11. Um dos mistérios resolvido
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Capítulo 11 - Um dos mistérios resolvido
As cenas que Jungkook viu a seguir foram de partir o coração. Sua mãe foi uma criança solitária, triste, negligenciada e maltratada, pois Yuji tinha preferência pelo gêmeo que nasceu primeiro. Isso porque Siwoo fazia exatamente tudo que ela mandava, já Nayone não. Ela queria sair, brincar, como qualquer criança, apesar de seus coleguinhas e vizinhos terem medo de si já que era filha da "bruxa" - ainda que não soubessem que de fato era.
Ela não estava a fim de ficar nadando à espera de uma cauda ou fazendo treinamentos de luta. Sempre brincava sozinha, escondido, e isso a levava a punições severas, que quase sempre envolvia ficar sem comida. "Não fará falta pra essa gorda", debochava seu irmão e Yuji ria.
Na sua adolescência as humilhações pioraram, visto que ao completarem 16 anos passaram por um ritual e a magia de Siwoo se ativou, além de ter conseguido a tão esperada cauda, mas Nayone não.
Um dia Yuji os reuniu dizendo que finalmente chegou o momento ao qual os preparou: vingar-se de Minsuk e tomar o mundo dos mares. Obviamente, Nayone foi contra. Ela não queria matar ninguém, nunca foi a favor dos planos malucos de sua mãe, só queria ser uma garota comum, ter amigos, sair com eles, se apaixonar... Ao expor isso, se tornou ainda mais a decepção e vergonha de Yuji, que passou a trancá-la no porão, afirmando que só a soltaria quando ela mostrasse do que era capaz.
Jungkook sentiu o coração se apertar ainda mais ao ver sua mãe passando dias naquele cômodo sujo e escuro, sem banheiro, sem comida. Ela tentou ativar sua magia de todas as formas possíveis, mas não conseguiu pois lá no fundo ela se negava a ser como eles. Mas estar ali era horrível e ela não estava aguentando mais, então quando atingiu seu limite gritou, explodindo em magia. Aquele momento foi aliviante, já que assim pôde fugir.
Não contava que eles haviam usado magia contra si, enganando seu cérebro. Não estava no porão de sua casa e sim em uma torre extremamente alta no pico de um penhasco. Assim despencou metros, e caiu diretamente na água. Tentou nadar mas algo estava estranho com seu corpo, jurou estar morrendo ao desmaiar vendo apenas uma luz a brilhar...
De alguma forma Jungkook sabia que sua mãe sentia medo de abrir os olhos e aquilo ser uma espécie de sonho, delírio, por estar a tantos dias presa e faminta. Ou pior: realmente despencou e havia morrido.
Ao finalmente tomar coragem, abriu os olhos devagar, e viu uma mulher. Não a conhecia, mas Jungkook sim. Era Minsuk, a primeira sereia.
Sua mãe não ficou surpresa por ver a cauda dela, afinal, passou a vida inteira sendo exigida que a sua aparecesse. Preferiu pensar que não era a única. Apesar de achar que era a única com uma mãe ruim.
"Quem é você?", perguntou, curiosa.
"Eu sou Minsuk. Imperadora Guardiã do Oceano, guia das rainhas dos sete mares e protetora desse mundo", mostrou ao redor. Só então Nayone notou que estava embaixo d'água, rodeada por todo ecossistema colorido, cheio de animais marinhos passando. Ficou impressionada com tamanha beleza.
"Espera. Você... Então você é real. A minha mãe não é louca... Quer dizer, ela não estava mentindo. Você precisa tomar cuidado! Ela vai usar meu irmão para se envolver e estragar a vida dos seus familiares, quer te atingir e depois destruí-la. Seu objetivo de vida é tomar tudo o que é seu."
"Grata pela honestidade e alerta, mas eu conheço os planos de sua mãe. Estive a observando desde que a expulsei daqui."
"Expulsou... Ela era como você?"
Minsuk negou.
"Você é como eu", Nayone franziu a sobrancelha num misto de confusão e surpresa. Como uma sereia tão linda, aparentemente gentil, dizia que elas eram iguais? E a surpresa sobressaiu quando olhou para baixo e viu uma linda cauda roxa.
Minsuk contou sua verdadeira história, o que provou para Nayone que sua mãe era realmente a vilã ali e não ao contrário como a mesma pregava. Bem que teve duvidas a vida inteira pois observava as outras mães, as mulheres e meninas que tinha contato na escola, e se questionava como alguém podia ser pior que Yuji já que todas pareciam sempre muito melhores.
"Seu pai era um tritão de coração puro e bom que infelizmente se deixou levar por um amor enganador. Yuji tentou jogá-lo contra seu reino, mas ele se negou. E infelizmente foi morto.", Nayone não fazia ideia disso, pois lhe foi dito que seu pai não prestava e que era um inútil que não ligava para eles. Quando na verdade foi mais uma vítima de Yuji. Sentiu raiva, seus olhos encheram de lágrimas.
"Ela me tirou meu pai, uma vida normal, tudo... Isso não é justo!"
"Sinto muito. Mas antes que esse ódio cresça e você decida pagar na mesma moeda, você pode se agarrar ao seu propósito."
"Eu tenho um propósito senão ser condenada a sofrer?"
"Sim, minha criança. Todos nós temos. E não apenas eu como o Destino estamos dispostos a te ajudar nele."
"O... Destino? Como?"
"Yuji conseguiu usar sua magia e esperteza para burlar as regras e criar algo novo. Você e seu irmão são uma mistura de humanos-bruxos com a pureza do tritão, vosso pai."
"Meu irmão pode ser... bom?"
"Ele seguiu os princípios e desejos de Yuji. Você foi a única a qual não se corrompeu. Por ter o coração bom como vosso pai, apesar de não ser pura pois sua magia não é, se estiver disposta a nos ajudar a corrigir o que Yuji fez, será possível também acabar com tudo isso. Ela e Siwoo serão eliminados e ninguém mais sofrerá diante de suas maldades."
Nayone lembrou-se do que Yuji lhe disse: mostre o que é capaz. Então sorriu.
"Eu estou mais do que disposta."
Minsuk então usou sua magia junto das divindades da Água e da Lua em Nayone para que ela se tornasse invisível à sua família caso estivesse ali dentro, para que ficasse protegida para cumprir seu propósito, deu-lhes as coordenadas para que terminasse de desprender deles e a garota meio humana, meio bruxa, meio sereia, partiu em busca disso.
Na terra, ela se encontrou com o Imperador Kim Donghyn, para a surpresa de Jungkook, o Sr. Destino.
"Estás autorizada a andar nas águas sem ser reconhecida. Na terra posso te fazer o mesmo favor e um pouco mais: será desgarrada de seus familiares por toda sua vida, poderá viver a paz que tanto anseia, mas irá comprometer a sua vida humana. Seu tempo na terra chegará ao fim quando der ao mundo o nosso ser puro de coração bom."
"Ele é o encarregado de colocar fim em Yuji e em suas maldades, não é?"
"Também quebrará a maldição de Siwoo e unirá o mundo das águas com o da terra."
"Eu estou de acordo. No entanto, não terei um filho em quaisquer condições que não seja por amor para que tenha uma família e toda atenção e carinho que eu não tive."
O senhor Kim sorriu.
"Não esperava outra resposta."
Assim foi feito. E ela aproveitou por anos, viajando, conhecendo novas culturas, trabalhando com crianças - coisa que descobriu amar -, dedicando tempo a si mesma, se apaixonando e desapaixonando, até encontrar Jinhoo e perceber que tudo o que havia sentido até então por outros homens não foi nada.
Eles se atraíam, compartilhavam não só esse sentimento intenso da paixão como valores e princípios, e como meta ter uma família amorosa e serem bons para os outros do reino. O amor deles foi cuidado, valorizado e só crescia. Portanto, se casaram, tiveram Jungkook e a vida não poderia ser mais feliz!
Em meio a tanto amor e felicidade, Nayone havia esquecido do trato feito.
Recordou-se então quando em um descuido o bebê Jungkook de 1 aninho andou para o mar e acabou criando uma mini cauda. Jinhoo sabia de sua história, a aceitava e amava profundamente e com seu filho não era diferente. Mas ela nunca se aceitou por completo e vivia com medo de que os fantasmas do passado retornassem e que sua vida de paz, tão satisfatória com seu marido e filho, acabasse. Então fez Jinhoo prometer nunca deixar com que Jungkook descobrisse a verdade. Ele precisava ter uma vida e aproveitá-la antes de assumir responsabilidades tão grandiosas.
O Sr. Kim teve consideração por ela, permitiu que aproveitasse o maior desejo de sua vida que era ter uma família amorosa, carinhosa e feliz. Mas o tempo não perdoa e já havia esperado demais. Disse a Nayone que ela finalmente - após séculos vivendo - deu ao mundo o ser puro de coração bom, lhe deu alguns anos para aproveitar seu filho, 16 para ser exato. Porém, chegou a hora dela pagar sua dívida.
Em uma noite, enquanto Jungkook dormia, ela entrou em seu quarto, sentou na beirada de sua cama e acarinhou seu cabelo.
"Eu nunca imaginei que amaria tanto alguém na vida, mais do que amo o seu pai. Então você chegou para me mostrar que eu estava enganada. Eu espero que tenha sido uma boa mãe para você, pois eu me esforcei para isso. E peço perdão por não ter te contado sobre suas origens, não queria repetir o que aconteceu comigo, eu queria que vivesse e não só lutasse e sobrevivesse, mas vejo que devia ter te preparado de alguma forma... No fim, acabei tentando te poupar de algo que agora sei ser inevitável. Para me redimir, eu te deixarei um guia. Eu confio em quem você é, sei o quanto é corajoso e genuinamente bom. E não se preocupe comigo, meu peixinho. Eu vivi uma boa vida, como sempre sonhei. Eu cumpri meu propósito. Agora é a sua vez. Pare aqueles dois e quebre as maldições. Se preciso, conte com o Imperador", com lágrimas nos olhos, porém, já conformada com seu destino, deu um longo beijo na testa de Jungkook. "Adeus."
As memórias programadas por sua mãe acabaram, as suas próprias tomaram conta. Ele havia sentido aquele beijo, despertou e a chamou. Tinha uma sensação estranha pesando em seu peito então levantou-se, passando pela porta e caminhando naquela noite gélida e, de certa forma, estranha. Então percebeu uma comoção dentro do castelo.
Acelerou os passos, vendo seu pai parado na gigantesca porta do quarto do rei e da rainha, ele estava chorando. Ele nunca chorava. Sua família e o mundinho deles sempre foi muito feliz...
Ao ver socorristas carregando uma maca coberta por um pano, sua mente gritou em alerta. Foi descobrir mas seu pai lhe segurou.
"Você não vai querer vê-la dessa forma."
E, ali, Jungkook desabou.
Ouvia vozes chamando seu nome, também um choro alto incontido, demorou alguns segundos para sentir-se retornando à realidade.
Namjoon e Yoongi lhe chamavam, preocupados, e o pranto era seu. Lembrar do dia em que sua mãe morreu doía demais... Só que, de repente, essa dor foi sumindo e o choro cessando. Quando abriu os olhos viu que estava nos braços de alguém que lhe apertava forte.
— Jimin... — murmurou, um pouco confuso por não esperar isso vindo dele.
O cecaelia lhe olhou, seus olhos estavam brancos e vazios, mas, pela primeira vez, expressavam algo além daquele nada sem fim da primeira vez.
— O q-que? — não sabia se ele aceitaria contato, portanto, tocou seu rosto com cuidado e delicadeza.
— Eu absorvi o que você estava sentindo... É triste. — não se lembrava de ter esse sentimento, só de causá-lo. Era divertido, até agora. — Não é nada divertido.
— Não é... — franziu o cenho, encarando o rosto dele que parecia agoniado. — Por que você fez isso?
— Você disse que eu podia testar agir da forma que eu quisesse. Eu senti que queria e fiz. Mas dói. Esteve carregando isso o tempo todo? Como escondeu?
Jungkook suspirou.
— Eu não sei. — o abraçou, fortemente, como foi abraçado antes. — Mas obrigado por dividir e deixar mais leve.
Como Jimin ainda estava absorvendo, ele sentiu toda a gratidão do príncipe. Esse também era um sentimento que não se recordava ter sentido antes. Era bom. E pareceu deixar aquela dor de perda um pouco mais tranquila.
— Você foca em outros sentimentos.
— Uhm?
— É por isso que essa dor fica escondida, você foca em sentir outras coisas.
— Creio que sim. Fica mais fácil de viver. — separando-se, notaram que todos estavam encarando, menos o cachorro que não estava mais ali. Clareou a garganta. — Eu acho que a minha madrasta é a minha avó.
Claro que esse comentário os chocou, mas Jungkook explicou em detalhes sobre o que viu.
— Se ela quer se vingar de Minsuk, por que está agindo na terra? — perguntou Hoseok.
— Tem o tio, talvez ele esteja agindo lá. — disse Taehyung.
— Vocês podiam tentar descobrir. — sugeriu Yoongi. — Fazer um trabalho investigativo nas águas, conversar com os seres de lá para saberem se tem alguém planejando algum tipo de golpe.
— Somos proibidos de socializar com as sereias e tritões nos reinos. — disseram juntos.
— Por que? — perguntou Namjoon de cenho franzido.
Os enguias olharam para Jimin então todos se voltaram para ele, que deu de ombros.
— Não vamos aos reinos, eles não vem nas profundezas. Paz entre mim, rainhas e reis.
— Mas há exceções. — falou o príncipe. — Porque, pelo o que sei, já te procuraram para acordos. E se deram um jeito de burlar, vocês também conseguem.
— Eu não vou correr o risco.
— Está com medo? — perguntou Jungkook olhando no fundo dos olhos dele que já estavam pretos e humanos.
— Não sou é burro, posso ser caçado e preso. Isso não ajudaria em nada.
— Você é forte e sagaz. A internet disse que pode ficar maior que um navio. Não pode simplesmente ser preso. — disse, duvidoso.
— Obrigado pelos elogios, coração. — sorriu provocativo ao chamá-lo assim, Jungkook fez cara feia mas algo dentro de si agitou-se. Não que fosse admitir. — Juntos eles têm mais força e uma magia purissima, poderosa, que pode acabar comigo, literalmente. Eu estou comprometido no acordo que tenho com você, mas não vou arriscar minha existência por sua causa. Vamos trabalhar com as informações que temos.
— Minha avó é do mal, está manipulando meu pai, e provavelmente me quer morto já que estou destinado a acabar com suas maldades. Talvez quer você morto também por estar me ajudando. Fora que, sabe-se lá porque, apagou suas memórias.
— Eu quero acabar com essa bruxa louca. É o que eu mais desejo. — seus olhos brilharam de desejo assassino. — Mas não podemos agir por impulso. Você sabe mais do que ninguém aqui que isso gera consequências.
Jungkook bufou. Queria contra-atacar, mas ele estava certo.
— Eu estava aqui pensando. — disse Yoongi, atraindo atenção deles. — Se você tem um tio, que ia para águas atingir Minsuk e tomar o trono dela, e agora o rei quer derrubar o Imperador, se ele está sendo manipulado pelo sua avó a isso, nessa lógica...
— Ela quer tomar o lugar do Destino! — disseram os enguias em conjunto, surpresos com a esperteza do branquinho.
— Eu não acho que ela saiba que ele é o Destino, o que nos dá vantagem. — disse Jungkook. — Mas ela pode sim querer o seu trono. Assim vai mandar nos sete reinos e ele os sete mares. Com os dois no poder, vão dominar...
— Tudo. — murmurou Jimin, junto dele.
— Eu preciso impedir isso. — o príncipe olhou diretamente para o cecaelia, confiante. — E você é obrigado a me ajudar!
...
Sapore di Mare. Um ambiente luxuoso à beira-mar, com um cardápio de frutos do mar e culinária italiana refinada que atraía clientes em busca de pratos frescos e sofisticados. Esses clientes eram da alta sociedade e aproveitavam para fazer todo tipo de acordo secreto por ali. Isso incluía o grupo que Jimin estava de olho: os amigos do rei.
— Mestre, descobrimos que é preciso ter nome na lista para entrar. — disse Taehyung.
— E o rei está sendo esperado por aqui hoje. — acrescentou Hoseok.
— Eu tenho uma ideia. Vai ser extremamente desagradável mas farei esse sacrifício para o bem da nossa investigação.
Ele estava em um local escondido e afastado, então não se importou em exibir sua magia, dizendo "pelo bem do destino", se transformando em Ivy, a bruxa ruiva.
— Quem é essa, mestre? — perguntou Hoseok.
— A filha da puta por trás de toda essa merda. Se virem ela por aqui, tratem de me avisar.
— Por que o plano é fingir ser ela, mestre? — tornou a perguntar.
— Ela com certeza tem nome na lista, quem está nesse com o rei confia nela, assim irão ficar confortáveis na minha presença e eu posso descobrir o que está rolando.
— O mestre é tão inteligente. — disse Taehyung, sorrindo, sendo acompanhado pelo outro enguia.
Ele sorriu egocêntrico, mas isso não era novidade.
— Tarefa. — eles ficaram lado a lado, o encarando, prestando total atenção às ordens. — Enrolem o rei ao máximo que conseguirem. E não esqueçam de me alertar caso ele entre nesse restaurante ou a bruxa desgraçada.
— Sim, senhor! — disseram em conjunto.
Jimin sorriu satisfeito e saiu requebrando os quadris em sua nova forma.
Assim que chegou na portaria, abriram espaço para que passasse, exigiu ser levado até a mesa do rei e assim foi direcionado ao último andar, o maior, mais exclusivo e luxuoso. Ao menos a qualidade dali compensava um pouco da pele detestável de que estava usando no momento.
— Pelo bem do destino, que eles repitam o que disseram quando me conheceram. — usou a magia discretamente, aproximando-se deles. — Bom dia.
— Whoa, você deve ser nossa futura rainha. É tão linda e elegante quando o Rei Jinhoo disse. — falou uma loira.
— Obrigada, querida. Você é a...?
— Duquesa Lee Yoonchae, ao seu dispor. E esse é o meu marido, o duque Lee Sangwoo.
— Prazer em conhecê-la. — sorriu por cima da taça de vinho que bebia, seus olhos eram extremamente safados.
Jimin conteve a vontade de rolar os olhos. Apesar de que já havia feito coisas do tipo no passado, agora não viu como algo divertido.
— Sente-se, srt. Ivy. — disse um senhor na faixa dos sessenta anos puxando uma cadeira. — Bem vinda. Sou Choi Kaeyeong, ministro da segurança do vosso futuro castelo.
— É ótimo tê-la conosco. Jinhoo escolheu muito bem. — um cara musculoso disse com uma expressão sem vergonha, analisando "Ivy" de cima a baixo. Logo recebendo um soco no braço pela mulher que estava ao seu lado. — Ai!
— Peço perdão pelo meu irmão, ele não pensa com a cabeça de cima. Somos Jang Jihye e Jang Yeongwoo, duque e duquesa da Ilha Céu Azul.
— E o senhor é a Vossa Alteza de Esmeralda... — começou a dizer, olhando diretamente para o rei, mas antes que pudesse pronunciar mais alguma coisa lhe veio as vozes dos enguias à mente.
"Sinto muito, Mestre. Não conseguimos segurar o rei, ele está muito determinado", disse Hoseok.
"Não reage a nossa magia então não pudemos fazer muita coisa. Saía daí agora", falou Taehyung.
Ah, droga. Havia esquecido que o rei Jeon estava bloqueado diante de demais magias.
— Qual o plano do Rei Jeon? Ele vai derrubar o Imperador?
"Ele já entrou, está entrando no elevador", falou Tae.
Os presentes na mesa se entreolharam.
— Do que está falando, senhorita? — disse o rei de Esmeralda.
— Você sabe do que estou falando, Majestade. Como futura rainha, eu tenho direito a saber os planos do meu marido.
— Sim, e isso deve ser dito por ele.
"Mestre, pegue o elevador da esquerda agora!", disse Hoseok.
— Se ele não lhe disse nada, docinho. — disse o Kang. — É porque não lhe considera de confiança.
Inferno!
— Pelo bem do destino, apenas lembrem da primeira vez que me viram, não desse momento. Isso aqui nunca aconteceu. Vocês estão esperando pelo rei e nada mais.
Saiu de lá às pressas, arrancando os saltos e correndo, ignorando olhares já que não estava parecendo uma dama de elite.
Entrou no elevador e, assim que foi sair dele, avisou Hoseok e Taehyung do outro lado do vidro do hall, balançando os braços desesperadamente para sua esquerda. Logo viu o porquê. O rei estava vindo em sua direção, por sorte distraído o suficiente para não dar conta de quem era. Correu para o lado contrário. Olhou para todos os lados e a única coisa que viu foi um carrinho de pratos, se enfiou debaixo dele.
— Pelo bem do destino, que eu me torne alguém comum o suficiente para ir embora sem problemas para depois voltar a ser eu mesmo.
Assim conseguiu se tornar algum cara da alta sociedade e passar despercebido, mesmo que tenha, de novo, quase esbarrado no rei Jeon.
Ministro da segurança, duas duquesas e dois duques - sendo um casal de irmãos da ilha Céu Azul -, e o rei de Esmeralda. Esses eram os presentes na mesa.
No entanto, eles não quiseram falar consigo sobre o plano. O que mostrou que Ivy era esperta. Ela estava influenciando as decisões do rei mas não explicitamente. Era às escondidas. Assim, ninguém poderia colocar a responsabilidade do golpe que planejavam em seus ombros e se desse errado, o rei Jeon seria o único culpado.
...
— Srt. Ryu Sandara, esse projeto é extremamente benéfico tanto para eles quanto para nós. Estaremos disponibilizando nossa estrutura, nossas tecnologias, para contribuir em levar informações e estudos de qualidade para integrantes de uma aldeia extremamente pequena e isolada. Eles serão gratos pelo nosso apoio, pelo aprendizado, e poderão decidir vir de vez para nossa ilha, aumentaremos a nossa população, a mão de obra, além de zerarmos um grupo solitário ao qual pode ou não em algum momento vir a conspirar contra nós. — Jungkook tentava argumentar com a ministra das finanças.
— Eu compreendi. No entanto, o rei precisa estar de acordo.
— Ele vai estar. — garantiu.
— Por escrito.
— Isso é injusto!
— Eu não faço as regras por aqui, Vossa Alteza. Não posso liberar nenhum fundo para projetos que não estão pré estabelecidos e assinados.
Ele suspirou.
— Certo. Por favor, não mencione com meu pai sobre antes que eu fale com ele. Sabe que Vossa Senhoria Real recentemente está com humores instáveis e nervosos.
— Claro, Alteza.
— Obrigado pelo seu tempo. — disse, logo saindo do cômodo.
Enquanto isso, Namjoon e Yoongi estavam do lado de fora esperando ansiosos. Principalmente o albino.
— Acha que vão me aceitar como assistente do príncipe? — mordeu o lábio, nervoso.
— Você é um ótimo funcionário, sempre cumpriu as regras perfeitamente, por que não?
Namjoon sabia, mesmo que não conversasse muito com ele. Ou com qualquer pessoa. Não era pessoal, ele apenas não tinha disponibilidade pois vivia atrás do príncipe.
— Você acha? — o encarou esperançoso, o viu assentir. — Eu sempre fui tão... simples. Esse me parece um trabalho tão importante, de bastante responsabilidade, que eu nunca imaginei conseguir, e... Eu não sei se consigo.
Estava vacilante nos seus sentimentos, variando entre a insegurança e esperança.
— Mas você quer?
— Eu quero, sim.
— Então confie mais no seu potencial. Como eu disse, você é um ótimo funcionário. Além de ser inteligente e responsável. Te vejo qualificado para estar ao lado de Jungkook cuidando de sua agenda. Caso não acreditasse nisso, não teria sugerido.
Yoongi abriu um sorriso, bem grande e radiante, que fez Namjoon sentir as bochechas esquentarem ao pensar que nunca havia notado o quanto ele era lindo.
— Obrigado. De verdade.
— A-ah... não há de que... — desviou o olhar, pigarreando ao ver Jungkook se aproximar. — E então?
— Ela aceitou que eu trocasse as funções do Yoongi hyung. A partir de hoje, será meu assistente particular cuidando do meu cronograma de compromissos.
O albino saltou sobre Namjoon, grato e feliz. O segurança o abraçou desajeitado, dando uns tapinhas em suas costas.
— Eu disse. Agora confie mais em você mesmo.
— Obrigado! — respondeu, um tanto eufórico, o soltando e se virando para Jungkook fazendo diversas reverências. — Obrigado, Vossa Alteza, muito obrigado.
— Ei. — riu, colocando a mão em seu ombro. — Relaxa. Não precisa se reverenciar assim, nem me chamar de Vossa Alteza. Ainda mais agora que passaremos muito tempo juntos. Me trate como amigo, sim?
Assentiu, sorridente. Namjoon não conseguia desviar os olhos desse sorriso tão lindo, tão doce... Por que implicava com ele mesmo?
— Se você prefere assim, eu o farei.
— Sobre o projeto dos nossos isolados, ignorantes, menos afortunados, não rolou. Ela quer assinaturas e eu sei que não irão aprovar. Meu pai está economizando dinheiro para... — olhou para os lados, não viu ninguém, mas não confiava que estivessem sozinhos. Ficou um tanto paranoico desde todas as descobertas. — Enfim, vocês sabem.
— Você não quer tentar conversar com ele? — perguntou Namjoon.
— Se eu for até ele, não iremos conversar. — afinal, estavam de lados distintos agora. — E pelo o que eu sei, tenho uma coletiva para anunciar o meu tão esperado casamento. — sorriu irônico. — Vamos para meus aposentos pois tenho que me arrumar.
Em seu quarto, Jungkook trancou a porta e se jogou em sua enorme cama.
— Você não ia se arrumar? — perguntou o guarda costas.
— Eu só queria sair de um corredor que qualquer um pudesse passar e nos ouvir. Como será que Jimin está indo no almoço com a turminha do meu pai?
— Está preocupado com ele ou com o que ele pode fazer? — perguntou Yoongi.
— Os dois.
Namjoon cruzou os braços, dizendo:
— Explica isso direito...
— Ah, se algo acontecer com ele pode afetar nosso acordo e o andamento mais rápido e direto do nosso plano. E, vocês viram como ele é, parece uma caixinha de surpresas maldosa.
— Não, isso eu entendi. Eu quero que explique como acabou se envolvendo com ele. A relação de vocês é bem estranha, sei lá. O que sente por esse... Híbrido? Enfim?
Jungkook não sabia como classificar a relação entre eles, nem mesmo dizer o que sentia por Jimin. Apenas entendia que sentia uma atração por ele e não queria ser julgado por isso. Então sorriu, acabando por provocar:
— Ciúmes?
— O que?
— De mim ou dele? Porque pelo o que sei você andou transando horrores com ele mas o corpo era idêntico ao meu.
Namjoon ficou extremamente corado.
— Eu não... Olha, eu achei que estávamos tendo um momento. Mas que... Que era você e você queria... Eu não imaginava que fosse um híbrido esquisito e maluco!
— Tudo bem, hyung. Não precisa ter vergonha. — foi até ele, tocando seu ombro. — Eu entendo. Mas, infelizmente, não posso corresponder seus sentimentos. Você é lindo, eu te adoro, só não desse jeito.
— Você... Não. Espera. O ponto é sobre você. Você gosta dele?
— Eu não sei, tá legal? — afastou, levando as mãos ao cabelo e os ajeitando para trás. — Esses dias foram muito intensos. Mas eu sei, e admito, depois de muito negar pra mim mesmo, que quero transar com ele de novo.
— De novo?! — Namjoon e Yoongi exclamaram de olhos arregalados, completamente surpresos.
— Ah... É. Vocês vão achar bizarro o que aconteceu. Mas não venham tecer julgamentos!
Então contou de como reagiu quando soube que Park o enganou, que tentou quebrar as coisas dele, roubá-las, e ele lhe castigou com seu veneno fogoso. No fim, tentaram lhe pegar mas o cecaelia o salvou e ainda o satisfez muito bem.
— Realmente... bizarro. — murmurou o guarda costas, ainda chocado.
— Mas na minha posição de quem estava sentindo... Nossa, eu nem sei descrever. Aquilo foi surreal. Quando eu o vi como humano... Ah, eu continuei ou me tornei mais... Não sei, atraído? Eu só sei que eu estou doido para tirar a prova se ele na versão humana é capaz de me dar tanto prazer.
— Temos aqui um jovem da realeza com gostos diferentões e muito tesão acumulado. — brincou Yoongi, rindo. — Conta para nós quando rolar.
Jungkook sorriu, dando de ombros.
— Ele é idiota e instável, então eu não sei o que pode acontecer. Torçam por mim.
— Eu não vou. — disse Namjoon, seguro do que dizia.
— Larga de ser ciumento.
— Não é ciúmes, Jungkook. É questão de lógica. Você está se envolvendo com o monstro do mar e acha que isso vai dar algo bom no final? Diminua seus impulsos. Seja racional. Não venha pensar com suas partes íntimas.
— Você não estava preocupado com isso quando estava de quatro pra ele. —sorriu cínico.
— Por que eu não sabia! Eu nunca, nunca, nunca ficaria com um demônio enganador! E acho um absurdo você cogitar ficar. É como ficar doido para abraçar um cacto, sabe que sairá machucado, então por que alimentar a vontade? É loucura, apenas.
Jungkook ignorou a metáfora. Não queria pensar sobre isso, pois sabia que ele poderia estar certo. Então se pegou desconversando mais uma vez:
— Mas você ficou. Vai dizer que foi ruim?
— Os ânimos estão se alterando aqui. Por que vocês não bebem uma água, respiram e depois conversam com calma? — disse Yoongi, tentando apaziguar.
— Não. Se ele quer mesmo saber, ele vai. Foi horrível. Porque eu fui enganado. E no final de tudo, não era você!
— Então você admite que queria ir para a cama comigo? — estava boquiaberto porque sempre brincou com ele mas nunca achou que pudesse ser real. Seu amigo tinha uma queda por si? Tipo, de verdade?
— Eu... Tudo bem. Eu gostava de você, ok? Mas não significa que eu ainda esteja alimentando esse sentimento. Não depois do que aconteceu e vendo o quanto você está caído por um ser místico escroto que é capaz de qualquer coisa.
— Eu não estou caído por ninguém!
— Você tem certeza?
Jungkook se calou. Não conseguia raciocinar bem, muito menos em discussões com quem amava. E não queria admitir mais coisas em voz alta, aceitar que se sentia atraído por Jimin já havia sido grande coisa. E era só isso. Não tinha mais.
Respirou fundo.
— Não quero continuar a discutir com você, hyung. Desculpe não poder corresponder seus sentimentos e te decepcionar. — soou sincero.
— Eu... tudo bem. Não vou morrer de coração partido. Eu só não... Não quero ver você ser enganado e machucado também. — abaixou a cabeça.
— Eu não vou. Sei me virar. E também sei lidar com o Jimin. — ou gostava de pensar que sim.
— E se ele estiver te usando ou querer te usar? Parece ser do feitio dele fazer isso.
— Nisso eu concordo. — disse Yoongi.
Jungkook riu.
— Ah, meus queridos, isso não vai acontecer. Até porque quem está de plano a usá-lo sou eu.
— Mesmo assim, tome cuidado. Ele parece perigoso.
— Não se preocupe, hyung. No fundo, ele nem me parece ser tão ruim assim. Deve ser coisa da maldição.
— Maldição? — Yoongi franziu o cenho. — É a que você tem que quebrar? Ela está relacionada ao Jimin?
— Não acho que seja. Quer dizer, pelo o que sei, eu tenho mais de uma para quebrar. Mas creio que a dele seja problema que teve com minha avó, Ivy, sei lá, a muito tempo atrás, em algum momento em que ninguém sonhava que eu iria existir. Apenas sei que apagou suas lembranças e disse ter o condenado às profundezas. — deu de ombros.
— Meu Deus, agora faz sentido porque o Park parece tão puto com ela e vocês citaram isso de memórias. Conversando com você só vem surpresas. Está guardando aí dentro mais alguma coisa chocante? — perguntou Namjoon.
— Não. — riu.
As coisas pareciam estar voltando ao normal entre eles. Foi só uma desavença momentânea. Ficou feliz por isso. Mas por que o albino parecia preocupado sendo que estava tão a fim de acalmar as coisas e elas finalmente acalmaram?
— O que foi, Yoon hyung? Por que está com essa cara?
— É só que essa história está mal contada. Acho suspeito. Mas não consegui conectar os dois lados.
— Porque nem deve ser conectado. — disse o príncipe. — O problema do Jimin é do Jimin e o meu, é meu. Falando em problema... O que eu deveria vestir nesse anúncio de casamento?
Namjoon pediu para que Yoongi contatasse a estilista que deu duas opções sendo a primeira terno escuro azul-marinho ou preto com uma camisa branca, uma escolha clássica para ocasiões formais. Isso transmitia uma imagem elegante e sofisticada e era uma opção segura para um anúncio de noivado. E a segunda era terno claro, bege ou cinza claro, com uma camisa azul clara, caso o príncipe preferisse um visual mais leve e alegre para o anúncio do noivado, transmitindo uma imagem mais descontraída.
Jungkook não se sentia descontraído, nem alegre com isso. Portanto, o terno preto com a camisa branca era a melhor opção. Clássico de tudo, incluindo para luto. E ele estava. Pela sua mãe, que de fato falecera, e simbolicamente por seu pai ter se tornado outro e por estar lhe obrigado a ter que se unir a alguém que mal conhecia, para completar, uma mulher, por causa dos seus planos malignos.
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