Aqui papai... — Bambam interrompeu seus pensamentos, passando o celular onde antes ele jogava um joguinho, mas que buscou uma solução mais prática assim que viu a aflição do mais velho.
— O que é isso?
— É um vídeo ué. O papai me mostrou como pesquisa. — disse simples e Jackson olhava impressionado para o mais novo e para o celular, onde vários vídeos explicativos de vários modelos de cadeiras de carro da marca eram exibidos.
— Como você pesquisou? — ele perguntou ainda perplexo. Bambam ainda estava aprendendo a escrever, e ler mesmo ele só fazia a partir do reconhecimento de palavras ou de figuras associadas.
— Eu copiei as letrinhas daqui ó. — mostrou a etiqueta costurada no tecido da parte acolchoada, causando um sorriso instantâneo no alfa.
— Meu filho, você é um gênio! — disse fazendo cócegas nele e pegando o celular para enfim entender como aquilo funcionava.
Enquanto isso, Mark ia pelo corredor até enfim encontrar a sala onde ele e o marido estiveram mais cedo, e por mais que ela provavelmente estivesse vazia, preferiu bater para averiguar. Mas parou antes mesmo de dar a primeira batida, ouvindo uma voz lá dentro e a reconhecendo como do representante do juizado que o acompanhou durante a auditoria.
— Só estou dizendo que aqueles documentos podem estar incompletos. Ele deveria ter deixado em aberto.
— Ele mesmo estudou os documentos Hyun Seo, você viu assim como eu. — a representante da vara da infância e juventude enfatizou. — E não é como se tudo estivesse certo, tem que regularizar toda a situação para que a guarda seja definitiva. Você sabe disso melhor do que eu, não sei por que está tão implicante com esse casal.
Bem, não era a intenção de Mark ouvir tal conversa atrás da porta como uma criança curiosa, mas ele não pode resistir. Estava ali diante da porta e sozinho, e pelo visto os dois alfas falavam exclusivamente sobre ele e o marido.
— Você também leu o caso do ômega, Bora. Depressão desde os treze anos, auto mutilação, tentativas de suicídio, isso além dele ser vítima de abuso sexual. Como que alguém assim vai cuidar de uma criança? Ainda mais de duas?
— Ora, tenha santa paciência Hyun Seo! Isso não é da sua conta.
— Fala como se não fosse literalmente este o nosso trabalho...
— O ômega está recuperado Kim, ele mostrou-se estável e ainda apresentou os laudos! Faz acompanhamento psicológico e passou pelos testes para que possibilitassem a tutoria e o processo de adoção.
— Ainda assim não confio que deixem uma criança com alguém com esse passado...
— Espero que esteja ciente de que ninguém está a salvo destes problemas Hyun Seo... Todos nós estamos suscetíveis à isso. — disse pegando algo e se aproximando da porta. Nesse momento Mark se afastou, se escondendo atrás da curva do corredor para que não soubessem que ele ouvia a conversa. — As pessoas acabam sucumbindo a doença Kim, não é porque querem, mas nem por isso elas estão perdidas.
Disse abrindo a porta. Mark aguardou um pouco mais atrás para que se viessem nessa direção, pelo menos ele pudesse fingir que estava indo para lá, e não que estava escondido por todo esse tempo.
— Isso não é algo pessoal Bora, estou pensando no melhor para a criança...
— Se você diz... — ela falou, dando alguns passos para o lado oposto a qual Mark estava, para o seu alívio. — Não fique perturbando sua cabeça com isso, vai te fazer mal. Comece a acreditar na mudança e na cura das pessoas, nem todas elas vão desistir de tudo. Aprenda com esse rapaz.
Disse enfim se afastando, e assim que Mark viu que já não estavam mais lá, saiu de seu "esconderijo", encontrando a porta da sala aberta. Imaginando que não havia ninguém ali ele foi direto até a poltrona onde ele se sentou antes, encontrando seu celular afundado no móvel.
— Posso ajudá-lo com alguma coisa? — a voz curiosa o assustou, e quase lhe fez derrubar o celular na poltrona novamente.
Olhando para trás rapidamente, o alfa representante do juizado estava de braços cruzados olhando para si com dúvida em seu cenho franzido, embora tentasse não transparecer.
— Ah, não obrigado. Eu vim pegar meu celular, acabei esquecendo aqui mais cedo. — mostrou o aparelho para o alfa, não demonstrando nenhum tipo de reação que indicasse raiva ou suspeita sobre ter ouvido a conversa de antes. Pelo contrário, ele se mostrava amistoso para com ele.
— Claro... — respondeu simples, caminhando em direção a mesa do juiz calmamente, pensativo enquanto observava Mark se afastar. — Pelo visto o senhor vai ter a responsabilidade dobrada, não é mesmo?
— Como assim? — Mark respondeu confuso à pergunta, parando antes de chegar na porta, entendendo apenas quando o olhar do alfa desceu a sua barriga. — Está falando dos meus filhos?
— Obviamente. — seu tom desta vez foi um tanto rude. Mark notou a diferença, e por ter ouvido a conversa sabia bem onde o alfa queria chegar.
— Nesse caso, é claro que sim, mas não é como se fosse um fardo para mim carregar, senhor... ?
— Kim, senhor Kim. Espero que suas condições sejam boas para criar essas crianças, ainda temos um longo caminho até a guarda definitiva.
Seu tom calmo e cético facilmente se daria como uma ameaça, mas o ômega não sentiu o abalo de suas palavras, nem um pouco. Ao contrário da reação que o alfa esperava Mark sorriu, simples e suave, como costumava sorrir para seus alunos da escola.
— Quando diz "condições", se refere à condição financeira, física ou mental? — sua retórica o pegou de surpresa. O tom do ômega enfatizando a última condição fez parecer que ele podia ler seus pensamentos, que sabia exatamente sua pretensão com aquela pergunta. — Tudo de mais recente que tem dizer à estas questões estão nos documentos, senhor Kim.
— Acho que você é esperto, e que entendeu muito bem o que eu quis dizer. — seu tom ainda era rude, talvez ainda mais do que antes. Ele estava irritado, e Mark parecia um cordeiro de tão calmo perante a situação.
— Eu imaginei que suas controvérsias para se por a favor da guarda fossem devido ao meu histórico, só quis ver até onde iria. — se aproximou dele, não mostrando-se intimidado.
— E então? O quê tem a dizer?
— Nada além do que o senhor já ouviu no meu depoimento. Eu estou bem, estou curado do que me afligia e que tentou me consumir por tantos anos, e como eu mesmo citei antes, ainda faço acompanhamento psicológico, individual, familiar e em grupo.
— Pra quem se diz estar "curado" você faz muitos acompanhamentos... — ironizou e o ômega novamente lhe surpreendeu, rindo e achando graça de seu comentário.
— Gosto de conversar, se não gostasse essa conversa teria acabado faz tempo... — disse tapando o riso com uma mão, descendo a mesma ao ventre quando sentiu o bebê chutar. — Excesso de passado nos mata, senhor Kim. É como estar frente à um enorme banquete e roer um osso, esperando que magicamente surja um pedaço de carne nele, você se frusta e continua com fome. Eu decidi parar de roer aquele osso e buscar coisas novas para comer.
A metáfora parecia ter feito sentido em sua cabeça, embora o efeito dela tenha sido bem mais profundo no âmago do alfa. Ele experimentou na pele o que era viver com alguém em depressão severa, mas seu pai era alguém que ele sequer podia comparar com aquele ômega. No fim Bora estava certa, aquilo era algo pessoal para ele.
Mark tinha tido ajuda e apoio, conseguiu sair do estado decadente em que se encontrava e estava disposto a viver e cuidar tanto do garoto que adotaria, tanto do bebê que estava esperando. Diferente de seu pai que nem a menos o tinha quando mais precisou.
— Foi o que você fez?
— Sim... — disse simples, dando alguns passos rumo a porta. — Se eu ficasse remoendo o que me aconteceu eu teria morrido há muito tempo, em uma das vezes que tentei tirar minha vida ou por algo no decorrer da depressão. Então eu só decidi parar de olhar para trás, olhar para quem me queria bem e que nunca me julgaram pelos meus traumas. Tive quem me ajudasse e aceitei essa ajuda.
— Acho que entendo o quê quer dizer.
— É complicado, eu sei. Acredite, eu sei. Ninguém é igual nesse mundo e as pessoas tem maneiras diferentes de lidar com os traumas, de se afeiçoar a vida e de se curar. Não é fácil mas também não é impossível. O apoio de quem nos ama é essencial nesse processo, sentir esse amor, entende?
Questionou, porém a resposta não veio, ele parecia refletir tudo o quê havia acabado de ouvir e então, Mark sorriu para ele uma última vez, antes de se afastar e sair da sala, voltando rapidamente para o carro.
— Acho que entendi... — Kim Hyun Seo concluiu, olhando para porta por onde o ômega havia saído, arrumando e pegando suas coisas para também ir embora. Mais pensativo e reflexivo do que viera.
Já de volta ao estacionamento, Mark encontrou uma cantoria alegre que era ouvida à metros de onde seu carro estava, encontrando o marido e o filho na maior animação enquanto cantavam Baby Shark ao som do celular do alfa que cantava a plenos pulmões, parando apenas quando ele entrou no carro.
— Você demorou, conseguiu achar? — perguntou e Mark esperou colocar o próprio cinto para responder, respirando fundo e sorrindo ao encarar o marido ao seu lado e o filho pelo retrovisor. Céus, ele não podia ser mais grato por sua família.
— Consegui... — disse ganhando um beijinho do marido na testa, enquanto o alfa ligava o carro. Vendo novamente os olhinhos sorridentes de Bambam quando concluiu: — Vamos pra casa.
❤️🌈❤️
Por hoje é só! Deixem uma estrelinha se gostaram (me ajuda e me incentiva a continuar)
Desculpem qualquer erro ou incoerência, eu revisei o capítulo mas nunca se sabe. Nossos próximos capítulos serão um especial de três partes muito importante para a história! Com nossos Jikook super namoradinhos e muita confusão durante uma viagem 👀
Em fim, obrigada por acompanharem Um feliz acidente, eu sinto todo o carinho de vocês e sou mais que grata por ele💕 nos vemos em breve. Um beijo e um abraço para todes! E bebam água.
💜
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