Capítulo 52 - Inveja Pouca É Bobagem
Uma certa noite, sonhou flutuar entre nuvens. O corpo parecia responsivo a algo que não entendia. Também, não fazia questão de entender! Só sentir... Estava tudo tão bom naquele sonho. Não queria acordar, mas acordou. Abriu os olhos devagar e, pra sua surpresa, a sensação continuou forte e densa entre suas pernas. A mão foi ao sexo e esbarrou em alguém que estava ali. Olhou pra baixo no momento em que um forte orgasmo a atingiu. Quem era ele? Ficou mole e paralisada, vendo-o subir por seu corpo e alcançar-lhe os seios. Desnudou-os e fez dela um banquete. Tinha ojeriza àquele homem! Como entrou em seu quarto sem despertá-la? Como tirou-lhe sua peça íntima sem que sentisse? E como se apossou dela sem sua resistência? Meteu-se dentro dela por muito tempo e, mais uma vez, tirou-a de sua razão. Daí, voltou todas as noites então. Chamava-a 'Minha branquinha' e fazia o que queria com ela. Tomou-a em posições que ela nunca experimentara e se fazia de surdo para suas ofensas e azedumes; menos numa vez que se irritou quando a menina caprichosa desdenhou de sua morenice. Com ira, afastou-se. Ela?!... Frustrou-se, enraiveceu, queimou! Ele também não resistiu muito tempo. Depois de duas noites, voltou e continuaram naquele vício tortuoso.
Celeste Martinez iludia-se em afirmar pra si mesma que ele era apenas uma válvula de escape para os últimos acontecimentos, os piores de sua vida. Sofreu um acidente que lhe tirou a chance de ser mãe, e justo quando começava a se preparar para isso; ficou um bom tempo em recuperação; viu o marido ir embora de casa direto para os braços de outra; e, para sacramentar, perdeu a reeleição para deputada federal. O mundo conspirava contra ela e ainda tinha posto em seu caminho um amante, o melhor de todos, mas totalmente horrendo. Não era feio... Isso não!... Era bem atraente, mas era maltratado, grosso, um verdadeiro jagunço! Além disso, tinha o fato de ter visto Júlia, Caio e o filho por Ponta do Noroeste algumas vezes. Elas ainda não tinham se encontrado frente a frente. Sempre era assim: vendo-se de longe. Não tinha mais nada a ver com eles, no entanto a felicidade do sorriso daquela garota nojenta a incomodava de forma surreal. E ainda havia Doralice e seu sucesso na política e a songamonga da Luísa que sempre mandou no coração de Camilo.
As três mocinhas de valor! Eca!
Voltando ao amante... Justino... De dia, passava por ele sem ao menos dirigir-lhe um olhar sequer... À noite!...
Justino Queiroga nunca havia tido uma mulher bonita, cheirosa e com a pele tão branquinha como a filha do patrão. Não podia reclamar da vida. Com a bebedeira diária de Martinez, a fazenda ficava a seu encargo. Apesar da peãozada resistir a seu comando, e volta e meia ouvir gracejos de que Camilo era melhor ou de como sentiam saudade de Alexandre Martinez, quem agora mandava em tudo era ele. Apossou-se de tudo que fora de Camilo um dia e ia fazer qualquer coisa a seu alcance para manter seu poder dentro daquelas terras.
Mal sabia Justino que Martinez articulava para trazer Alexandre de volta à fazenda. O pai pensou que Celeste já não servia para muita coisa. Sem ninguém representando seus interesses em Brasília¹ e com uma filha com o útero sem proveito, ele iria ter que recorrer ao primogênito. Alexandre amava a fazenda. Com pressão na medida certa, ele iria voltar com toda certeza. Enquanto isso não acontecia, curtia a raiva de ver seu filho em Santa Helena, trabalhando para aquele infeliz do Franco Antonelli. Como odiava aquele filho da puta! Rico, respeitado, com neto... O melhor café do país... Se pudesse, meteria uma bala naquela cara! Quem sabe...
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¹Capital do país e centro do poder do governo federal
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E Celeste volta à cena!
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