Chapter Five
— E o que aconteceu depois da degustação? — Ashley quis saber.
Estamos aproveitando o restante do tempo que temos antes de abrir a confeitaria para pôr o assunto do concurso em dia. Enquanto a torta de maçã está no forno, eu conto as novidades para as garotas. Assim que elas chegaram, jogaram várias perguntas para cima de mim sobre o dia que eu tive ontem. O lado bom dessa chuva de curiosidades é que me ajuda a distrair, ontem foi um dia e tanto.
— Depois da degustação foi o processo de eliminação, e quando tudo acabou tiramos algumas fotos e prestamos depoimentos para a imprensa. Provavelmente esse material já está disponível no site, ainda não tive tempo para olhar, e em breve vão estar no jornal.
— E o senhor sabe tudo foi indiferente somente com você, Emy? Com todo respeito, Ashley. Se você está incomodada com o que estamos conversando, nós podemos falar sobre o seu irmão quando você não estiver por perto. Algum problema?
— Sem problemas. — uma risada contagiante escapa dela — Eu sei lidar com isso.
— É por isso que você vai ser a nossa funcionária do mês. — minha sócia constata.
— Claro que vou. Sou a única funcionária de vocês.
— Exatamente. — Lindsay e eu dizemos ao mesmo tempo.
— Vocês estão certas. Por essa razão são as chefes.
O aroma da torta preenche a cozinha. É o sinal que não vai demorar muito para terminar de assar, precisamos ficar atentas.
— Não, Lindsay, o senhor Morgan foi direto e sucinto com todos. Eu não tive esse privilégio, infelizmente. — respondo à pergunta que Lindsay fez antes do assunto mudar para gratificações.
— Isso é verdade. John sempre foi mais calado e observador. Digamos que ele é um homem de poucas palavras. — Ashley fala.
— Foi uma surpresa quando revelaram que ele era o jurado misterioso, foi como se nada fizesse sentido. — digo — E, Ashley, você poderia ao menos ter me preparado.
— Se alguém do concurso souber que vocês se conhecem, você vai ser desclassificada, Emy. Eu precisei ser discreta, assim como vocês dois devem ser lá dentro. Aliás, ele disse que é interessante o fato de você trabalhar e, ao mesmo tempo, participar do concurso.
— Perfeito. — Lindsay diz — Não vai ser difícil, os dois não são amigos.
— Vou fazer o meu melhor. — calço um par de luvas térmicas para tirar a torta do forno. Seguro a forma cuidadosamente e coloco-a sob a bancada.
— Já está na hora de abrir. Deixa comigo! — Lindsay vai para o salão, restando na cozinha Ashley, a torta de maçã e eu.
— Como é bom fazer doces. Especialmente na nossa cozinha, no concurso tudo acontece sob pressão e nervosismo. Aqui eu posso ficar relaxada e tranquila. — uso a espátula para cortar a torta em algumas fatias — Você conheceu a senhora Smith ontem?
— Sim. Oh meu Deus! Como ela é comunicativa. Ela contou que o gato dela está com algum problema, não entendi muito bem.
— Sarah é a nossa cliente mais assídua. Ela gosta de conversar porque se sente sozinha. Acostume-se, ela vem aqui todos os dias exatamente às quinze horas. Acho que hoje é o meu dia de atendê-la.
— Boa sorte!
— Pode levar as fatias para a vitrine, por favor? Creio que hoje eu vou passar a tarde na cozinha. Além dos doces que já estão no menu, eu também irei fazer os biscoitos da minha receita para a prova criativa. Preciso testar novamente para ter certeza de que esses biscoitos vão ficar excelentes.
— Sim, eu levo, não se preocupe. Quer um conselho, Emily? Evita enxergar o concurso como uma competição acirrada, mesmo que seja, tenta pensar que você estará praticando o seu hobby.
— Tudo bem. Obrigada. É o que eu estou tentando fazer.
Às quinze horas e vinte minutos meus biscoitos ficaram prontos. Eu pude experimentar um logo depois que atendi a Sarah, e deu super certo, ainda bem. Não houve nenhum imprevisto e nenhuma falha. Espero que eu consiga reproduzir perfeitamente essa receita amanhã, apesar do prazo e da minha tensão.
— Vocês não vão provar os biscoitos? Preciso de uma opinião além da minha. Tenho medo de estar sendo calma e talvez arrogante. Eu gostei, mas pode ser que eu não tenha percebido algum defeito.
— Emily Bennett, você está sendo paranóica. Tenho certeza que os seus biscoitos estão ótimos, acho que esse jurado está te afetando mais do que deveria. — Lindsay diz.
— John pode ser intimidador, mas você não pode pensar que não tem talento. E não digo isso somente por causa da torta de limão, ontem mesmo eu experimente outros doces e são maravilhosos.
— Está vendo? Ashley te conhece há pouco tempo e sabe disso melhor do que você mesma. Mas, se vai fazer você se sentir melhor, nós vamos experimentar os biscoitos. Okay?
— Obrigada! Não vou me esquecer disso.
Sinto o meu celular vibrar no bolso da minha calça. Deve ser alguma mensagem da minha irmã. Digito a minha senha e o remetente da mensagem me surpreende. Não esperava que a Olívia fosse falar comigo hoje.
— Alguma novidade do concurso? — minha melhor amiga indaga.
— Não, é a Olívia, uma das participantes. Ela está me perguntando se eu já enviei a minha receita para a prova criativa.
Sim, já enviei. E você?
Ainda não. Eu não faço ideia do que vou fazer. Qual é a sua receita?
Cookies com gotas de chocolate. É uma receita tradicional, não quero arriscar.
— Emy? Está me ouvindo?
— Desculpe, Ashley. Eu estava distraída. O que você disse? — desvio a atenção do celular para ela.
— Aqui não tem nenhuma decoração de Natal e eu resolvi comprar uma guirlanda. Posso colocar na porta?
As duas me olham esperando alguma resposta. Ashley não sabe o motivo, mas não sei se quero falar sobre isso. Lindsay resolve tomar a iniciativa de explicar.
— Ashley, é que a Emily não tem boas recordações desse feriado, por isso não decoramos a confeitaria.
— Ah, desculpa, eu não sabia. Não quis ser inconveniente.
— Tudo bem. Não é sua culpa, depois resolvemos essa questão. Combinado? — pergunto.
— Claro. Eu vou experimentar os biscoitos. — Ashley sai de trás do balcão e vai para a cozinha.
— Perfeito! — Lindsay diz.
Não tivemos muitos clientes hoje para precisar de duas atendentes. Acho que deveríamos ter dado uma folga para a Ashley, talvez será necessário que ela venha trabalhar apenas nos dias em que eu estarei no concurso. O sino em cima da porta anuncia mais um cliente. Quando a porta é completamente aberta, sorrio ao ver de quem se trata. Tia Jenna raramente vem aqui, por estar ocupada com o seu próprio trabalho, acho que é a oportunidade para eu marcar algumas aulas de culinária com ela, preciso aprender urgentemente como fazer beignets tão bons quanto os dela e, se eu conseguir, podemos incluir no menu da confeitaria.
— Oi, garotas! Parece que a temperatura subiu, não precisei usar cachecol hoje.
— Olá! Como a senhora está? — Lindsay questiona.
— Estou ótima. Obrigada por perguntar.
— Como posso ajudá-la? Sabe que pode escolher qualquer doce, é por conta da casa.
— Eu sei, Emy. Mas eu não vim aqui somente pelo seu talento com a confeitaria. — ela olha para a minha amiga — Lindsay, querida, posso pegar a Emily emprestada por um momento?
— Com certeza. Emy está nervosa com a competição, a senhora pode ajudá-la a ficar mais tranquila.
— Vou pegar o meu casaco, já volto.
Substituí o meu avental por um casaco quente e confortável. Passo no banheiro para arrumar o meu cabelo.
Depois que eu saí da cozinha e tirei a touca, não sabia a situação em que ele estava. Tiro o elástico e passo a escova para abaixar alguns fios rebeldes que insistem em sair do lugar. Prendo o cabelo de novo e vou para o salão encontrar a minha madrinha.
— Podemos ir? — ela pergunta.
— Sim. — ao sairmos da Sweet Dream entrelaçamos os nossos braços, como fazíamos quando eu era criança — Aonde nós vamos?
— Em nenhum lugar específico. Eu estava passando por perto e resolvi parar para te ver. Eu não queria falar sobre isso, mas é preciso conversar sobre o assunto "proibido". — ela faz aspas com a outra mão — Este mês faz um ano que você perdeu os seus pais. Quero saber se precisa de alguma coisa. Sabe que não precisa esconder nada de mim, certo?
Por mais que ela queira de fato conversar sobre isso. É difícil para ela também. Minha mãe e a tia Jenna eram amigas há muito tempo, desde antes do meu nascimento. Como minha madrinha e melhor amiga da minha mãe, ela se sente responsável por mim.
— Eu não estou bem. Vai fazer um ano, tia Jenna. E eu não sei se algum dia eu vou conseguir superar totalmente. Ninguém deveria ter que viver sem os pais. As coisas deles estão no quarto até hoje, ainda não consegui mexer em nada.
— Eu sei que é difícil, mas você não está sozinha nessa situação, Emy. É complicado para todas nós. E a Melissa? Como ela está?
— Eu não sei como, mas parece que ela encontrou uma forma de passar por isso, ela está se saindo melhor do que eu no quesito de como seguir em frente. Mas, para ser sincera, o concurso está fazendo com que eu não foque a minha atenção somente na dor.
Continuamos a andar pela rua fria, entre músicos e várias pessoas.
— Isso é bom, certo? Emily, você não tem que parar a sua vida, eu tenho certeza que os seus pais estão orgulhosos de você. Sua confeitaria está indo muito bem.
— Eu queria tanto que eles estivessem aqui para presenciar tudo.
— Eu sei que sim. Mas, conte-me sobre o concurso, quero saber como foi.
— Posso dizer que está sendo quase como uma aventura. O desafio de ontem, a pré-seleção, foi fazer beignets.
Aliás, eu preciso que a senhora me ensine a sua receita, acho que ninguém te supera, tia Jenna. Os meus não ficaram excelentes, mas foi o suficiente para eu conseguir passar para a próxima etapa, que será amanhã.
— Tudo bem. Posso lhe ensinar o modo que eu preparo, mas em troca você deverá ensinar-me a sua receita de cheesecake.
— Claro. Assim que o concurso acabar e eu tiver uma folga, nós marcamos uma data para isso.
— Irei aguardar. E como são os jurados? Eles são muito exigentes?
— Sim, é uma competição e requer exigências por parte deles. Porém, tem um em especial que é bastante crítico.
Lembra que eu comentei com a senhora sobre um jurado misterioso? Então, ele é muito direto nas avaliações.
Chegamos quase no fim da rua e decidimos voltar para a loja.
— Talvez ele esteja fazendo um personagem. Já ouvi falar que em programas de tv muitas pessoas agem de certa forma para a audiência subir.
— Não, tia Jenna. Pode ter certeza que a personalidade dele não é uma farsa. A irmã dele trabalha na confeitaria e disse que ele sempre foi assim. A senhora até o conhece. Esse jurado é o senhor Morgan. Eu discuti com ele no French Market porque ele tratou mal a senhora. Lembra disso?
— Ele é o jurado? — surpresa, ela pergunta — Não consigo imaginar o tamanho da surpresa que você teve.
— E eu não consigo descrever. Ele é bem diferente da Ashley. A senhora vai gostar de conhecê-la.
— Se ela parece ser tão adorável quanto você diz, vou gostar de conhecê-la com certeza. Mas mesmo se ela não fosse tão diferente dele, isso não importa para mim, como dizem, águas passadas não movem moinho. E ele já me pediu perdão pelo o que fez.
— O senhor Morgan se desculpou? Eu não fiquei sabendo disso. É inesperadamente bom.
— Naquele mesmo dia à tarde ele voltou à barraca para comprar beignets e pediu perdão.
— Então, vamos comemorar com cupcakes.
Entramos na confeitaria e abandonamos os nossos casacos. Além de comer cupcakes, bebemos um delicioso chocolate quente com marshmallow. Enquanto saboreio o último gole da bebida, chego à conclusão de que, talvez, John Morgan não seja totalmente imbecil.
❣
Mais um capítulo fresquinho nessa quarta-feira, espero que vocês estejam usando rosa. Tudo bem com vocês?
Estamos vendo alguma acontecer. Aparentemente a Emy está mudando sua opinião sobre o John. Um progresso, não é mesmo? Enfim, o próximo capítulo é sobre o concurso. Vamos torcer para a Emily arrasar com a receita dos cookies com gotas de chocolate. Fiquei até com vontade de comer um hahaha.
Quem quiser ouvir a playlist do livro, o link está no meu mural. Deixe o seu voto e compartilhe o livro com os amigos.
Faltam dezesseis dias para o Natal!
Beijos e bengalas de açúcar!
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