Entre Pedras e Pontes.

❤️🌈❤️

Pov's autora

— Yejin?

— Tive uma namorada com esse nome...

— Isso é um sim, um não ou um talvez?

— Com certeza é um não Jungkook. — Jimin riu comendo outra uva do pote apoiado em sua barriga, se lembrando da garota em questão.

— Certo, Yejin não... — Jungkook riscou o nome de sua lista. Estava deitado no lado oposto do sofá onde Jimin estava, os pés apoiados ao lado da barriga de Jimin, enquanto os pés do ômega descansavam em sua barriga. — E Chaeyoung?

— Ah! Nem fodendo! — Jimin soltou uma risada totalmente diferente da primeira, comendo outra uva. — Conheci uma Chaeyoung insuportável em Busan... Fora que esse é o nome coreano da garotinha que o Chany e o Baek vão adotar.

— É verdade, então tiramos Chaeyoung... — riscou mais um nome. Eles estavam nessa já fazia um tempo. — Minyeon?

— Minyeon, Min-Jun... Acho que não né?

— Hyun-Min?

— Esse é um talvez.

— Sério? — Jungkook estranhou, olhando para lista.

— Por que o estranhamento? — o ômega perguntou, mastigando outra uva.

— Porque de todos os vinte e oito nomes que eu citei até agora, você considerou vinte e seis como um "não" e dois como um "talvez". — ele reclamou enquanto o ômega se sentava com dificuldade, tendo finalmente terminado suas uvas.

— Jungkook, você não está se precipitando? Faltam três meses ainda... — disse se levantando, indo até a bancada da cozinha e deixando o pote ali, antes de seguir até o quarto para se vestir. Era segunda-feira afinal de contas.

— Três meses e uma semana, que vão passar voando e pelo tamanho da sua barriga, eu diria que até antes. — Jungkook alertou o seguindo, passando a mão nos cabelos novamente pretos já que o rosa havia começado a desbotar na segunda lavagem, o fazendo voltar a pintá-lo três dias depois.

— Vira essa boca pra lá! Ela não vai sair daqui antes dos oito meses...

Disse indignado para o mais novo, entrando no cômodo terrivelmente bagunçado. No dia anterior eles haviam decidido arrumar as roupinhas ds bebê na mala onde estavam sendo guardadas, de modo que todas - ou uma boa parte delas - coubessem ali. Mas com o closet cada vez mais apertado com fraudas, utensílios e roupas de bebê, além de roupas do casal, ficava difícil manter a organização.

Então a melhor opção era empacotar tudo enquanto eles não resolviam essa questão, mas quando enfim decidiram já estava tarde para fazerem. Então lá estavam.

Aquela situação os afligia é claro, e ambos já buscavam alternativas para criar o bebê ali. Mas eles tentavam se manter calmos mediante à situação, e tentavam ao máximo não entrar em discussões que acabassem ferindo um ao outro, como a que tinha acontecido há alguns dias.

Mesmo antes de se firmarem como casal eles já haviam tido discussões calorosas, mas nenhuma tinha chegado aos pés da que tiveram na semana passada. Jimin havia começado no trabalho há pouco tempo e descoberto da pior forma os desafios que enfrentaria envolvendo sua equipe.

Com apenas ele e Wheein de ômegas no setor contábil&administrativo, nem todos os outros alfas eram tão compreensivos com ele ou com sua situação, em especial um alfa que estava pegando em seu pé desde o primeiro dia.

O Park nunca foi de abaixar a cabeça, mas tentou pegar leve, já que mal havia começado seu estágio e estava evitando passar estresse para a bebê. Mas chega uma hora em que todos acabam explodindo e não foi diferente com ele que jogou poucas e boas na cara do alfa e assim que seu turno acabou, voltou para casa praticamente cuspindo fogo.

O que conhecidiu, é que igualmente à ele Jungkook teve um dia de uma semana tremendamente estressante. Jongin estava uma pilha de nervos por conta do trabalho e de Kyungsoo, cujo o prazo para entrar em trabalho de parto estava cada vez mais próximo, o ômega estava estressado e o mercado estava com poucos funcionários, o que acabou deixando o Jeon sobrecarregado e - o que era pior - o fez ficar por mais de quatro horas no caixa, ouvindo reclamações e sendo xingado por clientes rabugentos.

Não deu em outra, ele voltou para casa quase explodindo de estresse e com uma dor na coluna de bônus.

Com os dois raivosos, não foi preciso mais que uma faísca para se iniciar uma discussão, e que por menos se tornou uma briga que levou Jimin a se trancar no quarto. Responsável por um turno no bar, Jungkook saiu de casa e foi para seu segundo emprego, onde após um beta bater na lanterna de seu carro, ele finalmente voltou a pensar.

O rapaz, que estava junto de uma ômega e uma beta, não demorou para se desculpar, pegar o número dele e se dispor a pagar pelos prejuízos, além de aproveitar a oportunidade de descaradamente dar em cima dele.

Agradeço o interesse moço, mas eu namoro... — mostrou a aliança, sorrindo para ele de um jeito que mostrava que ele nunca conseguiria o que estava pretendendo. — Vou ter uma filha inclusive.

Poxa que pena... — ele riu um tanto sem jeito, embora ainda interessado, pagando um valor prévio e se afastando com seu grupo para dentro do lugar.

Foi a primeira vez que ele havia se referido à Jimin e a sua filha daquela forma para outras pessoas que não fossem Jongin, Kyungsoo, Baekhyun, Seokjin, seu irmão ou cunhados. Ele sentiu orgulho disso, mas junto ao orgulho um sentimento amargo de remorso tomou conta de seu âmago e lobo. Perceptível à ele apenas após a raiva se dispersar de sua mente.

Ele ficou refletindo na mancada que havia dado e em como Jimin estava ao sair de casa, antes de se trancar no quarto. As lágrimas, o rosto vermelho típico de quando ele estava puto com alguma coisa, as palavras frias e cruéis que trocaram antes de acabarem como estavam. Aquilo ocupou sua mente quase por completo, o deixando ansioso enquanto percebia como aquela briga não tinha sentido, fazendo-o se perder em meio às letras várias vezes enquanto cantava.

Quem percebeu o desconcerto do amigo foi Junmyeon, que juntamente com Yixing foram perguntar se ele estava bem durante a troca de turno. Superficialmente ele explicou a situação e após ser sacudido pelo ômega que apontou todos os contras dele sair em uma situação daquela, ele estava decidido a voltar e ficar com Jimin, mesmo que ele não quisesse falar ou sequer olhar para ele.

Sendo autorizado por Yixing, ele se levantou pronto para ir embora, mas assim que ele rumou a saída seus olhos foram de encontro aos de Jimin, que parado na portaria, vestido as pressas e com olhar choroso procurava por ele.

Como Jungkook, assim que disperso de seu momento de raiva Jimin havia percebido que não existia um motivo sensato para dar início àquela discussão, então movido pelo remorso e por seu lobo ele chamou um carro de aplicativo e foi às pressas até o Music Bar onde sabia que o encontraria.

Abraçados e aliviados pela primeira vez no dia, eles se desculparam e voltaram para casa em um clima estranho que aos poucos ia se dissipando. Após uma noite de sono, despertos e descansados eles prometeram pelo menos tentar não chegar à aquele ponto, sem garantias de que daria certo, mas dispostos a tentar pelo menos não irem dormir brigados. A sorte era que a situação não tinha voltado a se repetir.

Sendo assim lá eles estavam, á poucos dias de completarem seis meses de uma gestação até então tranquila. Após o fim das férias, tudo havia voltado ao normal, Jungkook voltou para o trabalho, Jimin voltou para a faculdade e as tardes de segunda à sábado ele ia para a empresa à trabalho.

— Nós temos que começar a pesquisar o preço de berços e cômodas, não acho que vá caber um armário infantil aqui...

Jimin comentou enquanto colocava uma camisa mais social, confortável e apta ao ambiente de trabalho, era uma peça bonita de tom azul que havia ganhado de sua sogra. Jungkook por outro lado, terminava de colocar as peças de roupa da bebê em um saco impermeável, que ele tinha guardado da compra de um cobertor, antes de colocá-las na caixa. Tudo que não pudesse ser mantido em sua embalagem original, estava indo para lá.

— Sobre isso, eu esqueci de te falar uma coisa... — o alfa disse sendo cuidadoso, se lembrando do fato em questão, vendo Jimin se virar lentamente, pronto para ouvi-lo. — O Yixing e o Junmyeon querem dar a mobília pra gente. O Jun inclusive me pediu pra ver um dia para vocês verem isso.

— Sério? — questionou vendo Jungkook assentir, dobrando um casaquinho de veludo branco com desenhos de cerejas. — Ah, por mim tudo bem, quem sou eu pra negar na verdade...

Ele riu enquanto se sentava para por a calça. Jimin tinha mudado muito no último mês, era perceptível para o casal o quão próxima estava a chegada da pequena alfinha. E não era só ele que estava mudado, na verdade muita coisa aconteceu.

Começando pelos casais, Baekhyun e Chanyeol tinham finalmente se casado em uma cerimônia simples no cartório. E mesmo com todo o drama do beta sobre aceitar o sobrenome do alfa, ele surpreendeu os presentes ao se oficializar como Park Baekhyun.

O motivo? O sobrenome da garotinha que eles iam adotar era Park. E para que não houvesse mudanças e ele não ficasse de fora, aceitou o sobrenome do alfa de muito bom grato.

Jimin, Jungkook e outros amigos próximos foram os padrinhos e a pequena Rose - ou melhor, Rosé, como ela mesmo fazia questão de corrigir - levou as alianças, totalmente radiante.

Ela era uma beta de seis anos e passava os fins de semana e feriados na casa dos dois que sentiam a adoção cada vez mais próxima. Especialmente agora que Baekhyun estava prestes a terminar a pós-graduação on-line em gestão. Mesmo que não conseguisse trabalho na área administrativa, que era sua primeira graduação, os cursos provavelmente o ajudariam a se promover - se o gerente do mercado realmente fosse se aposentar naquele ano.

Jinhyo e Katsuyama estavam oficialmente namorando.

Após o chá de bebê, ele ficou mais uma semana em Seul hospedado na casa da Jung, e em seu último dia na capital, ambos fizeram um jantar onde convidaram os filhos e os genros da lúpus para contar a novidade. Para os dois não foi nenhuma grande surpresa, já que desconfiavam de um envolvimento entre eles desde que eles estiveram na pousada do alfa. Claro que o receio estava ali, por conta do antigo relacionamento da mãe, mas não deixaram de ficarem felizes pelos dois.

Taehyung, Hoseok e Yoongi finalmente haviam se mudado, para uma casa no mesmo condomínio onde Seokjin e Namjoon moravam, há oito quadras de distância da casa deles. Era uma casa grande - quase uma mansão, nas palavras de Jimin - com dois andares, cinco quartos sendo três deles suítes, dois banheiros e um lavabo, isso fora o quintal enorme aos fundos.

A sorte era que Yoongi era um ótimo negociante, então a venda da casa de Hoseok já tinha sido o suficiente para dar entrada na compra e o aluguel do apartamento de Taehyung e da casa dele já garantia as primeiras mensalidades pagas.

E já no assunto, havia mais uma gravidez entre eles que rendeu um total de zero surpresas.

Deiji, a chihuahua de Momo estava grávida e não era preciso muito esforço para imaginar quem era o pai. E foi o próprio Hirai quem deu a notícia, quando ele e Jinhyo foram almoçar na casa do trisal. Aparentemente era apenas um filhote, pelo que a alfa e a namorada viram na ultrassom quando foram ao veterinário, e ambas claro, estavam muito felizes.

Seokjin continuava seu tratamento de fertilidade e por conta disso Chanyeol havia praticamente assumido a direção das cafeterias. E embora ainda se sentisse inseguro e ansioso ele tentava se manter otimista, e Namjoon e Yon Bok o ajudavam muito com isso.

E por último e não menos importante, Jungkook tinha feito duas tatuagens. Ele não pretendia fazê-las, claro que não, o que aconteceu foi que enquanto Mark e Jimin conversavam na casa dos Wang Tuan durante uma visita no último sábado e participavam da festa do chá imaginário de Bambam, Jackson teve a "brilhante" ideia de ir beber com Jungkook depois do jantar, para comemorar a paternidade.

Eles voltaram em um carro de aplicativo quase três horas depois, Jungkook quase dormindo de bêbado e Jackson ligado nos 220V. Ele só foi perceber o que tinha feito no dia seguinte, quando foi tomar banho: uma tatuagem no braço com um lírio tigre brotando da frase "Please Love Me" e outra bem menor acima do joelho, escrito "pai de menina" com uma letra um tanto torta dentro de um coração decorado.

Aparentemente, Jackson também acordou com uma tatuagem identica e no mesmo lugar, escrito "Pai de menino", além do desenho de um morango em uma das nádegas e um rostinho feliz de um urso no mamilo. Vendo a situação dele, Jungkook se sentiu grato por não ter sido pior.

Jimin nunca tinha rido tanto, quando Jungkook lhe contou o que tinha acontecido e lhe mostrou as tatuagens, e riu ainda mais quando soube que foi assim que Mark tinha acabado tatuando o Patrick usando fio dental na coxa. E era sobre isso que eles conversavam enquanto Jungkook levava Jimin para a faculdade naquela manhã.

— Nem acredito que o tatuador pensou que vocês eram um casal. — o ômega disse rindo, retirando o cinto de segurança enquanto Jungkook estacionava. Quando falaram que queriam tatuagens iguais e com dizeres parecidos, provavelmente o tatuador entendeu que talvez eles estivessem em um relacionamento.

— Nem eu. O melhor foi o Jackson explicando que éramos só amigos, mas que ele me pegaria se não fosse casado e não tivesse conhecido o marido dele... — ele se lembrou rindo, estacionando com perfeição. — Mas eu até que gostei...

— Do Jackson insinuar que pegaria você?

— Não! Não, não disso, digo das tatuagens... — ele negou rindo, olhando novamente para a tatuagem do braço, parcialmente amostra pela manga da blusa erguida. — Eu gostei delas, talvez faça mais alguma futuramente.

— Daqui à pouco vai fechar o braço. — Jimin disse em tom de brincadeira, abrindo a porta e se inclinando para beijá-lo em despedida.

— Eu não vou chegar nesse ponto, só acho que seria legal fazer algo estando sóbrio. — concluiu, antes de se inclinar para beijá-lo algumas vezes, pondo a mão por trás de seu pescoço buscando aprofundar o contato por um momento.

Os lábios unidos mostravam se pertencer e se encaixavam com uma perfeição apaixonante, eles sentiam cada detalhe do corpo do outro se arrepiar com o toque, criando novas sensações e experiências sempre que o tinham. Cada beijo tido como se fosse o primeiro.

— Te vejo hoje a tarde? — o ômega perguntou galante, como se ambos tivessem um encontro, um sorriso bonito dançando em seus lábios assim que separaram o beijo.

— Sempre... — o alfa afirmou lhe dando mais um beijo, dessa vez mais curto, mas ainda assim apaixonado. Beijando sua mão suavemente em seguida, à mantendo entre a sua. — Eu vou te buscar, quero te levar em um lugar.

— Está me chamando para um encontro senhor Jeon? — perguntou curioso, olhando nos olhos do namorado com afeto.

— Talvez... — disse misterioso, sorrindo enquanto olhava para cada detalhe de seu rosto, querendo decorar cada parte dele.

— Lá vem você com essas coisas... Sabe que eu não gosto de surpresas.

— Mas você gostou da minha última surpresa. — implicou, vendo o ômega rir. Ele se referia à mudança de planos feita por ele no chá revelação.

— Confesso que sim... Mas o quê me garante que vou gostar dessa também? — ele perguntou e Jungkook deu de ombros.

— Vai ter que confiar em mim. — ele concluiu e Jimin novamente se viu perdido em seus olhos, descendo até seus lábios sorridentes.

— Então tudo bem, confio em você de olhos fechados. — sorriu para ele ao dizer, unindo seus lábios novamente, mas sendo interrompidos antes mesmo de aprofundarem o contato. E não foi por Yoongi ou Taehyung, mas por alguém que nem tinha nascido ainda, e já implicava com a melação alheia. — Tem alguém aqui que não gosta muito que a gente se beije.

— Ela tem tempo pra se acostumar com os pais que arranjou. — disse e finalmente Jimin saiu do carro. Se ficasse talvez nem sairia. — Certeza que não quer que eu te leve para o serviço?

— Sim Jungkook, não se preocupe, o Hoseok vai levar o Tae no trabalho dele e a empresa é lá perto. — ressaltou, observando-o pelo vidro aberto. — Se cuida no trabalho, tá bom? Eu te amo, e manda um abraço para o Kyungsoo.

— Se ele não estiver armado eu mando. — disse por fim, arrancando uma última risada de Jimin antes de partir, buzinando antes dele entrar.

Indo de encontro ao banco tão familiar para si, Jimin não encontrou apenas Taehyung, que sentado de pernas cruzadas comia alguma coisa enquanto ouvia Mark, que estava ali arrumando algo em uma pasta para a surpresa de Jimin.

— Você não tinha se formado? Já tá com saudades daqui? Ou é saudade da gente? — ele perguntou com humor para o professor assim que se aproximou dos dois.

— Vim buscar algumas declarações para o serviço e aproveitei pra ver vocês.

— Tá vendo Jimin? Ele não vive sem a gente... — Taehyung implicou, levando um tapinha no ombro.

Ele estava mais quieto que o de costume, não apenas por estar comendo, visto que assim como Jimin há um mês, ele vinha sofrendo com gastrite e outros efeitos da gravidez que vinham lhe consumindo e lhe cansando. Os óculos que já haviam escondido os olhos inchados de ressaca, agora escondiam olhos inchados de uma noite mal dormida, com direito à alguns enjoos e pontadas de dores nas costas.

Prestes a ir para a metade da gestação, Taehyung se preocupava em como as coisas seriam dali pra frente, porque pelo visto, só ia piorar.

Ele só não estava reclamando em alta voz pois até que a gravidez estava sendo - em parte - muito generosa com ele. Nada de perda de cabelos ou distúrbios hormonais que o afetassem fisicamente, nada de desejos estranhos, inchaços que não fossem o aumento da barriga e nenhuma estria sequer.

Ele se encontrava plenamente em forma - mesmo esperando gêmeos - e seus posts no Instagram mostrando sua barriga perfeita lhe garantiam curtidas, seguidores e pedidos de dicas de mães e pais curiosos para saberem como ficar como ele.

— Claro que não! Quem ia cortar EVA pra mim? O Jackson? Só for algo abstrato. — ele disse rindo com Jimin. Apenas Taehyung não riu, talvez nem tivesse ouvido, focado em sua própria barriga enquanto apalpava um lugar em específico, um pouco acima do umbigo.

— Que eu me lembre, o Jackson não sabe nem cortar uma folha de papel reto, ele pedia para aquela menina do clube de artes fazer os seus cartões de dia dos namorados. — Jimin se lembrou, trazendo a informação à tona e a lembrança ao Wang Tuan.

— Verdade, lembro que eu vi eles juntos uma vez na porta da sala dela com um cartão e pensei que ele estava me traindo. — Mark relembrou ainda mais da história, se lembrando de como descobriu que não era seu namorado quem fazia os cartões fofinhos que ele recebia.

Taehyung parecia surpreso, mas não era pela história de Mark.

— Eita...

— Eita mesmo, quase que eu briguei com ele, se ele não tivesse esclarecido...

— Não! "Eita" isso aqui... — disse levando a mão do americano até onde antes estava a sua mão. Ali Mark podia sentir algo se mexer e chutar o Kim por dentro, atraindo a atenção de Jimin.

— O quê foi?

— Os bebês estão chutando. — Mark contou empolgado, usando a outra mão para tocar com melhor precisão a barriga do amigo. — É a primeira vez?

— Que eu sinto forte assim, é. Isso é muito estranho. — concluiu com uma careta, dando outra mordida em seu lanche. — Pelo visto acabou o restante da minha paz.

— Só mais quatro meses Tae. — Jimin disse dando uma risada, também tocando a barriga do melhor amigo para sentir os sobrinhos.

— Poxa, você sabe mesmo como animar alguém... — ele revirou os olhos em um tom irônico que não passou despercebido pelos outros dois que se entre olharam, pensando basicamente a mesma coisa.

— Você está arrependido de algo? — Jimin perguntou em um tom cuidadoso, vendo Taehyung negar com os olhos úmidos.

— Não! Eu não estou arrependido, eu estou cansado! Isso está me esgotando demais. Céus, se um daqueles idiotas ousar me engravidar de novo eu vou matar os dois! — ele dizia já entre lágrimas, fungando enquanto mastigava, de um jeito que os amigos sabiam que era por conta dos hormônios. — Eu não durmo mais, e-eu não entro nas minhas calças e tem dias que está sendo difícil até respirar! E agora eles começam a me chutar! I-isso é estranho e-e faz cócegas...

Dizia, agora entre alguns risos que escapavam em meio a voz chorosa, tocando a barriga onde sentia esses pequenos chutes, o riso aumentando junto ao choro à medida que ele sentia mais os bebês e a sensação deixava de ser algo estranho.

Enquanto isso Jimin e Mark apenas observavam a pequena crise dele, tentando não demonstrar qualquer reação que acarretasse em outra crise no Kim que aos poucos se acalmava, limpando os olhos e voltando a comer, agora com um sorrisinho no rosto, fazendo os dois amigos suspirarem em alívio.

Ultimamente as crises de Taehyung estavam assustadoras e ninguém sabia muito bem o que fazer, tirando Yoongi e Hoseok que logicamente não estavam disponíveis enquanto o ômega estava no campus.

Mark que foi o responsável por mudar o foco da conversa, se lembrando do passado e de como eles imaginavam estar quando estivessem se formando.

Jimin se recordava desses tempos com um sorriso, lembrando de todos os planos, sonhos e expectativas que ele e os melhores amigos tinham para o futuro. A amizade continuava a mesma, mesmo com as diferenças que eles tinham, e os planos, embora nem todos fossem os mesmos de quando começaram ali, estavam se concluindo pouco a pouco.

Eles refletiam sobre isso nos poucos minutos que restavam até dar o horário para as aulas, Jimin e Taehyung indo para seus respectivos prédios e Mark indo para o serviço após terminar de organizar seus papéis.

As aulas passaram rápido demais na concepção de Jimin. Uma prova e uma revisão de conteúdo e ele estava novamente com o Kim que parecia alguém totalmente diferente do ômega em crise que ele encontrou mais cedo. Taehyung estava radiante, em suas roupas caras e largas que lhe caíam muito bem, conversando com alguns colegas de turma, se despedindo assim que viu Jimin e indo com ele até o ponto de encontro onde Hoseok costumava deixar ele e Yoongi de manhã.

— Tá melhor?

— Estou sim, contei pro Yoon que os bebês chutaram durante o intervalo, dei uma desculpa pra poder falar com ele já que ele não está mais me dando aula.

— Que bom que você está melhor, mas toma cuidado. Agora que o Yoongi não é mais seu professor alguém pode estranhar se você ficar se encontrando com ele assim...

— Estou tomando cuidado, e foi só hoje, eu precisava contar pra ele. — se explicou, mas era óbvio que Jimin entendia.

Se lembrava perfeitamente de quando sua pequena manifestou-se de forma perceptível pela primeira vez durante suas férias em Incheon e a alegria com que contou a novidade para Jungkook. Mais que tudo queria que o amigo contasse essa novidade para os namorados, mas não deixava de temer pelo segredo deles.

— Eu sei Tae, mas eu me preocupo com vocês, sabe como é, né? — disse ganhando um sorriso em resposta. Era bom ver Taehyung assim.

Hoseok mal havia estacionado e Taehyung já lhe bombardeava com a novidade enquanto se sentava e afivelava o cinto do banco da frente, levando Hoseok a tentar sentir algum dos dois filhotes pelo menos uma vez, mas sem sucesso. Mesmo que não tivesse conseguido senti-los, o lúpus não poderia estar mais eufórico com a notícia, enchendo o namorado de beijos antes de finalmente cumprimentar Jimin, pedindo desculpas ao cunhado por não tê-lo feito antes.

O caminho repleto de conversas dos dois no banco da frente o fez parecer curto e quando viu, Jimin já estava em frente ao prédio de seu emprego se despedindo dos dois.

Com o tempo ele já estava familiarizado com a empresa e com os rostos que compunham o saguão de entrada e lhe cumprimentavam com simpatia, até o pessoal do RH com quem as vezes ele tomava café, junto de Wheein que com certeza era sua maior aliada dali, junto a senhora So.

So Jooyeon era uma ômega de cabelos curtos e grisalhos, a cofundadora da empresa junto a mãe de Kristal. Pioneira em sua turma, ela foi a primeira ômega a se formar em contabilidade na sua universidade, onde estudou com a alfa que se tornou uma grande amiga e sócia. Kristal a tinha como uma segunda mãe, e adorava o jeito cético e meio áspero da mesma, embora ela fosse dura na hora de corrigi-la.

Jimin estava adorando ser seu pupilo, era ótimo aprender na prática com a senhora Jooyeon, e assim como Kristal havia mencionado quando o contratou, suas personalidades se assemelhavam e muito, o que facilitava a coexistência entre eles dois.

— Boa tarde Wheein. — cumprimentou a amiga assim que a viu em sua mesa, que para sua felicidade ficava frente a sua, ao lado da mesa de Alex, uma beta estrangeira que trabalhava como administradora junto da ômega e de um alfa.

Em duas mesas mais afastadas os dois outros contadores nem se importavam com sua presença. Jimin costumava cumprimentá-los, mas ao ver que o ignoravam de propósito deixou de tentar ser cordial.

— Boa tarde Jimin-shii, como tem passado? E o fim de semana? — perguntou simpática, vendo-o se sentar.

— Foi bom, jantei pizza caseira no sábado com o Jungkook e um casal de amigos, fazia tempo que eu não comia. Foi tudo ótimo na verdade, e o seu fim de semana?

— Que bom Jiminie, eu fui em um restaurante de comida japonesa com a minha esposa ontem. Aproveitamos a folga dela pra tirar um tempo só pra gente, foi tudo de bom.

— Que incrível! Faz tanto tempo que eu não como comida japonesa que até esqueci o gosto, faria tudo pra comer um sashimi...

— Você não pode comer né?

— Não até a bebê nascer, nada cru ou mal passado...

— Voltei gente, oi Jimin. — Alex apareceu no escritório trazendo consigo três sacolas, deixando uma em cada mesa. — Trouxe nosso almoço, a fila tava enorme por isso demorei.

— Obrigado, mas como sabia que eu estava aqui? — Jimin perguntou rindo, agradecido pela atitude da beta.

— Você não se atrasa meu bem, é o maior exemplo de pontualidade que nós temos, vai por mim, quando vi o horário já sabia que você estaria aqui fofocando, então decidi pegar para nós três. Não se preocupem, podem me pagar depois.

Ela dizia enquanto amarrava o cabelo cacheado em um coque com a presilha presa em sua boca, ganhando outro agradecimento de Jimin. Voltando ao assunto em que estavam, Wheein expressava sua curiosidade e Jimin lhe contava tudo o que não podia comer durante a gestação enquanto almoçavam, até se lembrar de algo que tinha trago para o ômega gestante.

— Meu amigo tem uma marca dessas coisas, acho que se chama Sling, não sei bem como usa mas na embalagem tem um link para um vídeo tutorial, espero que goste. Ele disse que usou muito com o filho.

— Obrigado Wheein, é muito gentil de sua parte. — agradeceu, olhando para o utensílio embalado em um saco com zíper reutilizável com a logomarca do produto.

Ele já tinha ouvido falar e até já tinha visto alguns vídeos sobre como o sling funcionava, e por mais que fosse útil, ele não considerava comprar um no momento e nem futuramente, já que não o considerava um gasto necessário. Mas estava feliz pela amiga pensar nele.

Após o almoço eles foram ao trabalho, contas para realizar, planilhas para fazer e análises de gastos da última semana para atualizar e comparar. A sorte de Jimin era que, por mais que seus dois outros colegas de contabilidade não fossem com a sua cara, o trabalho era bem dividido.

Mesmo que Seong-Woo, o alfa com quem ele já havia até discutido - e que menos concordava com sua presença ali - vez ou outra agia com uma "síndrome de superioridade" e desse trabalhos extras para ele fazer. Isso quando a senhora So ou Kristal não estavam por ali para interferir.

Faltando pouco menos de duas horas e meia para o fim do expediente, Jooyeon apareceu agitada pelo escritório, cumprimentando todos às pressas e indo até sua sala, chamando por Jimin minutos depois.

— Será que já vão te demitir? Eu não ficaria surpreso. — Seong-Woo comentou rindo, em um sussurro que passaria despercebido se ele não tivesse falado especificamente quando o ômega passou pela sua mesa, apenas para provocá-lo.

Ouvindo o que ele disse Jimin parou e virou-se de frente à mesa dele devagar, com um sorrisinho cético no rosto ao encará-lo.

— Eu não ficaria tão feliz se fosse você... — o Park disse, inclinando um pouco a cabeça para o lado, ainda o encarando. — Você trabalha aqui a mais tempo do que eu, deveria saber que não é assim que a senhora So dá essas notícias. Fora que eu sou que entrega todo o trabalho em dia, e não quem está com três relatórios atrasados porque chegou sexta-feira de ressaca, estou certo?

Disse deixando a pergunta no ar e uma incógnita na mente do alfa cada vez mais irritado à medida que o ômega se afastava rumo à sala da líder do departamento, explodindo para si mesmo assim que ele entrou na sala da mais velha.

— Ômega maldito!

— Se eu fosse você não ficava pegando no pé dele... — Jiang, a outra alfa responsável pela contabilidade comentou, visto que era a única que ouviu o reclamar dele e as implicâncias do colega com o ômega. — Eu sei que é chato ele mal ter chegado e já ser o favorito da Jooyeon, mas nem eu e nem você podemos dizer que o garoto não trabalha bem. Fora que ele tá grávido, e você já estressou ele outro dia.

— Que se foda se ele trabalha bem ou não! Ele podia estar grávido da Yang, não me importa! Eu não quero ter que suportar outro ômega acima de mim nessa maldita empresa... — colocou para fora o pensamento que cultivava desde bem antes de Jimin começar a trabalhar ali, assustando um pouco sua colega que não esperava tal afirmação. — Onde a chefe estava com a cabeça na hora de contratar outro ômega? Tudo bem que a velha é quase a mãe dela, mas ficar colocando ômegas nesses cargos é burrice, especialmente um que só vai dar prejuízo.

— Se é burrice ou não, isso não é da nossa conta, a decisão não é nossa. Se você quer estar no lugar dele e assumir o lugar da senhora So, é só ser melhor do que ele...

— Eu já sou melhor do que ele. — se garantiu, estufando o peito. Jiang no entanto, se sentia cada vez menos confortável com aquela conversa. — Mas você tem razão, se eu quiser esse cargo eu vou ter que me esforçar para convencer a velha, isso ou tirar o ômega da jogada...

Disse fazendo a outra engolir em seco. Era certo que Seong-Woo tinha um pensamento retrógrado sobre os ômegas e seu papel na sociedade, mas nem mesmo ela, que era a pessoa mais próxima dele no ambiente de trabalho - justamente por conta da sua personalidade insuportável - esperava que ele verbalizasse esse preconceito desta forma. E por mais que não fosse a primeira vez, ela não se lembrava de ter temido tanto por alguém, tanto quanto temeu por Jimin naquele momento.

Enquanto isso Jimin conferia os gráficos das pautas do documento que sua tutora pedia para uma reunião que aconteceria em poucos minutos, onde seria discutido e proposto a abertura de uma nova loja de produtos de beleza da marca em uma Galeria Comercial, juntamente com a presidente da empresa, o representante que ficaria responsável pelo estabelecimento e seu respectivo advogado.

— Conferiu o valor do investimento?

— Sim está tudo conferido, pode olhar se quiser. — Jimin sugeriu, virando o monitor para a outra ômega que analisava item por item com cautela.

— Certo, está tudo perfeito. Ótimo trabalho senhor Park. — o parabenizou, colocando o documento para imprimir e pegando sua bolsa na poltrona frente a sua mesa. — Se quiser já pegar suas coisas e ir para a sala de reuniões, acredito que Kristal já esteja lá, eu só preciso conferir uns papéis e já vou indo.

— Certo, te vejo lá então... — ele se despediu em uma breve curvatura, seguindo-a para fora da sala, evitando ao máximo as mesas de Jiang e Seong-Woo. Pegando suas coisas o mais rápido possível, levando algumas nas mãos e seguindo para o salão de reuniões, encontrando Kristal sentada em sua cadeira brincando com o anel que tinha como pingente, Jimin percebeu. — Boa tarde presidente Yang.

— Não precisa do presidente, você sabe né? — a alfa respondeu divertida, guardando o anel entre o decote. — Boa tarde Jimin.

— Prefiro manter certa formalidade no ambiente de trabalho.

— Compreendo... — ela respondeu sorrindo, observando-o arrumar as coisas em sua bolsa, levando sua atenção a embalagem de plástico sobre a mesa. — O quê é isso?

Perguntou curiosa, pedindo para ver o produto mais de perto, o que foi permitido por Jimin que entregou em suas mãos para que ela visse.

— É um sling, serve para carregar o bebê junto ao corpo, Wheein que me deu.

— Muito fofo da parte dela... — a lúpus refletiu, ainda olhando para o objeto, como se visse algo além dele. Jimin a esse ponto já tinha arrumado sua bolsa e agora se sentava em uma cadeira próxima a da alfa. — Você está de quantos meses?

— Vou completar seis... — ele respondeu em um sorriso, tocando a barriga com esmero. — Essa é a parte que eu espero que passe mais devagar, está tudo indo tão rápido.

— Eu imagino... — disse prendendo seu olhar na barriga dele, não de um jeito que o deixasse desconfortável, mas sim curioso sobre a chefe. Ela era como um gato curioso com tudo. — Seu alfa também deve estar animado com o bebê, eu imagino.

— Até demais para o meu gosto. — ele comentou recebendo o utensílio de volta, rindo para a embalagem antes de guardá-la e compartilhar seu pensamento. — Meu alfa é do tipo emocionado, não pode ver nada que já quer comprar pra neném.

— Ele deve ser um bom marido... — ela comentou um tanto incômoda com algo que Jimin não soube o que era, algo implícito em seus próprios pensamentos.

— Namorado na verdade, e sim, ele é ótimo. — ele disse um tanto risonho, pegando uma barrinha de cereal que tinha na bolsa, oferecendo uma para a alfa que negou.

— Pensei que você fosse casado, geralmente quando... — ela começou a dizer mas parou quando percebeu que talvez sua fala fosse invasiva demais para alguém com quem não tinha tanta afinidade.

Ela simplesmente deixou escapar, se sentia tão confortável com Jimin mesmo o conhecendo a tão pouco tempo, que as vezes se esquecia que aquilo não era mútuo. Mesmo que não tivesse terminado a pergunta, Jimin a entendeu muito bem, afinal era a mesma que ouvia de professores e colegas de faculdade, conhecidos e até de clientes da cafeteria de Seokjin, que reparavam na aliança no anelar direito e na barriga gestante.

— Sei que quando alguém engravida em um relacionamento e prossegue com a gravidez o mais comum é que os progenitores se casem o mais rápido possível, mas Jungkook e eu começamos a namorar recentemente, então estamos indo um passo de cada vez.

— O alfa que o busca aqui na empresa? — ela questiona e Jimin assente. — Parece que estão juntos a anos de um casamento feliz.

Ela diz sem qualquer tom de ironia na voz e um tanto chocada, fazendo Jimin rir, pois ele mesmo já tinha ouvido algumas coisas assim sobre ele e Jungkook. As vezes ele mesmo achava que eles estavam casados a anos.

— Geralmente as pessoas estudam, depois namoram, casam e só então têm filhos, depois de planejarem bem. Mas eu engravidei, fui conhecendo o pai da minha filha e só faz um mês comecei a namorar com ele, vou ter minha filha, me formar e só daí começar a pensar em casamento.

— Sério? — ela parecia ainda mais chocada ao perguntar, principalmente com a calmaria com que o ômega lhe contava. — Me desculpe a surpresa, é que você é tão certinho e calculado, é difícil imaginar que você tenha aderido a tudo isso tão tranquilamente...

— Acidentes acontecem Kristal, a gente só tem que decidir o que vai fazer a partir deles e tentar fazer dar certo independentemente de qualquer decisão.

— Tentar fazer dar certo... — ela repetiu a fala de Jimin, puxando novamente o cordão que pendia em seu pescoço, atraindo novamente a atenção do ômega. — Imagino que você e seu alfa tinham ideias bem parecidas para conseguirem fazer isso dar certo.

— Nem um pouco... — ele não conteu a risada ao dizer, terminando de mastigar mais um pedaço da barrinha de cereal. — Nós estávamos desesperados e não sabíamos o que fazer, mas se não tivesse nenhum apoio dele eu pensava em dar o bebê para a adoção, só pensar isso parece um absurdo agora. Ele que propôs que nós criassemos ela, não sabíamos como fazer isso funcionar mas estamos conseguindo, estamos tentando.

— Seu alfa parece ser alguém realmente incrível... — a alfa pareceu cabisbaixa ao dizer, observando novamente o anel como se pudesse ver algo além dele. — Queria ter o poder de voltar no tempo para ser um pouco mais parecida com ele...

Ela refletiu sozinha fazendo Jimin ponderar, não sabia muito bem o que dizer naquela situação. Ao que tudo indicava, a Yang havia passado por uma situação provavelmente semelhante à que ele estava vivendo, e de alguma forma ainda a afetava, e por mais que Jimin se considerasse alguém bom de dar conselhos, ele não sabia bem o que dizer.

— Por quê? — sua pergunta foi simples e sincera. Ele podia não saber como, mas se ela quisesse se abrir, ele tentaria ajudá-la como fosse possível. Caso não, vida que segue.

Mas Kristal queria desabafar com alguém que entendesse sua situação, e Jimin além de compreender, estava ali disposto a ouví-la.

— Porque eu também tenho um filho. — ela disse, sorrindo triste para Jimin que não esboçou qualquer reação. — Mas não consegui fazer dar certo com a pessoa que eu amo, na verdade eu nem tentei...

Ela contava, olhando para o anel e relembrando o momento em que havia conhecido a ômega que tinha seu nome gravado nele. Elas haviam se conhecido na faculdade em Pequim, quando a alfa fazia intercâmbio. No começo, uma não ia muito com a cara da outra, mas após uma atividade conjunta entre seus clubes surgiu uma amizade, que se tornou um romance e evoluiu para um namoro.

No início do ano subsequente às suas formaturas, Kristal estava decidida à viajar para os Estados Unidos, onde faria um curso de quase dois anos e então retornaria à Coreia do Sul, para assumir os negócios da mãe e queria que ela fosse junto. Era o que ela pretendia contar para a ômega no jantar que teriam naquela noite.

O que ela não sabia, era que sua namorada tinha outros planos e uma surpresa que alteraria o rumo de suas vidas. Ela pretendia continuar em Pequim, onde trabalhava em uma academia dando aulas de ginástica artística, além de ajudar os pais no pequeno restaurante e o irmão que era deficiente físico, e a surpresa não era nada menos do que um teste de gravidez positivo.

Kristal ficou sem reação ao mesmo tempo que sua mente entrou em pânico, talvez isso tenha interferido no momento que avaliou toda a situação. Seus planos teriam que ser totalmente repensados e isso provavelmente afetaria o julgamento de sua mãe ao assumir a empresa, mas ao invés de se manter calma e tentar conversar com a ômega, ela surtou.

Elas costumavam discutir, era uma coisa estranhamente comum no relacionamento das duas, mas o que doía a cada palavra daquela discussão era que elas sabiam como aquilo iria acabar.

O fim não foi diferente do esperado, elas terminaram, mas a ômega desejava manter a gestação e assim a fez longe da outra progenitora. E Kristal, por mais que não tivesse contato algum com a criança, cumpria com seu papel e enviava um alto valor mensalmente que foi altamente rejeitado, mas que ela nunca deixava de enviar.

Em pouco tempo seria o aniversário de seis anos do alfinha, cujo ela só tinha visto por fotos. Ele tinha os seus olhos, mas o sorriso era igual ao da ômega, fofo e apaixonante, capaz de fazê-la repensar em todas as suas escolhas e se afogar em remorso toda vez que via. E ver Jimin grávido praticamente todos os dias era quase um lembrete de tudo o que havia perdido com aquela que era o seu grande amor, só porque não souberam dialogar e chegar em um consenso sobre o que fariam.

— O quê você vai fazer sobre isso? — Jimin lhe perguntou, a tirando de seus pensamentos.

— Como assim?

— O quê você quer fazer? Afinal você disse que queria voltar no tempo, mas nós dois sabemos que isso é impossível. Se quer mesmo fazer algo por eles, eu sugiro que comece logo, e que comece pedindo desculpas. — Jimin foi direto, e mesmo que um tanto óbvio, Kristal sentiu que era esse choque que ela precisava. — Sei que você estava com medo e que era jovem, mas ela também estava com medo e queria seu apoio. Provavelmente ela também errou, mas vocês não vão sair dessa guerra fria se você não der o primeiro passo. Está perdendo a melhor parte da infância do garoto.

— Não sei se a Xuan Yi iria me perdoar...

— Você não vai saber se não tentar. Conversa com ela, fala sobre o que está sentindo e o que você sentiu quando terminaram. Não dá para voltar atrás mas dá pra tentar recomeçar agora, nem que seja só uma amizade, pelo seu filho.

— Você falou igualzinho a senhora So... Ela me deu um tapa na cara quando eu contei pra ela e disse que não criou nenhuma alfa que abandona o próprio filho.

— Eu não vou te dar um tapa na cara... — Jimin se prontificou, rindo com ela. Se sentia mais confortável agora.

— Não, o quê você me deu foi muito melhor... Obrigada Jimin.

Segurou a mão dele agradecida, sorrindo sincera para ele que retribuiu, soltando sua mão pelo susto ao ouvir a porta sendo aberta pela senhora So e pela senhora Kim, a advogada.

— Você está dando em cima de um garoto comprometido Kristal? Que pouca vergonha! — Jooyeon reclamou, batendo com um punhado de papéis na cabeça da alfa, de brincadeira.

— Calma lá! A gente estava só conversando tia, eu hein... — ela reclamou de volta massageando o lugar onde havia sido atingida, fazendo Jimin rir.

— "Tia" é o teu rabo. Não cai no papinho dela não Jimin, essa assanhada só sabe flertar com gente comprometida...

— Que coisa! Eu já disse que eu faço isso brincando, nunca peguei ninguém casado. — ela se defendeu, vendo a contadora se sentar ao lado de Jimin, frente a advogada.

— Se você diz... — deu de ombros, arrumando os papéis e aguardando o secretário de Kristal interfonar para anunciar a chegada do empresário que gerenciaria a nova loja e seu advogado, o que não demorou muito tempo.

Assim que o rapaz abriu a porta, os quatro presentes se levantaram para recepcionar e cumprimentar os dois que faltavam para dar início a reunião. Foi quando os olhos de Jimin se encontraram com os da última pessoa na face da terra que ele queria ver e o tempo infelizmente parou.

O alfa parecia igual se não, ainda mais surpreso do que ele por encontrá-lo ali, mas o sorriso quase perverso que surgiu em seu rosto foi o suficiente para remover o temor que Jimin sentiu, e ascender a raiva que ele tinha por ele.

Durante as apresentações feitas ele não tirou os olhos do ômega, e cansado de ser o foco de seu olhar incógnito, Jimin passou a encará-lo de volta, com uma fúria mortal implícita em seus olhos. Não dava para fugir, e o Park nem pretendia fazê-lo de qualquer forma.

Mais de três anos haviam se passado, Jimin era uma pessoa diferente de quando o conheceu, e esperava que Oh Sehun também fosse alguém diferente do alfa de três anos atrás. Ele esperava isso pelo próprio bem dele, pois se entre aqueles sorrisos Sehun achava que iria provocá-lo, o olhar do ômega dizia totalmente o contrário.

❤️🌈❤️

Promessa é dívida então aqui estou eu com a nossa atualização! Espero que gostem do capítulo, quero tentar publicar a cada duas semanas mas infelizmente não posso prometer nada.

Comentem bastante, deixem uma estrelinha, bebam água e se cuidem. Até breve!
💜

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