Decepções de um Passado.

Antes de mais nada, boa noite/dia/tarde e me desculpem pelo atraso.

Em compensação por ele, eu tenho um capítulo enorme para vocês de quase 6k de palavras.

Eu resolvendo uns assuntos da autoescola e outros da vida mesmo e fica meio complicado pra revisar, mas nem por isso vou deixar de dar a dose semanal de boiolisse de vocês.

É sobre isso menines, tenham uma boa leitura 📚!

❤🌈❤

Pov's Jiminie de novo

Ainda era domingo mas, após o caótico encontro no grupo de apoio, Jungkook veio me buscar e nós fomos almoçar no shopping, onde compartilhei com ele as novidades e o que foi abordado por Youngjae.

Nós fomos fazer compras como ele havia prometido, coisas para casa - o essencial pra gente viver - e depois fomos pesquisar algumas coisas para o bebê e acabamos voltando com algumas fraudinhas de boca e dois conjuntinhos de inverno. Uma fofura, Jungkook ficou todo animado arrumando as roupinhas depois.

Agora estava de noite, eu estava sentado na pequena sacada do apartamento na velha cadeira de praia, acariciando minha barriga enquanto conversava com o bebê e apreciava o céu. As estrelas brilhavam de uma maneira surpreendente e a lua cheia nem se fala, contrastando com as luzes da cidade.

O vento gelado soprava me causando um certo arrepio pelo frio, mesmo que eu estivesse agasalhado, mas nem por isso eu estava desconfortável, apenas apreciava a vista e mantinha um papo bem daora com o meu filho.

Conversava com Taehyung até a pouco tempo, e ele me contava das novidades de sua gestação - o quê não deu para ele fazer no grupo hoje cedo - enquanto o mesmo era mimado por Hoseok, que dava uvas na boca dele e de Yoongi, os três deitados na cama durante aquela chamada de vídeo que eu tinha com o ômega.

Como ele estava perto das sete semanas Hoseok tinha tentado sentir o cheiro do bebê, já que temia que o filhote fosse um lúpus como ele e isso acabasse trazendo algum risco para o ômega durante a gravidez. E por mais que o cheiro de Taehyung estivesse mais forte, ele não conseguiu muita coisa, teriam que esperar mais um pouco.

Essa era a atual preocupação do meu amigo e dos seus alfas, porque por mais que todos os exames indicassem que estava tudo bem, uma gestação lupina exige muito de um ômega, especialmente se este progenitor não for um lúpus.

Existem tratamentos e métodos para ter uma gestação lupina sem nenhuma complicação, mas esses só garantem esse resultado perfeitamente se começado logo nos primeiros três meses. Então quanto mais cedo eles descobrissem se o bebê é um lúpus ou não, melhor.

Fora isso a outra preocupação de Taehyung se dava com a faculdade e confesso que essa questão também me preocupa. Mark também se preocupava, mas diferente de mim e de Taehyung, ele contava com uma extensa rede de apoio que ia desde suas mães, seu marido e até seus sogros que se dispuseram a vir da China para ajudá-los com o bebê e com Bambam, caso eles precisassem.

Já tinha me ocorrido de ter que sair da sala ou até mesmo ir para casa por estar enjoado ou indisposto e mesmo assim eu fazia de tudo pra não ficar atrasado nas matérias, pegando os conteúdos com alguns colegas e fazendo trabalhos extras para compensar algumas notas. E até agora estava dando muito certo, mas eu mal podia imaginar como iria ser daqui pra frente.

De qualquer forma eu não iria trancar a faculdade de novo, meu esforço valia a pena afinal, eu me formaria poucos meses depois do bebê nascer. E se tudo der certo, até lá eu já estaria com um emprego fixo na minha área e estaria curtindo meu bebê com a licença.

Claro, se tudo ocorresse bem até lá.

— Jimin? Não vai entrar? Está ficando mais frio... — Jungkook disse aparecendo na sacada, trazendo um cobertor consigo.

— Eu estou bem, daqui a pouco eu entro. Quero ficar mais um pouquinho aqui fora.

— Tudo bem, mas pega isso, assim você fica quentinho. Vou pegar a outra cadeira pra sentar aqui com você.

— Obrigado. — sorrio agradecido, me enrolando na coberta enquanto ele trazia a outra cadeira de praia, me entregando uma caneca de chocolate quente e se sentando ao meu lado.

Jungkook estava cada vez mais atencioso e cuidadoso comigo e com o bebê e eu cada vez mais apaixonado, era lindo e até um pouco engraçado ver ele conversando com o bebê toda noite antes de dormir. Parecia uma criança conversando com outra criança, todo empolgado contando do seu dia, dizendo o quanto ele nos amava.

Minha atenção foi do céu até ele enquanto Jungkook se ajeitava na cadeira meio bamba e pegava seu chocolate quente, sorrindo para o céu enquanto o apreciava, rindo assim que percebeu meu olhar sobre ele.

— Por que está me encarando? — ele perguntou me olhando, se sentindo meio tímido e me fazendo rir, lhe devolvendo a pergunta.

— Por que você está rindo?

— Porque você está me encarando, por que está fazendo isso?

— Porque você está rindo, eu adoro sua risada. — digo sorrindo sincero, tomando um gole da minha bebida, sentindo sua mão vir de encontro à minha, a segurando.

— Eu também adoro sua risada, eu adoro tudo em você... — ele diz me fazendo rir, corando sem jeito pela sua fala enquanto ele ria por minha situação. — Só de pensar que há um pouco mais de três meses eu nem te conhecia, e hoje eu não posso nem imaginar o que seria de mim sem você, sem o nosso filho. Eu amo vocês.

— Céus garoto, desse jeito eu vou acabar explodindo de tanto amor. — digo rindo sentindo meu rosto queimar, podia jurar que estava vermelho. Mas olhando para ele eu só conseguia sorrir, vendo seus olhos brilhantes e sorriso precioso direcionados à mim. — Eu também amo vocês.

Digo automaticamente levando minha mão até minha barriga ainda sorrindo para ele, aproveitando o curto espaço entre nós e chegando mais perto, selando nossos lábios em um beijo lento e apaixonado, compartilhando o calor corporal um com o outro, envoltos dessa sensação que nos atraía e que me fascinava.

Foi envoltos nessa sensação que fomos dormir pouco tempo depois, em um sono profundo e tranquilo do qual eu só fui despertar na manhã seguinte, sorrindo ao ver Jungkook babando no travesseiro ainda entregue ao sono, mantendo seus braços ao redor de mim, em um abraço aconchegante do qual eu infelizmente tive que me desfazer.

Me levantando com cautela para não acordá-lo eu fui até a cozinha onde me arrisquei para fazer o café da manhã.

E antes que pense "nossa como você viveu por cinco anos sem saber cozinhar?" Saiba que eu me virei muito bem comendo kimchi, torrada e um café muito bom que o Chanyeol me ensinou a fazer, fora as frutas que vez ou outra eu comprava e as marmitas que Seokjin fazia para mim.

Acontece que com a gravidez e a mudança que Jungkook vinha trazendo na minha vida eu acabei me acostumando com um café da manhã mais variado, e como eu estava comendo por dois e o café é a refeição mais importante do dia, era essencial que eu me alimentasse bem.

A sorte é que a maioria das coisas estavam previamente prontas, já que havíamos feito compras recentemente e Jungkook tinha uma mania de organização herdada que insistia em higienizar e pré-preparar os alimentos assim que comprados, para facilitar no preparo e evitar desperdícios. Era ótimo na verdade.

Eu estava terminando de passar o café quando senti dois braços rodearem minha cintura - não tão fina quanto antes - e um rosto se afundar em meu pescoço, dando-me um beijinho e inalando o aroma da região. Fazendo-me sorrir só de sentir seu cheiro, forte e presente.

— Bom dia meu amor. — diz rouco, a voz carregada de sono sobre a minha pele, me causando um certo arrepio, ganhando um beijinho na bochecha antes dele apoiar a cabeça em meu ombro. — Fazendo o café da manhã?

— Pra você ver, acho que você é uma boa influência. — digo em tom de brincadeira, sentindo seu abraço ainda mais forte, ganhando mais beijos enquanto nos dirigiamos até a mesa, agarrados feito dois boiolas.

Após a refeição fomos tomar breve banho para nos aprontarmos para sair, nos vestindo e pegando nossas coisas para aquela segunda-feira que estava apenas começando. Mark iria me levar para a cafeteria depois da aula novamente e era disso que eu lembrava Jungkook antes de me despedir dele, que me reforçava que iria me buscar depois, assim que terminasse nossos turnos.

Assim que nos despedimos eu estava prestes a seguir caminho até o banco onde eu já podia enxergar Taehyung junto de uma outra pessoa que de longe não pude identificar, quando escutei uma buzina vinda do carro de Mark que me pedia para esperá-lo, o que eu prontamente fiz.

Cumprimentando o americano nós conversamos enquanto íamos até o nosso banco, percebendo que lá acontecia o que aparentemente era uma discussão entre Taehyung e aquela amiga dele que fazia jornalismo, o que obviamente chamou nossa atenção.

— ... É claro que eu não vou falar nada, seu idiota!

— Calma aí caralho, eu não insinuei que você fosse falar nada... — o Kim revirava os olhos, finalmente notando nossa presença cada vez mais próxima da cena que acontecia.

— O quê tá acontecendo? — Mark foi o primeiro a perguntar embora eu também quase o fizesse, vendo a expressão meio confusa da ômega que nos conhecia de vista mas aparentemente não se lembrava mais do que isso. Pelo menos se tratando de mim.

— Bom dia pra vocês também... Nayeon esse é o Jimin, ele faz contabilidade e meio que namora com meu cunhado e esse é o Mark mas acho que vocês já se conhecem.

— Sim nos conhecemos... Muito prazer Jimin, sou Im Nayeon, estudo jornalismo. Acho que não fomos devidamente apresentados no outro dia...

— Pois é. O prazer é todo meu, sou Park Jimin, amigo de infância desse idiota antes de quase-namorar com o cunhado dele, de qualquer forma. — digo olhando para o Kim que dá de ombros, olhando para as unhas bem cortadas como se fosse a coisa mais importante do mundo. — O quê ele fez pra você ficar brava?

— O quê eu fiz? Eu não fiz nada! — ele mencionou indignado, sentando-se ao meu lado antes da própria Im explicar.

— Ele não fez nada, é que... Eu meio que descobri o segredo dele, sobre o outro alfa dele. — disse simples, surpreendendo a mim e a Mark pela informação, cruzando os braços e Taehyung suspirou. Ele estava ansioso com aquilo, dava pra ver pelo jeito que ele balançava a perna. — Mas eu já falei que não vou contar para ninguém! Eu juro para você pela nossa amizade, por tudo que é mais sagrado.

— É bom mesmo, eu também vi coisas demais para o meu gosto... — ele diz fazendo tanto eu tanto Mark nos encararmos sem fazer ideia do que estavam falando. Mas o rosto corado da ômega dava uma ideia de que foi algo íntimo demais para o Kim ter visto. — Obrigado por fazer isso por mim.

— É o mínimo que eu poderia fazer por você. Por mais doido que seja, você é um ótimo amigo e o senhor Min é um ótimo professor. Mas por favor mantenha o que você viu em segredo.

— Mas e a outra parte que não é segredo pra ninguém? — perguntou e novamente eu e Mark nos encontramos alheios ao assunto, mas a ômega deu de ombros.

— Ah isso não tem problema...

— Céus o que rolou?! Parem com todo esse suspense!

— Simples Mark, a bonita aí tá namorando com a Jeongyeon. Eu fui ontem no meu apartamento com o Yoon pegar umas coisas e acabamos descobrindo os segredos um do outro. Mas adivinha quem foi o cupido das duas?

Disse simples e a ômega corou um pouco, Mark e eu estávamos surpresos com a notícia além de felizes pela ômega, que parecia meio envergonhada por serem descobertas aparentemente em um momento inoportuno.

Ela então explicou em partes o que realmente aconteceu. Como Taehyung havia dito, ele e Yoongi foram até o prédio em que o ômega morava para que este pegasse algumas coisas. E como ele não estaria em casa por mais um bom tempo, decidiu passar essa informação para Nayeon que morava no mesmo prédio, no apartamento ao lado, para que a mesma não se preocupasse e passasse a informação para alguns vizinhos que também se importavam com o Kim.

Deixando o Min cuidando de seu apartamento ele foi até a porta da amiga, mas quem o atendeu com "roupas de menos" para o seu gosto foi Jeongyeon, que corou da cabeça aos pés ao perceber que se tratava do Kim e não da namorada que apareceu segundos depois, logo atrás dele.

Sem esperar muito ele se virou sem jeito, se dirigindo para o seu próprio apartamento, dizendo para Nayeon que falava com ela depois, esquecendo-se totalmente de Yoongi lá dentro quando a ômega foi até ele, dando de cara com o professor.

Com tudo explicado e a reafirmação sincera de Nayeon que não diria nada para ninguém sobre a relação entre Taehyung, Hoseok e Yoongi, o sinal bateu e cada um de nós seguiu para o respectivo prédio de seu curso, para as aulas que teríamos no dia.

Até aí foi tudo bem, as aulas aconteceram no mesmo tédio se sempre. Só sei que assim que a professora de Controladoria e Orçamento disse que a aula havia acabado eu quase pulei de alegria enquanto guardava meus materiais, sendo encarado por alguns que passavam pela minha carteira, olhando com julgo o "ômega grávido e sem marca" como eu já os vi comentando.

Eu não me importava muito, já tinha ouvido muita coisa só por ser ômega em um curso predominantemente feito por alfas e para alfas. Fora eu, a turma contava com mais três outros ômegas - éramos cinco no total, mas uma de nós teve que sair no terceiro semestre, e olha só, por causa de sua gestação - sendo os três que ainda estudavam, casados e marcados.

Eu era a grande exceção desde a primeira vez que ingressei aqui, e agora que eu estava esperando um bebê não seria diferente, na verdade seria bem pior.

Os olhares julgadores faziam parte do meu dia a dia, incluindo o dessa professora maldita que já teve a audácia de me chamar de "inconsequente" e "irresponsável" por engravidar logo no último ano, mas no fundo eu sabia que ela tinha raiva por não poder descontar uma mísera nota sequer do meu boletim, assim como sabia que a maioria dos que falavam pelas minhas costas tinham inveja, simplesmente por eu ser o melhor da classe.

Sem modéstia parte, eu sou foda pra caralho nesse ramo.

Claro que existiam pessoas que não usavam o fato de eu ser ômega ou minha gravidez para me julgar, que eram ótimos colegas e até bons amigos como eu já mencionei - em contrapartida com esses outros que só faltavam criticar o modo que eu respiro - e era graças à eles que os meus dias não se tornavam puros de ódio ou raiva. E não tão cansativos como costumam ser.

Claro que também tinham alguns professores que valiam o braço a torcer, mais com a maioria eu vivia em uma relação de amor e ódio.

Saindo dali eu fui direto para a saída onde encontrei Mark conversando com alguns alunos de seu curso: pedagogia. Uma galera até que bem simpática que se informavam sobre alguns concursos. Terminando seu assunto, nós dois seguimos caminho até a cafeteria, chegando lá em um tempo relativamente curto, já que conversando mal vimos o tempo passar.

Cumprimentando o pessoal do café nós dois logo fomos almoçar, momento em que Mark acabou recebendo uma chamada de vídeo especial, onde sua mãe Elyn Tuan, tentava virar a câmera frontal do celular para poder mostrar a nova obra de arte de Bambam, além de todas as lições de casa que o tailandês havia feito, que tinham sido passadas por Mark que buscava desenvolver as habilidades e experiências sensoriais e motoras dele.

Era uma cena fofa demais para não rir, o ômega chamando a mais velha de vó, pulando ao redor dela com um caderno enquanto a mesma tentava encontrar o botão da câmera, seguindo as orientações de Mark que também não continha a risada. Eu adorava vê-lo tão feliz.

A partir dali o trabalho seguiu como o de costume, mesas para atender e limpar, pedidos para entregar e outros para fazer. Jin pediu para que eu cuidasse do caixa na maior parte do tempo enquanto Mark ficou com o balcão, mas chegou uma hora que eu mesmo não aguentava mais ficar sentado e pedi para Miya me substituir enquanto eu atendia algumas mesas.

Eu tinha acabado de levar os pedidos de um grupo de adolescentes quando uma mulher entrou ali, chamando minha atenção.

Já fazia alguns dias que ela estava frequentando a cafeteria. A ômega sempre bem vestida parecia uma modelo, sempre com um sorriso mínimo no rosto, chegava no meio da tarde e era uma das últimas clientes a sair. Pedia só um café com leite de aveia e um bolinho light e sempre se sentava na mesma mesa frente a porta, como se esperasse por alguém.

Mark havia me dito que ela procurava por um velho conhecido dela, mas quando perguntou para o rapaz que a atendeu no dia ele não soube responder se o conhecia, até porque era seu segundo dia de trabalho aqui e agora ele nem ao menos se lembrava o nome dito pela mesma.

Mas eu não entendia o porquê de meu lobo ficar tão incomodado com ela e seu cheiro doce demais para o meu gosto.

As horas se passavam e com elas mais um dia de trabalho, eu me sentia cansado e agora com um movimento quase nulo no café eu busquei me sentar e descansar um pouco. É ótimo estar grávido, mas não é nem um pouco fácil.

Mark foi embora mais cedo, visto que a mãe ainda estava com Bambam e iria sair de noite com sua outra mãe, então eu apenas peguei minha bolsa e fiquei ali, sentadinho esperando por Jungkook. Agora sem clientes, só restava eu, Seokjin, Chanyeol e mais dois da cozinha que terminavam de limpar.

Um pouco mais a frente de onde estava sentado, a ômega continuava ali e era a única cliente, sentada com o olhar fixo no celular e na porta que não abria, me levando a observá-la.

Minha atenção foi dela a outra coisa quando passando pelas vidraças da cafeteria eu vi Jungkook e automaticamente sorri, vendo seu sorriso crescer ao também me ver. Ele abriu a porta do café e em passos largos vinha em minha direção, quando para minha estranheza a ômega se levantou ficando de frente para ele que mudou de expressão em segundos, dando dois passos para trás.

Eu nunca o tinha visto tão assustado.

Me levantando dali eu ia até ele para perguntar o quê aconteceu, mas ela foi mais rápida quando foi até ele e o abraçou para o estranhamento meu e dele, abraço esse que ele repeliu rapidamente, a empurrando pelos ombros e fazendo-a dar para trás, tropeçando.

Eu me encontrava estático, tentando entender o quê acontecia, buscando alguma explicação nos olhos de Jungkook que estava tão perdido quanto. Confusão, medo e até raiva estampavam sua íris.

— O-o quê você quer aqui? — ele perguntou firme para ela, vacilando entre olhar para a ômega várias vezes, não conseguindo encará-la nos olhos.

— É uma cafeteria benzinho, eu vim tomar um café. — disse totalmente imparcial, dando uma risada irritante aos meus ouvidos e agora eu imaginava que fosse Jungkook quem ela procurava, sentindo a raiva do meu lobo me consumir. — Mas fico feliz por poder te ver depois de tanto tempo, você mudou muito... Embora ainda fale gaguejando.

Disse rindo, olhando para ele de cima abaixo e eu quase rosnei com sua audácia, ainda sem interferir na conversa, apenas assistindo. Embora o olhar que Jungkook me lançava implorava que eu fizesse algo. Ele oscilava entre o medo e a raiva, mas passando a mão pelo rosto tentando se acalmar, foi furioso que ele olhou para ela.

— Que pena, eu não estou nem um pouco feliz em te ver de novo, Jennie. — ele disse, raivoso o suficiente para fazê-la recuar um passo para trás, assustada. Eu nunca tinha visto ele tão puto.

— Eu só quero conversar com você...

— M-mas eu não quero, e não tenho nada pra falar nada com você.

— Mas eu quero, e nós dois vamos conversar, Jungkook. Quer você queira ou não.

— Não nós não vamos, você deixou bem claro que eu era só um palhaço pra você.

— Mas é por isso que eu vim aqui! Eu queria te ver, te pedir desculpas. Eu sei que eu não devia ter te traído, e-eu...

— Você o quê Jennie? Hein?! Me diz? Ou melhor, não me diga que vai se desculpar por todas as merdas q-que você fez durante o nosso namoro? Das suas torturas psicológicas e-e de como você e aquela babaca me humilharam na sua casa?! O-o quanto v-vocês me fizeram sentir um lixo?

Ele dizia bravo, colocando para fora tudo o que sentia, embora seus olhos marejassem e sua voz falhasse o comprometendo, fazendo meu coração arder por ele, quase como se pudesse sentir aquele sentimento. E de certa forma eu sentia, sabia exatamente como era aquele sensação.

Eu já não aguentava mais apenas assistir aquilo e assim que a mão dela ia de encontro ao seu rosto eu interferi, batendo em sua mão e impedindo que ela tocasse no meu alfa, encarando-a nos olhos com o rosto transbordando de raiva. Pela sua expressão podia jurar que meus olhos estavam violetas, indicando meu lobo sob controle.

— Quer tirar a mão dele? — ditei praticamente ordenando e ela apenas me olhou estranho, enquanto Jungkook vendo a minha situação me segurava pelo braço tentando me acalmar, embora nem ele conseguisse acalmar a si mesmo. Ele estava tremendo.

— Quem você pensa que é para falar assim comigo? Quanta arrogância... Chame seu gerente! Duvido que um omegazinho descontrolado como você vai continuar trabalhando aqui, você é só um funcionário de merda...

— Não fale assim com o meu ômega! — Jungkook se pôs na minha frente me protegendo de seu olhar maldoso, puto demais até para temer Jennie que digeria a informação quase incrédula. — Olha... E-eu não sei o quê você quer aqui, e muito menos o que achou que ia conseguir comigo, mas nunca mais dirija a palavra a mim ou ao meu ômega. Esquece que a gente existe...

— Seus padrões realmente caíram muito...

— Mais do que quando ele estava com você? Impossível... — debochei ajeitando minha bolsa, ainda de mãos dadas com Jungkook tentando de certa forma acalmá-lo.

— Atrevido, mal educado e gordo, sinceramente Jeon? O quê você viu nesse ômega? — ditava já sem elegância alguma, rindo frustrada por não conseguir o que queria, como uma garota mimada. Me deixando ainda com mais raiva dela.

— Ela acabou de chamar nosso filho de gordura?!

— Filho?!

— Jimin se acalme...

— Se acalmem os três. — Seokjin interveio, sua expressão dizia que ele não estava nem um pouco contente com aquela discussão. Chanyeol vinha logo atrás. — Posso saber o que está acontecendo aqui?

— O senhor é o gerente? — Jennie quem perguntou com desdém, ignorando sua pergunta, fazendo-me revirar os olhos.

— Melhor que isso, eu sou o dono. Posso saber o quê está havendo aqui?

— É simples, o seu funcionário está me destratando e me faltando com respeito! É um mal educado, e eu exijo que você o demita! — deu sua exigência e Seokjin apenas a olhou com desgosto pela sua atitude. Ela parecia muito obstinada a conseguir o que queria e falava com uma petulância quase ridícula.

— Jimin, o quê aconteceu? — foi direto ao me perguntar, ignorando as exigências e o olhar indignado da ômega que bateu os pés raivosa.

— Ela está atrás do Jungkook mas ele não quer falar com ela, mas a bonitinha aí não sabe respeitar um não, e está me ofendendo por proteger o meu alfa.

— Te ofender?! Você quem está me ofendendo! E se você não demiti-lo eu acabo com essa espelunca que você chama de cafeteria! Acha que eu não tenho meios para isso? Ah pois meios não me faltam! Eu vou...

— Por favor moça, se acalme! — o lúpus disse já sem paciência, massageando as têmporas provavelmente com dor de cabeça. — Eu não vou demiti-lo, tomarei minhas proprias providências sobre o que aconteceu, já que pelo visto foi a senhorita quem começou com tudo isso, deseja mais alguma coisa?

— Se eu comecei ou não, isso não importa! Mas respondendo sua pergunta, não vou querer mais nada desse lugarzinho... — disse ríspida e com menosprezo, insatisfeita com a resposta. Olhando de forma odiosa para o Kim e seguindo seu olhar para mim, pegando sua bolsa. — Eu vou embora, mas eu volto... Volto para ver esse estabelecimento de quinta que vocês chamam de cafeteria fechar, escrevam o que eu digo: eu sempre consigo o que eu quero. E Jungkook? Nos vemos depois.

Disse audaciosa, apontando para nós nos acusando, dando um sorriso e um tchauzinho para o meu alfa que abaixou a cabeça sem jeito, me fazendo rosnar raivoso para ela antes de vê-la sumir dali.

O silêncio perdurou por pouco tempo, minha preocupação ia para Jungkook e sua aflição antes de qualquer coisa, ele tremia e por isso eu o abracei, sentindo seu aperto desesperado, fazendo-me emitir ferônimos para tentar acalmá-lo, algumas lágrimas desciam de seu rosto e ele parecia em pânico.

— Filmou tudo Chanyeol? — a voz de Seokjin me tirou da bolha enquanto dizia a Jungkook que ficaria tudo bem, me virando para ver o Park balançar o aparelho celular, e o pessoal da cozinha vir com suas coisas prontos para irem embora, perdidos no que tinha acontecido. — Será que o Kyung aceita participar disso? Tipo, voltar a exercer só nesse caso? Não quero aquela mauricinha de centavos falando mal da minha cafeteria.

— Céus, me desculpe por isso Jin, e-eu nem percebi a gravidade do que ela disse...

— Tá tudo bem Jimin, é sério. Chanyeol ouviu o começo da discussão e deixou o celular aqui gravando, qualquer merda que ela falar da gente pode ser refutada com essa atitude ridícula que ela tem...

— Fora que pelo visto ela é bem famosinha, e já tem muita polêmica envolvendo ela ser uma babaca... — Chanyeol mostrou o celular, onde um post tinha a imagem da ômega agredindo uma maquiadora era exibida. Pelo visto ela era uma influencer e modelo atualmente, mas pelo visto a boa fama dela já estava pendendo na balança em decadência, antes mesmo de toda a cena que ela fez aqui.

— Não se preocupem muito com isso meninos, vão pra casa e descansem, o dia hoje não foi dos mais fáceis. Levem uns doces também, Chanyeol separou alguns que sobraram pra ele, para o Mark e para vocês. — Seokjin pediu e assim eu assenti, pegando a sacola entregue pelo outro alfa e me despedindo, indo com um Jungkook muito quieto até a saída.

Ele ainda parecia meio em choque pelo reencontro com a ex-namorada e eu não o julgava nem um pouco. Sabia em partes de tudo o que ele passou enquanto namoravam e o quanto a ômega podia ser tóxica e mimada, só não imaginava que Jungkook tivesse sido tão afetado.

Desta vez não estávamos de carro, Jungkook vinha me buscar a pé as vezes, o que nesse momento era um alívio, pois naquele estado eu não queria nem imaginá-lo perto do volante. Minha raiva pela ômega apenas aumentava a medida que andávamos e eu me arrependia de não ter socado a cara dela quando tive a chance, mas o rostinho amuado de Jungkook assim como a sua quietude tomaram toda a minha atenção e preocupação.

— Jungkook, para um pouco...

— Você tá bem? Aconteceu algo? — ele indagou preocupado, parando assim que me ouviu, meio assustado pelo romper do silêncio, ficando de frente comigo.

— E-eu estou ótimo... Tô preocupado é com você, tá tão quieto. — digo me aproximando e o tocando no rosto, sentindo sua bochecha deitar sobre minha palma e ele fechar os olhos, suspirando e sorrindo mínimo, tremendo. — Sabe que pode falar comigo né? Eu sei que você está assustado...

— E-eu sei, n-não se preocupe comigo é-é só que... — não conseguiu dizer, perdendo-se em sua fala, focando em meus olhos e encontrando a calma, os olhos marejados pelo choro que veio em seguida. — É-é que já fazem dois anos e-e eu ainda sou o mesmo idiota chorão de antes. Eu nem consegui te defender dos insultos d-dela...

Shiu... Se acalme meu amor, é claro que você não é o mesmo de antes.

— D-desculpa, e-eu sou um péssimo alfa Jimin... Eu... — não deixei que ele dissesse mais nada contra si mesmo, selando nossos lábios em um beijo, acariciando seu rosto e seus cabelos, secando suas lágrimas e tentando demonstrar o quanto eu o amava. Era tudo o que eu precisava fazer no momento.

— Nunca mais diga isso, Jungkook. Você é a melhor coisa que me aconteceu, é um alfa incrível e um pai maravilhoso, e olha que o nosso filho nem nasceu ainda! Ele nem nasceu e tem a sorte de te ter como pai. Aquela ômega não tem ideia dessa pessoa maravilhosa que você é, ela não sabe valorizar nem a si própria, quem dirá outra pessoa.

— E-eu só queria não parecer tão medroso, tão covarde...

—Mas não pareceu, nem um pouco. E é normal sentir medo, especialmente perto de alguém que te fez tão mal, todos nós temos direito de se sentir assim, alfas, betas e ômegas, e você não é menos por isso. Não se envergonhe disso, ela não merece uma lágrima sua.

— Ela sempre foi assim, sabe? Se achava a dona do mundo, sempre tratando os outros como objetos e terrivelmente mimada. E-eu não percebia isso quando estávamos juntos e n-nem todo o mal que ela me causava, eu estava cego p-por achar que estava apaixonado mas... Mas depois do que aconteceu, f-foi como um balde de água fria.

— Sinto muito por isso...

— Não sinta, você está certo no fim das contas, ela me causou muito mal e eu entrei em choque ao revê-la, e-eu não imaginei que pudesse encontrar ela de novo. — ele diz, sorrindo mínimo ao me abraçar pela cintura, unindo nossas testas, aumentando seu sorriso gradativamente. — Eu sou tão sortudo por ter alguém como você Jimin, por tê-lo como meu ômega. Também é a melhor coisa que me aconteceu.

— Isso eu tenho que concordar...

— Convencido. — ele diz rindo, se abraçando ainda mais ao meu corpo, encostando nossos narizes em um carinho agradável, me fazendo sorrir enquanto o abraçava, sentindo toda a sua agonia e medo desaparecerem enquanto ele sorria contra minha boca, selando meus lábios várias e várias vezes, me fazendo rir.

Dando a iniciativa ele me beijou com afinco, me apertando em seus braços com carinho me levando a fazer o mesmo, passando meus braços ao redor de sua cintura devagar enquanto aproveitava cada segundo do beijo, sentindo a nossa união conexa à dos lobos, em perfeita sintonia. Só existia eu e ele, e nós dois nos pertenciamos.

Ao passar meu braço em seu torno, minha mão acabou por esbarrar no bolso de sua jaqueta e por descuido, algo - que eu desconfiava ser sua carteira - caiu de lá, levando-nos a interromper o ósculo, saindo da bolha que nos prendia. Ainda não estávamos em casa afinal de contas.

Meu leve estranhamento veio ao que ele pegou o objeto, que para minha surpresa não era sua carteira, e sim algo um pouco menor, uma caixinha de joalheria cinza claro de veludo que me chamou atenção.

— O que é isso? — questionei curioso vendo-o corar meio sem jeito, rindo enquanto olhava para a caixinha, erguendo seu olhar e sorriso para mim, pegando minha mão e ficando mais perto, olhando para a caixinha entre nós.

— Eu, e-eu pretendia te levar para jantar e dizer tudo isso com mais calma, depois de pelo menos ter pensado melhor no que dizer...

— Continua. — eu o incentivo, rindo com ele de seu nervosismo, olhando para ele enquanto o sentia acariciar minha mão.

— A questão é que, e-eu gosto muito de você, eu amo você e o que a gente têm, e desde que nós decidimos ser algo a mais do que uma amizade colorida e dois pais criando um filho, eu venho pensando nisso. — ele diz, finalmente abrindo a caixinha e revelando duas alianças prateadas. Eram simples, finas e brilhantes e mesmo assim eram as mais lindas que eu já tinha visto.

— C-céus...

— E-eu não sei se você quer algo tão concreto quanto um namoro, especialmente com tão pouco tempo que nos conhecemos, m-mas a única coisa que eu sei é que eu te amo, e se você quiser eu quero passar o resto da minha vida ao seu lado. É-é um anel simples mas quero que eles sejam a prova de que mais do que tudo eu quero isso, não apenas dividir a criação do nosso filho, mas dividir minha vida com você. O-o quê me diz?

— Caralho...

— N-não quer? — ele pergunta receoso e eu o calo selando nossos lábios sorrindo de forma que nem um "sim" poderia ser Maia claro.

— Porra Jungkook! Sim! C-céus, claro que sim... — digo entre risadas, sentindo-me eufórico enquanto ele retirava o anel da caixinha, colocando-o em meu dedo e eu fazia o mesmo processo no seu, colocando o anel em seu dedo. — Eu nunca usei uma aliança.

— Nem eu, acho que é uma boa primeira vez. — ele diz sorrindo, olhando para as alianças em nossas mãos com carinho e eu não estava diferente.

— São lindas... Mas como sabia o tamanho?

— Eu medi o seu dedo enquanto você estava dormindo. — revela em um sorriso travesso, dando-me a mão para que eu a segurasse, andando rumo a nossa casa.

— Você não existe... — digo e então ficamos em silêncio, nada perturbador ou desconfortável, um silêncio resoluto e agradável que compartilhávamos. Até eu o interromper. — Será que aquela sua salada de rabanetes fica boa com mel?

— De onde você tirou isso? — ele pergunta fazendo uma careta estranha, provavelmente por imaginar o gosto. Mas de alguma forma na minha cabeça, mel e rabanete parecia algo incrível e apetitoso.

— Sei lá, me deu vontade, você podia fazer um pouquinho pra mim né? — perguntei esperançoso, com uma certa manha que o fez rir, levando minha mão a qual ele segurava até os lábios, beijando-a e sorrindo.

— Tudo o que você quiser meu amor...


❤️🌈❤️

O que acharam amores? Gostaram do capítulo?

Deixem uma estrelinha caso sim, me ajuda muito.

Desculpem-me qualquer erro ortográfico ou de coerência que vocês possam vir a encontrar, sempre acaba escapando nas revisões.

Novamente espero que tenham gostado, o capítulo ficou um pouco diferente da primeira versão, mas acredito que assim ele está mais condizente com o andamento da história e personalidade dos personagens.

É isso! Bebam água, se cuidem e até breve!
💜

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