Oculto
Há quem diga que na noite de Halloween a linha tênue que divide o mundo dos vivos com o dos mortos fica mais frágil e, por sua vez, propensa à invasão do mal. Eu nunca levei isso a sério; durante os vinte e três anos de minha vida, nunca presenciei algo maligno, até este momento quando um pouco mais a frente pude ver com os meus próprios olhos o oculto...
O dia começou como outro qualquer, exceto pelo fato de ser dia das bruxas, o que ao me ver não era mais algo extraordinário, como costumava ser na minha infância, quando saía pelas ruas a pedir doces.
Neste dia em questão, pela manhã saí para correr, e vi por todos os lados pessoas enfeitando suas casas com abóboras horrendas nos degraus, caveiras nas portas e teias de aranhas nas janelas, tudo para a data festiva. Algumas residências estavam mais exageradas que as outras, já a minha moradia era nova, não na construção e sim 'nova' na forma de meu lar. Não fazia mais que um mês que eu havia me instalado ali, o que significava que minha casa era a única naquela rua a não estar enfeitada. Depois de muitos anos comemorando este dia, eu simplesmente não estava animado para mais um ano.
Durante aquela tarde enterrado no sofá da sala bisbilhotei a programação do — Space, era como música para meus ouvidos que começava de tarde e iria até final da madrugada com os clássicos; E não sobrou nenhum, Psicose, A Hora do Pesadelo, O Enigma do Outro Mundo ou simplesmente A coisa, na lista também entrava O Colecionador de corpos 1 e 2 e por fim Uma Noite Alucinante - A Morte do Demônio. O canal ainda prometia uma maratona sem intervalos. Se eu trabalhasse para eles facilmente acrescentaria outros nomes, mas como telespectador já conseguia saborear mentalmente a pipoca com muita manteiga que em breve iria comer!
Me programei para assistir, mas às quatro da tarde meu celular tocou, vi no mesmo minuto que era meu irmão mais novo quem estava a me ligar.
— E aí, seu mala — ele falou com voz eufórica, do outro lado da linha.
— Fala aí.
— O que você vai fazer esta noite? — inquiriu rapidamente.
— Vou assistir uns filmes — respondi, mas logo me arrependi.
— Então você não vai fazer nada de interessante — riu. — Eu e a Lindsay vamos sair para aprontar alguma coisa como eu e você fazíamos nos velhos tempos, se lembra? — perguntou, mas voltou a falar antes que eu pudesse responder. — E você vai com a gente!
— Não mesmo — falei de supetão.
De jeito nenhum eu sairia apenas com eles dois.
— Claro que você vai! — ele resmungou. — Lindsay fez questão de convidar uma das amigas gostosas dela, para te fazer companhia, que filme pode ser melhor que isso?
— Está certo — disse, depois de um rápido silêncio meditativo.
— Beleza, assim que escurecer passamos aí, esteja pronto.
A ligação se encerrou assim. Meus planos haviam mudado, então tratei de ir me arrumar.
Quando finalmente começou a escurecer, às dezoito e meia, a campainha tocou. Eu já estava arrumado a um tempo.
Quando abri a porta vi Lindsay com um grande sorriso no rosto e um curto vestido preto.
— Oi Kevin, você está bonitão — ela falou me analisando.
— Valeu. Vamos nessa?
— Claro, mas antes eu poderia ir no banheiro?
Eu acenei que sim e ela correu até lá. Fiquei na porta esperando por ela e pouco depois Lindsay surgiu no corredor, logo em seguida estávamos no carro, paramos para comprar bebidas e depois fomos buscar a tal amiga. Meu irmão parou o carro um pouco mais tarde em frente à casa da garota e esperamos ela aparecer.
— O nome dela é Erica — Lindsay falou, olhando para mim. — Você vai gostar dela tenho certeza!
Meu irmão me fitou pelo retrovisor interno, naquele instante eu me virei e vi o exato momento em que uma ruiva saiu portão afora e se aproximou do veículo, ela cumprimentou todo mundo e seguimos.
O clima estava agradável, tanto que meu irmão Yuri decidiu deixar a capota solar de seu conversível aberta e pelas ruas pudemos ver crianças circulando de um lado para o outro eufóricas.
— E aí, o que vamos fazer? — perguntei um pouco impaciente.
— Vamos ao cemitério — Lindsay falou.
— Fazer o que lá? — Yuri perguntou.
— A gente pode sentar lá, beber e contar histórias de terror.
— E qual é a graça nisso?
— Então dá uma ideia melhor — ela retrucou parecendo estar chateada.
— Vamos beber, tacar ovo em algumas casas, quebrar algumas abóboras, pinchar alguns muros, e assustar algumas crianças — ele respondeu.
Todo mundo pareceu satisfeito com a ideia dele, mas por algum motivo eu não estava. Durante anos fiz aquilo e para mim já não tinha a mesma graça, a adrenalina de poder ser pego era até instigante, mas já não excitava como antes.
— Vamos a mansão dos Morgan na colina Underwood — eu falei.
Erica que estava ao meu lado me olhou séria.
— É uma ótima ideia — meu irmão respondeu.
— Não sei não — Lindsay falou de repente. — Isso fica há três horas de viagem no meio do nada e se formos pegos meu pai não poderá livrar nossa cara.
O Pai dela era o Xerife. Morávamos em uma cidade pacata, onde quase todo mundo se conhecia, ali não éramos os únicos que vez ou outra aprontava, mas sempre nos chamavam quando algo acontecia, e ela nunca se preocupou com isso antes, mas acontece que pai dela não tinha jurisdição em Underwood, o que a deixava com medo de não conseguir se safar.
— Relaxa Lind — Yuri falou. —, a mansão está vazia.
— Eu sei mas...
— Você está com medo? — Erica perguntou, acredito que esperando ouvir um sim, pois nitidamente estava com receio também.
— Claro que não!
— Então está decidido! Nós vamos — ele falou.
O fato da mansão Morgan ser uma ótima e ao mesmo tempo péssima escolha se dava ao histórico dela. Havia muitas histórias; em uma delas a casa havia sido construída ao lado de um cemitério indígena e por isso era assombrada, outra história dizia que a mesma foi criada há muitos anos por um bruxo que durante sua estadia praticou rituais satânicos, há também quem diga que isso tudo são apenas histórias. Sendo verdade ou não, o que sabíamos com certeza era que aquele lugar era cena de dois crimes que chocaram a cidade.
O primeiro aconteceu há exatos vinte anos, quando foi encontrado na casa doze corpos de mulheres, o morador era um serial Killer, que alegou ter ouvido vozes lhe pedindo para matar. A segunda aconteceu há um ano, quando o novo proprietário matou a facadas a mulher, os dois filhos e depois a si mesmo. Me lembro da reportagem na TV, a mãe falando convicta: "Meu filho era um bom homem! Jamais mataria sua família!"
Desde então a mansão está fechada, a prefeitura está querendo derrubar para construir algo que os traga dinheiro, claro. Isso significava que era a última chance que tínhamos de ir até lá, e quando poderia ser melhor do que nesta noite de Halloween?
Já fazia duas horas que estávamos na estrada. Lindsay havia se virado no banco para assim poder conversar melhor com sua amiga, meu irmão estava dirigindo e procurando uma estação que tocasse algo que prestasse, e eu estava bebendo, na minha, até que ele achou uma rádio boa que estava a tocar — Sweet Dreams do Marilyn Manson.
Não demorou muito para nós quatro começarmos a cantar:
Some of them want to use you
Some of them wanna get used by you
Some of them want to abuse you
Some of them want to be abused
Logo estávamos gargalhando e finalmente aquela noite parecia estar ficando boa. Mal sabia eu o que estava por vir.
Quando finalmente chegamos, as meninas ficaram quietas e hesitaram ao sair do carro. O veículo ficou alguns metros antes da residência pois ouvimos falar que havia uma viatura vigiando o local. Caminhamos por um tempo em silêncio, na semiescuridão, mas chegando perto da mansão, vimos que não havia ninguém lá.
Olhei por um tempo a casa à minha frente, analisando ela, acho que todos estavam um pouco apreensivos. Boa parte daquela área era repleta de árvores, o muro que cercava a mansão estava coberto de trepadeiras verde musgo, o portão era de ferro preto e se encontrava entreaberto. Meu irmão ligou a lanterna do celular e andou em direção a entrada, porém parou quando ouviu a voz da namorada.
— Vamos mesmo entrar aí? — Lindsay perguntou tensa.
— Já estamos aqui, não vamos simplesmente olhar e ir embora — ele respondeu.
Eu tomei a frente e abri o portão, adentrando-o. Percebi que meu irmão veio logo atrás e sem opção as garotas nos seguiram.
Durante o dia a mansão Morgan era de certa forma atraente com sua aparência rústica e acinzentada, mas durante a noite era outra história.
Caminhamos por uma pequena trilha que nos levou até a porta. A tinta na parede já estava descascando e na varanda havia uma faixa amarela, daquelas que se vê em cenas de crime.
Meu irmão rasgou a fita e caminhou até a porta.
— Qual é o seu problema Yuri? — Lindsay perguntou. — Não precisava rasgar.
— Ah! Dá um tempo.
Eu olhei rapidamente para ela ao ponto de vê-la suspirar.
Lindsay e sua amiga deram as mãos e caminharam. Eu fui logo atrás.
A sensação que tive ao adentrar a casa foi estranha.
Um vento gélido passou por mim, fazendo meus pelos do braço se eriçarem. Foi como se a temperatura ali dentro estivesse mais baixa do que do lado de fora.
— Sentiram isso? — perguntei.
— Sentimos o quê? — Erica inquiriu assustada.
— Esse vento gelado.
— Está de brincadeira, não é? — meu irmão falou rapidamente. — Aqui dentro tá um forno.
— É verdade — Lindsay concordou, abanando-se.
Eu ri sem graça.
— É sério?
— É sim — Erica respondeu.
Eu a fitei por um tempo.
— Eu preciso ir no banheiro — falou sem jeito.
Meu irmão começou a subir as escadas, sem dar atenção as garotas. Percebi ele resmungando algo e logo me dei conta que ele estava gravando tudo no celular.
— O que está fazendo?
— Ninguém vai acreditar que tivemos aqui — ele respondeu.
— Ninguém vai saber que estivemos aqui — falei sério. — Para onde foram as meninas? — perguntei sem conseguir vê-las.
— Elas foram para o banheiro, eu acho — ele disse. — Ei meninas? — gritou. — Estamos no andar de cima — ele se virou para mim e falou mais baixo. — Vamos ver o que tem ali em cima.
Eu acenei e subimos.
Ainda na escadaria conseguimos ver diversos quadros, com retratos em pintura, de pessoas com vestes antigas. No corredor havia roupas jogadas no chão e papéis rasgados.
— Tá sentindo esse cheiro? — meu irmão perguntou.
— Não — falei.
— Sério! Acho que tem um bicho morto aqui — ele me olhou.
— Talvez — respondi sem sentir cheiro algum. — Vamos nos separar, se você achar alguma coisa interessante, chama.
Ele concordou.
Entrei no primeiro quarto que vi. Liguei a lanterna do meu celular, podendo ver que o cômodo era grande.
Havia uma grandiosa cama de casal, com o lençol bagunçado, uma cômoda e muitas coisas jogadas no chão. Aquilo estava uma bagunça enorme.
Eu me aproximei do leito e neste momento comecei a sentir o cheiro ruim do qual meu irmão tinha falado. Era o odor de carniça, e se intensificava a cada minuto.
Quando finalmente estava ao lado da cama vi, o torso de uma mulher, sem os braços e pernas. Apenas o tórax, aberto e apodrecido.
Aquilo me fez estremecer, mas me aproximei e naquele momento pude ouvir um grito seguido de um choro desesperado vir do andar de baixo.
Sai correndo e quando olhei, vi Lindsay sentada no primeiro degrau.
— Você está bem?
— Estou — ela falou calma.
— E quem estava chorando?
— Onde?
— Aqui.
— Oras, ninguém — ela falou me fitando de um jeito estranho.
— Yuri? Erica? — Gritei.
— Eles estão fumando do lado de fora.
— Então vamos embora daqui.
— Não — ela pegou no meu braço. — Quero falar com você antes de irmos.
— Lind, é sério temos que sair daqui. Tem um corpo lá em cima.
— Mesmo? — ela falou surpresa, subindo correndo as escadas.
Eu fui atrás a contragosto.
— Em qual quarto?
— Você não vai querer ver isso.
— Em qual? — ela insistiu.
Ela estava estranha, mas vi um cantil prata para bebida em sua mão.
— Você bebeu?
— Um pouco.
— Por quê?
— Isso não é meu — confessou. — É do seu irmão. Eu peguei escondida. Acho que ele e a Erica estão tendo um caso.
Eu não falei nada, sabia que meu irmão era mulherengo.
— Acho que escolhi o irmão errado — brincou dando um sorriso tristonho.
— Vamos embora daqui.
— Sim — concordou, aproximando-se. — Você me acha bonita?
— Lind...
— Porque tenho que confessar, eu acho você bonitão — ela disse.
— Você é linda, mas vamos.
Rapidamente ela pegou na minha mão e me guiou até o quarto.
Com a lanterna do meu celular iluminei novamente a cama, mas para a minha surpresa o corpo da mulher não estava mais lá, nem o cheiro ruim.
— O corpo...
— Onde? — ela perguntou.
— Estava aqui!
— Você deve ter imaginado.
Eu vasculhei com os olhos cada canto, mas não havia nada ali, nem mesmo uma gota de sangue.
Naquele momento pensei ter bebido demais. Um grande erro...
— Ei — ela sussurrou me abraçando.
Por alguma razão aquilo me acalmou, e até concluí que estava realmente vendo coisas e talvez nem fosse a bebida e sim minha mente que era mesmo fértil.
Mas por outra razão da qual eu conhecia bem, o abraço de Lindsay despertou em mim sentimentos que por muitos anos tentei esconder. Eu não deveria estar pensando em coisas lascivas com ela, namorada do meu irmão, naquele cômodo, no entanto foi o que me veio à mente.
Nos dois, arrancando a roupa um do outro, num total ato de paixão louca. Pude até imaginar a cena dos nossos corpos num fluxo perfeito e naquele momento como se lesse meus pensamentos ela se insinuou para mim, esfregando as mãos pelo corpo.
— Você me quer, não é?
Eu nada disse.
— Eu sei que sim... Aqui e agora mesmo — Lindsay falou. — Esse lugar não te excita?
Fiz que sim com a cabeça, eu a queria, desde que a vi pela primeira vez.
Ela me agarrou a nuca, eu por minha vez a encostei na parede e lhe beijei. Era como se aquele lugar estivesse despertando os meus desejos mais sombrios e profundos.
E eu me deixei levar...
Rapidamente os lábios dela se passaram de doces e suaves para duros e grudentos e aquele odor que senti antes voltou, tomando minhas narinas, como em um soco forte.
"Mate-os. Mate todos eles. Faça por mim..." Ouvi num sussurro, que me lembrou a voz doce da minha falecida mãe, mas não era ela.
Eu dei um pulo para trás, afastando-me.
— Quem é você? — gritei a pleno pulmões.
— Eu tenho muitos nomes, mas você não está a altura de pronunciar nenhum deles — disse a criatura, com voz áspera, aproximando-se de mim.
Eu me afastei novamente e vi com a pouca luz que adentrava uma criatura horrenda me olhando de volta. Tinha a pele acinzentada, lisa, oleosa de aparência cadavérica. Seus olhos eram esbugalhados e vermelhos como chamas ardentes, a boca se abriu ficando extremamente grandiosa. Vi nitidamente a poucos centímetros de mim o punhado de dentes afiados, que pareciam a arcada dentária de um tubarão.
Aquilo não era a Lindsay, nunca foi.
No susto eu caí para trás, batendo a cabeça na quina da cama. Foi quando acordei, não sei dizer quanto tempo depois...
— Anda! Está na hora de falar — o policial segurou o meu braço com força.
— Onde estou? — perguntei sem entender o que estava acontecendo.
Eu estava amarrado a uma cadeira, no que parecia ser um porão sujo, com pouca luz e ventilação.
— É melhor você falar porque matou a filha do Xerife, e os outros dois.
— O quê? Eu não matei ninguém!
— Garoto, você quer que eu te lembre o que você fez? Pois bem...
Ele começou a me mostrar fotos. A primeira era de Erica, caída ainda no banheiro. Sua garganta estava estraçalhada.
A segunda imagem era do meu irmão, o corpo dele estava partido em vários pedaços.
Por último a terceira foto; era a Lindsay. Na cama. Apenas seu torço, aberto.
Meus olhos se encheram de pavor e lágrimas.
— E-Eu... Eu não fiz isso!
— Sabemos que foi você — ele respondeu amargo. — Achou que poderia entrar naquela mansão e matar todos e depois sair ileso?
— Eu juro que não fiz nada! — gritei em meio ao desespero e lágrimas.
— Então quem é esse que nesse vídeo está matando Erica Garrison?
Eu fitei a tela do celular do meu irmão.
Era eu. Transtornado, cantarolando um agudo "lá-lá-lá-lá-lá" irritante, enquanto arrastava a garota, que ainda viva, agonizava.
— Meu Deus...
— Nem o Senhor pode te salvar dessa! O que o Xerife quer saber mesmo, é porque a filha dele e onde está o restante do corpo dela?
— Foi aquela criatura...
Eu o fitei. Vendo algo atrás dele se arrastar veloz.
A luz piscou rapidamente e antes que eu pudesse falar um "a" sequer, o corpo dele se partiu ao meio, bem diante dos meus olhos. Senti várias gotas de sangue caírem sobre mim e em seguida aquela figura monstruosa.
"Você os matou... Os matou..." Sua voz aguda feria meus ouvidos.
— Se afasta de mim! — gritei, inutilmente. Me remexendo na cadeira, que tombou para trás.
A última coisa que vi, foi uma sombra se aproximar de mim. E depois a completa e vasta escuridão.
Tenho que dizer que neste momento eu me lembro de tudo. Algo dentro de mim não queria fazer nada daquilo, mas havia uma força maior que me possuiu e dizia ao meu ouvido para fazer o sangue jorrar.
Nessa noite o temor estava estampado no rosto de Erica e Lindsay. Hoje, eu sei que o oculto não é liberado apenas na noite de Halloween, ele é libertado através do medo que sentimos e eu fui escolhido para causar dor, porque assim como você que está lendo isso, eu também adorava o terror.
Agora sou apenas mais uma alma atormentada, aprisionado em uma pequena linha tênue entre o purgatório e esse mundo cruel, com o desejo doentio de sentir algo novamente além do enorme vazio, nem que seja o sabor de uma vida se esvaindo diante de mim. Porque no fundo tudo se resume nisso; ansiar por algo...
Daqui posso ver com clareza todos os monstros que nos cercam.
E se você estiver com medo agora, sugiro que não olhe para o lado, o mal pode estar olhando para você.
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