Chapter Twelve
Natal é uma época de solidariedade, amor, respeito, gentileza, alegria e celebração. São tantas palavras usadas para descrever essa data tão especial, que marcou o mundo. Algumas pessoas se esquecem que não é somente hoje que devemos ser amáveis com o próximo, todos os dias temos que ser assim, não importando o dia ou o mês. Infelizmente, para alguns o Natal é apenas um dia lucrativo, esquecendo completamente o significado verdadeiro da data.
Outra palavra adequada que caracteriza o Natal na minha concepção é perda. Entretanto, quando eu acordei nessa manhã encontrei uma nova palavra para substituir essa tristeza, que é recomeço. E foi partindo desse princípio que conversei com a Melissa sobre abrir mão do quarto que era dos nossos pais. Ela concordou totalmente, sem hesitar, acrescentando também que é uma forma de seguirmos em frente. Então, na próxima semana, iremos aproveitar o período de Holidays para desfazermos do quarto. Conversei com a tia Jenna ontem à noite, pois ela cumpriu sua promessa de me ligar, e ela se ofereceu para nos ajudar. Eu estou ansiosa e preocupada, mas sinto que os meus pais iriam querer o mesmo.
Lindsay também está me apoiando quanto a isso, como sempre fez, não importando a situação. Eu sou muito grata por ter Lindsay Phobe Mackenzie como a minha melhor amiga, somos como irmãs. Foi com este sentimento que ontem à noite eu preparei sua sobremesa favorita, torta de pêssego. Melissa e eu fomos até a sua casa pessoalmente para levar, aproveitamos o momento para saudar os familiares da minha amiga, desejando um ótimo e feliz feriado. Lindsay conversou conosco, pois sabe bem o que estamos sentindo hoje e até mesmo perguntou se queremos a companhia dela para ir ao cemitério Lafayette amanhã, minha irmã e eu vamos levar flores. Aceitei de bom grado, porque eu ainda preciso de todo o apoio que as pessoas que eu amo oferecem. Então, por essa razão, a Sweet Dream não abrirá amanhã.
E por falar em pessoas que eu amo, minha irmã e eu estamos no portão da casa da família Morgan. É uma casa ampla e muito bonita, como as casas do Garden District. Melissa toca a campainha e aguardamos ansiosas. Quando John atravessa o jardim para vir até nós, quase perco o fôlego, preciso lembrar como faz para respirar. Mas tudo o que lembro são os momentos que tivemos ontem à tarde, principalmente dos beijos, as lembranças estão tão vivas que consigo reviver aqueles instantes com facilidade. No momento em que chegamos na confeitaria, as garotas foram embora e eu fiquei responsável por entregar a encomenda. Ele se ofereceu para esperar a cliente comigo, me fazendo companhia, obviamente eu aceitei sem relutância. Nós preenchemos o tempo de espera com conversas interessantes e incontáveis beijos. Assim que ele chega até nós, um sorriso imenso se abre em seus lábios. Eu posso apostar a torta de limão que está em minhas mãos que, da mesma forma que eu, John se recordou dos nossos momentos.
- Não está parecendo em nada com uma decoração natalina ambulante. Você está maravilhosa, Emy. - ele diz se referindo ao meu suéter e nos convida para entrar. Logo depois cumprimenta a minha irmã, do seu jeito educado e gentil - Feliz Natal!
- Obrigada. - agradeço com um sorriso - É difícil competir com a decoração da sua casa. Minha mãe fazia questão de extravasar na decoração também.
- Como vocês estão? - ele indaga. Não é preciso especificar a pergunta, sei que ele está falando sobre hoje ser o aniversário de morte de mamãe e papai.
- Estamos bem, dentro do possível. - respondo. Eu não posso dizer que estou completamente bem, pois seria uma enorme mentira, porém, estou disposta a ter um bom Natal. É o que os meus pais gostariam que minha irmã e eu tivéssemos.
- Já tivemos dias piores. Emy e eu estamos superando a cada dia.
Encerramos o assunto e eu devolvo o elogio que ele me fez. Não seria nada educado da minha parte em não fazer e, pois bem, alguém tem que dizer como ele está encantador com esse suéter. O que ele está vestindo hoje é semelhante ao que ele usou no último dia do concurso de confeitaria.
- E você, como bem sabe, está perfeito. Renas realmente combinam com você. - aproximo um pouco mais e beijo os seus lábios e depois sussurro para ele - Deveria usar mais vezes. Feliz Natal!
- O amor é lindo e tudo mais, mas por favor, eu não quero presenciar. É estranho.
- Está certo. - John ri - Vamos entrar.
Ashley aparece na porta de entrada e aguarda por nós. John apoia sua mão nas minhas costas, na altura da minha cintura, e nos guia em direção à casa, enquanto passamos pelas flores.
- Peço perdão em nome da minha irmã. Você deve ter ciência de como são as irmãs mais novas. - ele assente concordando comigo.
- Eu ouvi isso. - Melissa fala.
- Eu quero que vocês tenham um dia incrível. Minha família e eu faremos o possível para que tenham um doce Natal. - ele olha para mim, dentro dos meus olhos - Pronta para conhecer os meus pais?
- Vamos lá.
Ashley nos recebe animadamente, com muito amor e carinho. Ela me abraça fortemente, dizendo que está muito feliz que eu aceitei o convite. Logo depois, ela faz o mesmo com a minha irmã. Entrego para ela a torta de limão, sua favorita, e ela agradece com mais euforia.
- Não precisa agradecer. Eu sei o quanto você ama essa torta. Não poderia chegar aqui de mãos vazias.
- Eu preciso colocar na geladeira. Entrem e fiquem à vontade.
Adentramos na sala e eu fico deslumbrada com a decoração. Ashley Morgan encara esse processo com muita seriedade. A árvore, um pinheiro de verdade, está carregado de enfeites. Também há ornamentos nas paredes e até mesmo na lareira. A porta também não escapou do espírito natalino, há uma linda guirlanda pendurada. No caminho entre a sala e outro cômodo, que julgo ser a sala de jantar, tem viscos suspensos nesta entrada. Pergunto-me quanto tempo foi preciso para finalizar esse trabalho. Se mamãe estivesse aqui, ela teria uma concorrente à altura. São tantos adereços que é impossível não ficar fascinada com a dedicação, assim como a minha irmã, observo minuciosamente cada ponta. A música Jingle Bell Rock cantada pela voz do Bobby Helms ressoa pelo ambiente, contribuindo ainda mais com o clima natalino. Melissa entrega os presentes para o John e ele coloca os embrulhos debaixo da árvore, como manda o costume. Ele pede para que deixamos nossas bolsas penduradas perto da porta, para ficarmos mais confortáveis.
Uma mulher alta com um coque perfeito vestindo um suéter natalino entra na sala, interrompendo a minha análise detalhista. Ela me abraça fortemente, como se já nos conhecêssemos há anos, abraço ela também, ainda surpresa e tímida pelo gesto inesperado. Cumprimento ela desejando um feliz Natal. No meu ouvido ela diz que Ashley contou tudo o que aconteceu, ela diz que sente muito e que espera que eu me sinta à vontade, pois já me considera da família. Com um sorriso no rosto, a senhora Morgan repete a atitude com a minha irmã.
- Mãe, a senhora vai sufocá-las com tanto entusiasmo. - John fala, pousando a mão no ombro dela.
- Não pode me culpar, eu estava ansiosíssima para conhecê-las. - ela olha para nós - Sou Aimée Morgan. Estou muito feliz em tê-las aqui conosco. - com toda essa empolgação, está mais que claro a origem de toda a animação da Ashley. Ela é tão espirituosa quanto a filha.
- É um prazer estar aqui, senhora Morgan. - eu digo - Creio que a senhora já está a par de tudo, incluindo que Ashley trabalhou na confeitaria por um período curto.
- Agradecemos pelo convite. - minha irmã fala - A casa de vocês é linda.
- Obrigada, Melissa. - ela responde ao elogio de minha irmã - Não quero formalidades nesta casa, estamos todos em família. Podem me chamar de Aimée. Você está certa, Emily, minha filha me contou tudo. Eu não vejo a hora de experimentar a sua torta de limão. Desde que Ashley provou não falou mais de outra coisa. Venham, sentem-se. - ela nos direciona para o sofá - Ashley está ajudando o meu marido a preparar a mesa.
John e eu sentamos em um sofá e Melissa e Aimée sentam em outro. Ele toma a minha mão e a beija prontamente, como costuma fazer. Amo esses gestos cuidadosos e carinhosos que ele tem comigo, é tão sincero e cativante. Eu me apaixono ainda mais com essas atitudes sutis. Seus beijos, olhares e sorrisos são arrebatadores, me fazendo sentir sensações inexplicavelmente maravilhosas.
- Emily, acredito que temos muito o que conversar. Eu quero saber como foi que aconteceu. - ela gesticula para mim e seu filho.
- Creio que a Emy não está disposta a falar sobre isso, mãe.
- Não, tudo bem. Eu estou disposta a conversar sobre, desde que você queira. - digo para o John.
Um senhor de baixa estatura entra na sala acompanhado por Ashley, com um sorriso ameno no rosto e as mãos nos bolsos da calça, não é preciso dizer que é o patriarca da família. Assim como sua esposa e filhos, o senhor Morgan também está vestindo um suéter.
- Chegou em uma boa hora, querido. - Aimée fala - Emy contará como conseguiu capturar o coração do nosso filho.
- É verdade? Isso é ótimo! - ele é muito simpático, como o restante da família - Não posso negar que adoro boas histórias.
- Eu já respondi algumas perguntas. Mas a mamãe quer saber diretamente de você. - a caçula explica para mim. Ashley disse ontem que a sua mãe queria me conhecer, mas não contou que estava tão entusiasmada.
- Julian Morgan. - o pai de John se apresenta, cumprimentando a minha irmã com um aperto de mão, da mesma forma que fez comigo - Sejam bem-vindas! - ele senta ao lado da esposa.
- Pode contar, querida. Estamos curiosos. - a mãe de John volta no assunto, com uma expressão divertida no rosto.
- Acho melhor ela nos contar enquanto comemos. A refeição já está na mesa. - minha amiga avisa.
- Tem razão. - John concorda - Vamos comer.
Levantamos dos nossos lugares, deixando a conversa para depois. John ainda segurando a minha mão, me guia para a sala de jantar, logo na frente estão os seus pais. Quando Julian e Aimée passam embaixo do visco, ela o beija suavemente, cumprindo a tradição de beijar embaixo do mistletoe. Essa tradição promete amor e sorte no próximo ano. No instante em que John e eu ficamos abaixo do visco, a família dele insiste para que cumprimos a tradição também. Minha irmã que até alguns minutos atrás disse que não gostaria de presenciar demonstrações de afeto, persisitiu para a gente honrar esse hábito, que existe há muito tempo.
- Não queremos que vocês tenham azar. - minha irmã diz.
Sendo assim, John e eu nos olhamos e sorrimos, simultaneamente. Ele segura em minha outra mão enquanto chega mais perto, mais próximo da minha boca.
- Não podemos descumprir o costume. Seria um desrespeito com os nossos antepassados.
- Não, não mesmo. Tudo pela tradição.
Portanto, fecho os meus olhos e ele me beija carinhosamente, um beijo repleto de amor e ternura. Nossos familiares vibram com o beijo e felicitam uns aos outros feliz Natal. Entramos na sala de jantar, que também está decorada e possui uma árvore menor. A mesa está completa de comidas típicas da data, como purê de batatas, pães de milho, vagens e, inevitavelmente, o peru assado com o molho gravy. O aroma é delicioso. John, cortês como é, puxa uma cadeira para eu me sentar, refazendo a mesma gentileza para a minha irmã. Julian senta-se na cabeceira da mesa, ficando ao seu lado direito a esposa e sua filha ao lado da mãe. Do lado esquerdo do senhor Morgan, está John, Melissa e eu.
- É muito bonito um casal estar junto na mesa. - a senhora Morgan diz, após se sentar - Espero que gostem da refeição. Julian e John ficaram responsáveis pelo o almoço. Como fazemos em todos os natais.
- Nunca ninguém reclamou, - Julian responde - seria péssimo para o nosso restaurante.
- Mamãe e papai têm um restaurante em Baton Rouge, por isso eles não podem mudar para cá, pelo menos não ainda. - Ashley esclarece - Agora, por favor, vamos comer. Sirvam-se.
Dito isso, todos concordamos com ela e servimos os nossos pratos. Com a agitação da família Morgan, o silêncio não teve permissão de ficar um só minuto. Conversamos alegremente enquanto servimos. Eu coloco um pouco de cada prato, não quero exagerar. No momento em que levo o garfo à boca, um suspiro de satisfação quase escapa de mim.
- Estou aprovado? - John pergunta baixinho.
- Mais que aprovado. Pensando bem, John, você pode ser presunçoso o quanto quiser, você tem muitas qualidades.
- Que bom que gostou. Espere só para experimentar o Red Velvet.
- Não irei perder por nada.
Durante o almoço, entre garfadas, os diálogos continuam presentes. Conversamos sobre assuntos comuns, para que Melissa e eu possamos participar. A todo momento alguém nos inclui na conversa, querendo saber mais sobre nossas vidas e a nossa rotina. Aliás, a senhora Morgan está disposta a fazer uma visita à Sweet Dream. Ashley prometeu que irá levá-la o quanto antes. O assunto se estendeu para a minha família, Melissa e eu contamos sobre os nossos pais, mas sem aprofundar no assunto e todos foram empáticos conosco, sendo atenciosos e educados, sem nenhuma inconveniência. Lembrar de mamãe e papai traz saudade e melancolia. No entanto, não é aquela tristeza profunda que eu carregava constantemente, como se fizesse parte de quem eu sou, como se fosse um sentimento permanente. Agora, eu posso ousar dizer que, verdadeiramente, me sinto parte da família do John, apesar de conhecer Aimée e Julian somente hoje. Eu estou, sim, tendo um Natal doce e agradável.
- Então, Emily, você ainda não contou como tudo aconteceu. - a senhora Morgan ainda persiste no assunto. Bebo um gole do suco de uva, eu dispensei o vinho.
- John e eu nos conhecemos no French Market, tivemos uma discussão e depois nos reencontramos na minha confeitaria.
- É importante ressaltar que foi naquele dia que eu me apaixonei por você. - John completa com um sorriso no canto dos lábios.
- E depois, quando eu descobri que ele era um dos jurados do concurso, fiquei muito surpresa. Preciso admitir que achava ele levemente arrogante. John me intimidava em alguns momentos, eu ficava apreensiva.
- Levemente arrogante, Emy? - a pergunta dele é acompanhada com o cenho franzido.
- Sim, mas agora você sabe o quanto nossa convivência evoluiu. Ainda bem que progredimos e eu pude enxergar o quão especial você é. - procuro a sua mão e aperto suavemente.
- Concordo totalmente. - Aimée fala- Meu filho sabe como amedrontar alguém, mas é um menino de ouro.
- Mas ele também sabe ser chato, Emily. - Ashley diz, olho para o seu irmão e ele não se abala com a alfinetada.
- Não fala assim do seu irmão. - Julian repreende com um tom firme, porém, afável - É Natal. Precisamos ter respeito com o aniversário de Jesus.
- Com o decorrer do concurso nós ficamos cada vez mais próximos e eu, é claro, também me apaixonei. - sorrio.
- Eu ainda acho que a minha irmã demorou para perceber que está caidinha por ele. - minha amada irmã fala, com o seu tom zombeteiro de sempre.
- O mesmo com o John, ele não quis admitir, como se eu não fosse esperta para perceber. - a senhorita Morgan fala com uma postura convencida.
- Você é uma boa moça, Emily. - o pai do John diz - Fico contente que o meu filho tenha encontrado alguém tão graciosa. Sejam bem-vindas à família, garotas.
Agradeço o carinho. Com todo o cuidado que essa família está tendo comigo e com a Melissa, é impossível não me sentir contente, realizada e, principalmente, amada. O almoço chega ao fim. Retiramos a mesa, dando lugar para os doces, o momento mais aguardado por Ashley, que não parava de dizer o quanto adora a torta de limão. Além da torta que eu trouxe, também temos o famoso Red Velvet e a tradicional torta de maça, que Julian fez.
- Eu também ajudei, papai, esqueceu quem quebrou os ovos e ligou a batedeira? - a irmã do John fala um pouco indignada, quando o seu pai não menciona que ela também contribuiu com a receita.
- Mas quem teve o maior trabalho foi eu, espertinha. Só irei dar os créditos quando você, de fato, colocar a mão na massa.
- A Emy sabe que eu sou muito boa em quebrar ovos. A melhor! - com pressa, como se fosse o fim do mundo, ela coloca uma fatia generosa da torta de limão em seu prato de sobremesa. Aimée também decide comer primeiramente a torta de limão, assim como o restante da família Morgan.
- Realmente eu não posso discordar. - coloco uma fatia do bolo para mim. Melissa serve-se com a torta de maçã.
- Santo Deus! - Aimée exclama depois de experimentar a torta - Esse doce é divino. Você tem muito talento, Emily, mereceu com toda certeza ganhar o concurso.
- Obrigada, Aimée, é muito gentil da sua parte. - agradeço com um sorriso sincero.
- Não é gentileza, é a verdade. - John fala cordialmente - Você é uma grande confeiteira, Emy. Arrisco-me a dizer que os seus doces poderiam conter todas as guerras do mundo.
- Ah, por favor. Não seja bobo. Você também é excepcional, creio que posso aprender muito com você.
- A torta de limão é muito boa, mas vocês já experimentaram o bolo de coco que a Emy faz? - Melissa pergunta retoricamente - Pois deveriam.
- Acredito que deveríamos sim. - Aimée concorda - Tenho certeza que é delicioso.
- Na sua confeitaria não faltam clientes, certamente, você faz um trabalho excelente. - Julian também elogia. É muito gratificante ser reconhecida, faz valer todo o esforço que eu tive.
- Sim, conseguimos conquistar o nosso espaço, senhor Morgan. Minha sócia trabalha muito bem e Ashley contribuiu muito para o nosso trabalho florescer ainda mais. Minha irmã nos ajuda muito, fazendo as entregas. Formamos uma boa equipe. - olho para as duas e lembro da minha sócia e melhor amiga.
- O que não fazemos pela família, não é? - concordamos com o comentário da minha irmã, então ela diz: - E, obviamente, por um pedaço de bolo de coco.
- Bom, com vocês dois sendo confeiteiros, - Aimée fala apontando discretamente a colher para mim e seu filho - não faltará alguém para fazer o bolo e os doces do casamento.
- Casamento? - pergunto atônita, com a colher a caminho da minha boca. Eu pretendo sim me casar, mas creio que é cedo demais para pôr o assunto em pauta.
- Tenho esperança que o meu filho fará o pedido. - simplesmente ela diz.
- Em breve, mãe. Emily e eu temos todo o tempo do mundo. - ele repete as mesmas palavras de ontem, deixando um beijo na minha bochecha.
O que são segundos perto de uma vida inteira que passaremos juntos? Compartilhando os melhores e piores momentos, o nosso amor pela confeitaria e, evidentemente, a boa e velha Nova Orleans.
Uma hora depois da sobremesa, voltamos para a sala, acompanhados com xícaras de eggnog, uma bebida típica desta data. Estamos sentados nos sofás conversando sobre a cidade. Aimée conta tudo o que achou de Nola até agora, Julian está na cozinha organizando tudo, não aceitou que ninguém o ajudasse, argumentou que prefere que fiquemos aqui conversando, aproveitando o final do dia.
- John e eu passeamos de bonde pela Avenida Saint Charles. - comento - Foi maravilhoso! - ele percebe o significado implícito das minhas palavras - Acredito que a senhora vai amar. Vai se apaixonar por Nola.
- Há tempos eu não respiro outros ares, Julian e eu moramos na capital e, dificilmente, viajamos. Sentirei falta daqui. Não iremos ficar por muito tempo, vamos permanecer na cidade até o Ano Novo, a rotina voltará quando janeiro chegar. - ela bebe um gole da sua bebida.
- Mas ainda há tempo para a senhora passear por aí. Há vários lugares esperando pela sua visita. - digo - Eu me ofereço para lhe acompanhar.
- Verdade? - Aimée pergunta com uma animação fascinante - Eu aceito sim. Vamos fazer um tour em família. Temos que ir ao French Market, quero conhecer o lugar onde o meu filho se apaixonou.
- Certo. - John concorda, - Vamos marcar uma data. As senhoritas vão ser essenciais no passeio, pois nasceram aqui. - ele fala para a minha irmã e eu.
- Provavelmente a Emy ama mais a cidade do que eu.
- Não me faça escolher. - todos rimos do meu comentário, incluindo John. Ele está tão leve e espirituoso - Nova Orleans é maravilhosa, não podemos negar, mas você sabe o quanto eu te amo, irmãzinha. - uso o exato tom divertido que Melissa Claire emprega constantemente.
- Podemos ir a algum lugar nessa semana, só vamos ter que conciliar com o trabalho da Emy. - Ashley sugere - Porém, enquanto isso, vamos abrir os presentes.
Ela sai em disparada ao encontro da árvore. Traz todos os presentes. Em seguida, entrega uma caixa para mim e uma para a Melissa. Agradecemos pela consideração e abrimos as caixas. Eu fico inevitavelmente surpresa com o que se encontra na caixa. Em todos as minhas apostas, sobre o que seria o tal presente, não fui precisa o bastante para acertar. Um pijama rosa com estampa de cupcakes. Não posso negar que corresponde totalmente com o meu gosto.
- Eu comentei com a minha irmã sobre o seu gosto duvidoso para pijamas, Emy. - John fala com um tom cômico, não sei se é impressão minha, mas consegui detectar um pouco de sarcasmo - Então, achamos uma boa ideia comprar algo semelhante.
- Gosto duvidoso? Pensei que soubesse que não é legal reclamar do pijama de uma mulher. - bebo uma boa quantidade da bebiba.
- E eu pensei que você soubesse que eu te acho totalmente charmosa com o seu pijama de patinhos.
As garotas estão alheias a nossa conversa. Ashley e minha irmã estão abrindo seus presentes, enquanto a senhora Morgan conversa com elas sobre o clima. Entrego o presente que eu comprei para ele, oferecendo de bônus um beijo rápido.
- Espero que goste. - aguardo ansiosa enquanto ele abre. Primeiramente ele levanta a sobrancelha e, logo depois, um sorrisinho aparece no canto da sua boca - É para completar a sua coleção de agasalhos cinzas. - explico o motivo de eu ter comprado um suéter azul e cinza para ele.
- Eu gostei muito. Obrigado. - ele agradece beijando o dorso da minha mão.
- Eu estou tão contente por ter finalmente te conhecido, Emy. - Aimée fala, um pouco emocionada - Você e Melissa são garotas incríveis. Já considero como minhas filhas.
Sorrio para ela. Seria tão maravilhoso se os meus pais estivessem conosco, tenho absoluta certeza que eles iriam gostar muito da família Morgan. São pessoas maravilhosas. Peço em meus pensamentos para que eu e minha irmã tenhamos ainda mais ocasiões como essas. Olho para ela, tão feliz de estar aqui, o meu coração fica aliviado de ver ela bem e alegre. Melissa abre a caixa e uma expressão de alegria toma conta de seu rosto. Minha felicidade depende de ver as pessoas que eu amo bem.
- Eu adorei! - minha irmã fala, exibindo seus ingressos para o Preservation Hall - Não consegui os ingressos para assistir as apresentações de fim de ano. Como você sabia, Ashley?
- A Lindsay me deu uma ajudinha. Eu não poderia conversar com a Emily, estragaria a surpresa. Podemos ir juntas. Que tal?
- É uma ótima ideia. - ela diz animada.
- Obrigada, Emy e Melissa. - Ashley agradece ao calçar o par de botas - Eu amei esses sapatos.
- Imaginei que iria gostar. - respondo - Você adora botas de saltos.
- Que bom que estamos todos alegres. Vamos fazer um brinde para comemorar o nosso primeiro Natal juntos. - Aimée fala.
- O primeiro de muitos. - ergo a minha xícara e todos fazem o mesmo - Um doce Natal! - brindamos sorrindo.
Depois do brinde, continuamos a conversar, John de um jeito sutil, diz que quer ficar sozinho comigo por um momento.
- Emy, pode me acompanhar, por favor? - John questiona.
- Claro. - deixo a xícara para trás na mesinha de centro - Com licença, meninas. - falo para a Aimée, Ashley e Melissa. As três me olham diferente, com sorrisos salientes, como se soubesse de algo que eu ainda não sei.
John e eu subimos as escadas de mãos dadas. No caminho, fico atenta aonde estamos indo. Paramos na frente de uma porta que tem viscos em cima.
- Ashley fez um bom trabalho com a decoração.
- Isso, - ele sinaliza para a decoração acima da porta - é obra dela. O Natal é o feriado favorito da minha irmã. - John abre a porta e, somente então, percebo que é o quarto dele.
Quando adentramos no cômodo, sinto um frio na barriga. Não saber o que vai acontecer me deixa nervosa. Observo melhor o espaço. As paredes são neutras, com uma tonalidade cinza o que, de certa forma, não me surpreende. É um quarto totalmente organizado e dentro de uma paleta de cores perfeitamente adequada para ele. O aroma do quarto tem o seu perfume, caracterizando que esse cômodo pertence a ele. As cores vibrantes dos nossos suéteres alegram o ambiente, tornando-o mais vivo. John caminha até o armário e tira uma caixa vermelha com um laço dourado e entrega para mim, dizendo ser o meu presente de Natal.
- Obrigada. São pantufas para combinar com o pijama?
- Não, mas posso providenciar, se quiser. - ele deixa escapar uma risada rouca e irônica.
Desfaço o laço e abro a caixa de presente. Dentro da caixa tem uma caixa menor com uma textura de veludo e, protegido dentro dessa caixinha, há um lindo colar de ouro personalizado com o meu apelido. Olho para o John surpresa, quase emocionada, com esse gesto tão lindo e especial. Passo o meu polegar suavemente pelo colar, depois estendo a minha mão, tocando o seu rosto. Passeio a minha mão pela sua pele macia, deixo um beijo terno no canto de sua boca, agradecendo pelo presente.
- Muito obrigada, meu amor.
- Não precisa agradecer. - ele retira a minha mão de seu rosto, beijando-a logo em seguida, depois tira o colar das minhas mãos, pedindo licença para colocar em mim.
Quando ele afasta o meu cabelo e seus dedos roçam na minha pele, um arrepio percorre o meu corpo, me fazendo sentir algo indescritível. Preciso respirar fundo infinitas vezes, John Morgan é assustadoramente extasiante. Amar alguém é como mergulhar em um mar de emoções, ficando à mercê do inesperado. Ele deixa um beijo na curva do meu pescoço, ao fechar o colar. Contemplo mais uma vez o lindo presente, registrando esse momento singular nas minhas memórias.
- É lindo, - solto o colar e seguro em sua mão - assim como o que você e eu temos.
Ele sorri, segurando a minha mão mais forte, apesar do seu olhar amoroso, percebo um resquício de tensão, penso em perguntar se tem algo de errado, mas ele simplesmente coloca um ponto final na minha dúvida. John tira as embalagens das minhas mãos e põe sobre a modesta mesa que se encontra em frente a cama. Em seguida, ele caminha diretamente para a cama e se senta.
- Eu reparei que você estava quieta. - John faz sinal para eu me sentar na cama ao seu lado.
Aceito a oferta e me sento na cama. Ele olha para mim intensamente, aproveito o contato visual e lhe dou um beijo delicado. Ficamos um curto período em silêncio, aproveitando a companhia um do outro. Por fim, encosto a cabeça em seu ombro e declaro os meus sentimentos.
- Eu estou feliz de estar aqui. A sua família é incrível e isso me fez perceber que, infelizmente, você não vai poder conhecer os meus pais e ter bons momentos com eles, assim como eu estou tendo com os seus pais e a Ashley.
- A minha família também é a sua agora. Eles adoram você, Emy, assim como eu. Entendo o que está sentindo, se quiser ficar um tempo sozinha para pensar, não quero sufocá-la. - ele levanta da cama e deposita um beijo demorado nos meus cabelos - Só não esqueça que estarei aqui para o que você precisar. Com licença.
John sai do próprio quarto com passos lentos, deixando-me sozinha com os meus pensamentos. Tudo que disse ao seu respeito há alguns dias atrás foi tão absurdo, sem nenhum fundamento. Ele, sem dúvidas, é a melhor pessoa que eu poderia ter conhecido. É impossível eu não lembrar tudo o que passamos juntos durante esses dias. Recordo de quando me levou para a casa naquele dia chuvoso, das suas idas à confeitaria, da tarde maravilhosa que tivemos ontem e, especialmente, todas as sensações que ele desperta em mim através dos toques e beijos. Levanto apressadamente da cama, convicta de tudo o que eu mais desejo e acredito.
- John! - ele olha em minha direção, estando a alguns passos de distância de mim e caminha até onde estou, parando na entrada do seu quarto - Eu não preciso de tempo. Meu lugar é ao seu lado. - ele sorri abertamente, confirmando outra vez em meu coração a profundidade do amor que sinto por ele que, sem nenhuma incerteza, supera a grandeza do Rio Mississipi.
John, que nunca fora de falar muito, somente diz :
- Eu te amo, Emy. - quando ouço essas palavras, compreendendo o peso de cada uma, o meu coração agita.
E eu, querendo apenas demonstrar tudo o que sinto, traduzo os meus sentimentos em duas palavras.
- Amo você. - trocamos olhares apaixonados. Fico encantada com o brilho dos seus olhos. É como se existisse uma constelação completa em suas íris castanhas.
Mas antes de fazer o que mais desejo neste instante, preciso lembrá-lo de que estamos embaixo dos viscos. Olho para cima e ele acompanha o meu olhar, percebendo a minha intenção.
- Estamos debaixo dos viscos. Creio que posso me acostumar. - ele diz enquanto deixa uma trilha de beijos calorosos no meu pescoço.
- Sabe o que isso significa? - pergunto com um sorriso travesso brincando em minha boca.
Faço o possível para não perder a respiração. John interrompe os beijos, concentrando-se no nosso diálogo.
- Tradição de mistletoe, mais uma vez. - ele acaricia o meu rosto, contornando os meus lábios com a ponta do indicador.
Aproveito a oportunidade e agradeço silenciosamente aos céus por existir essa tradição. Coloco os meus braços em volta do seu pescoço e antes de eu beijá-lo como se o mundo pertencesse somente a nós, apenas sorrio e digo:
- Xeque-mate.
❣
Já aprenderam a coreografia da música Jingle Bell Rock?
Não acredito que acabou, passou tão rápido. O que vocês acharam do livro? Espero que seus corações tenham ficado quentinhos. Quero dizer que eu simplesmente amei ter vocês comigo durante essa jornada, incluindo os leitores fantasmas.
Muito obrigada por tudo! Desejo a todos um Feliz Natal, repleto de paz e muito amor. E um Feliz Ano Novo!
Vejo vocês nos agradecimentos!
Falta apenas um dia para o Natal!
Beijos e bengalas de açúcar!
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