Capítulo Único

Assim que o avião pousou em Londres, capital da Inglaterra, senti meu coração falhar algumas batidas, acompanhado de um frio intenso na barriga, não apenas devido ao ar gélido, mas também porque eu estava prestes a reencontrar minha namorada após quase um ano separadas. A última vez que nos vimos foi em dezembro do ano passado, então já faz muito tempo.

Hoje, dia 26 de outubro, estamos completando três anos de namoro, e eu decidi vir passar este dia com ela. Consegui tirar folga na tarde de ontem para viajar até aqui, porém, amanhã de manhã já terei que voltar ao aeroporto para partir em direção a Seul. Chegarei em casa à noite, provavelmente exausta e sonolenta.

Ao sair do avião, fiz tudo o que precisava fazer antes de começar a procurar minha namorada dentro daquele aeroporto imenso. Eu suava frio, ainda temendo que algo pudesse ter mudado entre nós. Confesso que já cogitei a ideia de estar sendo traído, mas sempre tento afastar esse pensamento. Infelizmente, sou muito paranoica.

Vagueando meus olhos pelo local, a encontrei, completamente diferente da última vez que nos vimos, sua beleza incondicionalmente atraente e marcante. Seu cabelo estava em sua cor natural, os fios que antes eram lisos agora estavam ondulados, seu rosto ainda mais bonito do que antes, seu sorriso radiante, seus olhos lindos e cativantes; tudo isso era como se fosse parte de uma obra de arte muito famosa, mas essa obra de arte pertencia apenas a mim.

Apressei meu passo para chegar perto dela o mais rápido possível, e à medida que me aproximava, comecei a correr, assim como ela. Nem percebi quando larguei as malas e, por impulso, corri até ela e pulei em seus braços, recebendo olhares das pessoas ao redor, algumas sorriram e outras apenas ignoraram.


Seus braços envolveram meu corpo assim que minhas pernas se juntaram atrás de sua cintura. Senti seu carinho em minhas costas, enquanto lágrimas enchiam meus olhos e deslizavam sobre minha pele lisa. Não sei de onde veio aquele equilíbrio, só sei que ficamos ali até eu ameaçar soltá-la. Só então, Lisa me colocou no chão com cuidado, levando seus olhos para trás de mim e rindo baixinho em seguida. Seus olhos estavam úmidos, ela nunca foi de chorar, então receio que tenha segurado suas lágrimas o máximo que pôde.

— Sua mala — ela disse, com um lindo sorriso no rosto.

Acompanhei-a enquanto ela ia pegar minha mala que estava no meio do aeroporto, logo voltando com o objeto ao lado do seu corpo, empurrando-o até mim. Ela estendeu sua mão, o que me surpreendeu no início, até que ela me pediu a minha mochila. Assim que entreguei, ela a colocou em um de seus ombros, logo entrelaçando nossos dedos e me oferecendo um sorriso singelo e encantador.

— Ansiosa pra conhecer essa cidade? — ela perguntou enquanto começava a andar.

— Muito. Já consigo até ouvir One Direction como trilha sonora — sorri, feliz por estar naquele lugar, mesmo sabendo que One Direction não existia mais.

— Sinto lhe dizer, mas...

— Eu já sei, não precisa lembrar, por favor, não quero chorar aqui.

Ela riu, baixando a cabeça por alguns segundos antes de voltar a olhar para frente. Observei algumas pessoas me encarando, me senti um pouco desconfortável, então abracei o braço da Lisa, aproximando meu corpo do dela.

— Fica tranquila, eles só estão admirando sua beleza, meu amor. Mas é bom que esteja grudada em mim, assim eles vão saber que você tem namorada — olhei para ela, seus olhos brilhando enquanto encontravam os meus.

Fomos até o carro dela, e ao chegarmos, observei-a guardar minha mala no porta-malas junto com minha bolsa, e logo a vi vindo até mim e abrindo a porta do carro para que eu pudesse entrar. Embora isso pudesse ser visto como cavalheirismo, sei que a razão por trás disso é trauma.

— Abriu a porta do carro e fechou só para eu não bater com força, né? — perguntei assim que ela entrou no carro.

— Óbvio. Lembro que quando eu tinha um carro lá na Coreia, você vivia batendo a porta, tive que levá-lo pro concerto várias vezes — suas sobrancelhas franzidas demonstravam que ainda estava brava.

— Não está irritada comigo por causa disso, né?

— São bens materiais muito caros, não vale a pena ficar brava com você por isso — seus olhos encontraram os meus. — Mas para que isso não se repita, não deixarei fechar a porta do meu carro.

— Sua idiota! — dei um leve tapa em seu ombro e sorri, sentindo falta desse seu amor por carros.

Era irritante às vezes, porque ela só falava sobre carros, mas sentia falta disso em Seul. Era tão triste entrar em um táxi e perceber que estava dentro do carro de um estranho, e não do carro da minha namorada.

— Aqui — ela me entregou seu celular, não entendi por que, apenas o peguei. — Não troquei a senha, pode verificar o que tiver aí. Se tiver alguma garota que você não goste, pode excluir — desviei meu olhar do celular para ela. — Não quero que fique se rebaixando por causa das minhas amigas ou se sinta insegura por causa da distância. Saiba que você é a única garota que eu amo.

— Por que está falando isso do nada?

— Porque te conheço há anos, Jennie Kim.

Sorri, satisfeita com isso, vendo ela se inclinar um pouco para o lado, já a conhecendo, sabia que queria um beijo. Sem esperar muito, selei nossos lábios, apenas para sentir o toque molhado uma da outra, sem aprofundar nem nada. A sensação foi como se eu fosse um adolescente beijando pela primeira vez, meu coração palpitou apenas com isso. Afastei-me depois de um tempo, vendo-a com os olhos fechados e com um beicinho triste.

— Vamos logo, o dia é curto pra tudo o que vamos fazer, Lili — levei minha mão até sua coxa e acariciei o local levemente.

— Tá, mas você vai ter que recompensar esse tempo longe. Eu vou te levar para conhecer lugares turísticos, mas você tem que me prometer que toda vez que eu te chamar de Nini, vai ter que me dar um beijo — falou, ligando o veículo.

— Justo. Eu prometo, Lili — ela sorriu de canto, começando a dirigir o seu carro.

Não mexi em seu celular, pois confiava nela. A única coisa que fiz foi colocar uma playlist que ela havia feito para mim com músicas do One Direction.

— Everybody wanna steal my girl — ela cantarolou baixo conforme a música, o que me fez focar meu olhar nela, até ter uma troca de olhares. — O que foi?

— Lembro de quando você me disse que odiava One Direction com todas as suas forças, o que aconteceu, hein? — cruzei os braços, arqueando a sobrancelha, vendo-a, voltar a prestar atenção na rua.

— A verdade é que eu escuto eles sempre que sinto saudades de você. E eu tenho que admitir algo, tem uma música que me identifico muito, e me fez despertar um sonho muito grande.

— Qual? — descruzei os braços, pousando minhas mãos sobre meu colo, logo sentindo sua mão livre segurar a minha e acariciá-la com o polegar levemente.

Paramos no sinal vermelho, sendo o primeiro carro dali.

— Quero dizer aos nossos filhos que amo a mãe deles desde quando tínhamos 18 anos — seus olhos encontraram os meus lentamente, um brilho intenso os consumia, suas pupilas mais escuras e maiores, aquilo me fez ter certeza de que não queria passar mais nenhum segundo longe dela.

Antes que eu pudesse formular qualquer palavra, alguns carros buzinaram, pois o sinal já estava verde, então Lisa começou a dirigir novamente.

— Nos conhecemos quando tínhamos 18 anos — falei, quebrando aquele silêncio perturbador.

— Exatamente. Foi amor à primeira vista, Nini.

— Por isso me pediu em namoro mesmo sem saber o que eu sentia por você? — ela assentiu. — Eu poderia ter dito não, sabia?

— Mas não disse, isso indica que você também era apaixonada por mim — ela sorriu, convincente.

Não respondi, apenas sorri timidamente, sentindo minhas bochechas queimarem de vergonha. Voltei a apreciar a vista linda de Londres, escutando sua risada ao perceber que havia me deixado sem jeito.

Ao chegarmos em seu apartamento, ela pegou minhas coisas e subimos até o andar correto. Antes de abrir a porta, ela virou para mim e falou:

— Não se assuste quando entrar — assenti, vendo a porta ser aberta.

Estava esperando uma pilha de roupas sujas pela casa, livros de fotografias, câmeras jogadas por aí, mas o que vi foi completamente o contrário. Seu apartamento estava cheio de porta-retratos com fotos minhas, algumas sozinhas, outras com ela e com o Kuma, ou somente com ela. Na parede perto do sofá, tinha uma pequena grade com Polaroids minhas, que Lisa provavelmente tirou enquanto eu estava distraída.

— Por quê? — perguntei, sorrindo, olhando alguns porta-retratos enquanto ela fechava a porta e se aproximava de mim.

— Toda vez que alguém vem aqui em casa, seja pra fazer algum trabalho ou estudar, faço questão de deixar claro que tem alguém que mora na Coreia do Sul, mas apesar da distância, ainda manda em mim e continua sendo o motivo por eu estar cursando fotografia. Todos os meus amigos te conhecem, mas você não conhece nenhum.

— Sério?

— Sério.

Aproximei-me dela, envolvendo meus braços em seu pescoço e arranhando levemente a região. Suas mãos grandes apertaram minha cintura com precisão, e logo me vi a centímetros de sua boca.

— Bom saber disso. Fico feliz que não esqueceu que quem realmente manda em você, está longe, mas ainda é sua dona — ela sorriu maliciosamente, mordendo seu lábio inferior.

— Jamais me esquecerei, Nini.

Encarei seus lábios antes de deixar um selar neles, escutando seu murmúrio de desaprovação por ser apenas um selinho. Sorri, sabendo que tinha um poder enorme sobre ela.

— Vou tomar um banho para começarmos o dia, não temos tempo para beijos longos.

— Tudo bem — ela ficou cabisbaixa, mas não liguei. — Você sabe onde fica o banheiro, né? — assenti. — Quer ajuda com a mala?

— Meu amor, eu sei que você quer me deixar feliz, mas consigo carregar a minha própria mala.

Observei-a assentir meio cabisbaixa, o que me arrancou uma risada sincera. Ela se sentou no sofá, sem levar o olhar para qualquer canto da sala. Havia me esquecido da criança dramática que habitava dentro dela.

Aproximei-me dela e levei minha mão até suas bochechas, apertando-as e fazendo-a erguer a cabeça. Deixei um selar demorado, apenas para deixá-la menos triste.

— Eu te amo, Lili! — sussurrei, me afastando, mas meu corpo foi puxado quando ela segurou meu pulso, fazendo-me cair sentada em seu colo.

— São seis da manhã ainda, temos tempo. Eu preciso do seu carinho por pelo menos cinco minutos — sua voz manhosa amoleceu meu coração, e quando ela deitou sua cabeça em meu peito, envolvendo minha cintura com seus braços longos, me fez querer ficar naquele abraço para sempre. — Eu também te amo, Nini — seus olhos focaram em meu rosto, provavelmente esperando um beijo.

E assim foi feito...

[...]

Após tomar banho, Lalisa decidiu que não iríamos de carro. Quase quis matá-la, mas no final, ela só queria me fazer conhecer a cidade e apreciar as paisagens, já que de carro não daria para ficar parando toda hora.

— Eu fiz um roteiro para que tudo saia bem hoje — ela disse, enquanto caminhávamos até o lugar para pegar um ônibus. — Se tudo der certo, vou te fazer chorar muitas vezes.

— Eu espero que seja de emoção.

— É sim, é sim — ela pegou o celular, observando uma mensagem que havia chegado. — Só um minutinho, não sai daí.

Estranhei, mas resolvi ignorar.

Optei por uma roupa confortável e que passasse a vibe outono. Estava usando uma saia xadrez na cor marrom-clara. Na parte de cima, uma camiseta gola alta marrom, que estava por dentro da saia. Como o clima estava meio frio, coloquei uma meia calça da mesma cor da saia e um casaco marrom-escuro e longo que peguei emprestado da Lisa. Nos meus pés, tinha uma bota preta simples.

Lisa estava combinando comigo. Seu corpo vestia uma calça social marrom-escura, junto com um cinto um pouco mais escuro. Ela estava com uma camisa social branca de manga longa, que era pouco escondida por um colete de tricô marrom-claro, da mesma cor que minha saia. Seus pés estavam calçados com um tênis branco padrão.

Poucos minutos depois, ela voltou, um sorriso brilhante em seu rosto me incentivou a sorrir.

— Consegui ingressos para uma peça de teatro — ela colocou o celular no bolso da calça. — Meu amigo vai atuar e deu um jeito de me dar dois ingressos, já que eles haviam esgotado.

— Seu amigo atua? — ela assentiu. — Eu o conheço?

— Acho que não. O nome dele é Kim Taehyung, famoso por aqui, mas acho que você não conhece.

— Não foi ele que fez "Cem dias, cem desejos"? — ela afirmou, sorrindo ao ver que eu o conhecia. — Meu Deus, eu chorei litros naquele filme. Você assistiu?

— Assisti, mas não chorei. Sabia que aquilo é uma adaptação de um livro sáfico?

— Sério?

— Sim, daí decidiram fazer uma adaptação pra um filme gay. Foi minha primeira vez vendo ele beijar um homem, confesso que me surpreendi, já que ele sempre dizia que era 100% hétero. Enfim, atuação.

— Ninguém é hétero de verdade, Lili.

— É, você tem razão. O ônibus chegou, vamos.

O veículo parou em nossa frente, e senti um brilho nascer em meus olhos ao ver o tão esperado ônibus de dois andares ali, com as portas abertas nos convidando a entrar. Parecia um sonho, quase irreal. Lisa segurou minha mão e me guiou até o segundo andar, enquanto eu me sentia como se estivesse protagonizando um filme de comédia romântica, onde a garota apaixonada viaja 17 horas só para passar o aniversário de namoro ao lado de sua amada.

— Amor — ela me chamou, e só então percebi que já estávamos sentadas no banco, o ônibus começando a se mover enquanto Lisa sorria para mim. — É só um ônibus.

— Um ônibus que eu só via em filmes. Estou me sentindo como a protagonista de algum livro romântico, Lili — falei, feliz, encarando seus olhos e percebendo suas pupilas dilatadas.

— Não consigo evitar sorrir quando me chama de Lili ou quando está tão feliz assim. Você fica tão fofinha quando está assim — ela sussurrou para que só eu escutasse. — Quero te ver feliz mais vezes, Nini — olhei para ela, sorri antes de deixar um beijo em seus lábios carnudos.

— Você é a razão da minha felicidade. Olha só, estou vivendo um sonho por sua causa, Manobal.

— Vou tornar seu sonho ainda mais romântico — ela me entregou um lado de seu fone de ouvido branco, e ao colocar a melodia familiar de "You & I" começou a tocar. — One Direction combina muito com esse clima, não acha?

— Acho — desviei o olhar, observando a estrada, os prédios, as pessoas, tudo que aquela cidade tinha.

Após alguns minutos, descemos do ônibus e Lisa começou a nos guiar até algum lugar. Nossas mãos entrelaçadas, sorrisos compartilhados, conversas aleatórias, tudo aquilo era tão incrível. Lisa estava se esforçando ao máximo para fazer daquele um dos melhores dias da minha vida.

— Lalisa! — parei de andar quando percebi onde estávamos nos dirigindo. Lisa me encarou, confusa. — Aqui é Notting Hill?

— Sim, por quê? Não gostou?

— Eu amei — saí andando na frente, admirando as casas coloridas, as árvores no local, e alguns pombos comendo frutinhas. — Eu pensava que esse lugar não era real.

— Mas é sim, agora vem — ela estendeu a mão para que eu pegasse, e assim que fiz, ela me levou até o meio da rua. — Faz uma pose, vamos tirar uma foto.

Observei enquanto ela se afastava, pegando sua câmera e se preparando para capturar aquele momento, mas eu obviamente não deixaria ela de fora.

— Amor, vem cá — a chamei. — Você vai tirar foto comigo também, né?

— Meu plano era ser sua fotógrafa hoje, tenho mesmo que posar com você?

Assenti, vendo-a bufar e ir arrumar a câmera. Ela ligou o temporizador e posicionou a câmera, correndo até mim para dar tempo de posar. Ela ficou atrás de mim, colocou sua mão livre no bolso de sua calça e me pediu para segurar seu antebraço, que estava envolvendo meu pescoço.

Lisa nunca gostou de tirar fotos, no caso, de ser a modelo, ela sempre preferiu fotografar. Arrisco dizer que sou a única pessoa que tira fotos com ela.

— Você sempre consegue o que quer sem nenhum esforço — ela falou, indo pegar sua câmera.

— E sempre vou conseguir — falei, aproximando-me dela e envolvendo meus braços em seu pescoço.

— Temos muitos lugares pra ir ainda. Quer ficar mais um pouco? — ela me abraçou pela cintura, colando mais nossos corpos. Neguei, tentando conter o sorriso ao perceber que ela corava. — Então vamos?

— Você tá corada. Por que tem vergonha quando eu te olho? — perguntei, curiosa e sorrindo de canto.

— Eu não tenho vergonha, só fico nervosa quando você tá muito perto. Já tem três anos que nós namoramos mas ainda não me acostumei com isso — ela se afastou, começando a andar em seguida.

— Own — saltitei até ela, ficando ao seu lado e agarrando sua cintura enquanto andávamos. — Você fica tão fofinha com vergonha — afinei um pouco minha voz.

Deixei um selinho em sua bochecha, percebendo que aquilo a desconcertou por inteira.

[...]

— Estamos quase chegando, tenha calma, meu amor — disse Lisa, usando suas mãos para tapar minha visão, guiando-me até o local escolhido por ela. — Se você gostar, vai ter que me dar um beijo de verdade, não um selinho, tudo bem?

— Vamos ver para onde você me trouxe. Vindo de você, deve ser um museu de carros.

Ela riu, mas não falou nada, o que me deixou muito preocupada. Lisa é doida. Ela deve ter me trazido para o meio de muitas cobras ou algo do tipo.

— Preparada? — perguntou, e eu assenti, nervosa. — Um, dois, três — contou antes de tirar as mãos dos meus olhos.

O cenário à minha frente pôde ser visto com clareza. Senti meus olhos se encherem de lágrimas ao notar o lugar familiar em que eu estava. Algumas esculturas de pessoas cercavam um corredor até a outra escultura, só que essa era mais chamativa.

Não demorou até que eu sentisse uma lágrima escorrer pela minha bochecha, percebendo que eu estava pisando no mesmo lugar que Nicholas Galitzine e Taylor Peres — protagonistas do filme Vermelho, Branco e Sangue Azul — pisaram. Estou respirando o mesmo ar que eles e isso é incrível, e emocionante ao mesmo tempo, já que esse é o meu filme favorito junto ao livro.

— Gostou?

— Eu amei, Lili — olhei para ela, logo encarando o lugar de novo e apontando para o corredor entre as esculturas. — Consigo imaginar os dois dançando juntos aqui, como dois pombinhos apaixonados — falei, sorrindo como uma boba, vendo-a rir pelo canto do olho.

— Aproveita, nosso passeio ainda não acabou. E você ainda está me devendo um beijo — sussurrou, fazendo meus pelos arrepiarem.

Ficamos um tempo ali, depois fomos visitar mais alguns pontos turísticos, como o Palácio de Buckingham e os lugares onde ocorreram as gravações de Harry Potter. Depois disso, decidimos ver o pôr do sol em algum parque.

Caminhando por debaixo de árvores cujas folhas alaranjadas balançavam de um lado para o outro, criando uma melodia incrível junto ao vento que batia contra meu corpo e fazia meus cabelos voarem suavemente pelo ar, eu me sentia cada vez mais confortável. Andava ao lado da minha namorada, abraçada a um de seus braços.

— Você nunca me contou sobre sua cicatriz — falou, enquanto parávamos para apreciar a vista de um rio que refletia a luz do sol e algumas árvores próximas.

Tenho uma cicatriz um pouco acima da minha sobrancelha direita; já me acostumei tanto com ela que até esqueço que é uma cicatriz e não uma marca de nascença.

Sentamo-nos no banco juntas, e Lisa se apressou em passar seu braço por trás do meu corpo, puxando-me para mais perto dela e deitando minha cabeça em seu ombro, começando a afagar meu cabelo, confortando-me com sua presença e seu toque perfeita.

— Quando eu era criança, fui pra fazenda dos meus avós porque era aniversário do meu pai e a festa ia ser lá, só que o desgraçado do Kai também foi.

— Ele é seu irmão, seria estranho se não fosse — riu baixo e eu assenti.

— Enfim, você sabe que eu tenho pavor de galinha, né? — ela afirmou, descendo seu queixo para o meu ombro. — O Kai pegou uma na mão e começou a correr atrás de mim — ela gargalhou, o que me deixou muito brava, tanto que me levantei e encarei seu rosto com um semblante sério. — Não ria. Por conta disso, eu caí e bati minha testa numa pedra. Tive que levar pontos, sabia? — ela parou de rir, vendo-me cruzar os braços e fazer beicinho.

— Desculpa, meu amor — me puxou novamente, deixando um beijo no topo de minha cabeça. — Eu não sabia que era esse o motivo. Me desculpe por rir, ok?

Assenti, levantando-me e focando meu olhar no dela por alguns segundos, até resolver encarar seus lindos e atraentes lábios. Ela se aproximou lentamente, deixando um beijo na minha cicatriz, logo olhando para mim de volta e colocando algumas mechas do meu cabelo para trás da minha orelha.

— Eu te amo, Nini. Posso te sequestrar pra vir morar comigo? — perguntou, afinando a voz.

— Você vai me bancar e me mimar? — assentiu. — Então pode — respondi com a voz fina também, aproximando-me dela e deixando um beijo em seus lábios. — Eu também te amo, Lili! Te amo tanto que chega a doer!

— Mais do que eu, é impossível. Olha minha situação, escuto One Direction porque você gosta, isso é muito sério.

— Verdade... Continua assim que você tá me conquistando ainda mais.

Deixei mais um beijo, logo sentindo seus lábios encostarem nos meus repetidamente, até eu cansar de receber apenas selinhos inocentes e segurar seu rosto contra o meu, aprofundando o beijo e impedindo-a de se afastar. Toquei suavemente seus lábios, logo tendo acesso ao interior de sua boca. Minha língua procurou pela sua, enquanto eu arranhava levemente a lateral de seu pescoço e ela apertava suavemente a minha coxa.

Conectamos nossas línguas em uma incrível sintonia, movendo-as de forma ridiculamente calculada e bem-feita. Seu beijo me deixava leve; fazia-me sentir como se estivesse flutuando entre nuvens fofas e cheirosas. Era incrível.

Seu toque era incrível.

Ela era incrível.

Não consigo acreditar que este dia já está acabando. Terei que lidar com minhas saudades novamente, mas pelo menos aproveitei o tempo que pude ao lado da minha linda e perfeita namorada...

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