Desaparecido Sob Meus Olhos.
❤🌈❤
Pov's Jimin
Era de manhã cedo quando o despertador tocou e levei meu braço até a mesa de cabeceira no intuito de desligar o alarme, suspirando entristecido ao ver o outro lado da cama vazio.
Sentindo pela primeira vez que aquela cama de casal era grande demais só para mim.
Me sentando devagar eu busquei ver que horas eram, vendo se Jungkook tinha me respondido e lhe enviando outra mensagem, apoiando uma mão sobre o ventre na tentativa de acalmar minha ansiedade por aquela situação. Tentando me manter calmo e livre de qualquer receio que viesse ocupar a minha mente.
Eu tinha faculdade, e como Jungkook não estava aqui eu teria que ir a pé, o quê levaria um pouco mais de tempo, então calçando minhas pantufas eu me levantei, indo tomar banho para dar sequência às atividades do dia. Assim que me vesti, conferi novamente o celular para ver se ele tinha me respondido, me sentindo um idiota ao ver que ele não havia nem sequer visualizado a mensagem.
Era quinta-feira e eu estava incrivelmente feliz por comemorar meus exatos três meses de gestação, que marcavam o fim do primeiro trimestre. Minha felicidade no entanto só não era genuína por simples e mísero detalhe que ocupava aos poucos o pódio das minhas preocupações.
Jungkook estava estranho desde o início da semana pelo que pude notar, ele estava mais quieto do que o de costume, parecia nervoso e me evitava a todo custo. Quando eu lhe perguntava qualquer coisa sobre, ele simplesmente mudava de assunto ou dizia estar tudo bem, fugindo de mim e dos meus chamegos como um criminoso que fugia da polícia.
Eu estava decidido a colocá-lo contra a parede e exigir uma resposta, mas ontem de manhã quando acordei, encontrei sua parte da cama vazia e um bilhete sobre a mesa de cabeceira.
"Estou no meu apartamento resolvendo umas coisas e daqui vou direto para o mercado. Desculpe te deixar na mão hoje, prometo voltar logo. Te explico melhor quando voltar. Se cuida."
Era o quê estava escrito, como se não fosse nada demais ou como se aquela informação bastasse. Eu tentei ligar para ele mas as cinco ou seis chamadas caíram na caixa postal, e eu iria lá para conversar com ele, mas lhe dei um voto de confiança. Ele nunca havia agido assim e disse que iria me explicar, então eu esperava que ele cumprisse com sua palavra, voltasse e explicasse o porquê me deixou preocupado por dias e nem ao menos me explicou o porquê.
Eu enviei mensagens e aguardei respostas que não vieram, a medida que minha ansiedade aumentava e eu me preocupava mais com ele e com tudo o que vinha acontecendo. Meus hormônios estavam a flor da pele, e minha mente se recusava à acreditar que ele tinha simplesmente me abandonado com nosso filho, na tentativa de me proteger. Eu não queria acreditar nisso.
Meu lobo simplesmente não se manifestava sobre, totalmente neutro sobre a situação, de modo que eu quase não o sentia, e isso também era algo que me deixava ansioso. Parecia que ele tinha o controle de tudo e sabia perfeitamente o que estava acontecendo, enquanto eu estava a beira de um colapso, como se tudo em minhas mãos estivesse se dissolvendo como areia.
Eu tentava não pensar muito sobre isso, pelo menos não enquanto buscava a vasilha com frutas picadas de ontem, o suco e o pote de requeijão na geladeira colocando-os na mesa, sorrindo ao ver a foto do bebê no ultrassom da última semana, fixo na porta do eletrodoméstico com um imã em formato de morango. Ele estava tão grande, ficou se mexendo a consulta toda.
Meu sorriso ia murchando enquanto eu comia minhas frutas e meu pão com requeijão, a medida que me lembrava do estranho comportamento de Jungkook e do sumiço do mesmo. Eu estava começando a ficar paranoico com essa situação e aquilo não estava me fazendo nada bem. E se tivesse acontecido algo com ele? E se ele não sentisse mais nada por mim e tivesse resolvido simplesmente sumir no mundo? E se ele tivesse se metido em alguma roubada? Não conseguia deixar de me preocupar.
Conforme o tempo passava e nossa convivência se tornava algo comum, aos poucos entendíamos melhor sobre como estávamos nos sentindo em relação à nós, pelo menos eu entendia.
Mesmo nos conhecendo há três meses - e um dia - eu nunca estive tão certo sobre o que eu estava sentindo por aquele alfa idiota, irritante, meio gago, besta e com sérios problemas de confiança que estava quase que morando comigo e era pai do meu bebê. Podia ser muito pouco tempo para estar me sentindo assim, mas em todos os meus outros relacionamentos eu jamais tinha sentido isso. Muito menos nessa intensidade que eu sentia com ele.
E logo agora que eu entendi isso, ele simplesmente desaparece. Bem diante dos meus olhos.
Já sentado no banco costumeiro do campus, eu observava Mark vir até mim, trazendo a bolsa transversal com uns três rolos de EVA dentro, uma sacola de loja com vários retalhos do mesmo material e uma barrinha de cereal na outra mão, comendo enquanto se aproximava rapidamente.
Ele estava preocupado comigo e sempre mandava mensagens perguntando se eu estava bem. Estava acompanhando passo a passo das atitudes estranhas do Jeon e eu o atualizava todo dia, especialmente no começo e intervalo das aulas quando podíamos conversar e teorizar o comportamento do alfa que não era o único que estava agindo estranho ultimamente.
Colocando suas coisas ao seu lado, ele recuperava o fôlego perdido pela caminhada, tirando outra barrinha de cereal do bolso do moletom meio apertado por conta da barriga e me entregando, olhando para mim preocupado, enquanto terminava de mastigar.
— Bom dia Jimin.
— Bom dia...
— Ele ainda não apareceu? — perguntou e eu neguei, seu cenho mudando de preocupado para sério em segundos. — Céus Jimin, o quê pode ter acontecido? Ele respondeu suas mensagens?
— Ele nem as visualizou... M-Mark eu estou começando a me preocupar de verdade com ele. E-e se aconteceu alguma coisa?
— Calma Jimin, provavelmente não é nada, o Jungkook é uma pessoa sensata, já ele aparece...
— Mas e-e se ele não aparecer Mark? V-vai fazer dois dias que ele saiu de casa e deixou só aquele bilhete estúpido! Ele não me atende, não me responde, e-eu acho que ele desistiu...
— Jimin, não fique pensando nisso, vai fazer mal para o seu bebê...
— Eu sei Mark! Desde ontem eu tô tentando manter a calma e não passar estresse para o bebê, já que o pai dele resolveu sumir sem mais ou menos... Alfa idiota do inferno! Que malditos assuntos ele tem que resolver na porra daquele apartamento há mais de um dia?
— Vai ver era algo lá perto, e ele pensou ser mais viável...
— Que caralho de "mais viável" é esse que ele não pode nem atender o celular pra avisar o idiota do ômega dele que ele precisava sair por uns dias?!
Disse extravasando toda a raiva que aquela situação trazia e Mark arregalou os olhos um tanto surpreso, antes de dar sua próxima mordida.
— Do ômega dele? — me questionou sugestivo e eu corei, aos poucos raciocinando o que havia acabado de dizer, tossindo ao que me engasguei com a barrinha, balançando a cabeça para tentar apagar aquela frase da minha mente.
— N-não foi isso que eu quis dizer...
— Fica tranquilo Jimin, não estou te julgando nem nada, eu imagino que você goste mesmo dele, se não gostasse não estaria aí todo preocupado. Só fiquei surpreso, pensei que vocês estavam em uma amizade colorida.
— Mas nós estamos, é que... É complicado, o jeito que a gente se conheceu, o jeito que a gente começou a gostar um do outro. Não importa o que seja eu sempre acho que estou me precipitado, que estou agindo mais com o coração do que com a cabeça e eu fico com medo de acontecer algo que nem está acontecendo agora! Que eu não sei se ele está vivo ou morto....
— É complicado... Se quiser eu posso pedir para o Jack te ajudar a fazer uma denúncia de desaparecimento.
— Não precisa Mark, de verdade. Hoje eu vou lá no emprego dele, perguntar o que está havendo e por que ele não pode nem me contar. Mas qualquer coisa, eu mesmo vou lá na delegacia prestar queixa.
— Então tá... Só não esquece Jimin, que-
— Que "você está grávido", Mark eu sei. Acredite, aos poucos eu estou perdendo a visão da minha virilha, nada melhor do que isso para me lembrar todo dia que essa criança está aqui.
Digo acariciando minha barriga e sorrindo, vendo-o rir repetindo o gesto na sua própria barriga, um pouco maior que a minha confesso, de um ou uma alfa um pouco mais velho que meu filho. Chegava a ser engraçado pensar que iríamos criá-los praticamente juntos e que eles cresceriam como amigos, dava uma sensação boa no peito.
Meu pequeno momento se dispersou assim que notei outra pessoa que estava agindo de forma bastante estranha, não só comigo mais com Mark também. Descendo da caminhonete, ele se despediu de seus dois alfas, seguindo um rumo diferente de Yoongi, mas ele não estava vindo para o banco.
Indo para o banheiro do primeiro pavilhão as pressas, o Kim até podia parecer normal em mais um belo dia aos olhos dos demais. Porém o quê eles não sabiam é que do mesmo jeito que Jungkook estava me ignorando, Taehyung não olhava nem nos olhos de Mark, tão quanto nos meus.
Ele estava ansioso e meio estressado por conta da entrevista, e isso fazia cerca de duas semanas, mas ele estava estranho assim desde segunda-feira, quando ele faltou por conta dessa entrevista muito esperada por ele, na empresa que sempre sonhou trabalhar. Ele tinha mencionado algo sobre voltar para o campus assim que a entrevista acabasse, mas nem eu e nem Mark vimos um sinal dele.
Chegando na cafeteria para o trabalho, Chanyeol mencionou algo sobre ele passar por ali chorando aos montes, mas não mais do que isso, ele não sabia direito o que tinha acontecido. Logo associamos isso à entrevista e a possível falha dele, mas no dia seguinte quando ele retornou à faculdade, mal pudemos conversar, porque terminando as aulas ele saiu correndo para o seu primeiro dia no trabalho novo.
Primeiro nós pensamos que talvez ele só estivesse sobrecarregado e se sentindo um tanto pressionado à demonstrar serviço logo de cara. Mas mesmo quando ele estava com tempo livre arranjava desculpas e saía as pressas, fugindo de nós como um vampiro que foge da luz.
Eu tenho que parar com essas porras de comparações.
Encarando Mark com um olhar autoexplicativo, o ômega ao meu lado logo captou meu pensamento que era o mesmo que tínhamos combinado há alguns dias, pegando suas coisas e seguindo o Kim junto comigo, para tirarmos satisfação sobre o que estava acontecendo.
Entrando no banheiro, logo reconhecemos a cabine em que ele estava, já que o banheiro estava vazio e apenas uma era utilizada por alguém que parecia estar vomitando, fazendo nos encararmos estranhando. Ouvindo o som da descarga nós dois nos atentamos do lado de fora até ele girar a tranca, saindo dali e limpando a boca com um lenço, paralisando no meio da porta ao nos notar ali, dando dois passos para trás, imaginando do que se tratava.
— O-oi gente... Quanto tempo... — ele disse sorrindo nervoso, jogando o papel no lixo, apertando a alça da própria bolsa enquanto tentava sair dali por despercebido.
— Pode ir parando por aí. Nós viemos conversar e não vamos à lugar nenhum até você nos contar o quê está acontecendo. — Mark exigiu e Taehyung cruzou os braços indignado, arqueando as sobrancelhas e o encarando em tom de desafio.
— Então vocês vão ficar aqui olhando pra minha cara até o campus fechar meus amores. Eu não tenho que contar nada...
— Caralho Taehyung! Quer parar de frescura nessa tua bunda? A gente está preocupado com você, não falou nada desde semana passada. — disse e ele suspirou, perdendo um pouco a pose, descruzando os braços que pousaram novamente na alça de sua bolsa, encarando nós dois com receio.
— Porra, só... Só vamos sair daqui, tá bom? Vamos lá para o nosso banco que eu conto tudo...
— Promete que não vai fugir?
— Vocês vão acabar batendo lá na porta de casa se eu fugir, acho que não tem mais como eu ficar escondendo isso de vocês... — disse passando por nós dois bufando, deixando-nos novamente confusos, seguindo ele até o banco proposto onde nós três nos sentamos, esperando uma resposta dele. — Que merda, vocês vão jogar isso na minha cara até eu morrer...
— Tá louco? Por que faríamos isso? — Mark questionou, novamente cruzando os braços, dessa vez tentando cobrir as mãos por conta do frio que estava fazendo de manhã.
— Porque quando aconteceu com vocês eu zoei um monte, e agora vocês vão ficar falando aqueles ditados idiotas tipo "olha lá o sujo falando do mal lavado" ou "o feitiço se virou contra o feiticeiro" e os caralhos à quatro, isso é se vocês não me julgarem pelo resto da vida por isso...
— Taehyung? Do quê você está falando?
— Eu tô dizendo, é que eu estou grávido. É gente, grávido. Gravidíssimo, estou esperando uma criança, tô prenho, buchudo mesmo, agora eu também faço parte do grupinho, embora não estivesse procurando por isso...
Ele disse, gesticulando totalmente indignado, procurando algo na própria bolsa que acho que nem ele sabia o que era. Com seu relato eu apenas encarei Mark com os olhos quase saltando para fora com a informação, olhando para o Kim que fuçava sua bolsa, fazendo-nos nos perguntarmos se aquilo realmente era verdade. Taehyung tinha dessas também, embora seu rosto vermelho dissesse o contrário.
— E-espera, tá falando sério? — perguntei e ele confirmou com a cabeça com sinceridade, tocando a barriga em um movimento quase involuntário, me surpreendendo novamente.
— Estou de um mês. Não fui renovar a receita do meu contraceptivo e do meu remédio de cio e acabou que a dose era fraca demais para impedir uma gestação, não fazia mais efeito no meu corpo.
— Então foi por isso que seu remédio não fez efeito quando você entrou no cio naquele dia... — Mark comentou e eu relembrei o fato, chegando a mesma conclusão que o Wang Tuan. Taehyung apenas assentiu, explicando tudo o que havia acontecido desde segunda-feira, contando como tinha descoberto a gravidez, nos chocando ainda mais à cada informação.
— A médica me disse que foi praticamente um milagre eu não ter engravidado antes, meus genes ômega são fortes, o ideal é que eu troque de receita à cada oito meses. Mas agora aqui estamos, eu e essa coisinha na minha barriga...
— E como é que você está levando tudo isso? — perguntei, afinal era importante saber como ele estava lidando com tudo aquilo acontecendo, principalmente por se tratar de Taehyung que tinha suas paranoias como brinde da ansiedade generalizada.
Eu sabia que ele queria ter filhos em um futuro com seus alfas, mas tão bem quanto ele eu sabia que uma gravidez durante a graduação não era uma coisa fácil, ainda mais para ele que tinha acabado de arrumar o emprego que tanto queria na sua área de atuação.
Mas para minha mais nova surpresa - que pelo visto não seria a última do dia - Taehyung sorriu meio tímido, levando novamente a mão à barriga sem volume aparente e suspirando. Parecia se lembrar de algo, olhando para alguma coisa que só ele podia ver.
— Estou me acostumando com a ideia. Quando descobri pensei que ia ter um colapso, estava tão assustado e queria os meninos perto de mim, sentia que só assim eu ficaria bem. Foi o Seok quem me ajudou a me acalmar.
— E ele não disse nada pra gente, só o Chanyeol comentou que você tinha ido lá chorando, pensamos que você tivesse sido dispensado da vaga. — Mark comentou mas eu nada disse sobre isso.
Me lembrava de quando tinha descoberto da minha gravidez e a necessidade que eu e meu lobo tínhamos de Jungkook, imaginando se isso realmente tinha a ver com a gestação, ou se seria algo mais.
— Ah não, o CEO deixou bem claro o seu Interesse em me contratar. Disse que eu tenho um dos melhores portfólios que ele já viu, e está muito empolgado com a nova coleção que estamos montando.
— Isso é bom...
— É sim. Nossa não sei como vocês conseguiram lidar com essa história de gravidez tão bem. O Mark eu sei, até porque você queria engravidar, mas o Jimin lidou com tudo isso muito de boa pra situação dele, especialmente por conta do Jeon né? Já pensou se ele fosse só um aproveitador, e além de ter se aproveitado de você tivesse te deixado grávido sem apoio nenhum?
Disse rindo e embora eu soubesse que não tinha sido sua intenção, aquilo mexeu comigo e de um jeito não tão bom quanto devia. Era verdade que foi um alívio Jungkook ter me achado quando entrei no cio, e por mais que as coisas tivessem acontecido como aconteceram, suas intenções ao me levar para casa eram as mais puras e sinceras.
Ele só queria me ajudar, mas seu lobo entendeu que essa ajuda era de outra forma.
Nossos lobos clamaram um pelo outro e tomaram aquela situação como um pretexto para se unirem uma única vez, mas acabaram gerando uma vida que nos uniria por toda a nossa existência.
E eu nem de longe estava repudiando isso, de forma alguma. Mas agora tinha medo de que fosse o único a me sentir assim.
— Jimin? O quê houve? Tá quietinho. — Mark perguntou preocupado visto que eu não entrava na conversa, tocando minha coxa no intuito de chamar minha atenção, e logo olhei para eles dizendo estar tudo bem.
Mas era claro que não estava, e eles perceberam isso, especialmente Taehyung que estava por fora de tudo o que tinha acontecido na última semana por conta de sua paranoia. E se antes Taehyung já era paranoico, agora que estava grávido com os hormônios em controle de seu lobo, ninguém sabia o que esperar.
Eu contava tudo o que tinha ocorrido naquela semana e principalmente sobre o estranho comportamento de Jungkook para Taehyung, que me ouvia atentamente enquanto comia uma das barrinhas de cereal de Mark.
— Ué, mas ele parecia normal quando foi lá em casa ontem de manhã... — Taehyung disse como quem não queria nada e eu me espantei com a nova informação.
— E-ele foi na sua casa? — perguntei, sentindo-me trêmulo e os olhos marejarem.
— Sim, na verdade na casa do Yoongi, estamos dormindo lá por um tempo, mas agora com o bebê vamos vender as casas e alugar meu apartamento para comprarmos uma casa maior. — disse com um sorriso no rosto que me deixou feliz embora toda minha situação. A alegria de Taehyung era a minha própria. — O Jungkook ligou para o Hobi bem cedo, perguntou onde ele estava e foi até lá. Não sei bem sobre o que conversaram, ele mencionou algo sobre o cio e sobre o apartamento dele, parecia ser sério mas não consegui ouvir tudo.
— Então é isso Jimin! Jungkook deve ter ido para o apartamento passar pelo período de cio dele. — Mark chegou em sua conclusão, e eu estava realmente convicto que podia ser aquilo, embora algumas partes da história não batessem, para o meu descontentamento.
— Mas Mark, por que ele não me disse nada? P-por que ele escondeu isso de mim e simplesmente sumiu? Se fosse só isso ele devia ter me contado, é claro que eu iria entender uma coisa tão simples...
— Tem razão.
— Ugh, é claro que eu tenho... E Mark? Assim que acabarem suas aulas pode ir para o café, não precisa me esperar. Já vou avisar o Jin que eu não vou, compenso ele com a minha folga de amanhã.
— Tá bom, mas o quê você vai fazer?
— Vou atrás daquele alfa idiota, cansei de ser compreensivo...
— Mas assim, e se ele estiver mesmo no cio? — Taehyung indagou sério e eu ponderei por algum tempo antes de responder. Querendo ou não ele tinha um bom ponto.
— Eu não sei, mas se ele realmente estiver no cio vai estar dopado com o remédio, a não ser que esteja passando o cio com outra pessoa, o que é praticamente impossível.
— E como pode ter tanta certeza? — o Kim questionou em tom de falso deboche e eu logo me arrumei sobre o banco, terminando de escrever a mensagem para Seokjin, avisando que não iria.
— Porque pode não fazer muito tempo, mas eu conheço meu alfa bem o suficiente para saber que ele não é burro à esse ponto. — digo, sentindo meu lobo mais presente em mim e em minha fala, convicto do que dizia.
— Seu alfa é? — Taehyung disse zombeteiro, empurrando-me pelo ombro me provocando e me fazendo rir. Até eu mal acreditava no que tinha dito.
— Para de ser besta... — digo ouvindo ele e Mark rirem, pensando em algo para mudar de assunto ao que senti minhas bochechas vermelhas. — Mas e você Tae? Como os meninos reagiram com a novidade?
— Ah isso? Foi hilário, vocês deviam ter visto. Depois que eu saí do café, eu fui em uma loja que o Seok me recomendou, eu fiquei olhando as coisas e pensando em algo legal para contar do bebê, até que eu vi uns sapatinhos de crochê muito fofos e decidi levar. Comprei dois pares, um lilás e outro verde água, e peguei duas caixinhas de presente também. Quando eu cheguei eu arrumei os sapatinhos e um teste em cada caixa, embrulhei e pedi comida para esperar eles.
— Que fofo, pelo visto você se empolgou mesmo. — Mark comentou rindo e eu concordei, Taehyung parecia estar amando aquilo.
— Você não viu nada! Aí então eles chegaram né? O Yoon chegou primeiro e depois o Hobi, eles estranharam um pouco porque eu ria do nada de tão nervoso que estava, mas aí a gente jantou e depois eu entreguei as caixinhas para eles...
— E aí?
— Eles ficaram um tempo sem reação, o Yoongi apenas ficou observando o teste e eu como se custasse à acreditar, parecia ver algo de outro mundo. Já o Hoseok assim que entendeu desmaiou o coitado. Acordou só depois com o Yeontan lambendo o rosto dele, se perguntando o que tinha acontecido. Eles ficaram tão felizes, pareciam duas crianças. O Hoseok chorou um monte, pedindo desculpas tadinho, ele pensou que fosse culpa dele, mas eu expliquei tudo e no fim a única pessoa que teve algum tipo de culpa nisso tudo foi eu...
— Mas você não teve culpa Tae, essas coisas acontecem e as vezes antes do que deveriam.
— Eu sei, estou tentando me acostumar com isso agora. É muito doido pensar que eu vou ser pai...
— É incrível não é? — Mark comentou porém recebeu uma careta em resposta.
— Eu não chamaria de incrível no momento, visto como é ruim acordar de madrugada pra vomitar e não conseguir sentir o cheiro de nada sem ter enjoos e náuseas. Mas ser mimado e me imaginar como o pai gostoso que vai levar e buscar o filho na escola é mesmo incrível...
— Incrível é você ter comemorado que eu tinha te dado um sobrinho e agora você me dar um sobrinho e um primo para o meu filho. — digo e nós rimos, conversando até dar o sinal e irmos para as salas.
Por mais que eu quisesse me concentrar, à cada cinco minutos meus pensamentos se voltavam para Jungkook, e à história dele estar no cio. Se fosse mesmo isso não faria sentido ele não ter me contado.
Ele tinha problemas de confiança e isso era óbvio, e quando estava nervoso podia ser tão paranoico quanto Taehyung, mas não era possível que ele tivesse feito tudo aquilo por algo tão simples quanto um cio. Eu não poderia passar o período com ele, por conta da gravidez e dos riscos que poderia trazer ao bebê, mas omitir isso de mim me soava como algo muito idiota.
Idiota demais. Até para ele.
Eu precisava de uma explicação, e esse era o principal motivo de eu ir atrás dele, para tirar tudo isso a limpo e acabar com essa incerteza que estava me matando aos poucos. Eu não o conhecia o suficiente, mas no momento em que ele entrou de vez na minha vida prometemos aprender mais um sobre o outro, e eu já tinha lhe dito que ele não precisava omitir nada de mim. Eu merecia uma puta de uma explicação, e eu iria tê-la.
Terminada as aulas eu caminhei rumo ao apartamento dele, sentindo um misto de emoções me consumir conforme cada passo que eu dava. Parei quando senti um enjoo subir à boca, me sentando em um banco de uma pracinha para recuperar o fôlego.
Tinham três crianças correndo enquanto brincavam de pega-pega, e como se isso iluminasse minha mente eu me lembrei de Kyungsoo e de Jongin, eles provavelmente saberiam de alguma coisa.
Ao atender o telefone, Jongin parecia estar no meio de uma discussão, onde Kyungsoo insistia em comprar algo que dizia ser "útil" e o alfa não queria ceder. Eles tinham criado essa regra de consenso para qualquer coisa fora do essencial que fossem comprar, desde que descobriram da gravidez dos trigêmeos. Eu realmente achava algo bem válido, especialmente porque em cerca de quatro meses eles teriam mais três boquinhas para alimentar e cuidar.
Era um baita trabalho que me fazia agradecer por estar esperando apenas um bebê.
Assim que aquela discussão se acalmou eu perguntei ao alfa o que ele sabia sobre o idiota e isso me rendeu um certo silêncio por alguns segundos, fazendo minha ansiedade sambar na minha cara e de quebra na porra do meu coração preocupado.
Ele se embolou um pouco pra dizer, mas acabou confirmando minhas suspeitas anteriores sobre Jungkook aparentemente estar no cio. Ele nem tinha ido trabalhar.
O alfa me contou tudo o que sabia sobre aquilo, disse que Jungkook estava preocupado com o cio e como eu reagiria quanto a isso, embora na visão do Kim suas preocupações fossem um pouco além disso, mas ele não sabia o quê era.
Eu estranhei, e principalmente quando ele mencionou algo sobre Jungkook ter dito conversar com o doutor Kim há algum tempo e ele ter lhe instruído sobre, e aquela informação me deu um aperto no coração e ao mesmo tempo uma ideia de quando aquilo podia ter ocorrido.
Me lembrei o quão estranho Jungkook ficou após uma consulta, especialmente quando foi buscar minha bolsa que eu tinha esquecido no consultório e mesmo negando eu percebi que havia algo com ele, algo que infelizmente eu não insisti em saber.
Com isso em mente eu o agradeci e encerrei a chamada, ligando em seguida para o doutor Jongdae, na esperança que ele pudesse me dar uma resposta mais consistente sobre a situação de Jungkook. Porém quando atendeu o telefone não fui atendido por ele, mas sim por uma criança.
— Alô, doutor?
— Eu não sou doutor, tô no primeiro ano, não dá pra ser médico com sete anos. Quem tá falando? — ele disse meio emburrado e eu ri, tentando conter minha risada que me distraiu dos meus problemas.
— Oi, sou Park Jimin, quero falar com o doutor Kim Jongdae, ele está?
— Meu pai? Ele tá sim, o quê você quer com ele? Ele é casado tá? Pode ir tirando o cavalinho da chuva...
— Céus... — digo não conseguindo esconder o riso, tapando a boca por puro reflexo. — Eu sou um paciente do seu pai, preciso falar com ele sobre o bebê que estou esperando.
— Ah, entendi. Espera aí que eu vou chamar ele. — disse e pude ouvir o som dele correndo, chamando pelo pai e dando um breve dizer sobre o que se tratava a chamada, antes de passar o celular para o médico. — Alô?
— Alô doutor? Sou eu, Park Jimin, está lembrado?
— Ah Jimin! Tudo bem? Como você está? Precisa de alguma coisa?
— Na verdade sim. Não tem nada haver com o bebê, nós estamos ótimos, mas tem haver com o Jungkook. O senhor falou com ele depois da última consulta?
— Bem, na verdade sim, eu conversei com ele faz uns quatro dias, ele queria me perguntar sobre um assunto que tratamos há algumas semanas...
— E o senhor poderia me dizer que assuntos são esses? — perguntei receoso sentindo minha voz trêmula ao pedir.
Afinal ele poderia muito bem tratar aquela informação como algo confidencial, e o doutor conhecia em parte minha história com o Jeon, sabia que não tinhamos qualquer relação afetiva estável, aquilo era um bom motivo para ele omitir essa informação. Se o próprio Jeon com quem eu dormia me omitiu isso, quem seria o doutor para me dizer?
— Eu não sei se devia Jimin... Se bem que ele não me pediu confidencialidade. Ele não te falou nada?
— Não... — respondo choroso à sua pergunta, não aguentava mais essa situação. Só queria encontrar Jungkook, me assegurar de que ele estava bem e socar a cara dele assim que averiguasse. — D-doutor, e-eu não sei o que está acontecendo, e-ele passou a semana estranho, na verdade ele vem agindo assim desde que falou com o senhor. Ontem ele saiu de casa e até agora não deu sinal de vida, e-eu estou preocupado com ele, sei que provavelmente ele está no cio mas eu quero saber por que ele está me evitando...
— Jimin se acalme, respire fundo, ok? Bem se esse é o caso, acredito que posso te dizer sobre o que conversamos, mas não sei se tenho informações muito animadoras sobre o comportamento dele...
— Qualquer coisa pode me ajudar nesse momento doutor... Eu só preciso saber.
— Bem, o que eu posso ter não é muito animador, mas o Jungkook me procurou porque queria saber sobre os riscos de inserir uma marca durante uma gestação... — disse e meu coração bateu em falso, meu lobo apenas aprovava a ideia com uma euforia imensa e eu sentia meu rosto esquentar com a mísera informação.
Claro, aquilo ainda estava muito estranho e só aquela informação não bastava para completar esse grande quebra-cabeças que Jungkook havia feito, mas qualquer coisa que Jongdae pudesse dizer já me dava uma certa direção para seja lá o quê estivesse se passando com o Jeon.
— E-ele te procurou só pra isso?
— Sim e não, é complicado. Eu sugeri que ele não o fizesse de qualquer forma, falei para que conversassem melhor sobre isso depois, mas acho que ele me entendeu errado...
— Aquele idiota... Mas eu não entendo, na outra vez o senhor disse que uma marca tornaria a gestação mais estável?
— E de fato é verdade, entretanto por mais que uma marca possa ajudar a estabilizar a gestação, inserir uma marca durante uma gravidez pode se tornar um risco para você e para o bebê, ainda mais com o alfa estando tão próximo do cio ou estando nele de fato. Os instintos do lobo de um alfa ficam fora de controle e por mais cuidadoso que o alfa seja, sempre há um risco, por isso não recomendo.
— E-então ele não pode me marcar enquanto eu estiver grávido?
— Exato. Eu apenas não entendi o comportamento estranho que você me mencionou, afinal eu já havia os instruído que não deveriam passar o cio dele juntos por conta da gravidez. Ele deveria tê-lo comunicado.
— Sim, ele devia... — digo simples, sentindo certo receio e pânico vindo de meu lobo, mas algo me dizia que aquilo não vinha dele, e sim de algo muito além de mim no momento. — Eu... Eu acho que tenho uma ideia sobre o porquê ele agiu assim. Muito obrigado por tudo doutor, sinto muito pelo incômodo.
— Imagina Jimin, o quê você precisar estou a disposição, se cuida viu?
— Pode deixar... — digo antes de agradecê-lo novamente, me despedindo e desligando a chamada, um pouco mais confiante e certo sobre o que acontecia, assim como meu lobo, seguindo firme rumo ao apartamento de Jungkook.
Se eu estivesse certo, ele provavelmente estava se escondendo com medo que alguma coisa desse errado, pensando no que fosse melhor para o nosso filho. Eu podia não ter todas as peças do quebra-cabeças, mas conhecia as preocupações de Jungkook, se ele estava fazendo isso pelo bebê, eu não poderia estar mais orgulhoso.
E agora eu entendia a calmaria do meu lobo, parecia ligado ao Jeon e entendia suas razões diferente de mim. Não sabia como isso era possível, era como se nossos lobos fossem conectados, era uma loucura, mas eu compreendia de certa forma.
Eu sentia a certeza do meu lobo em seus sentimentos sobre Jeon cada vez mais intensos, e como era parte de mim, eu entendia essa certeza como algo que não podia mais negar para mim mesmo: que independente de terem se passado apenas três meses, se eu tivesse essa oportunidade eu passaria todo o tempo que eu tenho com ele. Assistindo filmes, cozinhando, saindo juntos em encontros ou conversando sobre o bebê, eu adorava conviver ao lado dele e cada mísero, belo e irritante detalhe dele.
Eu amava aquele idiota, mas precisava tirar umas boas satisfações com ele, antes de qualquer coisa. Não que isso fosse mudar algo, mas era algo que eu precisava fazer e ele precisava me dizer, independente dos sentimentos que tínhamos um pelo outro.
❤🌈❤
Já peço desculpas pelo sumiço, estou fazendo autoescola e por conta disso está sendo um pouquinho complicado para mim escrever, mas de uma à duas semanas eu vou trazer atualização para vocês.
Hoje infelizmente não teremos atualização dupla, mas a nossa continuação já está sendo desenvolvida.
Espero que tenham gostado do capítulo, me desculpem qualquer coisa, qualquer erro ortográfico ou de coesão, eu dei duas revisadas mas sabem como é né? Sempre alguma coisa passa batido.
Deixem uma estrelinha, comentem bastante - eu adoro os comentários - bebam água e uma boa semana para todas/es/os.
Se cuidem.
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