10. Descobertas
➼ Adianto que o capítulo está grandinho, tem muitaaaa informação, então leiam com calma e atenção e já prepara um bloquinho pras teorias hehe
➼ Boa leitura ❤️
Capítulo 10 - Descobertas
Era uma manhã ensolarada, Jungkook e sua turma estavam na sala de jantar número sete do castelo visto que ninguém ia lá com frequência, assim teriam privacidade.
Os enguias observavam o cômodo que era todo em branco gelo tendo detalhes em dourado - de ouro. As paredes, o teto com lustres de cristais, uma mesa comprida de mármore com cadeiras de estofado macio, do lado externo das cadeiras um longo tapete passarela com seus detalhes de fios de ouro. As únicas coisas que tinham tons diferentes eram as cortinas cinza claro das várias janelas que ficavam lado a lado e um cantinho com duas poltronas azuis marinho e uma mesa de centro, e, claro, as variadas pinturas magníficas e vasos de plantas luxuosas espalhados estrategicamente por toda sala de jantar com cores harmônicas.
Os enguias estavam encantados. Inclusive com os talheres de ouro puro, apesar de estarem lutando contra os objetos já que mal se lembravam da última vez que vieram à Terra. Mas nada que Yoongi e Namjoon não pudessem ajudar.
Eram tantos pratos diferentes, a maioria que nunca viram antes e não sabiam quando teriam oportunidade de ter contato de novo, então se esbaldavam com vontade. Não só os enguias. Namjoon e Yoongi eram servos, não comiam luxuosamente como o príncipe. No fundo, estavam estranhando estarem sentados à mesa, participando daquele banquete de café da manhã, e algumas comidas eram estranhas em seus paladares. Certamente preferiam suas refeições simples. No entanto, Jungkook estava fazendo questão então aproveitariam a experiência que era única.
Enquanto se mantinham entretidos, comendo e comentando sobre cada coisa experimentada, Jimin sentia que não merecia menos. Adorava luxos. E fitava Jungkook. Isso porque o príncipe não parava de lhe encarar com uma expressão que não conseguia definir.
O que esse humanozinho tolo está pensando, afinal? Será que cogita contar a todos a minha fraqueza da noite anterior?
E nos pensamentos de Jungkook estavam: Sabe por que Park Jimin não é tão bom assim? Porque ele não passa de um "nada demais". Ele só está me atraindo tanto porque agora é um humano estupidamente belo e gostoso que demonstrou ter algum sentimento.
Dizia a si mesmo, na buscava se convencer que o momento íntimo que tiveram não importou. Foi insignificante e digno de ser esquecido porque não foi nada demais. Sente que sua mente o enganou, lhe deixando tão afetado pelos atos causados por esse idiota mas não por ele em si.
A questão é que ele lhe envenenou e deixou cheio de agonia, assim se tornou fácil, né? Bastou aliviar suas tensões para que se sentisse bem. Tão bem... Que o faz cogitar transarem de novo. Todavia, não teria todas aquelas sensações estonteantes e aliviantes se não fosse pela maldade anterior que o deixou tão enlouquecido. E o cecaelia não mandou ver sozinho, usou seus tentáculos. Logo o mérito não era de Jimin. Ele não é nada demais.
Transar com ele sem seus companheiros em jogo não lhe abalaria como da primeira vez. Não o faria querer de novo. Seria sem graça. Porque Jimin é sem graça. E Jungkook não estava interessado em trepar com ele.
Ah, não. Só gostou antes pela situação e colocou os tentáculos no novo trato porque estava a fim de sentir o mesmo alívio de antes. Mas não estava surtando de vontade como quando estava sob veneno, então até se os tentáculos estivessem ali, seria diferente. Sendo só o Jimin então... Nada. É em isso que ele se resume mesmo que gabasse o quão foda era na cama e jogasse na sua cara que comeu - muito bem - seu amigo.
A metáfora perfeita que descrevia sua situação era: você estar com muita fome, pensando pelo amor de Deus eu só quero comer, e colocarem uma pizza bem recheada e com um cheiro maravilhoso na sua frente. Tudo o que você precisava. Então você a devora, cada centímetro, com as papilas gustativas fazendo festa, praticamente tendo um orgasmo de comida de tão bom que aquilo está sendo justo quando você mais necessitava. Quando termina você se sente cheio, satisfeito, e fica com a sensação de que se apaixonou, afinal, aquela é a melhor pizza do mundo! Com certeza ela merece ser repetida. E você passa a semana inteira desejando o que acredita ser a pizza. Então faz o mesmo pedido e o sabor, a satisfação, não são os mesmos. Porque é um dia diferente. Você nem está com tanta fome assim. E existe tanta coisa boa para comer também... Por que essa tara com a pizza então? Descobre-se aí que sua vontade maior não era ela em si e sim repetir a sensação que teve de se esbaldar em um dia que tudo o que você precisava era disso.
Jungkook estava faminto e Jimin era a pizza.
Experiências únicas assim, são difíceis de viver novamente. Até se você se colocar na mesma situação, na maioria das vezes nunca vai ser possível sentir aquilo de novo. Portanto, Jungkook ficou abalado por causa do seu momento de necessidade que foi sanado e foi disso que gostou. Não dos tentáculos, muito menos daquele maldito. Tudo se resumia em uma experiência satisfatória única.
Só para deixar isso ainda mais claro, indicou com a cabeça para que o cecaelia lhe seguisse. Curioso, ele o acompanhou até a sala de estar ao lado. Foi então que Jungkook se virou para ele, o surpreendendo quando o empurrou para a parede mais próxima, dizendo:
— Vamos transar!
Park ergueu uma sobrancelha e seu sorriso largo era debochado como se dissesse "nós vamos?".
— Eu acho que não. — ligeiro segurou os pulsos de Jungkook e habilmente inverteu as posições, o deixando preso. — Primeiro que sequer lhe dei permissão para me tocar.
— E quem disse que eu preciso? — ergueu o rosto, petulante.
— Eu estou dizendo, príncipe. — enfatizou o título, num tom debochado. — Se caso esqueceu, temos coisas importantes para tratarmos neste momento. E não inclui sexo.
O soltou. Ele pulou em seu corpo desajeitadamente, lhe agarrando pelos ombros, o cecaelia acabou o segurando pela cintura.
— Temos tempo. Vamos transar, por favor. — pediu, com seus famosos olhos de cachorro abandonado. Queria muito confirmar que seria um sexo insignificante. Provar que Jimin não era nada demais. Parar de surtar por essa situação.
Ele estreitou os olhos, questionando:
— Por que essa tara repentina em mim?
— Não é repentina.
— Ah, não? — sorriu provocante. — A quanto tempo você quer me dar?
— Não desse jeito! Não quero. Eu... Não é como se eu ficasse pensando e te desejando e querendo transar com você, tá?
— Você fala e fala e eu só ouço: eu estou doidinho por você, por favor, me come. — debochou.
— Eu só quero tirar a prova de que você nem é tudo isso!
O sorriso de Park se abriu até os olhos se fecharem e um som grave veio de sua garganta. Estava gargalhando. Com sarcasmo. Jungkook não estava gostando daquilo, em sua mente era só chegar nele que ele toparia, afinal, Jimin não era todo irresponsável e apreciava coisas humanas? Demonstrava gostar de sexo, por que não queria consigo? Não era justo que ele estivesse debochando da sua cara.
— Ei!
— Oh, mil desculpas, Vossa Alteza. — soar mais cínico era impossível. — Mas é algo divertidíssimo de ouvir de quem já se desfaleceu nos meus braços e ficou duro só por eu ter contado um pouquinho da minha experiência fodendo seu grande amigo. Aliás, de fato, bem grande.
Jungkook sentiu o rosto esquentar, mas negava-se a dar o braço a torcer.
— Você exagera.
— Ah, eu exagero? E suas reações diante a mim? Acha que não percebo? — perguntou, o encarando com os olhos afiados e penetrantes. Lhe arrepiavam tanto quanto aqueles brancos vazios. E Jimin tinha noção disso. — Mas se é somente falácia minha, por que você parece tão afetado? Por que me quer tanto?
Seu rosto. Seu corpo. Perto demais. Provocante demais... E excitante demais.
— Está completamente equivocado. Eu só quero destruir o seu ego.
— Pois esse rosto todo coradinho — passou a ponta dos dedos na bochecha de Jungkook. Além de aproximar, deixando sua boca a centímetros da dele, isso fez o príncipe encarar a boca toda volumosa e atraente... acabando por engolir em seco quando o viu passar a língua ainda bifurcada entre os lábios, sem tirar os olhos de si. Que puta ato sexy. — Só prova o que eu estou dizendo.
Dizendo o que? Jungkook nem mesmo se lembrava qual era o ponto ali. Parecia que ele tinha o poder de lhe hipnotizar com sua beleza - ainda mais surreal vista de perto - e sua lábia tão envolvente.
De propósito, o cecaelia desceu o olhar intenso para os lábios do príncipe, abriu a própria boca e voltou a fitar os olhos dele. Isso causou uma reação instantânea. O Jeon avançou, extremamente desejoso. E ele se afastou, sorrindo largo e maldoso pela provocação.
— Não. — o rapaz não conseguiu evitar resmungar mesmo que baixinho — Eu quero...
— Você quer...? — incentivou com seu sorriso maldoso, com o ego nas alturas como sempre.
— Te beijar. — seus olhos grandinhos estavam com expectativas.
Que Jimin adorou partir ao meio, destruindo com gosto.
— Mas não vai.
O soltou.
— Você... Você é um puta canalha, sabia? Por que diabos não pode me beijar?
— Eu não beijo. Simples assim. — deu de ombros.
— Não minta para mim. Duvido que não saía por aí enfiando a língua na goela de todo mundo!
Estava irritado por se sentir rejeitado. Foda-se o propósito inicial que o fez levar Jimin para aquela sala. Foda-se sua derrota. O desejava sim. Pra caralho. E estava nervoso por parecer que só ele sentia isso.
— Eu enfio a língua em outros lugares. — a expôs, movendo para cima e para baixo.
Jungkook bufou.
— Você estava quase me beijando!
— Correção: eu estava te provocando. É divertido te ver todo putinho.
— Você não presta. Eu não quero mais nada de vindo de você. Fica longe de mim. — esbarrou no ombro dele ao sair dali.
Park negou. Que humanozinho mais dramático. Mas continua sendo fofo. Fofo não. Detestável. Porque fofo não faz parte do meu vocabulário!
Todos na mesa perceberam que algo aconteceu visto que Jungkook sentou-se bruscamente em sua cadeira com a cara amarrada. Como Jimin apareceu com um sorriso debochado, constataram que ele havia irritado o príncipe. Mas como este não disse nada, pelo contrário, fez o favor de introduzir um novo assunto, ninguém ousou comentar nada.
— Namjoon hyung, qual o cronograma de hoje?
— Vossa Alteza me passou que gostaria de ver o ser mágico ao qual o sr. Park encontrou, logo esse será o primeiro afazer do dia. Quando voltarmos, precisará anotar um projeto e fazer com que a ministra das finanças aprove.
— Que projeto seria esse?
— Vossa Alte...
— Não me diga que voltamos com isso? — direcionou a ele um pouco da sua irritação. — Estamos em particular. Me trate como seu amigo.
— Perdão, Vos... Jungkook.
— Deixa seu servo falar informalmente com você? — perguntou Jimin, sorrindo prepotente. — Que tipo de príncipe você é?
— Cala a boca, idiota. — disse, olhando-o com cara feia.
Ele diminuiu o sorriso, era quase nenhum mas Jungkook ainda via uma sombra de uma provocação. Isso o fez bufar.
— Namjoon, por favor, continue.
— Você deseja buscar por jovens com rendas baixíssimas, falas e jeitos diferenciados, para dar aulas de etiqueta e fornecer minicursos. No caso, isso justificaria porque o sr. Park, o sr. Jung e o sr. Kim estão no castelo e sempre ao redor de vossa senhoria.
— Que ideia brilhante!
— Obrigado.
— Até eu me surpreendi. — disse Yoongi. — De fato é uma ótima ideia. Isso também justifica eles serem diferentões.
— Diferentão é você, humano branco. — falou Taehyung.
— Mas lindo. — completou Hoseok.
— De fato. — o outro enguia assentiu.
Namjoon segurou a risada diante de um Yoongi constrangido.
— Continue com o cronograma, por favor. — disse o albino.
— Você precisa pedir autorização para quem cuida dos funcionários para trocarmos a função de Yoongi. Porque você não está mais doente para ele ficar ao seu lado e sendo ajudante de cozinha não terá como nos acompanhar.
— Eu? — perguntou, surpreso. — E o que eu seria?
— Pensei em te deixar com a agenda do príncipe, se assim ele concordar.
O Min sentiu-se nervoso porque deixaria de ajudar sua mãe. Acompanhando eles o dia todo, não sabia quando teria tempo de vê-la, sendo que gostaria de aproveitá-la ao máximo, principalmente depois da morte de seu pai. Mas passaria a uma função nova bem acima da sua, assim poderia conquistar mais estabilidade para eles e finalmente ir ao médico cuidar de sua saúde. Também tinha o sentimento de insegurança, não sabia se conseguiria cuidar dos compromissos do príncipe, era muita responsabilidade, mas gostaria de tentar. Então torceu para que ele concordasse.
— Claro. Confio em você, Yoongi. — sorriu, recebendo uma reverência empolgada.
— Darei o meu melhor, senhor.
— Descobri que haverá um almoço com a turminha que está do lado de seu pai no plano secreto dele... — Namjoon foi interrompido.
— Eu fico com isso. — afirmou Jimin. — Vou me infiltrar. Quero descobrir quem são essas pessoas e interrogá-las. Coisa que não pude fazer já que aquele tablet com tais dados sumiu. Se dermos sorte, não estão sob magia da bruxa e consigo mais informações deste plano.
— Pelo menos para uma coisa você presta. — alfinetou Jungkook.
— Oh, coração. Não fique tão sentido só porque eu te neguei uma fo...
— Enfim! — o cortou, pois não queria que a humilhação daquela rejeição fosse pública. — Mais alguma coisa para hoje?
— Uma coletiva de imprensa de última hora, junto da princesa Amber, marcada pelo seu pai para anunciar sobre o noivado de vocês. Vocês, você e a princesa, assim como ele e aquela mulher.
— Não acredito que terei de suportar isso.
— É importante que não interaja com ela. Não pode deixá-la saber que você retornou como você. Caso contrário, não terá nenhuma proteção, correrá perigo aqui tanto quanto no mar. — disse Jimin. — Terá que agir como se eu ainda fosse você.
— Ah, mas isso é fácil. — o encarou diretamente. — É só eu ser um grandíssimo filho da puta.
Dizer tal coisa não o afetou como imaginou. Ah, não. O cecaelia lhe abriu um enorme sorriso com direito a estúpidos olhos se tornando risquinhos. Isso porque ele achava divertido ser filho da puta. Inclusive, gostava de provocá-lo e causá-lo sentimentos negativos. Sabia ter o atingido perfeitamente decidindo não beijá-lo ou transar com ele por causa dessas reações mau humoradas tão fofas. Quer dizer, detestáveis. Fora que seu ego estava em um pedestal por sentir-se tão desejado e ao mesmo tempo no controle. Isso o deixava satisfeito.
No caminho para a passagem secreta abaixo da biblioteca, Jungkook não aceitou que o cecaelia andasse ao seu lado, quando percebeu que ele estava, ergueu a cabeça e saiu na frente sozinho, o xingando mentalmente.
— Mestre, se me permite saber, o que aconteceu entre vocês? — perguntou Taehyung, curioso.
— Ele é fácil de tirar do sério, me concede reações divertidas.
— Ele parece verdadeiramente atraído. — Hoseok disse a novidade.
Novidade porque não era comum que simplesmente se atraíssem e desejassem o Monstro do Mar espontaneamente, sem nenhuma indução de veneno ou manipulações deste.
Jimin secou Jungkook de cima a baixo, reparando nele. Alto, corpo atlético, e uma bela bunda. Mas o que mais lhe impactavam eram as expressões que aquela carinha fofamente detestável produzia.
— Ele não bate bem da cabecinha, não é? Mas é interessante.
Namjoon e Yoongi que vinham atrás deles se entreolharam, desacreditados. Como assim, Jungkook estava a fim daquele monstro que o enganou, seduziu seu amigo guarda costas usando sua aparência, e era tudo de ruim? Tudo bem que ele em sua forma humana possuía uma beleza magnética que atraía humanos aos montes, estava cooperando e era um ponto chave para resolver os problemas, mas querer envolver -se com ele de outra maneira era simplesmente loucura. Será que era algo de momento? Teriam que passar isso a limpo depois.
O príncipe perguntava-se como era o tal ser encontrado embaixo da biblioteca e seus olhos brilharam encantados ao ver um fogo se transformar em um cachorro preto de extremidades reluzentes, em chamas.
— Você chegou, Jungkook.
— Perdão, eu... Eu conheço você?
— Eu sou o Guardião das Memórias, deveras importante porque sou uma alma de memórias. Sua mãe deseja que você saiba de tudo, por isso eu existo.
Como isso seria possível? Minha mãe? O que quer que eu saiba?, sua mente encheu-se de perguntas.
— Tudo ficará claro ao tocar em minha pata. — a ofereceu. — Não se apavore. Essas lembranças te farão conhecer a verdade.
Hesitante mas curioso, segurou a pata ficando com o corpo paralisado e olhos arregalados enquanto flashes passavam por sua mente. Tudo era turvo, precisou concentrar-se para que as imagens se formassem... Eram memórias. Mas elas não eram suas.
Estava vendo uma moça extremamente bela e angelical, cantando com sua voz doce e suave em uma ilha. Ela estava próxima ao mar, olhando para a lua, enquanto soltava a voz melodiosa. Apareceu um homem, a olhando atrás de uma rocha, aparentemente encantado. E seguiram noites assim até que ela o descobriu e fugiu como um gatinho arisco. Mas aos poucos, com o decorrer do tempo, ela foi aceitando aproximação. E passou a derreter-se um pouco mais toda noite que recebia uma flor diferente.
Então mudou. Ela estava em um ritual extremamente antigo de alguma tribo que Jungkook sequer lembrava que tenha existido. Parecia ser um casamento. Com o mesmo homem das flores. Eles pareciam felizes. Depois veio à sua mente o sorriso doce da moça enquanto fazia alguma comida em uma casa de pedra, sendo beijada na testa pelo homem das flores antes que ele saísse. Ela foi caminhar pela ilha, sua cesta estava cheia e ela distribuía alimentos pela tribo... Dava para ver o quanto ela era um doce de moça, extremamente bondosa e cuidadosa com as pessoas.
Mas o homem das flores... Haviam cenas dele bebendo, usando substâncias retiradas de plantas, brigando com outros homens em jogos que Jungkook sequer fazia ideia de como funcionavam, e deitando-se com outra mulher.
Uma mulher de cabelos pretos. Ela tinha outro homem. E ele estava presente nas outras brigas que o homem das flores cometeu. Esse homem reuniu outros mais e em uma noite silenciosa, invadiram a casa de pedra. Inicialmente estavam saqueando, mas a moça angelical apareceu e ela tentou ir contra o chefe daqueles homens que decidiu descontar a traição. Mas a moça não estava de acordo... Jungkook fechou os olhos com força. Não conseguia continuar a vê-la tentando lutar sozinha contra aqueles desgraçados covardes.
De quem eram essas memórias? Por que sua mãe queria que visse tal absurdo? E por que tinha a impressão de que aquela narrativa não lhe era estranha? Onde viu isso acontecer?
Piscou e, de repente, água. Ela estava ao seu redor. Parecia estar dentro do mar. Olhou para cima, estava próximo da superfície, nadou até lá. Assim que emergiu, viu algo se chocar ali dentro. Era um corpo. A moça. Nadou até ela, mas antes que conseguisse alcançá-la viu a água se mover, transformando-se em um gigante de água. Seus olhos arregalaram. Para completar a estranheza, uma luz desceu do céu, transformando-se em um ser brilhante que tinha uma lua cheia na testa. Esse ser ficou frente a frente com o ser de água. E, juntos, fizeram algo acontecer... A moça, praticamente morta, de repente estava viva e com uma imensa cauda dourada brilhando.
Sereia! Aquela era a primeira sereia! A lenda dizia que uma jovem bondosa tinha um marido guerreiro que não era bom, ele criou desavenças com outros caras que quiseram tirar tudo dele, infelizmente a moça estava em casa e foi violentada, jogada no oceano e as águas a salvaram, transformando-a em uma sereia.
"O que aconteceu?", perguntou a voz doce. "O que vocês são?"
"Nós somos o que vocês chamam de divindades. Da Água", disse o ser feito dela.
"E da Lua", completou o outro gigante de luz brilhante.
"Nós observamos você pois, particularmente, somos encantadas por sua voz. Mas não somente isso, tens uma alma pura e a essência bondosa já vista desde a criação do mundo, sua morte seria uma tragédia para esse universo. Demos a você uma nova vida".
"Oh, minhas divindades. Como eu poderia agradecer tamanha dádiva?"
"O Destino nos informou que você será fundamental para a criação de uma nova espécie tão pura quanto você. Apenas cuide-se e faça sua parte, Guardiã de Todos os Oceanos".
Jungkook a viu adaptar-se, às novas companhias marítimas, aos animais, todo ecossistema distinto da Terra. Ela parecia encantada com toda a novidade. Mas notou que de tempos em tempos a moça escapava para a superfície para observar seu marido quando ele estava a pescar e ficava triste.
Queria dizer a ela que ele não merecia seus sentimentos. Que ele era um babaca infiel e culpado de tudo o que aconteceu com ela. Mas de sua boca não saía palavras. Aliás, o tempo todo que esteve ali parecia que ninguém o via.
Essa tristeza aumentou quanto a Água informou para a sereia que ela esperava alguns bebês. Mas ela afirmou que gostaria de ser mãe, que não condenaria seres inocentes, e se o Destino confiou a si a missão de dar vida a nova espécie, assim seria. Porém ela não queria passar pela gestação sozinha. E pediu para trazerem seu parceiro.
"Lua e eu somos permitidas salvar humanos somente com o propósito de continuar a ajudar na criação da nova espécie. Esse humano precisa estar com um dos pés já no plano espiritual. E seu acidente não pode ser causado por nós. Se você estiver disposta a enfrentar a culpa de ferir seu marido, vá em frente."
"Mas como eu vou fazer?"
"Recebestes magia quando a transformamos, use-a."
Ela a usou para aumentar a potência de sua voz encantadora, cantando e seduzindo seu marido, afundando seu barco.
"Por que não se tornou como eu?", disse, observando o marido agora com tentáculos.
"Oh, minha jovem Minsuk. Ele não tem essência pura e bondosa.", disse a Lua.
"Acabamos criando um ser que se difere do propósito. Espero que as consequências disso não interfiram na nossa missão", afirmou o ser de água.
"Ele nunca foi mau comigo. Eu o aceito ainda que com essa aparência, pois o amo."
Cuidou dele até que acordasse. Mas quando isso aconteceu, ele estava possesso, querendo fugir dali de todo jeito, mostrando um lado que Minsuk claramente nunca viu.
"Não pode sair das águas, irá ressecar e morrer. Sei que está confuso, mas tem explicação para sua transformação. Eu te salvei. É para um propósito maior. As divindades nos deram poder, uma eternidade, para criarmos nossos bebês e um mundo novo com uma espécie pura."
"Salvo? Você é um monstro! E me transformou em um. Eu estava feliz na Terra porque desde que você morreu, sou livre. Não quero uma porra de vida preso dentro do mar, sendo isso", apontou para si mesmo, "E cuidando de animais que estão na sua barriga mas nem são meus porque eu nunca comi você, senhora puritana. Puritana e boazinha, uma grande mentirosa. Porque olha o que fez comigo!"
Os olhos de Minsuk estavam cheios de lágrimas. E Jungkook com ódio. Detestava esse homem pois era tudo culpa dele, foi por causa de seus atos estúpidos que outros compraram briga com ele e violentaram Minsuk no final. A garota era pura e bondosa, e só errava em amá-lo demais.
"Eu te amo. Por isso você está aqui. Eu só quero ser feliz ao seu lado, cumprindo minha missão, pois tenho essa dívida de gratidão com as divindades e ela será concluída quando eu popularizar e administrar os oceanos com a nova espécie..."
"Eu não tenho nada haver com essa loucura!"
"Somos casados Seongjin, você é o meu parceiro, eu..."
"Eu só me casei com você para ter as terras do seu pai. Você nunca significou nada para mim. Tanto é que nunca saí dos braços de Yuji. Falando nisso, o que diabos fez com ela?"
"Eu estou aqui, meu amor." disse, saindo de um esconderijo. Esteve testando seu novo corpo desde que acordara e os seguiu até próximo à superfície. "E descobri que temos poderes".
Minsuk estava chocada.
"O que... Você... Não era pra isso ter acontecido".
"Mas aconteceu. E eu não acho a ideia de vivermos para sempre em um mundo só nosso ruim.", envolveu Seongjin com seus tentáculos, sorrindo maldosa. "Vamos nos livrar dela, tomar qualquer poder que ela tenha, assim nós seremos essa nova espécie que viverá eternamente e dominará as águas."
"Você nunca me decepciona", sorriu igualmente maldoso.
Então se voltaram contra Minsuk que ergueu a mão para a mulher.
"Eu te contendo a nunca poder entrar nas águas dos meus mares, a vagar pela terra como uma bruxa rejeitada e temida, a sofrer para sempre com o veneno da própria maldade, até que nasça um coração de fato bondoso na sua família ao qual ficará responsável por finalizá-la e libertar a próxima geração dessa essência ruim."
Ela foi se afastando aos poucos, Seongjin nadou atrás dela mas por mais que tentasse nunca a alcançava. A mulher de cabelos pretos terminou jogada na praia, parecia morta. E ele continuou indo atrás dela.
"Se você sair, morrerá", Minsuk alertou.
"Foda-se!", não a ouviu.
E ela observou-o ir perdendo o oxigênio, se ressecando pouco a pouco, como uma rosa, enquanto arrastava-se tentando alcançar a mulher inconsciente. A sereia não moveu um dedo para ajudá-lo. Foi questionada pelas divindades do porquê. Afinal, não o amava?
"Meu coração foi partido. Ele não era quem pensei que fosse, não seria uma ajuda, se mostrou ser um problema, e no fim fez sua escolha. Eu fiz a minha. Como Guardiã dos Oceanos, eu irei proteger os bebês e as águas seja de quem for."
Flashes dos anos foram se passando, Minsuk teve os bebês, e com ajuda das divindades ajudou a salvar mulheres grávidas que tinham a alma pura e bondosa. Essas 7 mulheres se tornaram sereias e ganharam o posto de rainhas, cada uma de um oceano: Pacífico Norte, Pacífico Sul, Atlântico Norte, Atlântico Sul, Índico, Ártico e Antártico. Seus filhos foram crescendo, relacionando entre si, e a população passou a crescer. E Minsuk ganhou um novo título: Imperadora. A primeira sereia. A guia das rainhas e protetora de todos os mares. A única que tem contato direto com as divindades.
Já na Terra, uma família era dizimada. Yuji nunca foi capaz de esquecer a maldição que recebera. E, para proteger sua vida, foi atrás de toda sua árvore genealógica, matando um por um de seus parentes para garantir que nenhum deles fosse aquele bonzinho do caralho que no fim acabaria consigo.
Ela sempre teve inveja de Minsuk mas agora nutria um ódio maior que si. Assim que acordou, vendo Seongjin morto ao seu lado, prometeu vingança. Jurou com todo seu ser acabar com ela por ter lhe tirado seu homem e sua chance de comandar um mundo novo que seria só seu.
Yuji tinha sido transformada pelas divindades sem querer, ainda assim foi transformada, e por isso recebeu magia e anos imortais. Continuou com ela na terra. Consideravelmente menor, mas o bastante para interferir no curso natural das coisas. Conseguindo acabar com sua árvore genealógica, adquirindo luxos humanos e tendo como seus olhos os tubarões, se mantendo informada, enquanto aguardava.
Aguardava pois as divindades precisavam de tempo para que os gêmeos de Minsuk crescessem, tempo para salvar mais humanos com a essência pura, tempo para eles se relacionarem entre si, tempo para construir toda uma nação de sereias e tritões. E, tudo bem, ela esperaria por isso. Afinal, gostaria de ser rainha em um reino populoso.
Jungkook sabia porque via cenas das vidas tanto de Minsuk quanto de Yuji. Passava rapidamente, elas vivendo, dialogando com outras pessoas ou sozinhas, sua mente estava absorvendo e captou tudo isso até então. E a voz de sua consciência perguntava-se como sua mãe conseguiu aquelas memórias e porque demonstrou ser importante. Tanto que escondeu em um "pendrive" um tanto único só pra ele. O que a história do surgimento das sereias tinha haver com eles?
Tudo ficou preto.
Jungkook pensou o que havia de errado, mas então a visão focou. Notou uma pequena garotinha de cabelo preto liso e brilhante correndo ao lado de um garoto que possuía um cabelo igual, porém curto. Eles iam em direção a uma mulher.
"Mamãe! Mamãe!", eles chamaram.
A mulher virou-se. Era Yuji.
"Eu já falei para não ficarem correndo, Siwoo e Nayone".
Oh, não. Aquela era sua mãe. Chamando Yuji de mãe. O que fazia daquela bruxa... a sua avó?
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➼ Dividi porque sinto que vocês precisam absorver aqui primeiro pra depois ir pra outra parte dessas lembranças e explicações. Tentei deixar o mais claro possível, mesmo assim talvez fique confuso, mas vai fazer total sentido quando vocês tiverem todas as informações no final eu juro;
➼ Só para recapitular, até agora temos: Jungkook é filho do rei (um humano) e da rainha (ninguém sabe o que ela é). A rainha é filha da bruxa, que odeia a 1° sereia. A rainha está morta, mas deixou várias lembranças que se conectam para Jungkook descobrir algo...
➼ E da parte do Jimin temos: provocações. Ksksksksk parei. Dele só sabemos que possivelmente esteja amaldiçoado pela bruxa que está manipulando o pai do Jungkook...
➼ Isso tem ligação? Seria a avó do Jungkook? Ou é coincidência? Façam suas apostas hehe
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