Min Yoongi

Yoongi puxou o freio de mão do carro e segurou o volante com mais força. O trânsito na Avenida principal estava um caos. Ele havia saído de casa mais cedo do que o normal, pois sabia que correria o risco de ficar preso em algum engarrafamento. Seul tinha uma péssima projeção de tráfego.

Estava indo visitar a irmã no hospital e liberar Namjoon para descansar depois dele ter passado a madrugada com a jovem. Seu amigo era um anjo, sempre soube disso.

Distraidamente, o alfa mirou os olhos nos carros que estavam em fila à sua frente. Havia passado uma semana e ele ainda não havia ligado para o ômega para conversar sobre o possível contrato que poderia estabelecer entre eles. Estava adiando aquele compromisso mesmo depois de dar certeza para Jin que aceitaria aquela proposta. Sentia que precisava de mais tempo, mas sabia que não teria todo o tempo do mundo.

— O que você acha de ligar para o ômega enquanto não chegamos ao nosso destino? — perguntou para Guinho. Eles ainda não haviam feito as pazes e o alfa tentava aproximar-se do lobo aos poucos. — Já passou da hora de entrar em contato.

Guinho só resmungou como resposta, fazendo Yoongi revirar os olhos levemente. Aquela briga estava durando tempo demais. Era preocupante. Os dois não estavam mantendo um diálogo há alguns dias, não podiam ir por aquele caminho.

Não obtendo uma resposta com clareza, o alfa virou o rosto na direção do banco do passageiro e colocou os olhos sobre o celular que estava ali. Já tinha adicionado o número do seu novo cliente nos contatos, era só pegar aquela droga e iniciar a ligação. Fácil demais.

Relaxando sobre o assento de pano velho e desbotado do seu carro, pegou o aparelho e ligou para o ômega sem pensar muito. Já tinha adiado muito aquela obrigação, tinha que ser responsável. Havia outra pessoa esperando por ele. Esperando por sua resposta.

A ligação foi completada, mas chamou até cair. Frustrado, ligou novamente e, desta vez, foi atendido quando já havia perdido a esperança de falar com a outra pessoa do outro lado da linha.

— Alô! Quem está falando?

A voz que saiu do alto falante era firme e segura. Yoongi mordeu os lábios de propósito e descansou a mão no volante do carro, tentando decifrar que tipo de pessoa seu cliente era.

— É Min Yoongi. Seokjin me passou seu contato, sou o alfa que procura e precisa.

A linha ficou muda e o alfa olhou distraidamente para as tatuagens que surgiam em sua mão e subiam pelo seu braço. Elas pareciam ainda mais belas embaixo dos raios solares que passavam pela janela sem pedir permissão.

— Bem, eu pensei que não tinha dado certo. Demorou tanto para entrar em contato.

— Eu estava ocupado... Como posso te chamar?

— Jung Hoseok.

— Pois então, Hoseok, eu estava fazendo alguns trabalhos por aí. Você ainda precisa de um alfa para te satisfazer?

Yoongi foi direto e seu lobo pareceu gostar disso.

— Não preciso. Na verdade, não estou interessado em ter um alfa para me satisfazer. Eu e Hoba queremos apenas uma companhia. Só isso.

— O que quer dizer? Jin disse que você queria um alfa para o período do cio...

— Não! — O ômega cortou a fala dele bruscamente. — Só preciso de alguém que cumpra o papel de acompanhante por um longo período. Como se tivesse casado comigo, sabe? Em troca, posso te dar o que você quiser. Qual é o seu preço?

Yoongi arqueou a sobrancelha e deixou um sorriso escapar entre seus lábios finos. Aquilo estava interessante, poderia mesmo jogar qualquer valor? Aquele homem parecia não se importar com dinheiro ou era muito arrogante ao ponto de se exibir com sua riqueza?

Estralou a língua e arriscou.

— Cem mil reais. À vista!

— Certo! — Hoseok respondeu sem hesitar. — Então me encontre hoje à noite para falarmos sobre o contrato e sobre os nossos interesses. Tenho algumas exigências longas, mas garanto que podemos superar cada uma delas com facilidade.

O quê? Eu tinha acabado de jogar uma quantia generosa e ele não deu a mínima? Yoongi pensou.

Desconfiado, Yoongi balançou a cabeça e olhou para o farol traseiro do carro à sua frente. Aquele dinheiro dava para pagar o hospital de sua irmã por um ano e o cara tinha aceitado sem choramingar. Era muito estranho.

— Qual lugar fica melhor para você? — Yoongi perguntou devagar.

— Tem um restaurante no Centro da cidade que eu costumo jantar sempre. Apareça por lá assim que a noite chegar, eu estarei te esperando. Aliás, seu número é esse? Vou mandar a localização exata do local por mensagem.

Yoongi não sabia como reagir, tudo estava indo rápido e fácil demais. Estava receoso e com o pé atrás. Em sua vida, nada vinha com facilidade.

— Sim, esse é meu número sim.

— Ok, senhor Yoongi, dentro de alguns minutos te mando o endereço. Nos encontramos mais tarde, então.

— Tudo bem.

Sem saber como finalizar a ligação, o ômega pigarreou e disse um "tchau" baixinho antes de encerrar a chamada.

"Ele parece ser tão controlador. Gostei", Guinho falou pela primeira vez naquele dia. "Em nenhum momento mostrou constrangimento e nem insegurança. A confiança dele é boa."

— Boa? Isso é péssimo. Sabe que não temos boas experiências com ômegas assim.

"Mas este está vindo com cem mil reais. De qualquer forma, não vamos sair na merda. Finalmente Alicia terá um tratamento digno de princesa."

Guinho tinha razão. Eles ficariam menos sufocados por um ano. Poderia até comprar aquela bendita rampa que a jovem está doidinha. Seria de muito ajuda na hora dos banhos e dos passeios ao ar livre.

— Vamos nos encontrar com ele nesta noite e ver quais são essas exigências. Mas se você não gostar do lobo dele? O que vamos fazer?

"Preocupado comigo agora, é? Eu consigo me virar, não preciso de sua preocupação depois de dizer que eu era um dos motivos pelos quais você precisa de terapia. Eu não esqueci. Suas palavras ainda estão me machucando e não sei se consigo te perdoar por agora."

Yoongi suspirou fundo antes de mover o carro para a longa fila que resolveu finalmente andar.

— Desculpa por isso. Você me deixou irritado querendo anular o sentimento que eu sinto em relação aos meus pais. Eu não posso aceitar isso.

No dia da briga, o lobo queria tomar conta da situação depois de anos convivendo com o sentimento amargo que tinha em relação aos pais do seu humano. Para ele, uma conversa e um perdão resolveria tudo e, assim, Yoongi poderia ter sua família novamente. Mas as coisas não saíram como planejado e acabou que os dois jogaram palavras fortes e pesadas na direção um do outro. Machucando profundamente.

"Só porque estava bravo não tinha o direito de falar aquelas babaquices. Por favor, só cale a boca, eu não quero falar mais sobre esse assunto. Ainda estou com muita raiva de você."

Mordendo os lábios e dando de ombros, Yoongi voltou a sua atenção para o trânsito. Era melhor se concentrar em chegar ao hospital, depois iria ver como as coisas aconteceriam quando a noite chegasse.

NOTAS:

O que acharam?

Está muito perto deles se conhecerem pessoalmente! Ahhhhh

Ansiedade bateu aqui. Quero o próximo capítulo pra ontem!!!