05. Mais um vacilo
Capítulo 5 - Mais um vacilo
Jungkook ama o mar, é encantado por cada coisinha que agora tinha oportunidade de ver dentro dele, isso é fato. No entanto, tinha outras intenções naquele momento.
Aquela porra de coleira já incomodava seu pescoço, estava ficando difícil mostrar a empolgação que sabia que os enguias esperavam de si. Logo, antes que lhe perguntassem sobre sua tensão, parou no meio do caminho, se alongou soltando um longo bocejo falso mas a cara de cansaço parecia muito convincente.
— O que foi isso? — perguntou Taehyung.
— Sabe... Eu passei por um turbilhão de emoções hoje, mal acostumei a nadar e fizemos muito desbravando meu belo mar da Ilha Encantada, estou cansado. — deu olhinhos de cachorro perdido e um biquinho.
— Se ainda quiser conhecer o castelo, nós podemos voltar e descansar lá. — sugeriu Hoseok inocentemente.
Jungkook segurou a alegria dentro de si por conseguir o que queria sem muito esforço.
— Ah, pode ser... E, como já viram, eu não vou fugir. Para falar a verdade, aqui dentro tudo ainda é desconhecido por mim, nem tenho lugar para ir e estou muitíssimo cansado. Essa coleira machuca. Podem me soltar? — perguntou suavemente, ainda com aqueles olhinhos convincentes.
Os enguias se entreolharam.
— Tae...
— Não, Hobi. O mestre não pode sonhar que ele foi liberto da bolha, alivia para o nosso lado ele estar passeando de coleira, se for solto e acontecer alguma coisa, sr. Park nos mata!
— Ele não vai matar vocês. — disse o príncipe. — Primeiro porque eu não farei nada demais. Como disse, estou tão exausto. — choramingou, como se tivesse passado o dia inteiro em reunião debatendo tópicos sociais com ignorantes. — Segundo que ele gosta de vocês.
— Ele se comportou e essas coisas que disse fazem sentido.
— Não sei não...
— Por favor, TaeTae. — pediu manhoso com os olhinhos de cachorrinho pidão.
— Ah, vocês dois.
Juntos, os enguias desfizeram a magia que prendia Jungkook. Ele sorriu. Queria sorrir largo de realização, mas isso poderia exibir suas más intenções. Se controlou para que o sorriso saísse apenas de uma pessoa agradecida e pulou neles, os assustando com um abraço.
— Obrigado, amigos!
— Viu? — falou Hoseok. — Eu disse que os humanos gostavam desse contato físico.
Dava para ver ao longe o Castelo de Diamantes pois era a única coisa que brilhava na escuridão em uma mescla de preto com azul escuro na base, verde água no meio e branco no topo. Sua estrutura possuía as pontas bem afiadas, delas desciam os brilhantes diamantes como uma cascata, e algumas partes dele lembravam os castelos de Moscou. À medida que ia se aproximando, os olhos de Jungkook brilhavam de tão magnífico que aquilo era.
— Uau. — não conteve a boca entreaberta.
— Demais não é? — perguntou o enguia de mechinha preta, sorrindo.
— Nosso mestre manda muito bem no que faz. — disse Taehyung todo orgulhoso.
Dentro do ambiente suas paredes eram brancas. Com detalhes de ouro como em alguns castelos na terra? Não. Para deixar o príncipe ainda mais chocado, era de Tanzanita, o cristal mais azul que existe no mundo. Ele é tão azul que dependendo da luz do ambiente parece preto e diante de luz revela sua beleza extraordinária. Como não havia tratamento artificial, ele reluzia seu tricroísmo apresentando azul safira, violeta e verde dependendo de como era a luz do ambiente e como era observado.
— Isso... Isso é mesmo Tanzanita? — se aproximou de uma enorme escultura do cecaelia em meio ao cômodo, nadando ao redor, observando toda. — Como ele conseguiu? — estava admirado a um nível inexplicável. — Ela é a gema mais popular e valiosa! Por sua cor ser difícil de ser encontrada, se tornou dez mil vezes mais preciosa que o próprio diamante!
Esticou sua mão para tocar um dos tentáculos tão perfeitamente esculpido e ela foi agarrada rapidamente por Taehyung.
— Sei que é atraente mas você não deve tocar. Como sabe, é muito precioso, mais ainda para o mestre que lutou para manipulá-la e fazer a si próprio com todos os detalhes marcantes. Essa é a escultura mais valiosa de sua vida.
— Se é tão valiosa assim, não devia estar em meio a sala. É a única coisa dentro desse cômodo, alvo fácil quando se entra aqui.
— Mas ninguém vem aqui a não ser nós, nossos símbolos mágicos impedem qualquer um de passar. — disse Hoseok.
— E eles temem por suas vidas, pensam mil vezes antes de se meter com o "Monstro do Mar". — afirmou Taehyung.
— Pessoas... Bem, e creio que seres do mar, já que temos exemplo de PS, podem te surpreender de todas as formas. Se eu tivesse algo tão magnífico e raro eu não deixaria às vistas ainda que isso fosse para engrandecer meu ego perante aos outros por ter um pau pequeno.
Enguias se entreolharam como de costume. Suas expressões estavam chocadas.
— Pau pequeno? Quem tem pau pequeno? — perguntou Hoseok.
— Aquele cecaelia. É por isso que ele compensa as coisas tendo tantos itens de valor. Na verdade, parando para pensar, ele nem tem um pau.
— Com pau você quer dizer o falo? — perguntou Taehyung. — Nosso mestre tem um falo.
— Não tem. — pelo o que se lembrava, ele tinha a parte inferior do corpo lisa. Assim como os enguias, assim como si próprio... — Espera aí. — olhou para baixo — Eu também não tenho mais. O que vocês fizeram com meu pau?!
Eles estavam o encarando com uma expressão de "fala sério".
— Não sou eu quem vai te mostrar o seu falo. — disse Taehyung.
— Quando o mestre chegar, pergunte. — disse Hoseok sorrindo, o outro segurou a risada imaginando a cena. — Vai saber te orientar e ainda pode te provar que ele tem um pau.
— Aham, um pau mágico porque vocês são seres mágicos. — fez uma careta de desprezo. — Pois esse retrato dele em escultura vai ficar aqui mesmo? Pronto para outros magicozinhos destruírem?
— Eu acho que ele tem razão sobre isso. — disse o de mechinha.
— Deveríamos guardar no cofre da Sala Especial?
— Boa ideia!
— Que Sala Especial? — perguntou, interessado em poder encontrar uma maneira de atrair o cecaelia para ali novamente.
— Lá está a Esfera Mágica e o cofre do mestre com todas as coisas ultra-valiosíssimas.
— E ele ama essas coisas, não é Tae? — perguntou expressando inocência mas pensando em fazer algo com elas pois acreditava que assim chamaria atenção, o cecaelia voltaria, e iria exigir como queria que as coisas funcionassem.
— Claro. Na verdade, são as únicas coisas que ele ama na vida, seus bens.
— Pois acho justo guardarem a escultura lá.
— Vamos fazer uma surpresa para o sr. Park! — exclamou Hobi, pegando a mão do outro enguia.
Então com muito cuidado eles transportaram com magia a enorme escultura para o lugar que seria mais seguro. Para entrar na Sala Especial, Jungkook observou que tiveram de usar vários símbolos mágicos na porta gigante do local que ia do chão até o teto. Não entendeu a língua descrita e eles mexiam as mãos rápido demais, tanto que não conseguiu memorizar nada.
A porta se abriu, viu um trono enorme com detalhes de ametista no meio de dois com esmeraldas, na frente deles um altar com uma espécie de bola de cristal. Devia ser a tal Esfera Mágica.
— Espere aqui. — disse Taehyung.
— Por que? — choramingou. — Eu quero explorar e conhecer todos os detalhes.
— Não devia estar aqui dentro. No cofre muito menos. — comentou Hoseok. — Descanse no meu trono, eu deixo.
Jeon se obrigou a assentir para manter aquela conversinha de estar cansado mas se manteve atento e pronto para entrar escondido.
Os viu novamente usar símbolos mágicos estranhos na parede, eles voltaram a pegar escultura e Jungkook entrou no meio dos tentáculos, se encolhendo e se camuflando já que sua cauda possuía cores que alternavam semelhantes ao trio da Tanzanita.
Dessa vez pareceram desaparecer dentro da parede e do outro lado a primeira coisa que viu foi uma montanha de ouro. Parecia aquelas de filmes ou desenhos onde, por exemplo, o tio Patinhas nadava em cima. Nas laterais haviam enormes prateleiras que iam do chão ao teto, cheias de itens antigos que sequer conhecia mas apostava ser raríssimas e consequentemente caríssimas, e muitos cristais, eram minerais que pareciam não acabar, de todas as cores, formatos e valores. Incluindo muita Tanzanita e Diamante, que aparentemente era o que o cecaelia mais gostava. Mas também tinha uma prateleira de cristal cheia de frascos, provavelmente contendo coisas mágicas.
Quando lhe contaram que o tal mestre Park Jimin amava coisas materiais e valiosas, não imaginava que tivesse uma imensa coleção de coisas inestimáveis! Está explicado o porque ter se enfurecido com PS. Não conseguia imaginar o que faria caso tivesse tais itens - se bobear compram o mundo inteiro - e fosse roubados. Ainda mais tendo um ego tão grande como o cecaelia parecia ter.
Antes que eles colocassem a escultura no chão, fugiu, escondendo-se atrás de uma réplica grandiosa daquele castelo feita de ouro branco. Imaginou que talvez fosse o esboço que deu origem aquele lugar.
Os enguias logo se retiraram do cômodo e Jungkook foi explorá-lo. Precisava agir logo, mas o que fazer? Ele não tinha bolsos para roubar algo, não tinha magia... Magia! Se ali era o cofre e o cecaelia tinha muito poder mágico, poderia esconder algo. Aquela prateleira de cristal parecia bem convidativa.
Nadando até ela, sem querer trombou em algo. Arregalou os olhos ao ver uma espécie de bola de cristal parecida com a que estava lá fora cair. Tentou pegar mas ela bateu em uma das esculturas espatifando-se.
— Caralho, Jungkook! — exclamou, indo até lá, tentando pegar os cacos e juntar, mas não adiantava, obviamente.
Então viu algo brilhando no meio. Era um frasco de elixir minúsculo. O pegou, analisando. A cor verde parecia a mesma que saia das mãos das enguias quando usavam magia. Talvez se tomar possa ter também. Ou se transforma em outro híbrido poderoso. Ou quem sabe um super tritão. Assim poderá lutar contra aquele maldito demônio!
Tomou o conteúdo verde e brilhante do frasco mas não viu nada acontecer. Decepcionado, foi até a prateleira. Tinha nomes estranhos lá mas um chamou atenção. Era uma concha de pérolas. Tocou o vidro, que balançou como um plástico e sua mão o atravessou. A pegou, abrindo.
— "Tudo o que você quiser obter, ficará dentro de você e quando quiser, basta dizer que poderá ser retirado". — comeu a pérola única, indo até uma espécie de aquário cheia delas - com certeza sendo raras. — Eu quero guardar a pérola. — engoliu uma. — Eu quero retirar a pérola. — cuspiu e, para sua surpresa, ali estava ela em sua mão. Não doía ao passar, nem ao ficar no estômago, nem ao ser retirada. — É isso! Eu vou roubá-lo!
Afinal, se a única coisa que ama são suas coisas materiais, com certeza vai detestar que lhe tomem assim como foi com PS. Ele voltaria para fazer Jeon devolvê-las e então o príncipe poderia fazer um novo acordo sem partes de alma, sem ele transformando-se em si. Portanto, feliz em achar a maneira perfeita de provocar Park, saiu engolindo coisas. Até as que julgava ser impossível de passar por sua boca. Mas elas se comprimiam, era tranquilo. Era magia.
E se essa funcionou, aquele elixir provavelmente era real. Mas como se usava?
Parou em meio ao ouro que mandava para dentro, olhando as mãos.
— Como será que faz?
Fechou os olhos, se concentrando, aos poucos sentindo algo correndo dentro de si e não era apenas sangue. Visualizou a energia em suas mãos, movendo elas como se fizesse uma esfera, e ao abrir, de fato estava ali. Verde brilhante. Sorriu. Sorriu ainda mais ao lembrar que, assim, poderia consultar a Esfera Mágica e ver o que caralho aquele maldito estava fazendo na terra usando sua aparência!
Saiu de dentro do cofre de fininho e quase foi pego pelos seres que o procuravam pelo castelo.
— Onde você estava? — perguntou Taehyung.
— Eu fui ver mais coisas aqui dentro, então quando voltei vocês ainda não estavam e eu fui procurá-los. — deu de ombros, se sentando no trono de ametista.
— Nos desencontramos então. — disse Hoseok, sentando ao seu lado esquerdo.
— Se o mestre te ver no trono dele, acaba com a sua raça. — informou Taehyung.
— Mas ele não está. Venha cá. Vejam o que está fazendo lá em cima e me contem.
O enguia se pôs ao lado direito, afirmando:
— Só porque estamos curiosos.
Dessa vez, Jungkook conseguiu memorizar símbolos. Ele usou a magia recém adquirida para isso.
Os enguias iam descrevendo o que viam, sem imaginar que o próprio Jeon também estivesse assistindo.
— Não acredito que ele roubou uma drag e me vestiu nada haver com meu estilo e ainda forçou entrada em uma boate! — exclamou indignado.
— Agora está fazendo seu amigo beber. Eles estão tomando vários shots para ganharem o desafio da casa e não pagarem a conta. — comentou Taehyung.
Jungkook assistiu aquilo. Namjoon ficou extremamente fora de si, sendo incentivado pelo cecaelia a fazer o mesmo que ele fazia, dançar, beijar várias bocas, usar balas - drogas - e continuar a tomar shots. Detalhe: tomar shots em corpos desconhecidos, de todas as maneiras possíveis!
Tudo bem, era uma grande diversão se não tivesse passado a vida toda escondendo que era gay para evitar os surtos do rei e de todo reino, e agora o cecaelia simplesmente saia beijando todos homens que via pela frente. E mulheres. Não binários. Enfim, qualquer pessoa que estivesse por ali.
Se Park não estivesse simplesmente usando e comprometendo sua imagem de príncipe certinho, responsável e honroso a qual lutava a vida toda para manter, o deixando aparentemente promíscuo, viciado, incapaz de se controlar, fazendo o que bem entendia - como Jungkook nunca pôde - sua raiva não estaria tomando conta neste momento.
Para completar os dois subiram no balcão, dançando sugestivos para quem quisesse ver. Para depois, escondido, atrás dele, aquele maldito de cabelo roxo fazer um boquete em Namjoon. Isso era um absurdo! Como se não bastasse tudo o que estava fazendo, ainda estava tentando seduzir seu melhor amigo!
Os enguias mal terminaram de contar tais cenas e Jungkook exclamou irritado:
— Demônio desgraçado! Não basta me forçar a assumir, inclusive a pansexualidade que não me pertence, poluir minha imagem bebendo, usando bala, e agindo desse jeito devasso, ainda põe a boca suja no meu amigo? Ele não se toca de que eu sou o príncipe? Não sou uma figura qualquer. Eu devo agir de acordo! Ser bastante ético, responsável, honroso, cheio de moral, empatia e bondade! Do contrário, a má fama pode comprometer a satisfação das pessoas com seus representantes, vulgo, eu. Eu sou um representante do povo! Me preparei a vida toda para isso. Esse estúpido não pode simplesmente jogar tudo fora!
As horas passavam e a indignação e raiva de Jungkook aumentavam. Namjoon e Jimin com sua aparência riam e se divertiam por qualquer coisa devido estarem chapados. No fim da noite estavam na praia com amigos que fizeram, pulando de um penhasco alto e completamente proibido devido ao perigo.
Ao menos viu o "seu eu" evitando. Mas acredita que ele não estava levando em consideração que lhe era impedido, pelo rei, entrar no mar e sim porque se transformaria caso entrasse, tomando sua verdadeira forma de híbrido de polvo, pondo sua farra a perder.
As próximas cenas eles estavam andando em cima de um trem em movimento. Literalmente correndo lá em cima com os súditos desconhecidos e rindo ao desafiar a morte. Seu coração gelou só de ver e temer que caíssem de lá. Seria um grande luto perder alguém dessa forma, fora que usariam o fato dele estar lá para tentar sugerir que foi o culpado e se quem caísse fosse Namjoon... Não queria nem pensar. Menos o cecaelia, ele que se foda! Afinal, é ele quem está causando problemas com suas ideias estúpidas.
Entraram de fininho no castelo, Namjoon embolando os pés com uma garrafa de whisky na mão e rindo enquanto "seu eu" o segurava com um cigarro de maconha aceso na boca, tentando fazê-lo ficar quieto. Jungkook estava de olhos arregalados pois se seu pai os flagrassem assim, demitiria seu amigo que ganharia fama de ineficiente ficando sem trabalhar pelo resto da vida e crucificaria o filho. Na verdade, não duvidaria que ele o fizesse assim que essa noite maluca fosse parar na mídia e chegasse aos seus ouvidos.
— Eu odeio ele. Ah, como eu odeio! — cerrou os pulsos, engolindo a raiva, sentindo vontade de bater naquele desgraçado. — Ele não tem direito de me enganar e ainda chegar bagunçando minha vida, a minha imagem, nem... — bateu as mãos na mesa do altar ao vê-lo estragar sua amizade fazendo loucuras em seu quarto com Namjoon. — Chega! Esse maldito precisa me ouvir!
Os enguias se entreolharam, confusos da reação repentina. Era como se ele estivesse vendo o que rolava, não só ouvindo uma informação ou outra, tamanha era raiva que emanava. Mal imaginavam que era exatamente isso.
— Mas ele não vai vir aqui tão cedo...
— Ah, sr. Hoseok. Ele vai!
Sem que eles esperassem, atravessou a parede que ficava o cofre - a qual esqueceram destrancada porque ao saírem foram o procurar. Arregalaram os olhos ao vê-lo conter uma luz nas mãos semelhante a verde de suas magias. Rapidamente soltaram o poder, o circulando com cordas finas, mágicas, firmes e poderosas.
— O que você fez? — questionou Taehyung.
— Eu encontrei a magia dele e vou usá-la contra ele!
— Como?
— Um elixir. Eu encontrei e tomei, agora eu sou como vocês. — se concentrou, pensando em se soltar, e assim foi feito, deixando os enguias chocados.
— Não pode ser real. — negou Hoseok, tentando o colocar na bolha mas o vendo sair facilmente, diferente de antes. — O mestre nunca disse que estava guardando Magia Pura.
— Talvez porque queria justamente manter em segredo e usar quando fosse necessário! Quem sabe para reviver um de nós se...
— Puta que pariu, cade ele?
Eles não viram Jungkook pensando, repetindo, até conseguir ficar invisível. Seu plano era destruir as coisas como Park estava destruindo sua imagem lá fora. Por isso passou a quebrar cada vaso, escultura, muitos dos infinitos objetos que tinha ali.
Ouvindo os barulhos, mas não o enxergando, os enguias se desesperaram e informaram o que acontecia a Park Jimin que nadou rapidamente até seu castelo completamente enfurecido achando que a situação era grave.
— Onde ele está? — rosnou, seus olhos brancos tremiam, suas presas pareciam ainda mais afiadas e os tentáculos estavam agitados o que fez Taehyung e Hoseok se afastarem, temendo a ele. Apontaram para dentro do cofre.
Claro que, diferente deles, Jimin conseguia ver Jungkook. Não completamente, mas para si sua sombra estava ali andando de um lado a outro quebrando itens e engolindo coisas.
Quando ele chegou na prateleira de cristal, levando a mão lá para dentro para encontrar mais magia para si, rapidamente um tentáculo agarrou seu braço. O príncipe se assustou ainda mais ao sentir outro e outro e outro lhe envolvendo o corpo inteiro, apertando, como se fosse esmagá-lo. Tentou gritar mas outro tentáculo apareceu indo direto cobrir sua boca. E seus olhos arregalaram ao ser puxado bruscamente em direção ao corpo alheio e só não estremeceu de pavor pois não conseguia se mexer. Aquele par de olhos brancos lhe encarava sério, vazios, mas vibrando com uma intensidade, uma ira de arrepiar. A sensação era de estar de frente para a morte.
O coração quase saía pela boca tamanho o susto e medo, o estômago estava gelado de adrenalina. Sentiu a cauda mole, se fosse pernas e tivesse um chão, desabaria. Isso se não fosse persistente. Nunca na sua vida cairia na frente desse maldito!
— Eu poderia te esmagar como um inseto nojento, quebrando cada parte insignificante do seu corpo. Ou injetar veneno através das minhas ventosas e te ver agonizar. — disse entredentes, demonstrando sua raiva.
Jungkook engoliu em seco sentindo as citadas grudando em si e aqueles tentáculos lhe apertarem, pareciam que havia toneladas em seu corpo, por mais que tentasse não conseguia se debater. Se sentia a presa de uma cobra pronta para dar o bote.
Conseguiu chamar atenção e atrair o cecaelia, mas sua situação agora era assustadora. Afinal, Park tinha poder para fazer o que quisesse, pela sua expressão semelhante a um vampiro sanguinário não estava pensando em fazer coisas nada boas consigo.
Todavia, ao lembrar do que o cecaelia estava fazendo, decidiu que não estava arrependido e não mudaria nenhuma atitude sua. Jeon fazia jus a ter medo, mas não ter vergonha na cara. Então encarou o monstro do mar com as sobrancelhas franzidas, demonstrando todo seu desgosto e raiva que sentia por ele desde que descobriu ter sido enganado.
— Eu queria poder te matar lentamente. — outro tentáculo apareceu, a ponta se esfregando por seu rosto ameaçadoramente assim como o sorriso sanguinário do Park. — Mas eu honro meus acordos. E enquanto eu vou lá em cima conhecer as pessoas, preparar o terreno, você decide aprontar nas minhas costas. O que pretendia com isso? Chamar minha atenção com a porra de uma birra?
O tentáculo que lhe tocava o rosto e o que estava em sua boca se afastaram.
— Expor minha indignação! — o cecaelia se surpreendeu ao vê-lo aparentemente sem medo, de cabeça erguida, lhe enfrentando. Jungkook tinha receios, mas era corajoso. Coisa que estava começando a descobrir sobre si mesmo. — Você me enganou e quer que eu seja bonzinho e ainda te dê parabéns? Vai se fuder!
— Eu já me fodi muito bem com vários humanos. Aliás, pode até perguntar a seu amiguinho. — sorriu malicioso.
— É por isso que eu quero te matar! — rangeu os dentes, querendo ter o pescoço daquele ser místico nas mãos e apertar até ele desmaiar. Porque Jeon, diferente dele, não conseguia matar nenhuma mosca e se desejava morte a alguém era da boca para fora.
O cecaelia gargalhou.
— Como se você pudesse. — debochou. — A criança birrenta ficou sentida? Não vai dizer que tinha sentimentos humanos por aquela montanha de músculos. Olha, se serve de consolo, depois de ontem ele vai ficar gamadinho em você. Eu sempre faço um ótimo trabalho. — sorriu prepotente, cheio de ego.
Isso irritava ainda mais o tritão.
— Você não tem esse direito! — gritou na cara dele. — Eu não sou assim! E ele é meu amigo. Você não pode sair por aí fodendo meus amigos! Você não pode me enganar e depois ir foder também com a minha imagem de príncipe que sempre cuidei tão bem a vida toda. Eu não dediquei dezoito anos nesse caralho para em dois segundos você acabar com tudo, seu maldito feioso!
— É o seguinte, princesa. — debochou. — Eu não sou um empregado ou súdito seu para te obedecer e ceder aos seus caprichos. Você foi um tolo que me procurou e fez um acordo, eu vou cumprir minha parte mas do meu jeito, como eu bem entender, e você terá que aceitar caladinho se não quiser perder a língua. — para simbolizar isso, um de seus tentáculos entrou na boca dele, puxando a língua, Jungkook arregalou os olhos e bateu a cabeça para os lados até ele soltar.
— Seu monstro! Não toque em mim. E eu não sou tolo, seu estúpido!
— Como eu disse: tolo. E tolo de novo ao tomar coisas que nem sabe o que são, nem da onde vem. — seu sorriso estava aberto, mostrando suas presas afiadas, em conjunto com os olhos brancos vazios o deixava assustador.
Queria fazer Jeon sossegar e lhe obedecer através do medo assim como fazia com os demais.
— Você, como príncipe, deveria ter neurônios. Chega a ser ridículo a forma com que sequer pensou e acreditou completamente em mim. Então encontra minhas coisas e simplesmente ingere? Puta que pariu, hein. Devo trocar tolo por completamente burro, Vossa Alteza? — debochou.
Jungkook estava boquiaberto, perplexo, mas aquele ser tinha razão. Ele era um príncipe, precisava pensar minuciosamente em cada decisão, mas não o fez. Movido pelo turbilhão de emoções que sentia em relação ao rei e pelo cecaelia, deixou seu lado racional adormecido e cometeu erros impulsivos. Mas que droga.
— Não... Eu não gosto disso... Mas nós fizemos um acordo. Eu preciso salvar meu reino e agora... Se eu pedisse, você não viria. Eu precisava te atrair até aqui para exigir que pare de agir como o demônio idiota que você é!
— Sim, fizemos um acordo. Foi uma troca justa eu concluir seu desejo enquanto possuo seu poder de transformação, não acha? — passou a língua bifurcada nos lábios, sorrindo prepotente. — Em breve você estará com o seu pedido e sua liberdade. Mas o que você tomou? E se isso te deixar nessa forma para sempre?
— Eu não tenho porque ficar nessa forma e viver aqui embaixo. — o sorriso cheio de ego e superioridade do cecaelia lhe irritou, sentia pavor dessa ideia mesmo que não estivesse exibindo isso. — Quero refazer o contrato!
— Sem chances até que este seja concluído. E você tomou parte da Magia Pura que eu ainda guardava, não foi o suficiente para te transformar em enguia mas te deu poder. Agora ficará assim e o problema não é meu. — sorriu, divertindo-se com a desgraça alheia.
— O que?! Ora, seu maldito! Me devolva minha forma!
— Eu não tenho culpa se você é desprovido de sensatez. Agora será um tritãozinho insignificante com uma magia meia boca.
— É problema seu sim. Você fez isso comigo e exijo que me leve para terra na minha forma humana e acabe com essa porra!
— Impossível.
— Eu pensei que você fosse super poderoso e um bom ser, não um monstro. Por isso confiei em você. Olha o que está fazendo comigo!
— Não me diga que você também achou que o meu propósito de vida era ser o gênio da lâmpada de seres marinhos e de humanos, realizando desejos e os deixando felizes para sempre. — riu, debochado, aproximando lento e ameaçador ficando a centímetros de seu rosto.
Jungkook pensou em se afastar mas não conseguiu. Foi puxado para perto pelos tentáculos até estar colado ao cecaelia que disse baixo em seu ouvido de uma maneira tão maléfica que o causou arrepios.
— Eu nasci para obter ganhos através de meias verdades. Acabar com a vida de trouxas como você, os condenando à infelicidade. — lágrimas desciam, Jungkook não conseguia controlá-las, ele tinha medo, pavor, e uma enorme frustração por buscar resolver uma situação e deixá-la ainda pior. — Te causar choro me dá prazer.
A língua bifurcada era longa. Concluiu ao que o cecaelia a passou por toda lateral de seu rosto antes de se afastar. Mais uma vez se sentindo satisfeito. Mais uma vez arrepiando o príncipe.
— A-as suas coisas... Por que não parece se importar com elas? Não quer barganhar comigo?
— Eu me importo, mas o que você quebrou, eu posso reconstruir. E, tendo parte de sua alma, posso exigir de você que me devolva. Você falhou. — sorriu macabro, achando ótimo vê-lo chorando e aparentemente tão frustrado. Isso lhe fazia ganhar o dia.
— N-não é verdade. — não queria aceitar que fosse.
— Vamos, Jeon Jungkook, diga que quer retirar de você tudo o que me pertence.
Ele queria dizer não, mas não conseguiu, em vez disso se pegou concordando.
— Eu quero retirar de mim tudo o que te pertence. — sua boca abriu, dela foram saindo cápsulas que ao ir para o chão se transformavam nos objetos que ele engoliu.
O cecaelia criou um frasco de elixir com as mãos.
— Devolva minha magia. — ordenou, então a linha fina verde saiu por sua boca indo direto para o frasco, pois o corpo de Jungkook simplesmente lhe obedecia.
O arrastou até o lado de fora, mudando os símbolos, de forma que nem os enguias pudessem entrar dentro do cofre agora. Eles inclusive tinham se encolhido em um canto de cabeça baixa.
— Saíam daqui. — obedeceram, deixando a Sala Especial que também foi trancada. — Eu fiquei irritado, mas o que Jungkook fez não foi tão impactante quanto eu pensei. Foi tão insignificante quanto ele próprio.
— Não me chame de insignificante! — exclamou, as lágrimas correndo de pura raiva. — Você que é um grande monstro, o demônio do mar com um ego enorme para compensar o pau inexistente, assim como deveria ser sua existência!
Jimin ficou sério ao ouvir isso.
— Alguém pode me explicar que porra ele está falando?
— Acredito que do seu falo, mestre. — disse Taehyung.
— Ele disse mais cedo algo sobre você ter muitas preciosidades para compensar que não tem um falo.
— Fofoqueiros. — bufou Jungkook. O cecaelia encarou-o, se perguntando se estava de fato ouvindo tal coisa. — O que é? Eu falei mesmo. E ainda perguntei o que fizeram comigo. Onde está meu pau?
Jimin gargalhou, para si isso sequer merecia resposta.
— Estão proibidos de entrar nessa área, não terão acesso à Esfera Mágica ou ao cofre pois eu não confio mais em vocês perto desse tritãozinho. E ficarão sem magia até quando eu quiser. — os enguias se encararam desesperados, não queriam aquilo. — Me deem as mãos.
— Mestre, nós- — Hoseok tentou argumentar.
— As mãos. — rosnou.
Então mesmo que não quisessem o fizeram pois sempre o obedeciam e tinham a noção que era melhor acatar agora que Park estava pegando leve. Isso com certeza por ter se divertido a noite toda no mundo dos humanos e agora por sentir-se satisfeito em deixar Jungkook mal.
Após lhes tomar a magia temporariamente, criou uma espécie de quarto suspenso com paredes transparentes em meio ao cômodo vazio.
— Agora você vai ficar trancado. — jogou o príncipe dentro.
Jungkook tentou nadar para cima dele para descontar suas frustrações, mas parou no meio do caminho, sentindo um queimor se espalhar por suas veias e apertar suas entranhas. Se curvou, o olhando com irritação em meio às lágrimas. Uma imagem que Jimin achava simplesmente bela. Gostava de causar sentimentos negativos.
— O q-que fez comigo?
— Você vai descobrir em breve. — sorriu largo, malvado, passando a língua entre os dentes e deixando o cômodo, não sem antes ordenar autoritário: — Não me incomodem, apenas entrem em contato por algo extremamente importante.
Ao ver Jungkook começar a agonizar os enguias se entreolharam, entendendo o que foi feito, concluindo a mesma coisa: ele se fodeu.
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