Lembranças de um Passado.
⚠️Aviso importante: algumas cenas desse capítulo fazem alusão a um relacionamento tóxico e tentativa de abuso durante o flashback. Caso não se sinta confortável, por favor pule as cenas.
Oi pessoas! Voltei mais cedo do que esperava para a alegria de vocês.
Acredito que poucos devem lembrar que na nossa primeira versão, o capítulo anterior contava com algumas memórias do Jimin de três anos antes dos acontecimentos da história. E como o capítulo estava muito longo, decidi por essa memória em outro capítulo.
Acontece que enquanto eu desenvolvia essa cena, ela deu abertura para um capítulo dedicado apenas a ela, já que se trata de um ocorrido importante para a história.
Então ela ganhou um capítulo só para ela que não existia na primeira versão.
Eu espero que gostem, beijos e boa leitura.💕
❤🌈❤
Três anos e cinco meses antes.
Pov's Jimin
— Eu não estou acreditando nisso... — disse, já cansado daquela merda toda, diferente do alfa à minha frente que se mantinha totalmente calmo, indiferente à minha acusação.
— Eu não sei porque você tá tão bravo com isso Jimin! É sério, eu te falei que foi só um beijo! — o estudante de direito argumentava simples, como se aquilo realmente não fosse nada de mais, e o fato dele admitir suas traições melhorasse alguma coisa no nosso relacionamento.
— Um beijo? Um beijo Sehun?! É sério essa porra?! — digo totalmente enraivecido, jogando meu celular nele que por pouco o acertou. Onde uma foto dele claramente fodendo com uma garota na piscina de uma festa aparecia no visor, agora trincado pela queda, atraindo sua atenção.
— Tá, eu transei com ela. Mas eu estava bêbado e eu te pedi desculpas! Não precisa ficar assim, está sendo exagerado...
— Eu estou sendo exagerado?! Que porra Sehun! Não é nem a primeira vez que você me trai! É você quem insiste para continuarmos na merda desse relacionamento e você é quem menos está se fodendo por isso! Age com a maior indiferença que eu já vi!
— Calma bebê, também não é assim né? Você está sendo histérico. — ele diz sorrindo totalmente cafajeste, se apossando de minha cintura enquanto tentava me ludibriar, me fazer ceder novamente à suas desculpas esfarrapadas. Mas dessa vez não, eu tinha chegado ao limite.
— Eu não estou sendo histérico, você quem estaria perdendo a cabeça se eu quem tivesse te dado o chifre. — digo me livrando de seu toque com rispidez, não cedendo minha feição por um segundo sequer, finalmente conseguido com que ele levasse aquilo com um pouco da seriedade que precisava.
— Só não entendo porque você está agindo como se a culpa fosse minha! Você que não quis ir a festa ontem...
— Para de colocar a droga da culpa em mim! Você não é meu namorado só quando te convém. Eu estava estudando e você sabe muito bem disso!
— E pra que mais caralhos você estava estudando?! Hein?! Já não basta ter passado em todos aqueles malditos vestibulares?! Me humilhado com a porra das suas notas...
— Eu estou estudando pra poder finalmente fazer meu curso sem me preocupar com dinheiro! Você melhor que ninguém deveria saber que eu não ganho rios de dinheiro, meu salário todo vai para as prestações do apartamento e despesas. Eu nunca te humilhei de forma alguma, idiota!
— Mais eu já falei que não precisa ser assim! Você podia ir morar comigo, não ia precisar nem trabalhar mais! Eu iria te sustentar, você não ia precisar se matar estudando e...
— E ser seu ômega troféu? Que você assume quando quer e sorri e acena quando você manda?! Que é a porra de um enfeite que você trai quando bem entende?! Como você tem coragem de propor uma merda dessas depois de tudo isso?!
— Para com essa droga, porra! Você tá distorcendo tudo o que eu digo!
— Não Sehun, eu não estou. Tô dizendo exatamente o que você quis dizer. Mas fique sabendo que isso não vai acontecer nem hoje, nem amanhã, e nem na porra dos seus sonhos!
— O quê você está querendo dizer?!
— Eu tô terminando com você. Acabou.
Digo simples, pegando minha bolsa e passando por ele e seu olhar confuso, pegando meu celular do chão, sentindo a raiva me consumir cada vez mais. Prestes a abrir a porta do apartamento dele e ir embora, quando o mesmo agarra meu pulso com força, me virando de frente para si e me prensando na porta com raiva, socando a madeira um pouco acima do meu rosto, me deixando ainda mais puto com aquela situação.
— Você... A gente não pode terminar assim caralho!
— Não só podemos como já terminamos! E não é a sua raiva e um soquinho na porta que vai me fazer voltar pra você com o rabinho entre as pernas...
— Ah sim, vamos ver se você não vai voltar. — ele diz em tom de ameaça e eu o empurro com força para trás, pondo meu pé atrás dos seus o fazendo cair, abrindo a porta enquanto o olhava com desprezo.
— Isso é o que vamos ver. — digo firme o encarando nos olhos, antes de tirar o par de brincos - que era a única coisa que ele havia me dado naquele um ano e dois meses de namoro - jogando-os nele com desprezo. — Devia estar feliz Sehun, agora você está livre pra comer quem você quiser, não precisa mais de mim nesse papel de otário que eu chamava de namoro. Não ouse me ameaçar outra vez.
Foi a última coisa que eu disse, antes de bater com força a porta do apartamento chique do alfa e sair dali, revirando-me de raiva a cada palavra que eu me lembrava sair da boca dele. Como pude ser tão idiota!
Aguentar toda essa merda por mais de um ano por ele, para que ele fizesse isso comigo. Me traindo tantas vezes, me tratando pior do que lixo! E ainda propondo aquela porra de vaga como namorado troféu e submisso dele! A raiva, a magoa e o ódio consumiam a minha mente conforme as lágrimas também vinham e eu acordava da ilusão daquele namoro doentio.
Eu o tinha conhecido em uma festa, era só uma ficada que desenrolou em uma noite e que meses depois acabou virando um namoro. Um namoro por insistência e investidas dele.
E Oh Sehun era tão amável quando nos conhecemos que por um tempo eu realmente pensei estar apaixonado por ele, era literalmente o protótipo de namorado perfeito. Mas ver essa paixão aos poucos se tornar ódio me fez perceber que aquilo tudo não passou de um mero truque, uma ilusão que me prendeu direitinho por mais de um ano.
Não havia paixão, não havia amor. Só um sentimento de posse doentio.
Tínhamos completado cinco meses e eu descobri das primeiras traições, ele jurou-se arrependido e eu o perdoei por isso. Pouco antes do nosso aniversário de um ano, outra traição e dessa vez, ele me deu os brincos como pedido de desculpas. Eu fiquei sabendo de alguns rumores há um mês, e ontem teve isso. Mas eu não aguentava mais toda essa situação.
O que mais me irritava era que ele se mostrou ser o exato tipo de alfa que minha mãe queria que eu me envolvesse. Um otário rico e mimado, com um futuro comprado e infelizmente promissor, a quem eu me submeteria e aceitaria todas suas objeções, como um ômega submisso e decente deveria fazer. Do jeito que ela desenhou o futuro para mim.
Do jeito que ela mesma não viveu.
E só de pensar nisso me fazia querer matar alguém.
Chegando no meu apartamento, eu me larguei aos plantos sobre a cama, sentindo-me o maior idiota da face da terra. A minha vontade era de cavar um buraco, me enfiar lá e nunca mais sair.
Pegando alguns mantimentos, eu passei a tarde ali dentro do quarto, enrolado no edredom, vendo filmes no celular - eu não tinha televisão mesmo - comendo sorvete, atualizando a página dos aprovados do último vestibular à cada cinco minutos e odiando qualquer coisa que pudesse estar relacionada à Oh Sehun. Até começar a escurecer.
Minhas olheiras pareciam cobrir metade do meu rosto, meu cabelo recém pintado de vermelho estava mais enroscado do que um ninho e eu parecia ter sido atropelado por um caminhão. Eu sentia pena de mim mesmo e raiva do escroto do Sehun, até ouvir alguém bater à porta, e temendo que fosse ele cautelosamente eu fui até lá, levando meu celular e pegando uma panela na cozinha.
Já que essa foi a primeira coisa que encontrei para me defender, e não uma faca infelizmente.
Eu avançava até a porta devagar, tentando fazer o mínimo de barulho possível, estranhando que ele não tinha tentado nenhuma atitude estúpida, ou grotesca o que era mais provável. Eu estava perto da porta quando meu celular vibrou na minha mão, e no visor trincado o rosto e nome de Taehyung aparecia em chamada, me fazendo atendê-lo.
— Alô?
— Tá em casa? — ele pergunta, ouço a voz duplicada do lado de fora, entendendo minha própria precipitação quanto à quem estava do outro lado.
— Eu tô... — digo em desânimo, largando a panela sobre a mesa de qualquer jeito, indo até a porta.
— Ótimo vem me atender, já tô aqui faz uns cinco minutos e... — ele para de falar assim que abro a porta, me olhando de cima a baixo com espanto. — Puta merda Jimin! Parece que você foi atropelado por uma manada de gnus!
— Oi pra você também... — digo, concedendo-lhe passagem e indo para o sofá, me jogando sobre o mesmo de qualquer jeito.
— Eu te falei desde o começo que o Sehun não era boa coisa, agora você fica aí, sofrendo por um lixo que nem ele, perdoando cada maldita traição e...
— Nós terminamos. Eu terminei com ele. — digo simples e novamente ele arregala os olhos, um sorriso surgindo em seus lábios com a minha fala.
— Você podia ter me dito antes, daí eu tinha trago uma champanhe pra gente brindar esse grande feito! Por que não respondeu minhas mensagens?
— Eu preferi não responder ninguém, só ficar no meu canto mesmo. Obrigado por mandar aquela foto, de verdade, eu precisava ver aquilo para abrir os olhos. — digo suspirando pesado.
Não estava triste por ter terminado com Sehun, não existia qualquer sentimento ali que não fosse o carnal, estava triste por ter segurado aquilo por tanto tempo por causa dele, enquanto o alfa nem ao menos se importava com isso.
— Oh Jimin... — o agora loiro diz, se aproximando e me abraçando de um jeito desengonçado e me beijando na bochecha, se comovendo pela minha situação. — Aquele imbecil não merece uma gota do seu sofrimento, você fez a melhor coisa da sua vida terminando com ele.
— Eu sei. Não estou triste pelo término, Sehun vinha se mostrando ser um idiota há muito tempo. Estou magoado comigo mesmo, por ser tão estúpido de continuar com isso por mais de um ano.
— Não se sinta... Ele não merece nem um terço do ômega que você é, não sabe valorizar nem o ar que ele desperdiça, quem dirá você!
— Obrigado Tae, eu precisava ouvir isso... — digo rindo com sua fala, me sentando ao seu lado enquanto ele acariciava minha mão.
— Você acabou de fazer vinte e um anos, um dia vai encontrar alguém que vai saber dar valor pelo que você é por inteiro, que vai te amar em todos os sentidos e vai ser a pessoa mais sortuda do mundo. Se eu que sou o seu melhor amigo me sinto assim, essa pessoa vai ter um olhar do paraíso toda vez que acordar do seu lado.
— Caralho Taehyung, não sabia que você sabia dizer essas coisas tão bonitas... — digo rindo sem graça e ele sorri dando de ombros.
— Fui comprar uma bolsa ontem e acabei preso em uma palestra sobre psicologia e relacionamentos. Muito inspirador, mas os bolinhos foram a melhor parte, sem sombra de dúvidas.
— Você é impossível. Mais de qualquer forma, não vou nem pensar em relacionamentos por agora, eu quero entrar na faculdade sem ter que trancar de novo por causa da mensalidade. Fazer meu curso e melhorar minha situação, depois eu penso nisso.
— E com quem vai passar seus períodos de cio? — ele me pergunta e eu ponderei sobre. Afinal eu não iria simplesmente passar cada período com alguém diferente, minha outra opção era mais viável.
— Eu vou tomar os medicamentos, não é tão ruim e é bem melhor do que ficar preso em casa morrendo, ou passar cada cio com alguém diferente. — digo simples e ele dá de ombros. Para ele a última opção era com certeza a mais viável, hora ou outra ele a fazia.
— Se você diz... Quer saber? Eu sei um jeito perfeito de você esquecer toda essa droga e parar de se autodeprimir.
— E o que seria?
— Vamos sair. Vamos para uma boate, você coloca aquela roupa magnífica que eu te dei, enchemos a cara e anunciamos ao mundo a nova fase de Park Jimin: solteiro, lindo, gostoso e livre do boy tóxico.
Ele diz como se explicasse o maior projeto de sua vida e eu pondero, pensando sobre. Uma saída não faria mal, muito pelo contrário. Eu passei a noite estudando para acordar de manhã e descobrir outra traição, terminar meu namoro e me deprimir durante uma tarde inteira de sábado. Se tinha algo que eu merecia era uma boa noite.
— Até que não é uma má ideia... — digo e um sorriso automaticamente surge no rosto do loiro que me arrasta até o banheiro para que eu tomasse banho, enquanto ele chamava um carro para ele pegar algumas coisas em seu apartamento.
Quase uma hora e meia depois eu estava impecável. Os cabelos vermelhos limpos, secos e arrumados contrastavam com a maquiagem mais pesada para a noite e o par de brincos de argola ocupavam minhas orelhas e davam um ar elegante. A calça de couro preta também contrastava com a camisa de tecido transparente da mesma cor. Taehyung chegou logo depois, também arrumado trazendo consigo uma caixa em uma sacola de loja.
Ele vestia uma camisa branca e transparente como a minha, um blazer preto assim como as calças e em seu pescoço uma gargantilha de strass disputava atenção com a joia de corpo que ele usava sobre o blazer e que destacava seu corpo. A maquiagem e o cabelo também estavam devidamente arrumados e condiziam com todo o resto.
— Caralho... Acho que até eu pegaria você. — ele diz me olhando de cima a baixo assim que me viu, me fazendo rir. — Nem parece o mendigo que eu encontrei aqui mais cedo.
— Vai se foder... — digo revirando os olhos, também reparando nele, olhando-o do mesmo jeito enquanto ele pegava o que estava na caixa. — Se bem que eu também pegaria você assim...
— Cuidado gatinho, alguns desejos se realizam. — ele diz zombeteiro, dando uma piscadela que me fez rir. Me lembrando de algo que com certeza eu não deveria lembrar.
— Será que já não se realizou? — menciono no mesmo tom e ele ri corando de vergonha, tirando um par de botas sociais com um certo salto.
— Por favor Jimin, nós dois prometemos levar isso pro túmulo. — ele diz me abraçando pela cintura, me olhando com aquela cumplicidade que tínhamos como os melhores amigos que nós éramos.
— Claro que sim... — digo sorrindo para ele, oferecendo o dedo mindinho para que ele apertasse, como sempre fazíamos. — Amigos?
— Amigos. — ele confirma apertando os dedos e sorrindo. Era ótimo ter ele por perto. — Agora coloca essas botas. Com essa sua altura não vão nem te deixar entrar.
Quero dizer, quase sempre era ótimo.
— É sério, vai se foder.
— É o que eu pretendo, mas vamos, eu já vou chamar o carro. — disse realmente cumprindo o que pretendia enquanto eu calçava as botas. Eram realmente lindas. — Se quiser pode ficar pra você, eu não gostei muito em mim mas ficaram ótimas em você. Vamos?
— Vamos, só vou pegar a carteira e as chaves. — digo indo de encontro aos objetos, saindo junto com ele e descendo as escadas para esperar o motorista de aplicativo. A essa hora já não era mais tarde e sim uma noite escura em um céu tão iluminado quanto a cidade.
E por fim, lá estavamos nós. Parados frente ao prédio esperando o motorista que se atrasou um pouquinho, mas tempo o suficiente para uma senhora passar por nós e nos comparar com prostitutos, ganhando um resmungo e uma careta de Taehyung que pouco se importou com o olhar indignado da alfa, abrindo a porta do carro que havia acabado de chegar.
Demorou cerca de trinta minutos para chegarmos na boate que Taehyung tinha decidido nos levar. Ficava em um bairro urbano movimento e um pouco afastado do centro, mas extremamente bem localizado e eu lembrava de ter ido lá uma vez fazia um bom tempo.
A boate tinha as paredes formadas por placas espelhadas em uma cor escura que variava conforme o led do letreiro trocava as cores no ritmo da música que tocava. As palmeiras frente ao edifício davam um ar californiano ao lugar, inclusive várias pessoas na fila eram estrangeiros, a maioria deles ocidental.
Alfas, betas e ômegas aguardavam para entrar em uma fila ao lado de fora, mas o Kim ignorou esse detalhe totalmente, indo até a segurança e mostrando um cartão dourado para a alfa junto de sua identidade, dando uma piscadela e passando por ela e pelo beta que guardavam a entrada, avisando que eu estava com ele.
Por dentro o lugar era tão chamativo e luxuoso quanto por fora, com luzes púrpura iluminando o ambiente se sobrepondo aos leds do DJ, pistas de dança, camarotes e um enorme open bar de frente à um palco de pole dance, que não era o único dali.
Me separando de Taehyung eu fui direto ao open bar, que sem dúvidas era o melhor lugar de qualquer boate, enquanto ele ia cumprimentar alguns conhecidos nos camarotes e caçar alguma companhia para a sua noite.
Sentado ali logo eu pedi meu primeiro drink, recebendo alguns elogios do barman que o preparava, e que por mais atencioso e bonito que fosse, não prendeu minha atenção tanto quanto a cena que acontecia logo a frente, onde um ômega bem vestido dançava no pole dance com uma mestria profissional.
Eu assistia sua performance totalmente fascinado, buscando me sentar em uma cadeira mais próxima ao palco enquanto terminava meu terceiro drink após uma dose de whisky, chamando sua atenção e vendo que o mesmo sorria para mim, me chamando discretamente para me juntar à ele. E eu estava quase ponderando fazer isso mesmo, devia ser a bebida.
A essa hora já não via mais sinal de Taehyung, estava mais focado na apresentação que acontecia, assim como os demais presentes no open bar, quando senti uma mão agarrar meu pulso, me obrigando a me levantar, me arrastado pela pista.
E por estar meio alcoolizado pela bebida, não consegui me desvincular do aperto por mais que tentasse, então me limitei protestar pela situação, enquanto ele me levava até onde eu acreditava ser a saída.
A bagunça de sons luzes, cheiros e pessoas por um momento me impossibilitou ver quem estava me levando e eu temi por isso, principalmente quando notei que era Sehun quem me levava para fora da boate, por uma porta dos fundos onde não havia seguranças ou movimentação de outras pessoas, para o meu desespero.
— Me solta caralho!
— Não porra! Você vai me ouvir! — ele disse me jogando contra a parede do que parecia ser um beco, me prendendo contra o seu corpo me fazendo estremecer em uma mistura de medo e ódio. Ele cheirava a bebida, e se Sehun já era um babaca sóbrio, bêbado era uma modalidade que eu não gostava nem de ficar perto. — Você não pode terminar comigo! Tá me entendendo?!
— Não só posso como já fiz! Esquece que eu existo e vai atrás de quem te interessa! Você quem preferiu estar com qualquer um do que comigo idiota!
— O quê você quer de mim? Hein?! Para de drama! Eu sei que você não quer terminar...
— Você é louco?! Eu já disse que eu não quero mais saber de você! Não quero nem olhar pra sua cara, por mim você pode ir pro inferno! Agora me solta!
— Já entendi o que você quer... Você quer que eu o tome pra mim, não é? Vocês ômegas adoram essas coisas. Quer que todos saibam que você me pertence e-
Não o deixei terminar, socando seu rosto com força o fazendo tombar para o lado, me livrando de seu toque por um momento. Eu ia voltar para dentro, ir atrás de Taehyung e pedir para irmos embora, mas ele novamente me agarrou pelo pulso, me prendendo entre seu corpo, beijando meu pescoço enquanto tentava usar seus ferônimos sobre mim, fazendo-me sentir repulsa.
Eu gritei para que ele parasse repetidas vezes mas ele não parou, por mais que eu tentasse sair de seu aperto. Não parou até a porta por onde tínhamos saído ser aberta e por ela o ômega do pole dance de antes sair, indo direto até ele e o tirando de cima de mim a força, praticamente o jogando no chão em uma rapidez absurda.
— Você é surdo ou não entendeu que ele disse não? — indagou instintivo e visivelmente com raiva, indo até Sehun que mal pode raciocinar o que tinha acontecido.
O puxando pela gola o ômega deixou seu rosto próximo, rosnando enquanto seus olhos se tornavam de um amarelo âmbar que eu nunca havia visto em um ômega, mas diferente do que parecia, ele estava em pleno controle de seu lobo, o largando no chão sem qualquer delicadeza.
Assim que o soltou, Sehun rapidamente se levantou tentando se recompor, a raiva estava visível em seus olhos enquanto ele alternava o olhar entre mim e o de cabelos pretos, pronto para fazer algo provavelmente estúpido.
— E o que vai fazer ômega? Vai me bater? — zombou risonho, e diferente do que eu esperava o ômega também riu, completamente confiante do que estava fazendo, buscando algo em suas roupas.
— Muito melhor que isso... — ele diz calmo, apontando uma arma para o alfa que teve a mesma reação de surpresa que eu, embora já estivesse familiarizado com o objeto. O outro ômega apenas sorria, os olhos voltando ao normal aos poucos e se camuflando com a noite e as poucas luzes dali. — Se voltar a tocar neste ômega pode se considerar um homem morto...
— Estudo direito, sou filho de uma das famílias mais ricas do distrito, espera mesmo me matar e sair impune?
— Quer mesmo apostar sua vida com essa historinha de merda? — ele debochou e o alfa gelou, dando dois passos para trás. — Some daqui antes que eu cumpra o que estou dizendo...
— Vai me pagar seu desgraçado. Escreva o que eu digo...
— Vou esperar por isso. Agora some.
Disse e novamente Sehun olhou para mim, completamente indignado e raivoso, saindo rapidamente dali assim como o outro ômega havia determinado. Desaparecendo das nossas vistas definitivamente, me permitindo finalmente respirar, sentindo uma lágrima grossa descer pelo meu rosto.
— Porra...
— Você tá bem? — o ômega me perguntou preocupado, guardando a arma no que me parecia um coldre abaixo de seu casaco, me fazendo assentir meio nervoso.
— T-tô, eu tô sim mas... Céus e você?! Ele pode te denunciar por isso! O-ou pior! — digo preocupado com ele, o alfa poderia facilmente se aproveitar daquela situação e a jogar em seu favor. Ele tinha poder suficiente para isso, mas diferente do que eu imaginava - de novo - o ômega apenas ajeitou sua roupa, deu uma boa olhada em volta e confirmou seja lá o quê via.
— Ele te trouxe pra cá porque sabia que não teriam provas contra qualquer idiotice que ele fizesse. — disse apontando para cada beirada do prédio, onde só existiam duas câmeras. Uma apontando na direção oposta à onde estávamos e outra para quem saísse pela porta dos fundos. — Eles falam demais, confie em mim, ele não vai conseguir me afetar de nenhuma forma...
— E como pode ter certeza? — pergunto, afinal por mais que toda aquela confiança fosse bem convincente, eu ainda temia por ele. Ainda mais conhecendo Sehun como eu conhecia.
— Porque eu também sou advogado. Acredite, boa parte do teatrinho dele foi blefe, conheço bem esse ramo. Me defenderia fácil contra qualquer acusação, independente de qualquer influência que ele tenha, já fiz isso antes. — ele diz, me estendendo sua mão enquanto eu terminava de ajeitar minhas roupas. — Acho que ainda não fomos devidamente apresentados, sou Kim Kyungsoo.
— Park Jimin. Desculpe por tudo isso...
— Não se desculpe por toda essa merda, o único culpado aqui é aquele idiota. Eu vi quando ele te arrastou pra cá e no mesmo instante vim atrás, me perdi um pouco no caminho mas que bom que cheguei à tempo.
— Eu digo o mesmo... Muito obrigado. — digo e ele sorri, um sorriso aconchegante e amigável, quase paterno que eu retribui, vendo-o dar um passo para sair dali quando eu o interrompi o chamando. — Você... Quer sair daqui? Sei lá, ir comer alguma coisa?
— Você não está flertando comigo, está?
— De forma alguma, só quero conversar com alguém. E acho que meu amigo que veio comigo não está mais por aqui de qualquer forma... Você tem companhia?
— Não, eu vim sozinho. E adoraria comer algo. — disse sorrindo e assim saímos dali, passando pela fila de entrada que continuava consideravelmente grande. Seguindo até uma lanchonete que ficava na mesma rua, ali perto.
Logo pedimos algo pra comer e passamos a conversar como quem não queria nada, o movimento era praticamente nulo, além de nós dois as únicas pessoas presentes eram os atendentes. Dava pra ouvir a música alta tocando na boate dali de onde estávamos.
— Então... Por que uma arma? — perguntei mordendo outro pedaço do meu lanche, o observando mais atentamente sem julgo algum. Seus olhos eram lindos e muito expressivos, mesmo sem querer era intenso o modo com que ele olhava para tudo, embora parecesse extremamente amigável para mim.
— Eu tenho licença desde que servi o exército. Levo ela pra todo lugar, é quase de estimação. Ótima para lidar com idiotas mas só uso para defesa pessoal, em casos de extrema necessidade. — disse e eu assenti, impressionado com ele. — Falando nisso, como você se meteu com aquele idiota? Claro, se não for incômodo pra você.
Perguntou, seus olhos atentos e prontos para uma explicação. Não tinha problema algum contar para ele, não era nenhum segredo e eu meio que devia uma explicação depois dele salvar a minha vida. Foi quando comecei a contar brevemente sobre meu envolvimento e termino com o Oh, contando para ele o que aconteceu e todo o meu lado da história, que era ouvido com muito interesse por ele, que prestava atenção em cada palavra.
— Você fez bem em terminar. Pra ele você era só um puto particular, quando você não estava á mercê dele, ele fodia qualquer outro que lhe desse na telha! A única pessoa que tinha compromisso com esse relacionamento era você, Jimin.
— Eu sei! Céus só depois disso tudo que eu percebi o quanto era ridículo... — digo rindo pela minha própria situação, notando algo que eu ainda não havia reparado em seu anelar esquerdo. — Você é casado?
— Hum? Ah, isso? Sim eu sou casado. Mas nós brigamos e... E eu fui pra boate pra afogar as lágrimas, o pole dance é ótimo pra isso, especialmente com umas doses de vodka.
Disse me fazendo rir, me contando um pouco mais sobre o motivo que o levou a estar ali. Ele e o marido haviam perdido um filho há cerca de seis meses, e aparentemente o alfa havia sugerido que eles desmontassem o quarto do bebê, mas Kyungsoo achava que estava muito cedo para isso, o que acabou acarretando a discussão.
Eu lamentei por sua perda, prestando as devidas condolências muito bem recebidas por ele, quando continuamos a conversa que estávamos tendo.
Ficamos ali por um tempo que pareceu horas, conversando sobre várias coisas e comendo, até um alfa usando sobretudo passar correndo pela vidraça chamando nossa atenção, o que também chamou a atenção dele, que assim que nos viu voltou alguns passos e parou, tendo o olhar fixo no ômega mais velho.
Kyungsoo saiu para que eles conversassem à sós e por isso eu não ouvi uma palavra sequer do que diziam. Apenas os observei da mesa onde estava e sorri quando eles se abraçaram, demonstrando finalmente acertar suas pendências. Assim que entraram no estabelecimento eu fui apresentado ao marido dele, um alfa simpático chamado Kim Jongin, à quem minha situação também foi explicada.
Eu temia que Sehun viesse atrás de mim caso eu voltasse para o meu apartamento, então após pensar um pouco sobre, acabei aceitando o convite deles para dormir em sua casa.
Acabou que eu passei um pouco mais de um dia na casa deles. Kyungsoo armou para que Sehun pensasse que eu havia sumido de Seul e apenas uma semana depois - quando soube por Taehyung que ele tinha ido para outro distrito, por causa do agravamento da doença da mãe - eu voltei para meu apartamento, agora como um grande amigo do casal e completamente livre de Oh Sehun, do qual eu raramente ouvia falar.
Eu frequentemente ia na casa deles, mas assim que entrei na faculdade poucos meses depois, as coisas complicaram um pouco e eu passei a vê-los com menos frequência. O quê claro, não diminuiu a amizade que se formou, mas dificultou nossa comunicação que passou a acontecer na maior parte por mensagens.
Kyungsoo e Jongin tinham praticamente me adotado como parte de suas vidas e eu os tinha igualmente. Eram como a parte de uma família que sempre estavam lá quando eu precisava, e eu estava para eles da mesma forma.
❤🌈❤
Atualmente
— ... Nos tornamos amigos e Kyungsoo passou a me chamar de mochi depois daquele dia. Eu dormi no sofá deles e quando ele foi me acordar disse que eu parecia um mochi de sorvete dormindo.
Digo rindo com a lembrança e Jungkook ainda parecia meio pasmo com toda a história. Era quarta-feira, um dia após ele se mudar definitivamente para o meu apartamento, e nós dois estávamos voltando para casa após o trabalho quando ele me pediu para contar como eu havia conhecido Kyungsoo. Isso depois de outra conversa meio estranha que ele teve com o ômega, enquanto ele falava sobre o aluguel do seu apartamento com Jongin. Ele estava o colocando para locação para obter uma renda extra.
Kyungsoo tinha surtado com Jungkook por me deixar preocupado e não me dizer nada sobre o cio. E mesmo após meu alfa tentar a todo custo evitá-lo, ele não conseguiu escapar da conversa com o mais velho, que falou poucas e boas pra ele.
Eu ri um monte, por mais frustrado que o Jeon estivesse com a situação. Não consegui deixar de rir enquanto imaginava a cena, recebendo o olhar quase incrédulo dele, que se lembrou que eu lhe devia essa história sobre como nos conhecemos.
— Céus, então ele tava falando sério quando disse que mataria por você... — disse se referindo à Kyungsoo e eu ri. — Mas sobre seu ex-namorado? Não tem medo de que ele volte? Ele te ameaçou, devia ter ido na polícia prestar queixa...
— Eu prestei. — digo, vendo sua atenção se voltar totalmente para mim mesmo dirigindo, mas não deixando de prestar atenção ao que fazia. — Sehun é muito influente, o nome da mãe dele tem peso em muitos lugares, isso é o suficiente para livrá-lo de muitas coisas. Mas eu não tenho medo, se ele quisesse mesmo já tinha me encontrado. Acho que ele arranjou algo melhor pra fazer.
— Ainda bem, sinto muito por você ter passado por isso...
— Não sinta, isso é passado. Por mais estúpido que ele tenha sido comigo, ele foi de longe um dos meus menores problemas. E de todo modo, eu conheci o Kyung e o Jongin, mesmo sendo só um pouco mais velhos que eu eles foram os pais que eu precisava naquele momento, são parte da minha família.
— Tem razão. Nossa, e pensar que eu comecei a trabalhar com eles pouco depois disso, nós poderíamos ter nos conhecido nessa época.
— Pois é, mas acho que tudo aconteceu como tinha que acontecer. Talvez nós não estaríamos assim se tivéssemos nos conhecido naquela época. — digo sorrindo, olhando para minha própria barriga fazendo um carinho ali, sentindo meu filhote cada vez mais presente.
Jungkook sorria da mesma forma, parecia encantado apenas com meu gesto, olhando para mim rapidamente e voltando a olhar para a rua, sentindo o mesmo que eu ao tocar minha barriga em um carinho que terminou segurando minha mão.
— É, você tem razão... Sempre tem.
— É claro que tenho, e não trocaria o que temos agora por nada nesse mundo.
— Eu também não... Eu te amo. — ele diz simples, sorrindo enquanto pronunciava aquelas palavras tão preciosas, levando minha mão aos lábios e beijando-a na parte de trás, me fazendo rir novamente.
— Céus... Acho que também não vou me acostumar com você dizendo isso tão cedo.
— Então pode ir se acostumando, eu vou dizer muitas vezes ainda. — repetiu o que havia lhe dito ontem assim que ele acordou, manobrando o carro para entrarmos no estacionamento.
— Tenho certeza que sim. — e sorri, sentindo-me mais feliz do que poderia imaginar.
❤🌈❤
Acalmem os corações menines! Semana que vem tem mais.
Eu amo a amizade do Kyung e do Jimin, eles são meus protegidos.
E sobre o capítulo de hoje quem amou? Espero que vocês tenham gostado, deixem uma estrelinha pra mim saber e não esqueçam de comentar (vamos ver se o watpad deixa eu ver os comentários).
Eu espero que vocês tenham gostado e peço desculpas por qualquer erro ortográfico ou de concordância que vocês possam vir a encontrar.
Semana que vem eu vou tentar trazer uma atualização dupla mas não prometo nada.
Beijinhos meus amores! Bebam água e até breve!
💜
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