Como (não) formar uma família.


❤🌈❤

Pov's Jungkook

— Jungkook? Jungkook? Acorda! A gente vai se atrasar! — ouço Jimin me chamar pela quarta ou quinta vez. Mais pelas divindades, quem em plena consciência marca um compromisso para domingo? Domingo de manhã ainda por cima?! É cedo demais até para viver! — Jungkookie você prometeu ir comigo na reunião!

— Quem teve a ideia genial de fazer reuniões aos domingos? Eu trabalho a semana toda, domingo é dia de dormir e ficar de sossego, com você aqui debaixo da coberta de preferência...

Resmungo ainda sem abrir os olhos, deitado confortavelmente de bruços, sentindo o loiro - que já não era tão loiro assim - se aproximar, até tudo ficar em silêncio, me fazendo estranhar. E antes que pudesse abrir os olhos pra ver o que ele estava aprontando, sinto duas pernas subirem sobre a cama, sentando sobre a minha bunda me fazendo soltar um gemido dolorido pelo peso e assustado pelo ato repentino, sentindo suas duas mãos se apoiarem sobre minhas costas e ele se deitar sobre mim, sussurrando em meu ouvido.

Jungkookie, você falou que ia comigo... — ele diz manhoso, roçando o nariz em meu pescoço me arrepiando por inteiro, na intenção de me fazer ceder. Desde que ele havia descoberto isso - há três dias - como um ponto fraco, ele usava e abusava disso para que eu fizesse suas vontades. E funcionava muito bem.

Hoje é domingo... — murmurei em um choramingo contra o travesseiro e ele se ergueu para minha tristeza, mas ainda sentando sobre mim.

— Pensei que estava falando sério quando disse que estava disposto a "tentar fazer o melhor para o bebê", mas veja só, quatro dias se passaram e você já esqueceu... — lamentou pronto para sair de cima de mim, quando eu o impedi me virando e ficando de barriga pra cima, apoiando minhas mãos sobre suas coxas, apertando os olhos pouco acostumados com a claridade para observá-lo.

Ele tinha acordado cedo, não eram nem sete horas quando eu o ouvi se levantando da cama, e agora ele estava ali, de banho tomado, cheiroso dos pés a cabeça e de cabelos arrumados, pronto pra sair. E eu poderia observá-lo por horas daquele jeito, todo lindo, sentado no meu colo com carinha de quem não sairia dali até que conseguisse o que queria.

— A gente tem que ir mesmo?

— Eu prometi para o Mark, Jungkook. E também, você não vai precisar ir em todas as reuniões, a não ser que você queira é claro, essa é mais pra gente conhecer o projeto, até o Jackson vai.

— Entendi... — digo ainda decepcionado e ele ri se deitando sobre meu peito, ficando com o rosto rente ao meu.

— São só duas horas Jeon Jungkook, e depois a gente pode voltar pra cá, ficar de chamego, assistir alguma coisa na televisão, conversar... E fazer outras coisinhas também. — ele diz sugestivo e eu rio, interessado. Eu iria com ele de qualquer forma, só queria saber até onde a chantagem iria.

— Oferta tentadora, mas acredito que nós teremos planos para hoje a tarde. — digo e ele se levanta novamente, me encarando confuso.

— Planos?

— Sim... — digo levantando, colocando ambas mãos nas suas costas, fazendo carinho. E automaticamente ele leva suas mãos ao meu pescoço, se apoiando. — Lembra que você me falou do Parque de Diversões? Daquele que você ia quando era mais novo?

— Lembro, o que têm?

— Eu... Eu pensei da gente ir lá. Sabe você falou que gostava bastante de ir e eu pensei "poxa seria legal ter um encontro lá", o que você acha?

— Você tá me chamando para um encontro?

— Se você aceitar, sim eu estou. Se não a gente vai no seu plano de chamego, filme e "outras coisinhas", se bem que eu acho que dá pra adiar essa parte pra de noite... — digo e ele dá um tapa leve no meu peito, rindo junto comigo.

— Idiota... Eu aceito ir nesse encontro com você. — ele diz pleno, sorrindo grande, os olhinhos diminuindo a medida que seu sorriso aumentava. A coisa mais linda que eu já vi na vida. — E então? Vai levantar?

— Só se você me der um beijinho. — manho e ele tapa minha boca antes que eu encostasse na dele rindo, me fazendo estranhar.

— Não vou te beijar até você escovar os dentes. — ele diz finalmente se afastando e se levantando para a minha mais profunda decepção. E ele ainda tinha a coragem de ir com o maior sorriso no rosto, me deixando ali, sem sono, as oito da manhã de um domingo e sem beijo. — E vem logo, eu fiz o café.

— E tem certeza que não colocou fogo em nada? — o questiono, mesmo que ele já não estivesse mais ali, recebendo o silêncio como resposta, embora soubesse que ele estava me xingando em oito línguas diferentes no cômodo ao lado.

Com uma vontade quase inexistente me levanto, espreguiçando e pegando uma troca de roupa dentro da minha mochila, indo ao banheiro para tomar um banho rápido para me aprontar para a tal reunião.

Desde o nosso "encontro não oficial" à uns quatro dias atrás como ele mesmo mencionou, eu estava praticamente morando no apartamento dele, o que era muito bom pois além de mostrar uma crescente evolução no nosso relacionamento - se é que posso chamar assim - também era ótimo para mim, já que ficava bem mais perto do meu trabalho, e eu tinha mais tempo com ele e com o bebê, o quê era mais do que eu poderia querer.

Saindo do banho, com os dentes escovados e já vestido, fui até a cozinha enquanto penteava o cabelo, encontrando Jimin cortando algumas frutas e as colocando em uma vasilha, provavelmente para uma salada de frutas que ele fazia e sobre a mesa, café, leite, bolo e pão compunham o café da manhã. Sorrindo eu deixei a escova sobre o pequeno móvel que assim como a bancada dividia a cozinha da sala, indo até ele em silêncio e o pegando de surpresa, passando os braços ao redor da sua cintura e apoiando minha cabeça em seu ombro, dando um beijo em sua bochecha e inalando seu cheiro que estava cada dia mais delicioso ao meu ver.

— Você foi rápido, tem certeza que tomou banho direito?

— Tá bom, agora você está me ofendendo. Eu tô cheirosinho, até escovei os dentes como você pediu. — digo em minha defesa e ele ri se virando, tirando uma mecha de cabelo dos meus olhos.

— Eu tô brincando, eu sei que você toma banho direito. — ele diz, e quebrando a distância entre nós ele me beija, lenta e demoradamente, daquele jeito delicioso pelo qual eu me apaixonei. Ah sim, eu era terrivelmente apaixonado por ele e seus beijos doces, e não foi tão difícil admitir isso, não como eu pensava.

Eu imaginei que seria difícil entender algo em relação à ele depois de tudo o quê aconteceu, e mesmo com tudo o que eu disse, eu ainda tentava entender melhor o que sentia por ele. E eu podia não ter chegado em uma resposta certa, mas de uma coisa eu sabia. Eu estava apaixonado por Jimin.

Mas independente do que ele viesse a sentir por mim, eu respeitaria e o apoiaria, seja o que fosse.

Findando o beijo eu ainda tinha os olhos fixos nele, dando um suspiro que praticamente entregava minha situação. E me deixando totalmente sem jeito, ele me olhava com um encanto no olhar que me deixava nervoso.

— V-vamos tomar café?

— Ah é! O café, quase que eu me esqueço, vamos nos atrasar. — ele diz com pressa, pegando a vasilha com as frutas e levando para a mesa. Eu indo logo atrás, me sentando na cadeira a sua frente.

— A reunião não é as nove? — pergunto, servindo um pouco de café para mim e para ele, lembrando que o dele era pouco para poder misturar com leite.

— Sim, mais eu gosto de ser pontual. — ele diz passando geléia no pão e pegando um pouco de salada.

— Você está mesmo animado com isso, pensei que não quisesse ir?

— E não queria, ainda não quero muito na verdade, mas quando eu conversei com Mark eu percebi que todo o conhecimento que eu tiver é pouco, então quanto mais eu saber sobre o que é uma gravidez e como cuidar de uma criança, melhor. — ele diz e não evito sorrir. Ele era muito esforçado, independente do que fosse, faculdade, trabalho e agora fazia tudo aquilo pelo nosso filho e isso me deixava incrivelmente feliz, e disposto a fazer o mesmo, o que estivesse em meu alcance. Até mesmo reuniões aos domingos.

Terminando ali, guardei o que ainda dava para comer e lavei a louça, enquanto Jimin terminava um seminário para a faculdade no quarto, até eu ouvi-lo me chamar, pedindo ajuda. Deixando a louça lá, logo eu fui até ele, não o encontrando no quarto como eu imaginava e sim no closet, tentando alcançar uma caixa em uma prateleira alta.

— Pode me ajudar? Eu não alcanço. — ele pede com a maior calma do mundo e não consigo evitar de reparar em como a bunda dele parecia maior naquele jeans. — Você tá olhando pra minha bunda?

— N-não é-é que... Desculpa, não consegui evitar. — digo totalmente envergonhado, ouvindo ele gargalhar, enquanto eu ia até ele para ajudá-lo, usando da última dignidade que me restava, erguendo ele para que alcançasse o que queria.

— Obrigado.

— O quê é isso? — pergunto na tentativa de dissipar minha vergonha e o rubor em minhas bochechas.

— São alguns trabalhos antigos, gosto de guardá-los aqui para quando precisar de alguma fonte ou informação.

— Entendi... E por que estavam lá em cima?

— Eu não pego eles sempre, e geralmente subo em uma cadeira para pegar, mas estava com preguiça. — ele explicava enquanto guardava alguns papéis dentro da caixa em certa ordem, a fechando e me entregando ela em seguida. — Pode colocar lá pra mim?

— Posso. Era só isso que você tinha que fazer?

— Era sim, e você? Tem mais alguma coisa pra fazer? Acho que está na hora.

— Também já terminei tudo... Você viu meu celular? Eu não vi ele desde ontem a noite.

— Não, você não deixou na mesinha?

— Não eu já olhei, deixa quieto, eu sei que está aqui então não tem problema. Vamos? — pergunto e ele assente, pegando sua bolsa e as chaves do apartamento, ao mesmo tempo que eu pegava as chaves do carro.

Entrando no veículo, Jimin colocou o endereço que Mark havia passado para ele no GPS do celular, que indicou uma clínica de psicologia em um bairro um tanto longe dali, e logo partimos para a clínica, conversando de modo que nem vimos o tempo passar, e após confirmar o endereço, estacionei o carro frente ao edifício, saindo junto de Jimin.

O lugar era incrivelmente acolhedor, as paredes em tom claro traziam leveza e os móveis por mais que modernos, traziam uma sensação de conforto. E logo na entrada, uma alfa que eu acreditava ser secretária do lugar nos cumprimentou sendo extremamente simpática. Por mais que a forma que ela olhasse para Jimin me deixasse um tanto incomodado.

— Sejam bem vindos, vieram para o grupo?

— Sim, eu fui inscrito por um amigo meu, Mark Wang Tuan. Ele também está no grupo.

— Ah sim, e o seu nome é?

— Park Jimin. — ele respondia conforme a alfa o questionava, todo lindo e até um tanto empolgado, vendo a moça procurando seu cadastro e confirmando as informações, enquanto isso eu apenas o observava, até a alfa terminar o que fazia e se dirigir a nós sorrindo.

— Park Jimin, seu cadastro foi confirmado, pode se dirigir até ali no corredor, é a última porta a direita. Algumas pessoas já chegaram e o doutor também está lá, caso queiram tirar algumas dúvidas antes da palestra.

— Ok, muito obrigado.

— Imagina, aproveitem a aula. — ela diz e ele segura na minha mão me puxando para o lugar indicado, quase saltitando.

— Muito simpática essa alfa não? — digo com um imperceptível tom de deboche que foi percebido por ele que deu uma risadinha.

— Tá com ciúmes é?

— Eu não diria bem ciúmes.

— Sei... — ele ri, parando próximo a porta aberta, adentrando o local com curiosidade enquanto eu o seguia, também entrando no lugar.

As paredes azuis lembravam o oceano e a sala grande era bem iluminada pela janela branca coberta por persianas. Em um semicírculo, várias cadeiras e almofadas estavam postas envolta de um tapete felpudo e algumas já estavam ocupadas por alguns rostos conhecidos e só após retirarmos os sapatos - o quê era pedido por uma adorável plaquinha - pude notar alguns pares de olhos curiosos e outros bem surpresos sobre mim e Jimin.

Mark e Jackson estavam sentados juntos ao lado de um ômega sorridente que conversava com o americano, que assim que nos viu acenou, contente por nós ver ali.

Entretanto eu gelei da cabeça aos pés assim que coloquei os olhos sobre duas figuras também conhecidas sentadas à algumas cadeiras do outro casal. Baekhyun e Chanyeol nos encaravam como se fôssemos uma peça de quebra-cabeças em um tabuleiro de xadrez e em meio a minha surpresa, eu os encarava da mesma forma. Mas eles estavam tão surpresos que eu pude jurar que os olhos do Park ali saltariam pra fora, enquanto o Byun provavelmente se perguntava que parte daquilo que ele havia perdido.

Jungkook? Você tá legal? — Jimin perguntou em um sussuro assim que notou minha situação, colocando a mão sobre minha bochecha. — Você está gelado.

N-não é nada, é que... O Chanyeol e o Baek estão aqui!

E qual o problema?

É que...

— Oi? — o ômega que conversava com Mark e Jackson veio até nós, provavelmente estranhando os cochichos que trocávamos parados na porta da sala. Ele sorria de modo simpático, assim como a alfa do balcão. Acredito que ele seja o tal palestrante que coordenaria essas reuniões. — Muito prazer, sou Im Choi Youngjae, o psicólogo que vai dar as palestras.

— O prazer é todo nosso doutor. — Jimin responde, o cumprimentando com reverência e sendo seguido por mim que repeti o gesto, assim como o doutor em seguida.

— Por favor sem o doutor, podem me chamar de Youngjae. Estamos todos entre amigos aqui e provavelmente devemos ter a mesma idade, não precisa de tanta formalidade. E vocês são?

— Eu sou Jimin e esse aqui é o Jungkook. — ele nos apresenta e eu aceno para o ômega que sorri de volta.

— É um prazer tê-los aqui, por favor se sentem, nós já vamos começar. — ele diz indicando as cadeiras antes de sair da sala.

Sentado ao lado de Jackson e Mark eu me sentia mais tranquilo enquanto conversava com o alfa. Chanyeol e Baekhyun nem tocaram no assunto ou foram indiscretos como eu previa, o beta estava deitado no ombro do seu alfa com sono, e ambos conversavam baixo sobre algo enquanto o Park brincava com os dedos do Byun. Deveria me lembrar de pedir para o beta não falar nada para o Kyung, nem que fosse preciso implorar.

— O Seokjin falou e falou pra mim vir e no fim nem ele veio. — ouço Jimin reclamar para Mark ao meu lado.

— Ele me disse hoje cedo estava passando mal e o Namjoon teve que ficar de plantão no hospital.

— Passando mal? Ele está...?

— Grávido? Não, não, tá com dor de estômago, ele continua bem fiel a decisão de não ter filhos agora.

— Hum... — Jimin apenas murmura em concordância, deitando a cabeça em meu ombro sob a qual eu me acomodei, passando o braço por trás dele e o acomodando mais confortavelmente. Mark sorria com a cena, provavelmente achando que parecíamos um casal, o que não era mentira, pois nesse ponto até um cego acharia que estávamos juntos, o que não era mentira mas também não era verdade. Eu só esperava não ter que explicar isso ali.

— Bom... Acho que estamos quase todos aqui. — o tal Youngjae diz voltando a sala, colocando alguns papéis sobre uma mesa ao lado da porta, se sentando em uma cadeira frente a nós, mas que não tapava a passagem da porta ou a nossa visão de quem quer que entrasse. — Acho que só falta o Seokjin que avisou que não viria, e o casal Kim que deve chegar em breve...

Ele diz e em questão de dois minutos, as duas figuras mencionadas aparecem na porta me fazendo paralisar por completo. Vestindo uma camisa do Nirvana que disfarçava bem a barriga de um pouco mais de três meses e calça jagger, o meu pior pesadelo analisava o lugar com cara de tédio, sendo seguido pelo marido que pousou o olhar em mim entrando imediatamente em pânico, prestes a falar algo que saiu tarde demais, pois Kyungsoo já havia nos notado.

— Jungkook? O quê foi? — Jimin me perguntou preocupado e só então eu notei que minha mão estava agarrada à sua e suava frio. Eu o olhei apreensivo e segui meu olhar para o Kyung que cumprimentava o psicólogo com simpatia, voltando seu olhar para mim e Jimin assim que terminou, arqueando as sobrancelhas ao reparar na minha situação.

— O quê o Jeon têm? Tá pálido, parece que viu um fantasma. — o ômega mais velho comentou, se sentando ao lado de Jimin e eu estranhei, sentindo o sangue voltar ao meu rosto, olhando para Jongin em busca de alguma resposta que fizesse sentido. Mas ele deu de ombros, tão confuso quanto eu. — Fica calmo Jungkook, eu já sei de tudo. Jimin já me contou o que aconteceu.

— V-você o quê? — arregalando os olhos pela surpresa direciono meu olhar para Jimin que estava meio perdido na situação, mas assim que viu meu desespero deve ter suposto o que teria acontecido.

— É ué, você não sabia? — Jimin questiona é eu sinto minha pressão quase cair. E entendendo o que estava acontecendo o Park ao meu lado apenas riu, dando a entender que havia compreendido o que tinha acabado de acontecer. — Espera, era disso que você estava com medo? Do Kyung?

— É-é claro que sim! Eu pensei que ele fosse me matar se soubesse que a gente ia ter um filho, do jeito que ele falou parecia que meus dias estavam contados...

— Vocês tem uma interpretação péssima. — ele lamenta e logo eu arrumo a postura, limpando o suor que escorria da minha testa.

— Desculpa se eu interpretei mal a faca no meu estômago. — ironizo, e ele sorri da mesma forma.

— Sem problemas... — ele responde ironicamente, enquanto Jongin se aconchegava ao seu lado e Jimin continha o seu riso. — Mas a gente ainda vai ter uma boa conversa sobre isso, Jeon Jungkook.

Ele diz sério e minha mão vai de encontro ao meu peito procurando algum batimento cardíaco e Jimin ri da minha pobre situação, segurando em minha mão na tentativa de me acalmar.

— Desculpa, eu devia ter te dito que eu tinha contado do bebê para o Kyung. — ele diz ainda rindo, seu sorriso me acalmando aos poucos me fazendo sorrir e segurar sua mão com mais força, apoiando minha cabeça sobre seu ombro e sentindo seu cheiro, eu poderia dormir ali.

— Então eu também te devo desculpas, devia ter te perguntado sobre você e o Kyung e que eu estava tentando esconder a gravidez dele.

— Não têm problemas Jungkookie. E sobre eu e o Kyung... É um pouco complicado, mas eu prometo que um dia eu conto.

— Promete?

— Prometo. — ele diz, aconchegando sua cabeça sobre a minha desta vez, observando o psicólogo voltar novamente para a sala, pois havia saído após a conversa com Jongin e Kyungsoo. Sentando-se no mesmo lugar, ele parou para olhar cada um de nós presentes, se preparando para dar início a reunião.

— Bom dia, creio que já estou familiarizado com alguns... — ele diz parando o olhar nos Wang Tuan e nos Kim em sequência. Olhando para mim e Jimin, Chanyeol e Baekhyun em seguida. — ... E outros eu acabo de conhecer. Como eu havia dito, meu nome é Youngjae, tenho vinte e quatro anos e sou pai, psicólogo, terapeuta e psicopedagógico. Como objetivo desse grupo, eu quero trabalhar com vocês as fases de uma gestação, cuidados durante e após a gravidez, cuidados infantis e tirar dúvidas que vocês possam vir a ter. Pelo que pude ver alguns de vocês já se conhecem, mas gostaria de iniciar com uma breve apresentação dos casais. Alguém quer começar?

Ele pediu e logo Mark ergueu a mão, pedindo para que ele e o esposo fossem os primeiros. As apresentações eram breves, nomes, idades, tempo de casados, se os bebês eram planejados ou não, de quantos meses estavam e por aí vai.

Mark contava da gravidez com um entusiasmo contagiante e Jackson o encarava como se ele fosse a coisa mais preciosa do mundo, falando do alfinha que esperava e como estava feliz por ser agraciado com um bebê depois do primeiro ano de casamento.

Terminada a breve apresentação, foi a vez de Kyungsoo e Jongin, os tópicos eram os mesmos, com a diferença de que eles dois não sabiam exatamente se o bebê deles era alfa ou ômega. O quê eu estranhei pois o obstetra já tinha nos dito que dava para saber na sétima semana e eles em breve iriam para o quarto mês da gestação. E pelo visto aquilo não alegrava muito à eles, visto como eles se olharam quando Kyungsoo deu tal informação e tudo que eles já haviam passado.

Com Baekhyun e Chanyeol era diferente, como eu já esperava que fosse. Eles namoravam há quatro, quase cinco anos, por mais que se pegassem há bem mais tempo do que isso. Beta e alfa, eles diariamente lutam contra o preconceito de certas pessoas e ali eles não estavam fazendo diferente. O sonho de formar uma família sempre esteve com eles, e com a abertura do processo de adoção, o grupo de apoio ensinaria algumas coisas sobre paternidade e dariam alguns pontos a mais no processo todo.

Terminada a apresentação dos dois, os olhares dos três casais e do psicólogo caíram sobre mim e Jimin, esperando que fôssemos os próximos e sutilmente cutuquei ele sorrindo nervoso, tentando ter uma ideia do que faríamos.

E agora o quê a gente faz? — pergunto em sussurro para o loiro ao meu lado que parecia ter a mesma dúvida que eu, sorrindo nervoso.

Eu não sei, acho melhor falar algo.

Falar o quê?

Qualquer coisa... — ele diz arrumando a postura, sorrindo para os demais. — Oi pessoal, eu sou o Jimin e esse aqui é o Jungkook. A gente não se conhece a muito tempo e estamos esperando um bebê.

— Ah sim, são namorados?

— Não. — eu e ele respondemos ao mesmo tempo e Youngjae nos encara confuso pela resposta rápida à sua pergunta que nos levou à risadas. Até eu responder. — É que a gente não se conhece direito, acabamos ficando e agora... Vamos ter um bebê.

— É, ninguém planejou nada disso. — Jimin complementou, afirmando o que eu tinha dito, rindo e me fazendo rir junto, segurando sua mão sobre minha coxa.

— Entendo. Me desculpem pela pergunta um pouco invasiva, é que você realmente parecem namorados. Estão de quanto tempo?

— Sem problemas, e nós estamos indo para a sexta semana. — Jimin quem respondeu, olhando no fundo dos meus olhos com orgulho, olhar que eu retribui da mesma forma, tão orgulhoso quanto ele.

Após a nossa apresentação - que era a última -, Youngjae passou a apresentar as propostas do que seria trabalhado nessas reuniões semanais e como cada tema era importante para saber como tratar as diversas situações que a paternidade viria acatar. Eu prestava atenção a cada palavra que saía da boca dele, assim como Jimin, totalmente apegados a oratória leve e quase autoexplicativa do ômega ali.

O modo que ele falava me deixava cada vez mais empolgado pelo que viria a seguir, mesmo que eu não fizesse ideia do que fosse. A minha única certeza naquilo tudo é que eu estaria com Jimin para o que fosse, eu estaria ao seu lado e o apoiaria em qualquer decisão, independe do que fôssemos um do outro, mesmo que apenas pais do bebê.

E assim como Jimin, eu estava disposto a fazer o quê fosse para ser o melhor pai possível para ele ou para ela.

Terminando de falar o que ele havia preparado para aquela reunião, um momento de conversa começou, com direito à bolo, salgadinhos assados, suco, chá e biscoitos de chocolate caseiros, tragos por cortesia de Mark e Jongin. Eu continuava fielmente ao lado de Jimin, tanto por receio que ele acabasse passando mal, tanto por medo de um certo ômega fã do Nirvana.

Jimin conversava com Youngjae e o parabenizava pela palestra maravilhosa que tivemos; o psicólogo agradecia, mencionando o quão feliz ficaria se continuassemos à participar do grupo. A conversa entre eles se estendia e eu estava tão alheio ao meu redor, prestando atenção à conversa que não notei Kyungsoo se aproximar.

— Jungkook? Tem um minuto? — ele diz, a voz calma me fazendo sentir um arrepio percorrer minha espinha. Olho para Jimin em busca de algum apoio mas ele apenas sorri, dizendo algo como "não precisa ter medo" com os olhos. Como se fosse possível não ter medo em uma situação dessas. — A sós, Jungkook.

— A-a tem certeza? O Jimin pode ficar preocupado ou acabar passando mal, e o Jongin? E-ele não vai se preocupar com você e...

— Pode ir Jungkook, eu vou ficar bem. — o Park responde sorrindo, dava para sentir o divertimento em sua voz.

— É rápido Jeon, eu não vou te matar. — ele diz revirando os olhos e indo em direção a porta. Como última forma de apelo eu apenas olho para Jimin implorando sua piedade, mas ele apenas riu dando um tchauzinho. Merda...

Saindo da sala e finalmente a sós com o ômega, ele me olhava nos olhos totalmente sério, como se me julgasse. Se eu não sentisse meu coração batendo à mil pelo pânico, eu podia jurar que estava no purgatório para dar conta de todos os meus pecados.

— O-olha Kyungsoo, e-eu sei que não devia ter omitido isso de você e se me permite, o seu marido quem me ajudou, quer dizer ele achou que estava me ajudando. Mas seja o que for, por favor tenha piedade, eu tenho um filho pra criar...

— Porra garoto, cala a boca! Mais que merda! Eu não vou te matar. Quantas vezes eu tenho que dizer, eu só quero conversar com você... — ele diz entediado, e um pouco irritado pelo meu excesso de drama. — Eu só quero saber quais são suas intenções com o Jimin.

— Sério?

— Eu pareço estar brincando por acaso? — ele diz arrumando a postura e eu estranho, também arrumando a minha.

— N-não é que, eu pensei que os pais dele quem devessem fazer essa pergunta, não?

— E você acha que está falando com quem? — ele diz e eu fico confuso. Uma conta bem óbvia não estava batendo afinal, Jimin tinha vinte e quatro anos e Kyungsoo tinha vinte e sete, então a suposição dele era impossível. A não ser que ele fosse um vampiro, o quê entrava em consideração. — O Jimin é uma das pessoas mais importantes que existem para mim, eu o considero muito e se tem alguém a quem você deve essa satisfação, sou eu. Os pais dele não devem nem sonhar que ele está vivo, quem dirá grávido...

Ele diz me deixando intrigado e até um pouco chocado com a resposta. Eu sabia que era complicada a relação dele com a família, especialmente com a mãe com quem ele tinha péssima relação o que era a principal causa das inseguranças dele, mas não sabia que era nesse ponto. Eu não tinha motivos para desconfiar de Kyungsoo e com certeza ele sabia bem mais sobre o Jimin do que eu, então mesmo curioso assenti, disposto a saber mais sobre, assim que Jimin se sentisse confortável para me dizer.

— Entendo...

— E então? Qual é a sua intenção? Por que eu não sei se percebeu, mas um bebê exige uma certa coisa chamada "responsabilidade" e pelo que Jimin me disse, nem saber o que aconteceu vocês sabem.

— Sei que parece confuso Kyung e eu sei o quão estranho é tudo isso, mas eu só estava tentando ajudar ele, dar os remédios, chamar alguém e ir embora. Nem eu e nem Jimin sabemos o que aconteceu para nossos lobos agirem daquela forma e ninguém tem culpa disso. Desde quando ele me contou da gravidez eu dei meu total apoio a qualquer decisão que ele tomasse e vou dar esse apoio para ele e para o bebê durante e após a gestação. A gente não tem nada agora mas a gente pode ter! Eu estou fodidamente apaixonado por ele desde que nos vimos e... E-eu acho que m-me empolguei.

Digo sentindo toda a empolgação se esvair da minha narrativa e o rubor tomar meu rosto, fazendo Kyungsoo rir. Isso acontecia com frequência, eu falar sobre o Jimin, totalmente apaixonado e acabar me empolgando, mas eu não deixava de me sentir envergonhado toda vez que acontecia.

— É eu percebi... Eu sei que você é um bom rapaz Jungkook, que é responsável e vai fazer o quê for possível pelo Jimin e pelo filho de vocês e é ainda melhor saber que se sente assim por ele. Mas eu tenho que te pedir que por favor, cuide bem dele. O Jimin já passou por muita coisa nessa vida, assim como você e tudo isso acontecendo assim tão rápido pode fazer mal a ele. Você sabe da ansiedade né?

— Sim eu sei, ele me contou de uma crise que ele quase teve no shopping, Mark estava com ele e soube o que fazer.

— Ele as têm de vez em quando, está bem melhor que antes mas tome atenção, se sair do controle pode acabar prejudicando ele e o bebê.

— Pode deixar Kyungsoo hyung, tudo o que estiver ao meu alcance eu farei.

— Calma lá também, você também precisa se cuidar, o Jimin é muito forte e sei que você também é. Estou dizendo que todos tem limite, e que a melhor coisa é vocês estarem lá um pelo outro quando esse limite se quebrar.

— Entendi... — digo compreendendo o que Kyungsoo queria dizer com aquilo. Mais do que eu e Jimin, Kyungsoo era forte, talvez a pessoa mais forte - e assustadora - que já conheci, e eu podia ver sua força, enquanto gerava aquele bebê que lhe trazia tantas lembranças e incertezas com tanto carinho.

— Mas e então? Já levou ele em um encontro pelo menos?

— Bem mencionado meu caro Kyungsoo, eu vou levá-lo à um encontro hoje a tarde. A gente já saiu antes é claro, mas esse vai ser o primeiro "oficial" por assim dizer.

— "Oficial?" Tá bom, e aonde vai levar ele? — ele diz, andando em direção a porta.

— Parque de Diversões... — digo seguindo ele para dentro da sala. Jimin conversava com Mark e Jongin, os três comendo bolo, rindo de algo que eu não fazia ideia do que era.

— Hum... Interessante. Meio clichê e meloso mas romântico, ótima escolha.

— "Clichê e meloso?" Tá legal, e onde foi seu primeiro encontro com o Jongin?

— Na creche, eu empurrei uma alfa que tinha rasgado o desenho dele. Daí fomos lanchar.

— É, não tenho o que comentar.

— É bom mesmo... E fica esperto Jeon, se magoar meu mochi, já sabe. — ele diz indo em direção a mesa de aperitivos, me fazendo engolir seco. Ele podia ser a criatura mais fofa e adorável quando queria, mas eu que não iria desafiar qualquer ameaça vinda dele.

— E então Jeon? Como foi a conversa? — Jimin pergunta, vindo em minha direção e me dando um dos biscoitos de chocolate de Jongin.

— "Jeon?" E o quê aconteceu com o Jungkookie? — pergunto rindo e ele me dá um tapa leve, rindo e tapando a boca.

— Deixei em casa, junto com seu celular. Jongin pensou que você não fosse vir, te mandou umas quinhentas mensagens avisando que o Kyungsoo tinha entrado no curso e que eles viriam. — explicou rindo e eu me senti novamente um mané por fugir de Kyungsoo todo esse tempo, sendo que ele só estava preocupado. Mais aí eu me lembrei da faca e me senti menos mané.

— Acontece...

— Mas e aí o que ele disse? — perguntou me abraçando pela cintura e não pude deixar de retribuir sorrindo, enquanto encarava seus olhos curiosos.

— Só disse que vai me matar se eu machucar o mochi dele...

Mentiroso. — o mais velho responde passando atrás de mim com dois pratinhos de bolo e salgadinho, segurando um copo de suco com a boca e indo em direção a Jongin. Jimin ri.

— Resumindo, foi só isso. Isso e que nosso filho vai ser a criança mais sortuda do mundo por ter você como pai.

— Uau... — ele diz, a expressão mudando para de repente.

— Que foi? Tá passando mal?

— Não, não, é que é meio estranho...

— O quê? O Kyung dizer que nosso filho vai ser sortudo por nos ter como pais?

Eu não disse isso... Mas é verdade. — Kyungsoo diz ao fundo, mordendo um pedaço de bolo e uma empadinha, enquanto Jongin fazia careta pela combinação.

— Não é isso, é que é estranho você chamar ele assim. U-um estranho bom, um estranho muito, muito bom... Nosso filho.

— É o que ele é né? É o nosso bebê...

❤🌈❤

Espero que estejam bem boiolinhas com esse fim de capítulo porque eu quase morri de boiolisse escrevendo.

Eu voltei menines, e não demorou dois meses! Que milagre.

Espero que tenham gostado do capítulo, foi reescrito com todo carinho do mundo.

Um pequeno aviso: na primeira versão de Um Feliz Acidente entre o cap 14(esse) e o cap 16, existia um capítulo que levava esse nome "como (não) formar uma família". Nessa nova versão eu juntei a primeira parte do capítulo 15 ao 14 e a outra parte ao 16. Não sei se deu pra entender mas é isso kkkkk.

Eu volto logo amores. Até lá bebam água (é melhor uma pedra no caminho do que duas nos rins). Bye💜

⭐Deixem uma estrelinha⭐

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