Capítulo 17

Jung Hoseok


Hoseok puxou o cinto de segurança e prendeu em volta de seu corpo, esperando Yoongi e o pai entrar no carro. Estava sentado no banco do motorista enquanto o seu irmão e os cunhados entravam no outro automóvel, animados para dirigir até o restaurante.

Agoniado, bateu os dedos levemente no volante e mordeu os lábios. Não podia deixar o pai perceber que o alfa com que dizia ter se casado, eram na verdade, completos desconhecidos. Não tinham combinado nada com Yoongi caso alguém perguntasse como haviam se conhecido. Droga.

A porta do passageiro foi aberta e Yoongi se jogou no assento, trazendo consigo o cheiro de mar, mas agora bastante reprimido. Aparentemente ele também estava tentando passar uma boa imagem para o pai do ômega.

— Hoseok, é você quem vai dirigindo? — o senhor Jung perguntou, entrando também e sentando no banco traseiro.

— Sim papai. — Torceu os lábios e olhou o carro do irmão partir. — Eu dispensei o motorista há muito tempo e tem mais de meses que dirijo sozinho até o serviço.

Sempre que seu pai pegava uma carona consigo, trazia os acontecimentos passados para a conversa. Hoseok conseguia lembrar-se claramente do dia em que bateu o carro na traseira de uma moto e seu pai nunca mais foi o mesmo depois do episódio. Desde aquela noite até nos dias atuais, passou a questionar se o filho tinha mesmo habilidade suficiente para assumir o volante. Na época, havia sido intenso demais.

— Entendi! — o senhor Jung murmurou, deixando o assunto morrer. Hoseok sabia que as lembranças daqueles dias também traziam momentos de agonia para o pai, pois fora os últimos dias de vida da mãe.

O ômega ligou o carro e saiu da garagem, manobrando com calma e com atenção dobrada. Estava sendo observado pelo pai e pelo alfa que estava apaixonado, não podia mostrar fraqueza, mesmo com o nervo à flor da pele.

Soltando o ar pela boca, Hoseok desviou o olhar do caminho e colocou sobre Yoongi. O alfa levantou as sobrancelhas e um sorriso pequeno surgiu nos seus lábios. Aparentemente havia percebido o clima estranho entre pai e filho. O ômega sorriu de volta.

— Então, Yoongi, quantos anos você tem? — o senhor Jung perguntou e Hoseok desviou os olhos rapidamente.

A sessão tortura estava começando mais cedo do que pensara.

— Vinte e nove anos, senhor!

— Pode apenas me chamar de Duri, jovem — disse. — Qual é a sua área de trabalho?

— Sou entregador.

— Como conheceu meu filho?

Hoseok pisou no freio com delicadeza e adiantou-se.

— Um amigo apresentou a gente. Foi amor à primeira vista, papai! — Abriu um sorriso forçado, vendo a expressão do mais velho pelo retrovisor. — Namoramos por alguns meses antes dele me pedir em casamento.

Duri resmungou.

— Sua família foi a favor do casamento, Yoongi?

Novamente Hoseok interviu.

— Foi, paizinho. A mãe dele é um amor de pessoa, me deu até presente — mentiu e não arriscou olhar na direção do alfa. — O pai dele é mais reservado, mas eu vou conseguir me aproximar dele.

Hoseok queria a todo custo controlar os acontecimentos que não percebeu que Yoongi estava ficando chateado por isso. Não gostava da forma como era obrigado a ficar calado enquanto outra pessoa respondia por si.

— Então se esforce mais. Ter amizade e permissão da família é uma das coisas mais importante — Duri falou. — Você sabe o tanto que seu irmão sofreu para conseguir agradar a mãe de Taehyung.

— Sim, papai. Estou trabalhando nisso!

O carro voltou a ficar silencioso, mas não durou muito. O pai de Hoseok ainda não estava satisfeito.

— Qual time você torce, Yoongi?

— Eu não gosto de futebol, senhor.

— Seu lobo já reconheceu Hoseok como sua alma gêmea? — Foi mais direto na pergunta.

— Sim, Guinho já considera Hoba como companheiro de ligação.

Mesmo sabendo que aquelas palavras eram apenas para satisfazer o ego do pai, Hoseok não conseguiu evitar se sentir especial. Seu lobo também estava satisfeito diante da revelação.

— Certo, mas pretende ter alguns filhotes futuramente?

Hoseok foi mais rápido.

— Não, a gente combinou que não queremos ter filhos, não por um bom tempo. — Hoseok já estava pensando além. Sabia que o contrato logo chegaria ao fim e não pretendia deixar o pai criar falsas esperanças. — Filhotes não estão em nossos planos.

Assim que as palavras saíram de sua boca, ouviu um resmungo vindo de Yoongi e o cheiro de irritação invadiu suas narinas. Mas ele permaneceu com os olhos na estrada, querendo evitar o alfa a todo custo.

Percebendo que o filho não daria brechas para uma conversa mais profunda, Duri apenas balançou a cabeça e não disse mais nada. Precisava de um tempo a sós com o genro e, só assim, conseguiria receber as respostas que desejava. Não tinha alternativa.

Quando, finalmente, pararam o carro na frente do restaurante, Yoongi foi rápido, pediu para falar com Hoseok antes de eles entrarem no estabelecimento para comer algo. Duri meneou a cabeça e desceu do automóvel, dando privacidade para os dois homens.

Ainda segurando o volante, Hoseok continuou olhando um ponto qualquer à sua frente e mordeu os lábios com força. Mas não ficou naquela posição por muito tempo, o silêncio alheio o incomodava.

— O que foi? Estamos indo bem, não pode pular fora agora. — disse, olhando para o alfa.

Yoongi tinha os braços cruzados sobre o peitoral e uma pequena ruga de chateação surgiu em sua testa. Era a primeira vez que via ele tão sério e distante.

— Eu não vou pular, eu disse isso? Não coloque palavras em minha boca.

— Mas você está considerando essa opção. Consigo sentir seu cheiro.

Yoongi bufou alto.

— Você não sabe nada sobre mim. Pare de tentar controlar tudo! — Yoongi rosnou baixo. — Pare de chamar a responsabilidade para você, eu tenho voz para falar por mim.

O ômega encolheu ao ouvir aquelas palavras sendo jogadas em sua direção.

— Desculpa. Eu só queria te deixar confortável. Meu pai pode ser inconveniente quando quer.

— E eu sei me defender quando isso acontecer. Não deveria se preocupe tanto comigo.

Mordendo os lábios e meneando a cabeça, Hoseok suspirou alto e ficou em silêncio. Iria tentar atender ao pedido do alfa, mesmo sabendo que seria difícil. O ato de controlar as coisas corria pelo seu sangue desde quando era pequeno.

Com clima estranho, Yoongi suspirou alto, abriu a porta do carro e saiu para o lado de fora. Rapidamente o ômega fez o mesmo. Tirou o cinto de segurança e se juntou ao alfa, parando agora do lado dele. Em dúvida, esticou a mão para alcançar aquela bela palma, mas desistiu. Não podia controlar e reverter à chateação do alfa naquele instante. Iria dar algum espaço.

Contudo, foi surpreendido quando dedos fortes e quentes agarram sua mão, fazendo sua respiração acelerar. Seu estômago revirou de ansiedade e ele olhou para as suas palmas, agora juntas.

— Estou aqui para conhecer sua família. Por favor, deixe as coisas acontecerem naturalmente, pare de se preocupar.

O ômega deu de ombros e sorriu.

— Tudo bem — falou baixinho e continuou: — Pelo constrangimento em que te coloquei minutos atrás, estou disposto a pagar o dobro do valor que já foi passado para você.

— Não, eu não quero. Não preciso do seu dinheiro — Yoongi disse rapidamente. Estava ofendido. — Estou fazendo isso apenas para te ajudar e sua família parece ser legal. Vai ser divertido interagir com eles.

— Ah, você é tão profissional!

"Profissional não só nas ações, mas no sexo também." Hoba fez questão de falar depois de passar todo o tempo apenas observando.

— Sou nada, olha o rumo que nosso contrato está tomando! — Yoongi balançou a cabeça e caminhou para o restaurante, puxando o ômega. — De profissional não tem nada.

Hoseok apenas sorriu e deixou ser levado. Assim que passaram pela porta, Jimin, que já estava sentado em volta da mesa gritou alto:

— Vocês estavam discutindo a relação? — Jungkook deu um beliscão na perna do marido em seguida, calando-o. — Caralho. Doeu.

— É para doer mesmo. É a primeira vez desde a morte da mamãe que ele aparece com alguém, esse é um momento raro.

Hoseok sorriu sem graça. Desde o funeral da mãe, nunca havia aprofundado sua relação. Nunca havia levado ninguém para conhecer a família. Perder a mãe para o câncer trouxe traumas e responsabilidades muito cedo.

— Vou mostrar agorinha como é discutir uma relação de verdade — disse, provocando o cunhado.

Sentou e puxou Yoongi junto, eles pareciam um casal de verdade. Iria contratar uma pessoa para investigar a vida de Min Yoongi. Não tinha escapatória. Necessitava de informações, mesmo que quebrasse a confiança que o alfa tinha em si.

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