CAPÍTULO 57

     Ao amanhecer tive o privilégio de acordar ao lado dele e observar o seu sono tranquilo. Naquele pequeno momento o tempo parecia ter congelado, toquei os seus cabelos devagar com um ridículo medo de acordá-lo. Meu coração parecia estar em festa com os momentos vividos da noite passada, sorrio feliz ao lembrar do pedido.

Minha pele arrepia ainda sentido o calor quente da sua voz no meu ouvido, e em meio às juras de amor, ele me pediu em casamento. O sim veio rapidamente, parecia estar já na ponta da língua para ser dito em voz alta. Eu estava feliz, tudo se encaminhava de forma harmônica e natural.

Apressado para algumas pessoas? Talvez sim, mas não me importava. Desde o início pulamos etapas que compõe um relacionamento normal, nós temos o nosso próprio ritmo e lembro perfeitamente do nosso início.

Desde a primeira vez que o vi, eu senti minhas mãos tremerem e desde a primeira vez que o beijei tive a certeza que ele é o amor da minha vida. Eu simplesmente sentir, apesar de tentar fugir para longe.  Olhar nos olhos dele é encontrar um amor sem censuras, é ver razões que acabam me guiando unicamente em direção a ele.

Deslizo a mão na seda do vestido e volto a olhar-me no espelho. O vestido verde oliva longo de alças grossas, tinha o decote drapeado. Hoje a noite seria um dia de comemoração, quando voltei da casa da minha barbie, fui arrastada para o salão de beleza por minha mãe e por Célia.

Ambas também se empenharam em não responder às minhas perguntas, a única coisa que me disseram foi: "fique tranquila, hoje é seu dia.", "A noite será a comemoração de uma anunciação."

Um pedido, uma festa, uma comemoração.

Com a semente da desconfiança plantada na mente, não comentei nada a respeito. Apenas segui as instruções dadas.

A noite veio e toda a casa estava ornamentada para a festa que aconteceria. Ouço batidas na porta e logo vejo a mesma ser aberta, Dominic entra trajando um terno preto sob medida. Dominic abriu o botão do terno deixando o colete que estava bem ajustado ao seu corpo ficar amostra.

Fui ao seu encontro e sedenta o beijei, seus lábios macios fizeram contato com os meus e automaticamente seus braços me envolveram trazendo-me para mais perto do seu corpo. Só havia nós dois compartilhando um doce sentimento que se tornava profundo a cada momento que nossas línguas se encontravam em uma dança sedutora.

Dominic cessou os beijos aos poucos, suas mãos tocaram o meu rosto e um carinho foi feito em minha bochecha.

— Tenho algo para você. — disse e retirou duas máscaras do bolso interno do terno.

Guiada novamente para frente do espelho, observei quando Dominic colocou a máscara em mim e cuidadosamente ajeitou os meus cabelos. Depois colocou a dele que era toda negra. Pelo espelho fizemos o contato visual, um silencioso toque de alma foi feito naquele momento.

Suas mãos tocaram os meus ombros, o calor das suas mãos incendiavam a minha pele e quando os seus lábios plantou um beijo molhado no meu ombro, suspirei derretida.

— Minha aurora boreal, você está perfeita. — elogiou.

Meus olhos brilharam ao olhá-lo com um sorriso curvado de canto.

— Você sabe como atiçar o meu amor, né? — encostei o meu corpo no seu e repousei minha cabeça — mesmo de costa — em seu ombro.

— Amo inovar. Só há um tipo de rotina que me faz buscar sempre uma inovação.

— E qual é? — perguntei.

— Criar momentos especiais ao seu lado.

Sua mão acariciou o meu ventre por cima do vestido de seda e lentamente subiu até a fenda do vestido onde meus seios estavam realçados.

— Já esqueceu do aviso da minha mãe? — arquei a minha sobrancelha e sorri brincalhona, tirando a sua mão.

Seu olhar perdido de quem não entendia do que eu falava, me fez soltar um riso alto.

— Nada de avançar sinais.

Sua risada preencheu o cômodo e a minha se embalou no mesmo ritmo.

— Todos eles já foram avançados. — diz, e beija meu pescoço.

— Bom, tenho certeza que teremos mais tempo depois da festa. — falei, sendo seduzida pelos seus beijos no meu pescoço.

— Que tortura. — resmungou enquanto devorava meu pescoço com seus beijos quentes, e me guiando para algum lugar que não dei tanta importância para observar. Apenas o deixei levar.

Um gritinho escapou da minha boca ao ser pega de surpresa, quando me dei conta já estava deitada na cama com Dominic em cima de mim. Sua mão estava em minha cintura e nossas respirações se encontravam ofegantes, meu olhar cintilava ao encará-lo.

As batidas na porta tira a nossa atenção.

— Quem é? — Dominic diz sem tirar os olhos do meu rosto.

— Eu. — escuto a voz de Célia. — Mas percebo que a kristal está em ótima companhia.

— Já estamos descendo, mãe.

— Ok, os vejo lá embaixo.

Dominic solta um grunhido desolado e se afasta de mim. O mesmo ajuda-me a levantar e depois que ajeito o meu vestido, seguimos para o salão onde a festa corria.

*

     As gêmeas passam correndo pela minha frente, segurando um ursinho nas mãos e sim, cumpri minha promessa que havia feito no dia anterior. Brincamos e usamos a imaginação a nosso favor, tornando nossa tarde muito interessante e agradável. Vejo um garotinho correndo desesperado atrás delas e diante da cena acabo rindo.

Tudo estava indo bem, pessoas de alta classe conversavam com amigos do mesmo patamar. Célia conversava com a minha mãe e com mais uma senhora que tinha se aproximado delas a cinco minutos atrás. Todos usavam máscaras e se vestiam elegantemente e a música tocada no momento apenas pelo pianista soava pelo lugar.

Meu vozinho havia sumido e conhecendo-o bem, sei perfeitamente onde está. Se há algo que o meu avô ama tanto em festas é comida e não duvido nem um pouco de que ele esteja na cozinha. Dominic me guiava para outro grupo de amigos, mas repentinamente sinto uma rápida vertigem.

— Amor, vou ao banheiro.

— Tudo bem? Está pálida! — exclamou em um tom baixo a sua preocupação.

— Estou, acho que foi o docinho de nozes. — beijei a sua bochecha antes de falar:

— Volto já.

Afastei-me e fui para o banheiro do andar de baixo mesmo. Pisco os olhos tentando concentrar-me e organizar a minha mente, a água que sai da torneira automática molha as minhas mãos. Com a mão molhada massageie a minha nuca, sentindo-me logo em seguida melhor.

A porta do banheiro é aberta e uma mulher de cabelos pretos que chega no ombro entrou. A mesma se encosta na pia e me olha, sua máscara dourada se destacava entre os seus olhos negros.

— Você é acompanhante do Dominic Ford, certo? — me encarou analítica.

— Sou a namorada.

— Incrível. Para um homem que tem suas diversões noturnas e gosta de experimentar coisas novas, me admira ele se prender a uma.

A olhei sem entender.

— Se refere ao quê?

— Que o seu amorzinho não é tão santo quanto pensa, querida.

Abro a boca para responder, mas Alicia e Melanie adentraram o banheiro e assim a desconhecida saiu. Balanço a cabeça para afastar esse diálogo esquisito da mente, não desconfiaria do Dominic porque uma mulher surgiu querendo plantar dúvidas na minha mente. Eu confio nele e não tenho motivos para pensar que ele me trai ou trairia…

— Eu não saio desse banheiro de modo nenhum. — Alicia declara.

— O que aconteceu? — indago.

— Ian está aqui.

Franzo o meu cenho mais confusa ainda.

— Qual é o problema? — Melanie dá voz ao meu pensamento.

— É qu-e… — fica muda e não fala nada, apenas se vira para o espelho. — Eu não gosto da presença dele. — disse por fim depois de um tempo.

— Não me diga. Juro que pensei em outra coisa. — Melanie soltou irônica.

— Para de falar isso. — Suas bochechas ficam vermelhas igual a tomates maduros. — Não sei do que está falando.

— O que aconteceu entre vocês? — deduzo.

— Ai meu Deus! Aqui está pior do que lá fora. — diz nervosa e vai embora.

Gargalhei da sua reação com a Melanie, seja o que for a deixou bem constrangida. Saio do banheiro de braços dado com a Melanie, rindo de uma Alicia nervosa.

— Esses dois estão se pegando. — Melanie diz.

— Será? Ela sempre deixou claro o quanto o repele.

— Pode apostar. A maior criança dessas histórias clichês é o amor, ama brincar com os corações de pessoas que se detestam.

— Melanie, podemos conversar? — paramos de andar quando um amigo médico de Dominic entra em nossa frente.

Seu olhar de esperança a fitava com doçura, e sem muito o que fazer a deixo a sós com ele. Respirando fundo, vou atrás do meu amor que conversava com os pais da kenzie. Sorrio ao me aproximar e deixo minha mão desliza em busca da sua.

— Boa noite. — falei gentilmente.

— Oh, querido. Você fez uma ótima escolha ao escolhê-la, que jovem simpática.

Sorrir serenamente e falei:

— Obrigada.

— Meu amor, sua áurea transmite paz. E pessoas assim é difícil de encontrar. — Ela falou contente. — Não permita que lhe roubem isso. Fico feliz pela escolha que fizeram.

— Somos gratos pelas palavras gentis. Vou me assegurar de que esse doce sorriso nunca se apague. — Dominic falou e plantou um beijo em meus cabelos. — Bom se me dão licença irei fazer um anúncio agora.

Dominic me guiou para perto dos músicos e com o sutil sinal a música foi parada. Senti a mão dele na minha cintura e com todos o olhando, ele se pronunciou.

— Hoje, diante das nossas família e amigos anunciamos o início de uma jornada que selara muito em breve com o matrimônio. — Dominic retira do uma caixinha preta aveludada e meus olhos cintilam com as lágrimas que surgem nas bordas. — Kristal, essa aliança é um símbolo de uma promessa que fiz assim que te conheci. Ela simboliza a promessa de te amar até depois da eternidade, e se Deus me deu a honra de poder tê-la ao meu lado é porque ele conhece o quão sincero são os meus sentimentos por você.

Suas sinceras palavras tocou o meu íntimo, a terna declaração de amor fazia meu coração transbordar de amor por ele.

— kristal, meu amor. Você me daria a honra de poder tê-la em minha vida como a minha esposa? — Meu coração disparou como se estivesse correndo em uma maratona — Você aceita casar-se comigo?

— Sim, sim, sim... eu quero casar com você. — sorri emocionada.

O anel foi colocado no meu dedo, meu coração acelerou quando constatei que a pedra do anel redondo era um cristal. Delicado e fino, perfeito.

— Eu amo você. — sussurrei.

Seus lábios tocaram o meu em um beijo calmo e terno, as palmas soaram pelo salão e com o fim do beijo, eu o abracei.

— Eu também te amo. Meu coração é seu, pois você é o amor da minha vida. — sussurrou de volta.

O abraço foi desfeito, os músicos voltaram a tocar. A música from this moment on, tocada apenas por piano e violino ecoava por todo o salão, Dominic estendeu a sua mão em um silencioso convite para dançar.

Ao embalo da música dançamos, um tempo depois casais começaram a surgir e dançar. Encostei a minha cabeça no ombro do Dominic enquanto dançava e fechei os meus olhos enquanto orava a Deus em agradecimento.

Ali, bem pertinho dele, vi que o futuro reservava coisas boas para nós dois. Então sorri diante do meu pensamento, eu mal podia esperar para iniciar a minha vida ao seu lado, para juntos cumprir nossas promessas de amor. Tínhamos tudo o que precisávamos para viver juntos, tínhamos o amor que ligava um ao outro.

Um amor assim nem o tempo conseguirá apagar, ele é o único lugar que o meu coração deseja repousar todos os dias. Dominic Ford é o meu amor, esperança e lar.

*

      O vento da noite roçou o meu rosto, fitei o céu estrelado e depois encarei o anel. Suspirei levemente ainda com os olhos na pedra do anel, um grande cristal oval. Sinto os braços em volta do meu corpo, e o perfume amadeirado denuncia a sua presença.

— Está pensando em desistir? — brincou.

— Quem sabe…

— Mulher não diz uma coisa dessa. Sou cardíaco! — diz com bastante seriedade, ri e olhei para o céu.

— Longe de mim desistir de você. — mordisquei meu lábio inferior, antes de falar:

— Não quero ser a causadora da sua morte.

— Meus sentimentos estão feridos. — ergueu a cabeça para o lado direito, fingindo estar ofendido.

Me virei para ele e toquei o seu rosto carinhosamente.

— bobo, sabe perfeitamente que eu te amei desde o momento que os nossos olhos se encontraram. Se estava predestinado a acontecer, então o amor já havia pousado no momento que te encontrei.

Não ter Dominic em minha vida era como respirar o oxigênio contaminado. Ele ressuscitava em mim as melhores sensações e amá-lo me fazia ter a certeza que estava completamente e loucamente   apaixonada por ele.

— Prometo ser melhor a cada amanhecer, por você farei o possível para vê-la feliz e lhe mostrarei o quanto a amo.

— Sabe de uma coisa? — Dedilhei meu dedo pelo seu queixo. — Vou cobrar cada promessa sua. — mordisquei seu lábio e ele riu lindamente.

A emoção da nossa bolha de amor queria transbordar pelos meus olhos em forma de chuva, mas Dominic tocou a linha do meu queixo e aproximou a sua boca me beijando com ternura. Selado com amor.

— Sabe, o que acha da ideia de casarmos dentro de duas semanas? — comentei.

— Eu acho essa ideia perfeita.

Sorrimos um para o outro.

— De preferência na praia.

— Ah, não. Eu não vou colocar os meus pés na areia. — resmungou, e eu rir.

— Fica a sua escolha. — falei e obtive em resposta seu sorriso.

— Ei, anjo. Preciso te revelar algo. — Sua voz soou cautelosa.

— Prossiga, por favor.

— No último dia que estive em sua casa, eu vi a busca que você fazia sobre Richard Amell. Não comentei nada porque queria ter certeza da dúvida que tive naquele momento.

— Descobriu algo? — indaguei curiosa.

— Sim. — disse contido.

Talvez a minha reação o tenha pegado de surpresa.

— Richard Amell é o meu pai. Ele usava na época o nome de solteiro.

Meus olhos se arregalaram diante da notícia surpreendente, céus… isso é tão inacreditável.

— Hoje ele usa o Ford que vem da minha mãe. — continua explicando.

Coloco as mãos no mármore da sacada da lateral da casa e suspiro fortemente.

— Isso explica o fato de ser idêntica a Amélia. — Soltei o primeiro pensamento em voz alta.

— Não foi um acaso do destino meu amor. Havia uma ligação que a ligava a essa família. — falou me analisando. — Sei que não tinha o direito de invadir a sua privacidade e peço perdão por esse ato meu.

— Não meu amor, está tudo bem. Eu só estou em choque. Nunca imaginaria que seria o seu pai o meu progenitor.

Aliviado me abraça.

— Ele quer falar com você. — diz, olho na direção que seus olhos fitavam e vejo Richard e Lauro juntos em uma conversa.

— Você conhece o Lauro? — pergunto curiosa.

— Conheço, sou o sócio dele. — meu rosto se aquece diante da notícia. — Mas apenas aceitei para o ajudar com as garotas apimentadas. Lauro é um irmão para mim e o que a ex dele fez foi imperdoável.

— V-ocê é o sóc-io? — a voz falha em surpresa dessa vez.

— Sim. E por falar em garotas apimentadas, você dança muito bem.

— Ai meu Deus, você me viu dançar?

Concluo mais uma vez em voz alta. Mesmo tendo em mente a vez que as meninas haviam me falado que o viram saído da casa noturna.

— Sim, a vi dançar apenas duas vezes. E você estava incrivelmente sexy.

— Por que nunca me falou que era sócio do Lauro?

— Pensei que soubesse.

— Até agora. — respondi e logo Richard e Lauro se aproximam.

— Parabéns aos noivos. — Lauro nos cumprimenta com um abraço e agradecemos.

— Cadê a Morgana? — pergunto.

— Está com a Melanie e a Alicia.

— Kristal, podemos conversar? — Richard pergunta, assinto já imaginando qual seria o assunto.

Como dizia a minha mãe: Quem procura acaba achando.

*

      A conversa chegou ao fim, ouvi o lado dele e não o julguei pelas decisões dele na adolescência. Ao contrário, tive a oportunidade de ser criada em um lar que tinha pais amorosos. Meus pais souberam me criar e não deixaram nada me faltar, deram amor e foram presentes em minha vida.

— Não quero roubar o lugar do seu pai, kristal. Nem mereço esse título, só te peço que deixe-me conhecê-la mais. Mesmo que não tenhamos afinidade, quero construir um laço mais forte com você. Mas quero sua permissão para que esse laço seja criado.

Suas palavras carregavam sinceridades e apesar do meu receio, falei:

— Estou disposta a dar uma chance para nos conhecermos melhor.

— Se precisar de alguma coisa, não hesite em me procurar. — disse de modo gentil. Sua mão é estendida e o aperto de mão acontece, assim que ele vai embora, decido procurar Dominic.

Dominic estava no mesmo local conversando algo com Lauro, ambos estavam concentrados e não notaram quando me aproximei lentamente. Abracei Dominic de lado e senti seu braço me amparar. Conversei um pouco com Lauro e depois fui ao encontro das minhas amigas, todos esses meses distantes dela foram cruéis. Ligações ou chamadas de vídeos para mim não supria nem um pouco da saudade.

Suspirei cansada e adentrei o salão, as meninas estavam rindo de alguma coisa e provavelmente era da Alicia que possuía uma expressão irritada no rosto. Apesar de eu amar todas elas, Alicia era o meu bebê. A irmãzinha caçula que não tive e que a vida me presenteou no momento em que mais precisei. Pois o amor e a amizade se interligam, um é a base do outro.   
 


2959 palavras....

Meus amores, faltam só maaaais DOIS capítulos para encerrar o livro 1. 🙈🤭
   

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