Capítulo 19. Era uma vez...
As vidas na terra e na água que se interligam.... Parte um: A Primeira Sereia.
Era uma vez, em uma ilha banhada pela luz prateada da lua, uma jovem de beleza angelical e voz doce. Ela se chamava Minsuk. Todas as noites, na beira do mar, cantava melodias que encantavam a natureza e os espíritos da ilha. Atrás de uma rocha, um homem a observava, fascinado por sua delicadeza e beleza tão pura. No início, ela fugia de sua presença, mas, noite após noite, ele lhe trazia flores diferentes, uma mais bela que a outra, e, aos poucos, Minsuk permitiu que o amor florescesse entre eles.
O tempo passou, e aquele amor transformou-se em um casamento sagrado, celebrado em um ritual ancestral. Minsuk tornou-se uma mulher feliz, cuidando de sua tribo, distribuindo alimentos e zelando por todos. No entanto, seu marido, Seongjin, não compartilhava de sua bondade. Ele se perdeu em bebidas, jogos e traições, entregando-se aos braços de outra mulher, Yuji, sem se preocupar com as consequências.
Até que, certa noite, os inimigos vieram cobrar seu preço. Invadiram sua casa, a fim de lhe tirar tudo, e quando Minsuk tentou defender seu lar, foi brutalmente violentada e lançada ao oceano. Enquanto suas forças se esvaíam, algo mágico aconteceu: a água ao seu redor se agitou, e uma luz desceu do céu. Duas divindades surgiram - uma feita de água, outra de luz lunar. Elas haviam observado seu bom coração, e decidiram então conceder-lhe uma nova vida, a qual o senhor Destino afirmou ser fundamental para a criação de uma nova espécie tão pura quanto ela.
Renascida como a primeira sereia prometida a ser a Guardiã de Todos os Oceanos, Minsuk aprendeu a viver entre as criaturas do mar, mas não podia esquecer o homem que amava. E quando descobriu que esperava filhos, não quis passar pela gestação sozinha. Suplicou às divindades para trazerem Seongjin para junto dela, mas a única forma de fazê-lo seria levando-o à beira da morte.
Usando sua nova magia, Minsuk cantou, e seu marido, enfeitiçado por sua voz, teve seu barco afundado. Ao invés de se tornar um ser tão puro quanto ela, Seongjin emergiu das águas transformado em algo diferente - uma espécie com tentáculos. Sombrio e revoltado, ele não aceitava sua nova forma, nem a eternidade ao lado de Minsuk. Seu ódio aumentou ao reencontrar Yuji, que também havia sido transformada por acidente, afinal estava no barco com ele e agora possuía poderes.
Juntos, eles tentaram destruir Minsuk, mas a Guardiã dos Oceanos usou sua magia para lançar uma maldição sobre Yuji, condenando-a a vagar pela terra, impotente, até que um descendente de sua linhagem tivesse um coração verdadeiramente puro para acabar com sua existência. Seongjin, consumido pela raiva, tentou segui-la, ficar com a verdadeira amada, mas, ao sair das águas, foi lentamente ressecando, perecendo na areia.
Mesmo com o coração partido, Minsuk dedicou-se à sua missão. Seus filhos cresceram, e com a ajuda das divindades, mais mulheres de alma pura foram transformadas, tornando-se rainhas dos sete oceanos e procriando com os filhos dela.
Minsuk tornou-se a Imperadora, protetora dos mares e guia das futuras gerações de sereias e tritões.
Parte dois: A Rainha e seu propósito
Yuji não aceitou seu destino. Alimentada pelo ódio, eliminou toda sua árvore genealógica para impedir que um descendente pudesse cumprir a profecia. Agora, das sombras, ela aguardava. Pois um dia, a grande nação dos oceanos estaria pronta. E quando esse momento chegasse, ela estaria lá para tomar tudo...
Ao longo do tempo, a bruxa cruel Yuji fez planos que nunca admitiria mas foram falhos. Teve que ceder e se permitir ter descendentes, na intenção de que eles pudessem se transformar e ajudá-la a eliminar sua maior inimiga. Enganou um tritão inocente, ao qual posteriormente, ainda que extremamente apaixonado, negou ficar ao seu lado. Como já estava grávida, matou-o para garantir que não lhe traísse contando à imperadora seus planos.
Tivera gêmeos, Siwoo e Nayone. Um, cumpria todas suas expectativas, a outra a seu ver era uma inocente inútil como o progenitor.
Obcecada pelo poder, dedicava toda sua atenção a Siwoo que seguia todos os ensinamentos se tornando cada vez mais uma extensão dela, enquanto desprezava a filha, afinal Nayone ansiava por uma vida comum, sem fazer mal ou desejar mal a ninguém.
Os vizinhos temiam a garota por ser filha da "bruxa" - todos notavam que Yuji era estranha e má -, e sua família a humilhava, tratando-a como um fardo indesejado. Então Nayone conheceu apenas dor e solidão.
Quando os gêmeos completaram dezesseis anos, durante o ritual que deveria despertar a magia e conceder-lhes uma cauda, como apenas Siwoo teve sucesso, o desprezo de Yuji por Nayone aumentou ainda mais. Exclamou a quatro ventos o quanto ela era uma imprestável e estava atrapalhando seu objetivo: tomar o mundo dos mares e destruir a Imperadora Guardiã do Oceano, Minsuk. Nayone, horrorizada, se recusou de vez a fazer parte da vingança. Esse ato de desafio foi o suficiente para que Yuji a trancasse em um porão escuro, jurando que só a libertaria quando ela provasse ser digna da família.
Por dias, Nayone permaneceu naquela prisão, faminta, fraca, desesperada. Tentou ativar sua magia, mas, no fundo, sabia que não queria ser como eles. Porém, quando atingiu o limite do sofrimento, gritou, e a dor se transformou em poder. Sua magia explodiu, libertando-a. No entanto, era tudo um engano. Yuji manipulou sua mente. Quando finalmente abriu os olhos, percebeu que não estava mais no porão e sim no topo de uma torre no pico de um penhasco. Não teve tempo para reagir, despencou, caindo direto no oceano.
Enquanto afundava, sentiu seu corpo falhar... Mas então, uma luz brilhou nas profundezas, e, quando abriu os olhos, encontrou-se diante de alguém. Era Minsuk, a primeira sereia.
Minsuk contou-lhe a verdade sobre seu passado. Seu pai não era um homem inútil, como Yuji afirmava, mas sim um tritão de coração puro, morto ao se recusar a trair seu reino. Nayone percebeu então que o sentimento incômodo em seu peito era real, sua mãe era a verdadeira vilã, e sua vida inteira fora construída sobre mentiras e sede de vingança. O ódio e a tristeza tomaram conta dela, mas a sereia lhe ofereceu algo mais poderoso: um propósito.
Yuji havia desafiado as regras da natureza e criado algo único: Siwoo e Nayone não eram apenas bruxos, eram uma fusão da magia obscura com a pureza do oceano. No entanto, apesar de todos os pesares, Nayone manteve seu bom coração. Por isso, Minsuk e o próprio Destino, na figura do Imperador Kim Donghyn, a escolheram para corrigir o que sua mãe havia feito.
O imperador garantiu-lhe proteção: enquanto estivesse na água, sua família jamais a encontraria. Mas na terra, haveria um preço a pagar. Seu tempo seria limitado. Seu propósito só se cumpriria quando trouxesse ao mundo um ser puro de coração.
Determinada, Nayone aceitou seu destino, porém com uma condição: seu filho nasceria do amor verdadeiro.
E assim foi.
Durante anos, viveu entre os humanos, aproveitando sua liberdade. Até que encontrou Jinhoo, seu grande amor, e teve a coisa mais preciosa de sua vida, seu filho Jungkook.
Finalmente Nayone estava bem e completa. Mas o Destino não esquece promessas. Ele esperou o quanto pôde, a permitiu ter sua sonhada família e ser feliz, porém, ao completar dezesseis anos, Jungkook não poderia mais ser poupado.
Parte três: O Príncipe do Oceano Pacífico
Incontáveis anos atrás... quando estava começando a ser criado os reinos das águas, no Oceano Pacífico nasceu o primeiro príncipe, tido como bom presságio e com a beleza mais pura e encantadora existente. Ele chamava atenção de todos com seus olhos pratas expressivos e a cauda prateada. Era verdadeiramente único, encantando qualquer um por onde passava.
O rei e a rainha eram apaixonados por seu primogênito e faziam todas suas vontades, menos deixá-lo às margens correndo risco com humanos.
No entanto, o príncipe sempre fugia para observar os seres diferentes, adorava vê-los brincando na areia com uma esfera redonda - bola de praia - e vê-los comer torres que derretiam - sorvete. Casais apaixonados recebendo flores, presentes que nunca vira na vida e aqueles mini serzinhos aprendendo a andar com suas tais pernas.
Certa vez ele conheceu um humano ao qual no início não se mostrara, eles conversavam através de uma rocha. Assuntos profundos da vida nada fácil do humano órfão, os desejos do tritão de ganhar qualquer coisa que fosse daquele mundo... Até que um dia o humano não estava bem, só precisava de um abraço, e ameaçou nunca mais voltar caso o outro não parasse de mistério e aparecesse. Com medo de perder o amigo de quem gostava tanto e vivia aprendendo do mundo terrestre, se mostrou. Ele ficou de boca aberta, não por conhecer um ser místico, mas devida a beleza tão chocante e nunca vista em terra.
Não tentou capturá-lo ou fazer mal, pareceu hipnotizado, certamente encantado, e o príncipe se sentiu extremamente feliz.
Os encontros se tornaram frequentes com eles aprendendo cada vez mais sobre o universo um do outro, compartilhando segredos e intimidades. O humano era completamente pobre e sem rumo, mas conseguia fazer alguns bicos ajudando na horta perto da casa de acolhimento onde vivia e trazia o sorvete tão adorado pelo tritão. Às vezes, conseguia comprar objetos, de espelhos a joias simples que para o ser das águas eram o máximo. Para falar a verdade, tudo o encantava, então ficaria feliz de ganhar até um garfo mesmo sem fazer ideia para o que servia. O importante era aumentar o seu grande acervo de itens humanos.
Era divertido passar o tempo junto brincando na beira do mar, conversando sobre seus mundos distintos, e com o tempo o humano passou a barganhar cada objeto trago por um beijo. Ah, no fundo o tritão sempre os quisera e como adorava aqueles beijos... Era como se tivesse ganho em dobro. Amava aquele trato que lhe beneficiava em tudo.
No entanto, o humano era órfão e devido a um interesse de adoção do outro lado do seu mundo, ele afirmou que era obrigado a partir. O príncipe não aceitou aquela separação, não poderia viver sem o que conheceu como amor. Foi atrás de Minsuk, a primeira sereia e amiga das divindades, pedir que o transformasse. Como ambos tinham coração puro e bondoso, a sereia contou como deveria ser feito e na noite da lua cheia ele o fez.
Nas sombras, Siwoo, ordenado por Yuji a procurar maneiras de adentrar o oceano, observando tudo. Ao mesmo tempo que se sentia enojado por aquela aproximação melosa dos dois, sentia uma revolta. Ele precisava estragar aquilo. Ele iria tomar aquele príncipe para si, subir ao trono com ele do lado e cumprir os desejos de vida de sua mãe. Mas aguardaria o momento certo.
O príncipe seduziu o humano, virou seu barco no dia em que ele partiu e deixou que as divindades o salvassem e transformassem num tritão.
Todo ser das águas nasceu predestinado a alguém, a família do príncipe soube da verdade, acolheu o ex-humano pois via que era a alma gêmea de seu filho.
Então os dois passaram a viver juntos, explorar as águas, a saquearem barcos naufragados para que o príncipe continuasse tendo seus objetos desejados, se divertindo e compartilhando uma paixão mútua.
Em meio a felicidade deles, estava Siwoo que além de desejar completar o que a mãe queria, passou a invejar e querer estar no lugar daquele humano transformado. Assim ele seria acolhido, ele teria os olhares e toques do príncipe mais lindo que já conhecera e ainda poderia sentar no trono. Decidiu ali que mudaria todas as leis, assim traria sua mãe, ajudaria a eliminar Minsuk, e juntos ficariam com aquele mundo.
Ele passou a se aproximar, como um coitadinho abandonado que não sabia como foi parar ali. E, por serem muito bons, o casal de tritão o aceitou, tornando-o parte de seu grupinho que adorava explorar cada canto do oceano e procurar objetos humanos e coisas valiosas.
Mas ao declarar seus sentimentos para o príncipe prateado que o tratava tão bem - como um irmão -, foi rejeitado, afinal, ele amava o transformado, inclusive o pediria em casamento no dia de sua comemoração de dezoito anos ao qual ganharia sua primeira coroa e a primeira parte de sua magia.
Siwoo remoeu-se de ódio, caçou o ex-humano e fez como deveria ter feito desde o ínicio. Como era bom em fingir, usou sua magia para se transformar no amor do príncipe, mas é claro que com o tempo ele notou que algo estava errado. Teve certeza quando eles se beijaram. O beijo não era doce, não encaixava e aquele aperto em seus quadris ultrapassavam a força delicada do amado. Ao confrontar, viu Siwoo surgir em sua frente, sorrindo com toda sua maldade, totalmente diferente do tritão perdido que cuidava como se fosse um ente querido.
Questionou-o quem ele era de verdade, descobrindo então que era um ser maldoso com poderes que queria forçá-lo a ser dele. E mais: ele usou sua magia para enviar seu amado de volta à terra, torturando-o e acabando com sua vida.
Os dois lutaram, ainda que o príncipe não tivesse sua magia tão clara ainda, ele tinha objetos afiados de humanos que podiam perfurar ou cortar membros fora - espadas - e sabia como utilizá-las.
No fim, mesmo que em desvantagem, o príncipe prateado olhou no fundo dos olhos de Siwoo e disse que nunca seria de um monstro como ele. Revoltado e cheio de ódio, o híbrido o amaldiçoou, para que perdesse toda sua beleza, para que não tivesse nada de bom, tirou dele todas suas lembranças para que elas não fossem combustíveis para que ele tentar reverter a situação e para que nunca mais se lembrasse de sua alma gêmea. Ele vagaria na escuridão, sendo o monstro que afirmou que Siwoo era. E seu reino? Seria paralisado e desapareceria para sempre.
A única maneira dele se libertar e ter seu mundinho perfeitinho cheio de amor de volta, seria com o beijo de sua alma gêmea, seu amor puro e real, destinado a si. Mas Siwoo havia o eliminado, isso nunca seria possível e Jimin nunca mais seria belo e feliz.
Parte 4: O Príncipe da Ilha Encantada
Para Yuji, Siwoo havia falhado então passou a pressioná-lo até que ele soltou suas intenções. Havia tomado seus próprios planos: fingiria ajudá-la, se tornaria ela de vez - afinal, não foi ela que pediu por isso? -, usando sua pele e magia, para tomar o rei viúvo, dar um golpe no imperador e tomar todas as ilhas assim como apareceria com uma solução para o reino desaparecido, sendo recompensado com o trono. Tudo seria apenas seu.
Ou era, até Jungkook aparecer.
O coração bom da linhagem de Yuji que a destruiria para sempre e a alma gêmea de Jimin que o libertaria da maldição. O ser feito pelo Destino para acabar com os males e unir os dois mundos.
E a sua história narrada do início até o prezado momento, ele conhecia muito bem.
Cresceu em um belo reino, com uma família amorosa, uma mãe extremamente atenciosa e carinhosa, até que seu coração se partiu ao perdê-la. Seu pai se tornou alguém completamente diferente, por causa das manipulações de Ivy barra Siwoo. E para salvar seu reino, cometeu a loucura de ir atrás de uma criatura diferente e temida nas profundezas, a qual barganhou inocentemente seu poder de transformação para obter ajuda. O ser ao qual se sentiu inexplicavelmente atraído, lhe deixou maluco, impulsivo, surpreendentemente apaixonado... O ser que perdera após o beijo que tanto ansiou, que tinha a sensação que esperara a vida toda para ganhar.
Jungkook derrotou Yuji, como estava escrito pelo Destino. Pôs um fim naquela história. Mas não havia acabado, não é?
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