Mudança de Planos.
Boa noite (ou bom dia) bonites, tudo bom?
Peço desculpas pelo atraso da postagem, ontem não deu para terminar de revisar o capítulo (aqui tá uma bagunça que só Deus na causa)
Talvez demore mais cerca de duas semanas para mim trazer atualizações por conta disso, mas vou tentar fazer o meu melhor.
Com isso dito, eu trago esse capítulo, revisado e cheirosinho pra vocês. Boa leitura amores.
E comentem bastante gente, eu adoro ler os comentários de vocês, me incentivam um monte.
❤🌈❤
Pov's Jungkook
Eu estava desesperado. Meu apartamento estava um verdadeiro caos e tanto eu, tanto meu lobo só tínhamos uma pessoa em mente: Jimin.
A cada momento de lucidez entre o efeito do remédio, a preocupação me consumia a medida de que eu me lembrava dele e do quanto que eu necessitava dele; que meu lobo clamava por ele, por seu cheiro e por seu lobo. Me deixando à beira da loucura.
O remédio que eu usava - que era o mais comum de ser receitado para alfas - costumava dopar durante a febre do cio e dar muito sono, deixando-me extremamente agitado assim que o efeito passava, no breve momento lúcido antes de meu lobo assumir novamente o controle, me levando à tomar outra dose. Antes que os sintomas se agravassem e eu fizesse algo que não devesse.
O maior problema disso tudo é que assim que me isolei no apartamento, eu não tinha sinal algum de onde estava meu celular, o que me levou à revirar o lugar à sua procura. E após quase dois dias infundado aqui dentro, ele provavelmente estaria descarregado. Isso é, se ele estivesse aqui e não perdido em algum lugar.
Minhas preocupações iam e vinham, e hora ou outra se assemelhavam as preocupações e desespero do meu lobo, que por mais que tentasse entender a situação, clamava por meu ômega, me deixando nessa situação descontrolada a qual eu nunca tinha passado antes. E eu temia por isso.
Algo estranho estava acontecendo comigo e com meu lobo, e eu começava á desconfiar que Jimin era a causa disso.
Eu refletia minhas vontades, desejos e todas as afirmações sobre meus sentimentos por Jimin cada vez que o efeito do remédio passava, o que me deixava ainda mais necessitado dele, de seu cheiro e sua presença.
A agressividade do meu lobo nesse período era o que mais me preocupava, visto que os breves sinais que antecediam ao cio estavam mais intensos do que eram de costume, me causando temor e me levando a me isolar com urgência. Eu temia machucar Jimin ou fazer algo que não devesse enquanto estivesse com ele, por isso me precipitei de todas as maneiras possíveis para manter ele e nosso filho longe dessa situação toda.
Mas não consegui dizer muito mais que um bilhete pedindo sua compreensão.
Eu sentia aos poucos o efeito do remédio se esvair do meu corpo e dar lugar ao calor da febre do cio e à todo sentimento de urgência do meu lobo, quando me dirigi até a cozinha e busquei por meus remédios, ingerindo a dosagem necessária para anular a febre pelas próximas horas.
Eu estava voltando para a sala quando uma preocupação me fez parar próximo à janela, onde pingos de chuva começavam a cair atraindo a atenção do meu lobo, que de alguma forma se preocupava com isso. Aos poucos o remédio fazia efeito, e por mais que quisesse eu não conseguia dormir, não desde que deixei Jimin sozinho no apartamento dele. E isso era outro problema.
Geralmente meu lobo cedia ao remédio facilmente na primeira meia hora após tomá-lo e eu passava os períodos incrivelmente bem, mas dessa vez tinha algo diferente.
Jimin tinha entrado na minha vida e se tornou o principal alvo dos desejos de meu lobo e dos meus próprios. Não era algo apenas carnal, mas algo que ia muito além dos meus próprios sentimentos e do meu lobo também.
Talvez eu estivesse muito emocional quando assumi que podia estar apaixonado por ele no bar poucos dias após nos conhecermos - isso antes mesmo de sabermos da gravidez ou de estarmos nessa situação - e por mais que parecesse que eu estava precipitado, a cada dia que passava eu me sentia mais apaixonado por ele. E meu estado atual era a maior prova disso.
Eu necessitava de sua presença, sua companhia, seu corpo junto ao meu. Eu precisava do meu ômega mais que tudo nesse momento.
E por mais que meu lobo implorasse por ele, eu não iria fazer nada. Estava fazendo isso por Jimin e por nosso filho, e nem um lobo desesperado faria eu voltar atrás em minha decisão.
Meu maior problema mesmo era a falta que meu celular fazia. Eu queria falar com ele, ouvir sua voz e pedir desculpas por sumir assim, explicar meu estado catastrófico e acalmá-lo, pois de alguma forma eu sabia que ele estava preocupado.
Mas não encontrei meu celular e muito menos consegui me acalmar ou dormir sem sentir seu doce aroma, cada dia mais agradável e mesclo ao do nosso filho. Céus, eu precisava pelo menos de saber se ele estava bem!
Sentado no sofá eu tentava ao menos tirar um cochilo. Estava esgotado física e mentalmente, mas nem por isso conseguia pregar meus olhos e descansar, estava atordoado demais para isso. Preocupado demais.
Com os olhos levemente fechados eu conseguia me acalmar pelo menos um pouco, a medida que o remédio fazia efeito e a chuva aumentava. E do jeito que as coisas iam, eu acreditava que logo eu conseguiria tirar nem que fosse um cochilo, mas uma coisa me chamou a atenção e mesmo que sutil, sabia que era isso que estava me acalmando. E vinha da porta do apartamento.
Reconhecendo seu aroma cada vez mais presente em meu olfato, eu levantei em uma velocidade absurda para a minha situação, não resistindo ao meu intuito de me manter longe. Quase caindo quando parei junto a porta fechada e muito bem trancada, de onde eu sentia o cheiro de Jimin vir.
Próximo o suficiente, eu apenas fiquei ali, parado à um impasse de destrancar a porta ou continuar apenas frente a ela. Porém eu nada disse, apenas fiquei em silêncio, assim como ele que não disse uma palavra sequer.
Fiquei parado frente a porta por um bom tempo e ele sabia que eu estava ali, do mesmo jeito que eu sabia que era ele atrás da porta. Minhas pernas fraquejaram a medida que minha visão se embaçava e eu sentia o sono e o cansaço pesarem ainda mais, então pude ouví-lo fungar choroso, o que alertou e pesou em minha consciência enquanto me apoiava no cabideiro para não cair, me encostando na porta para senti-lo mais perto.
Eu sequer tinha coragem de falar com ele depois de tudo aquilo.
— Jungkook... — ele disse em um sussurro, dava para perceber o choro em sua voz, e isso fez meu peito arder. Ele estava preocupado, não que eu não soubesse, mas o fato de não conseguir fazer nada para impedir me doeu de uma forma que eu nunca havia sentido. — Jungkook... Por que não me disse nada?
— Jimin eu... — interrompi minha própria fala sentindo minha garganta arder totalmente seca e uma dor percorrer meu corpo, seguido de uma fraqueza. Sentia meu próprio lobo lutar contra o remédio, tentando se apossar do meu corpo. — E-eu não queria te deixar preocupado...
— Me deixar preocupado?! E como você acha que eu estou agora Jungkook? E-eu pensei que você tinha ido embora! Me abandonado com o nosso filho...
— E-eu sinto muito, e-eu fiquei com medo...
— Medo do quê Jungkook? Me diz do que você teve medo?! Fala comigo, não mande a porra de um bilhete e simplesmente desapareça, caralho!
— E-eu fiquei com medo de te machucar... — confesso, me apoiando contra a porta de modo mais confortável, suspirando pesado antes de continuar, sentindo uma lágrima grossa descer por meu rosto. Recebendo apenas seu silêncio como resposta. — Eu conversei com o doutor Kim, e-eu sabia que passar por tudo isso com você grávido seria complicado, e-especialmente com os pensamentos sórdidos que eu estava tendo e-
— Você quer dizer o seu desejo de me marcar? — me interrompeu, deixando-me sem palavras.
Meu rosto tomou outra cor, tomado pelo leve constrangimento de ser descoberto, e por um momento não soube o que dizer, assim como ele que respeitou meu silêncio, aguardando alguma explicação da minha parte.
— C-como? Como você... ?
— Eu liguei para o doutor Kim. Como eu disse, estava preocupado com você. Tem ideia de quantas vezes eu te liguei?
— E-eu p-perdi meu celular... — digo envergonhado, soluçando pelo choro que acumulava em minha garganta e o ouço suspirar em um risinho contido. Aquilo me aliviou de certa forma. — E-eu sinto muito... Quanto mais próximo do meu cio eu estava, m-mais eu desejava te ter e-e torná-lo apenas meu. E-eu sabia dos riscos, f-fiquei com medo do que poderia acontecer, e-entrei em desespero e-
— Shiu... Se acalme Jungkookie, você parece estar muito estressado. Está descansando bem? — perguntou, novamente coberto de preocupação e eu suspirei, sentindo meus olhos pesarem ainda mais e a dor costumeira diminuir consideravelmente, dando lugar ao sono que há mais de um dia não vinha.
— Desde ontem eu não consegui pregar os olhos. E-estava preocupado com você, procurei meu celular por todo apartamento... Me desculpe Jimin, e-eu devia ter contado tudo pra você. Você é a principal pessoa que deveria saber, s-sinto muito, sinto mesmo.
— Tá tudo bem Jungkook, eu só quero que você confie em mim. Eu confio em você.
— E-eu também confio em você Jimin, e-eu só- — mal termino de dizer, acabando por me desequilibrar e cair frente a porta, causando um certo estrondo que o assustou do lado de fora.
— Jungkook?! O quê foi isso? Você está bem? — ele indagou preocupado com o barulho, tentando girar a maçaneta trancada a força, me apressando para o responder.
— E-estou b-bem, é que os seus ferônimos...
— O-o quê tem?
— Acho que eles estão fazendo m-meu lobo ceder ao efeito do remédio. Faz mais de um mês que eu ou você não vínhamos aqui, a-a maioria das minhas roupas estão no seu apartamento e-e, sem ferônimos à reconhecer e-ele está lutando contra o remédio. Acho que por isso não consigo dormir.
— Então abra a porta. — pediu, e por um momento eu cedi sem sequer questionar o seu pedido. Buscando as chaves em meu bolso, parando antes de girar e permitir que ele entrasse, como se voltasse à minha consciência nesse exato momento.
— E-espera Jimin, v-você não pode entrar, e-eu p-posso a-acabar fazendo algo que n-não devo e...
— Jungkook se acalma! Céus, você não se medicou?
— B-bem, s-sim mas...
— Então? Qual o problema de eu entrar?
— Eu te disse! E-ele não está cedendo ao remédio...
— Mas você tomou a dose correta, e está resistindo certo?
— S-sim mas...
— E a receita do seu remédio está em dia, não está?
— Está mas...
— Então o quê está esperando? Jungkook me deixa entrar, eu só quero ajudar você.
— M-me a-ajudar? N-não J-Jimin, o-o bebê...
— Jungkook eu sei que não posso te ajudar dessa forma, mas eu sei como te ajudar a passar por isso da forma mais confortável possível. Anda logo, minhas pernas estão doendo.
— T-tá... — digo por fim, o obedecendo e destrancando a porta, sendo surpreendido antes mesmo de girar a maçaneta, quando ele abriu e entrou em dois passos, segurando meu rosto e me beijando como à tempos eu precisava, e pelo visto ele também.
— Céus... Eu senti tanto a sua falta... — ele diz separando nossas bocas, unindo sua testa a minha ainda de olhos fechados, segurando meu rosto como se temesse que eu desaparecesse. Céus eu tinha vacilado muito com ele. — Jungkook? Seus olhos...
— O-o quê t-tem eles? — pergunto temeroso, reparando o quanto ele parecia cansado. Os cabelos úmidos e o moletom respingado mostravam que ele havia pegado um pouco de chuva, seus olhos inchados de choro olhavam pra mim com um alívio que eu sentia com uma exatidão quase inacreditável.
— E-estão vermelhos...
— A-ah isso? É-é que eu não dormi, e-eles estão inchados...
— N-não, céus não. Digo as pupilas, estão vermelhas... — ele diz rindo e eu gelo, me separando de seu corpo rapidamente, me afastando e esfregando os olhos na tentativa de que eles voltassem ao normal. — Jungkook?
— N-não fica p-perto, e-eu p-posso a-acabar saindo do controle e...
— Shiu... — ele diz se aproximando cautelosamente, largando sua bolsa no chão e chegando perto o suficiente para tocar novamente em meu rosto, fazendo-me ceder ao singelo toque segurando em seus pulsos meio trêmulo. Deitando minha cabeça levemente em sua palma, sentindo o sono dar as caras. Eu poderia facilmente dormir naquele toque. — Você têm mudas de roupa aqui?
— T-tenho algumas, e-e trouxe umas trocas comigo. P-por quê?
— Mark me disse uma coisa há algum tempo e eu estava pensando nisso... Acho que pode dar certo. Fique aqui, eu vou preparar sua cama.
— T-tá... — digo sentindo suas mãos sobre meu pulso me puxando até o sofá, onde ele me sentou calmamente, pedindo para que eu me deitasse e conferindo se estava bem, indo até meu quarto assim que assenti.
Agora com seus ferônimos por todo apartamento, meus olhos cansados pesavam e eu lutava para me manter acordado mais um pouco, até que ele terminasse o que estava fazendo e me permitisse ir ao meu quarto. Eu me sentia sonolento e diferente de quando Jimin não estava aqui, o efeito do remédio estava agindo como deveria, e eu mal sentia as manifestações dos desejos do meu lobo.
Como se o Park fosse a parte que precisava para que eu pudesse passar por isso tranquilo. Sabendo que ele estava bem.
Deitado ali eu me sentia um verdadeiro idiota por não ter ao menos mencionado para ele sobre meu cio, quando meu lobo parecia saber tão bem o que precisava e o que se passava com o lobo de Jimin.
Eu devia muito mais que um pedido de desculpas. Ainda mais depois de tudo o que prometi à ele e ao nosso filho.
— Jungkook? — ele finalmente me chama após certo tempo. Tempo esse que eu nem vi passar, reaparecendo na sala e se aproximando com cuidado, me chamando.
Cautelosamente eu me levantei, notando que ele já não estava vestindo as roupas com que ele tinha vindo, e sim com uma camisa larga e uma calça que me pertenciam e o deixavam extremamente fofo, olhando para mim com certa preocupação. Enquanto na minha cabeça eu só conseguia pensar o quanto ele é lindo.
— C-cadê suas roupas? — pergunto embolado, sentindo-me meio grogue, minha vista embaçava cada vez mais e ele sorriu, rindo da minha situação e me ajudando a levantar.
— Vem comigo... — ele me puxa com cuidado, me levando até onde era meu quarto. Ele havia trocado os lençóis, as fronhas dos travesseiros e o quarto parecia menos bagunçado do que antes. Eu podia sentir seu cheiro vindo de todo o cômodo e aquilo me trazia um conforto indescritível. — Eu as coloquei entre a roupa de cama. Mark disse que faz isso quando ele ou Jackson não estão disponíveis um para o outro, sabe? Vêm, deita aqui...
— Entendi... — digo me aconchegando na cama, inalando aos poucos seu cheiro, sentindo-me em paz ali. Jimin foi até a cozinha e voltou trazendo meu remédio, deixando-o sobre a cômoda junto à uma garrafa de água congelada que estaria gelada ou fresca quando eu fosse beber, trocando a água do umidificador de ar e se sentando ao meu lado, fazendo carinho no meu cabelo. — E-eu sinto muito.
— Tá tudo bem...
— Não Jimin, não tá. Eu não posso entrar em pânico e te esconder as coisas sempre que algo assim acontecer. E-eu não queria que você tivesse passado por todo esse sufoco por minha causa, me desculpa...
Digo e ele sorri, beijando minha testa e meus olhos por pouco vacilam, cedendo ao sono. Ele mantinha o carinho em meu cabelo e aos poucos eu ia apagando, por mais que ainda quisesse me justificar.
— Você e essa sua mania de esconder as coisas para não me deixar preocupado, e me deixando mais preocupado ainda...
— Eu prometo que vou tentar parar com isso...
— Acho bom mesmo, se não vou ter que usar os métodos do Kyung em você. — disse em tom de falsa ameaça me fazendo rir, embora eu acreditasse que existia ali um certo fundo de verdade. Que eu preferia não arriscar. — Vamos conversar melhor quando isso acabar, tudo bem?
— Tá bom... Obrigado por isso, você faz muito mais do que eu mereço. — digo, erguendo o rosto e o encarando nos olhos, vendo-o sorrir antes de me beijar com gosto, dando-me o prazer de senti-lo por inteiro, de corpo, lobo e alma. Eu era totalmente dele e ele totalmente meu.
Entregues um ao outro como almas gêmeas ligadas por vidas.
— Isso é o mínimo do que eu faria por você, Jungkook... Eu amo você.
— V-você m-me ama?! — pergunto surpreso, demorando um pouco para raciocinar sua fala, sentindo uma enorme felicidade preencher meu peito e meu lobo apenas assentir tal sentimento a medida que seu sorriso aumentava. Céus eu iria explodir.
— Você é meu alfa, é claro que eu te amo. Eu só descobri isso um pouco cedo demais...
— C-céus... Me promete que vai dizer isso de novo quando eu acordar? — pergunto quase incrédulo, ouvindo sua risada que era como uma melodia celeste, me fazendo duvidar se aquilo era um sonho ou apenas um frasco doce da realidade.
Seu sorriso e seu segundo beijo sob meus lábios indicavam a segunda opção.
— Prometo, vou te dizer isso quantas vezes você precisar ouvir. Agora tenta descansar, uh? Você está exausto. Prometo que vou ficar aqui até você dormir.
— Certo, certo... — digo me arrumando na cama, inalando mais uma vez seu doce aroma, sorrindo para ele. Sentindo aquela nova e estranha felicidade invadir meu peito. — Jimin?
— O quê foi?
— Eu também te amo.
Respondi, sentindo o sono por fim me vencer, adormecendo logo em seguida. Tendo por última visão seu sorriso. Imagem que guardei até acordar novamente, quase vinte horas depois, por conta do meu estado.
Jimin já não estava mais lá, mas tinha deixado algumas coisas para mim comer e para minha própria higiene - eu estava praticamente morando com ele, então meu apartamento estava quase abandonado. Eu não voltei à encontrá-lo acordado, mas sabia que ele passava por lá, sempre deixando algo para mim comer e roupas limpas.
Meu ciclo não costumava durar mais que uma semana, mas eu não sabia bem qual dia era quando eu despertei naquela manhã.
Eu já não sentia qualquer sinal da febre, e por isso continuei deitado ao invés de tomar mais um comprimido do remédio, concluindo que meu período realmente tinha acabado após algum tempo. De qualquer forma, eu estava me sentindo cansado demais para levantar, e o efeito do remédio não tinha passado totalmente, eu não via porque levantar.
Levou mais algum tempo para que eu tomasse coragem e abrisse meus olhos, um cheiro doce e característico me atraía a olhar para a entrada do cômodo, onde encontrei Jimin encostado no batente da porta me observando com um sorriso no rosto e as mãos apoiadas na barriga.
Não podia estar mais lindo.
— Está aí faz muito tempo? — pergunto ainda sonolento, meio rouco pelo sono. Me espreguiçando e me levantando devagar, para olhá-lo melhor.
— Cheguei tem uma hora. Estava vendo umas coisas, mas vi você acordando e decidi ficar por aqui. Você fica muito fofo quando tá dormindo, baba um monte.
— Eu não babo...
— Sei... — ele responde rindo, se aproximando e sentando ao meu lado na cama, pondo as mãos no meu rosto. — Pelo visto a febre passou. Como se sente?
— Meio quebrado, mas estou bem. E você como está?
— Estou bem, o bebê também está ótimo, fomos ao médico ontem.
— Ontem? — pergunto meio confuso quanto aos dias, tocando a barriga dele. Ela parecia bem maior do que eu me lembrava. Jimin pareceu compreender minha confusão e logo se apressou em responder.
— Hoje é terça, eu marquei uma consulta ontem para ver se o bebê estava bem depois de tudo o que aconteceu. Seu irmão e o Tae me levaram, ele me acompanhou na consulta. — respondeu e novamente eu ponderei sobre toda aquela situação assentindo.
— Entendi... Me desculpe por isso também.
— Você já se desculpou umas vinte vezes quando eu vim aqui antes, tá tudo bem. Eu meio que entendo sua situação, você estava tentando proteger o bebê.
— O bebê e você também. Eu nunca me perdoaria se acontecesse algo com você... — digo apertando sua mão de leve, sorrindo para ele antes de tocar seu rosto, observando cada detalhe dele. Eu estava muito apaixonado por ele, eu amava Park Jimin.
— Eu sei... — ele respondeu, repetindo o gesto em meu rosto, chegando mais perto. Seus olhos brilhavam assim como no dia que ele me disse que me amava pela primeira vez. Queria beijá-lo, mas precisava de um banho antes de qualquer coisa. — Senti tanto a sua falta.
— Eu também... — digo, o surpreendendo com um abraço que logo foi retribuído. Ficamos por um tempinho presos naquele toque tão precioso para nós até eu soltá-lo, lhe dando um selinho. — Preciso de um banho e da minha escova de dentes, para poder te beijar direito.
Digo me levantando, sendo seguido pelo Park que ria logo atrás de mim, e logo entendi o porquê. Abrindo o pequeno armário do cômodo não tinha mais nada lá, assim como dentro da cômoda, e eu imaginava que Jimin tivesse algo a ver com isso.
— Suas roupas estão em uma caixa lá na sala. Todas as caixas estão nomeadas então é só procurar a que tá escrito "roupas"...
— E por que minhas coisas estão em caixas?
— Porque você está de mudança. — ele diz como se fosse óbvio, rindo da minha confusão, se virando e indo para a sala me fazendo segui-lo até lá, onde realmente várias caixas etiquetadas com o que tinham dentro estavam pelo cômodo, em cima do sofá e no chão. — Bem, você vive lá em casa de qualquer forma, pensei que poderíamos adiar nosso acordo.
— Mas ainda falta um mês para o acordo acabar. — argumento sorrindo, indo até ele e o abraçando por trás. Me aconchegando e cheirando seu pescoço, o que fez ele rir, sentindo cócegas por conta da barba mal feita, colocando os braços sobre os meus que estavam ao redor dele, nossas mãos sobre a barriga de um pouco mais de três meses.
— Um mês não, faltam três semanas para o prazo que nós estabelecemos acabar. Falta tão pouco que pensei que poderíamos antecipar as coisas. Afinal já sabemos o que queremos e depois do que aconteceu...
— Eu sei, te prometo que nunca mais tomo uma decisão assim sem te avisar...
— Não estou falando disso. — ele diz rindo e novamente eu estranho, virando de frente para mim e me encarando nos olhos, meio sem jeito. — Pode parecer estranho o que eu vou dizer e, tudo isso pode ser só uma grande maluquice, mas eu senti o seu lobo quando me desesperei à sua procura, o meu lobo sentiu. Eu nunca fui marcado, mas sei na teoria como uma marca funciona. E é bizarro mas, eu acho que os nossos lobos são...
— Então você acha que nossos lobos podem ser marcados um pelo outro, mesmo que eu e você não?
— É maluquice, eu sei. Mas foi a única coisa que pode explicar o porquê ele estava se mantendo tão calmo quando você sumiu e todo o comportamento dele depois. É como se ele soubesse suas razões e suas necessidades... É loucura né?
— Não! Nem um pouco, a-até porque eu, e-eu senti o mesmo. Naquele dia quando começou a chover me subiu uma preocupação q-que eu sabia que vinha dele, e-e logo depois você chegou. Sabia que você estava preocupado, podia sentir que você estava.
— Céus... Então minha teoria pode estar certa? — ele se pergunta em um riso de dúvida que eu retribui, o erguendo para pegá-lo no colo, ganhando mais risadas dele. — Eu nem sei como isso é possível.
— Eu também não, mas acho que realmente pode ser verdade... Sabe o que isso significa? — perguntei lhe dando um sorriso, sentindo suas mãos se apoiarem ao redor do meu pescoço, juntando nossas testas. A imagem de seu sorriso se prendendo em minha mente.
— O quê?
— Significa que somos ligados por algo muito maior que nós. Universo, Akai Ito, destino, vidas passadas, não importa! A única coisa que eu quero é poder ver você todo dia quando acordar, ver nosso filho crescer e criar ele com você. Eu amo você.
— Porra... O quão sortudo eu sou pra conseguir ter alguém assim como você hein? Eu sinto que toda a infelicidade passou no momento que o universo trouxe você pra mim... Eu te amo Jeon Jungkook.
— Acho que nunca vou me acostumar com você dizendo isso...
— Pode ir se acostumando, eu ainda vou dizer muitas vezes... — ele diz me dando outros selinhos, descendo do meu colo. — Mas agora vai tomar banho, você tá fedendo.
— Assim você me ofende...
— Não é ofensivo se for verdade. Agora anda, vai tomar banho que eu vou terminar de fechar as caixas. Vai logo que eu tenho muita coisa pra te contar de quando você estava dormindo. — ele disse dando sua condição, me trazendo a caixa com as roupas que tinha para que eu pegasse peças limpas, deixando-o ali e indo para o banho.
Quando sai, ele estava terminando de empilhar as oito caixas no corredor do apartamento, voltando para dentro e perguntando se devíamos levar mais alguma coisa. Eu então conferi cada cômodo, relembrando tudo o que passei naqueles três anos e meio que morei ali. Lembranças felizes e boas e outras tristes e ruins que também faziam parte.
Mas sobre toda e qualquer lembrança, Jimin com certeza estava sobre todas elas, tornando-se a melhor de todas. Minha lembrança que eu levava para o presente, e que levaria para o meu futuro.
Reencontrando ele na sala eu logo conclui que não tinha mais nada para levar, e então passei a levar as caixas para o carro. Eu pedi para que Jimin não me ajudasse com isso, afinal ele já tinha guardado e arrumado tudo, e além de não ser nada justo com ele, eu não queria que ele fizesse tanto esforço. Especialmente com quatro lances de escadas para descer.
Eu descia as caixas e já as arrumava no porta-malas e no banco de trás, até pegar a última, enquanto Jimin trancava o apartamento. Enquanto desciamos os lances de escadas pela última vez, eu expliquei com mais calma o que me levou a me isolar desesperadamente.
No domingo passado eu tinha acordado no meio da noite suando, sentindo uma uma dor de cabeça e uma leve tontura. Eu pensei em um primeiro momento que aquilo fosse apenas um mal estar, mas assim que olhei para o Park adormecido ao meu lado, eu me senti febril, a medida que se desenhava em meus pensamentos uma súbita vontade de marcá-lo e torná-lo meu.
Entendendo do que se tratava, eu levantei e fui até a varanda tomar um pouco de ar, e foi quando que me veio o pânico sobre todas as possibilidades que poderiam acontecer, caso eu entrasse no cio perto de Jimin.
Visto isso tudo, eu apenas me acalmei quando aquele mal estar passou e eu conclui que ainda tinha alguns dias, voltando para a cama e indo dormir. Na segunda-feira eu acordei levemente aturdido, o que me bloqueou para falar ou comentar qualquer coisa que não se limitasse ao essencial, e acabou que eu passei o dia assim, evitando tudo e todos.
Inclusive Jimin, infelizmente.
Na terça-feira eu acordei da mesma forma, embora mais nervoso e sentindo os sintomas ainda mais presentes. Foi quando eu conversei com Jongin e decidi que iria conversar com Jimin, mas assim que cheguei de tarde e o vi dormindo, decidi adiar aquela conversa mais um pouco, o que foi um erro.
Um erro pois eu senti os sintomas da primeira febre ainda naquela madrugada, me levando ao desespero e me afastando de Jimin o mais rápido que pude. Tomando cuidado para não acordá-lo, peguei algumas roupas e as coloquei em uma mochila junto com os remédios, escrevendo o maldito bilhete e dando-lhe um selinho na testa, antes de sair dali e ir atrás de Hoseok, para dar-lhe um breve aviso sobre onde eu estava, caso alguma coisa acontecesse.
Jimin me ouvia atentamente e dizia compreender toda a situação muito bem. O que era um alívio, embora eu ainda sentisse o peso da culpa, por toda a preocupação desnecessária que passei para ele.
Eu guardava a última caixa enquanto ele me contava sobre as novidades de quando eu fiquei medicado, não eram muitas mas ele disse que havia uma bem surpreendente. Eu perguntei o que era mas ele fez suspense, dizendo que era uma notícia muito grande para me contar assim, em um estacionamento.
Então, conferindo tudo e entrando no carro, nos dirigimos até a cafeteria, para que pudéssemos comer algo e ele me contasse a tal novidade.
Entramos cumprimentando o pessoal e indo para uma mesa mais ao fundo, pedindo algo para comer e aguardando até sermos atendidos, conversando mais algumas coisas sobre o que tinha ocorrido e outras coisinhas também, até nos entregarem nossos pedidos.
— Então... Como eu te conto isso?
— Começa do começo, sempre funciona. Ou não, mas não custa tentar. — digo, terminando de mastigar um pedaço do meu sanduíche, bebendo um gole de suco enquanto ele parecia encontrar as palavras certas para me contar a tal novidade.
— Bem, você vai ser tio... — ele diz simples e eu engasgo com o líquido, cuspindo um pouco para fora enquanto tossia na tentativa de desengasgar.
Jimin levantou as pressas, rindo e batendo nas minhas costas tentando ajudar, o que funcionou, e não atraiu mais atenção desnecessária.
— Porra... Quem tá grávido?! — pergunto totalmente surpreso, olhando para Jimin com curiosidade, ouvindo ele rir se sentando novamente.
— Taehyung é claro, a não ser que você tenha outros irmãos e eu não saiba. Eles descobriram faz pouco tempo, estão de um mês.
— C-céus, e-e como eles estão com tudo isso?
— Melhor do que eu esperava. O Tae teve um surto quando descobriu pelo que eu soube, mas agora tá todo animado com a ideia. Seu irmão desmaiou quando descobriu, mas quando conversamos eu não pude notar outra coisa que não fosse felicidade. Já o Yoongi tá anestesiado com a notícia, tá bem mais de boa nas aulas, tá todo mundo comentando dessa mudança dele. Todo feliz porque vai ser pai.
— Caralho... Uma hora eu tô indo dormir e na outra eu acordo sabendo que vou ser tio... Uau. Temos que comemorar isso depois. — digo rindo com ele, ambos mordendo outro pedaço do sanduíche, até ele parar mudando de expressão, deixando seu lanche no prato e olhando para a própria barriga, a tocando. — Jimin? Tá tudo bem?
— Ah, tá sim. Tudo bem, eu só senti uma coceira interna, sabe? — ele diz simples, ainda com a mão na barriga, mordendo outro pedaço.
— Coceira interna?
— É, uma coceira interna. Eu não sei como explicar mas é como sentir cócegas por dentro. Acontece as vezes, o doutor disse que é normal.
— Entendi, que susto pensei que tivesse algo errado...
— Ah não, o máximo que poderia ser é o bebê chutar, mas ele ainda é muito pequenino para reclamar de espaço. O doutor Kim disse que eu só vou conseguir sentir ele chutando daqui à um pouco mais de um mês...
— Entendi... Mal posso esperar por isso. — digo sorrindo e ele arqueou as sobrancelhas com ironia.
— Mal pode esperar para ver o nosso filho me chutando? Que horror Jeon Jungkook, sinceramente...
Ele diz com uma falsa irritação que me fez rir, sujando meu dedo de molho e passando no nariz dele, que me olhou indignado assim que o fiz, rindo em seguida.
— Eu mal posso esperar para sentirmos nosso filho, mas acho que você entendeu de primeira...
— É mas, é bem melhor quando você diz. — ele ri, limpando a ponta do nariz enquanto me olhava com um sorriso. — Eu te amo.
Ele disse baixinho, quase em um sussurro e meio corado, bebendo um pouco de seu suco e eu sorri para ele. Aquela sensação boa no peito me invadindo mais uma vez, aumentando o sorriso em meu rosto. Eu poderia explodir de felicidade. Park Jimin era literalmente a melhor coisa que já aconteceu na minha vida, e eu já não tinha dúvidas quanto à isso quando quase em um sussurro o respondi.
— Eu também te amo, Jimin.
❤🌈❤
Foi aqui que pediram uma dose extra de boiolisse? Eis aqui seu pedido entregue. Quem amou?
Já peço desculpas por qualquer erro ortográfico ou gramatical que vocês vierem à encontrar (eles passam batido)
Espero que tenham gostado do capítulo, prometo voltar logo. Deixem uma estrelinha pra mim ficar feliz, também me incentiva muito, saber se vocês estão gostando do rumo que essa fic tá levando.
É isso meus amores, boiolem por Jikook, bebam água e se cuidem. Voltarei em breve.
💜
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