CAPÍTULO 42
No dia seguinte, despertei com o alarme tocando e com Charlie lambendo a minha mão que estava fora da cama, quase tocando o chão. Fiquei por um pequeno tempo encarando o mural de fotos para que a minha mente entendesse que eu já havia acordado.
Fiz carinho no Charlie, e verifiquei a hora no relógio que havia acabado de me despertar. Segui para o banheiro e preparei a banheira, depois de um tempo usando a banheira, mergulhei, fazendo igual aos velhos tempos. Um costume antigo que tinha deixado de fazer e era simplesmente pela bagunça que a minha vida havia se tornado, desde que entrei para garotas apimentadas. Volto a emergir e busco por ar, depois do banho na banheira, seco-me e visto o roupão.
Sigo para a cozinha e concentro-me em fazer o café da manhã, aproveito a caixinha de música da minha Barbie e coloco uma música calma. O som doce da melodia preenchia o cômodo em um baixo som, e enquanto aprontava o desjejum, comecei a listar o que faria hoje mentalmente.
Tomo uma aspirina para ajudar-me a aniquilar a ressaca. Céus, nem um porre era digno para uma pessoa normal, que bebe apenas para esquecer as desgraças da vida humana. Um karma, bom… desgraçado. É, sem dúvidas desgraçado!
Solto uma respiração longa e funda, permitindo que a raiva se evapore como uma neblina que se rasteja pelo ar até se dissipar.
Depois de preparar o café, vou até a sala e pego o meu celular que estava no centro. Soltei o ar, decidida a recomeçar. Começaria a escrever o meu pedido formal de demissão, voltei para a cozinha e sentei-me à mesa para tomar o meu café da manhã. Entre algumas pausas que fiz no café da manhã, terminei de fazer a carta de demissão e enviei para o e-mail do RH da empresa Ford.
Eu preciso manter-me longe dele, permanecer na empresa não me ajudaria em nada. A dor estava recente e eu podia sentir ela flutuando sobre a superfície da minha alma, parecia uma bomba atômica que explodiria a qualquer momento.
Recomeçar não significa que esqueceria o que aconteceu, era justamente o contrário. Recomeçar é uma escolha, é trilhar um novo caminho e aprender a lidar com os acontecimentos passados e obter conhecimento para discernir nossas escolhas futuras.
Escolhi não o ouvir porque ele não foi sincero comigo, ele escolheu mentir enquanto dizia me amar. Eu tinha o direito de saber que minha vida estava em perigo, ele só precisava ser sincero comigo!
Nada permanece inteiro com tantos segredos, dizia a minha mãe. Um conselho que a minha vózinha passou para ela, e que em um momento específico da minha vida na adolescência, ela passou para mim.
Alicia surge na entrada da cozinha, cabelos bagunçados e com uma meiguice até para esfregar os olhos.
— Bom dia, flor do dia. — digo animada.
Ela parece se assustar, e quando me encara, tem seus olhos arregalados.
— Que espírito te possuiu para estar tão animada! — suas mãos vão para a sua cabeça, e a vejo suspirar fundo duas vezes. — Minha cabeça está me matando.
— É só tomar aspirina, tomar um bom e relaxante banho e tomar café da manhã, que logo a ressaca passa. — Falei o que fiz.
— Ai, acho que dessa vez exagerei… — resmunga e pega a aspirina. — Hoje vou doar tudo que está naquele quarto trancado, tem umas coisas suas, caso não queira que vá para a doação é só avisar. Irei aproveitar que a Melanie vem morar conosco e doar as roupas que estão guardadas nas caixas.
— Pode doar. — Eu sabia do que se tratava, não fazia uso e estava em perfeitas condições cada item que estava naquele quarto. Levei aos lábios a xícara de café, enquanto observava as ações de Alicia. — Ah, legal. Que dia ela se muda?
— Ela ainda não decidiu o dia.
Ela depositou o copo de vidro na ilha da cozinha e me olhou sem entender.
— Você está bem?
— Estou. — levei mais um pedaço da panqueca à boca, incrível, estava maravilhoso.
— Pode ser sincera comigo Kris, estarei aqui ao seu lado, pronta para lhe ouvir.
— Eu sei, e posso te garantir que o que sinto não vai interromper a minha vida. — sou sincera e diante de toda a nossa cumplicidade, falo:
— Eu ainda amo Dominic e acredito que esquecer cada momento que passei ao lado dele, não será possível. Pois até a sua ausência clama pela presença dele.
— O tempo é a solução para apagar lembranças, mas também trabalha junto da saudade. Será uma questão de escolha continuar pensando ou esquecer! — balanço a cabeça concordando com ela. — O que vai fazer hoje?
— Bom, vou conversar com Lauro e pedir meu antigo trabalho de volta. Quero me manter ocupada assim não terei tempo para lembrar dele. — Cruzei os braços e fitei Alicia se aproximar da mesa e começar a se servir. — Quando pedi demissão, em outras palavras ele deixou claro que me contrataria novamente.
— Bom, já é um ótimo início. — falou de boca cheia. — Meu Deus, esses bolinhos estão muito bons.
— Sim, é. — suspirei — Come devagar, os bolinhos não vão fugir de você.
Me levantei e peguei meu celular, decidi que precisaria de dois empregos para manter minha mente ocupada. Assim fugiria da dor, da saudade e da tristeza por um longo tempo.
— Ah, sim… Como ficará o financiamento do seu projeto?
— Bom, sabemos que não tenho condições financeiras para financiar. E diante desse impasse, resolvi dividir o lucro meio a meio com o senhor Roger Leblanc. Ele aceitou.
— Porque não me contou quando seu pai teve AVC? Tanto eu quanto a Mel descobrimos que sua família estava passando por uma situação delicada quando sua mãe veio ficar com você, quando estava internada. — disse, citando o fatídico acontecimento em que fui sequestrada.
Sua pergunta é feita inocentemente, e com seus redondos e castanho olhar encarando-me, resolvo falar:
— Eu não queria lhe desconcentrar dando-lhe preocupação, você estava em semana de prova. E a Mel estava enfrentando uma barra com os pais que haviam expulsado de casa.
Seu olhar muda e sinto meu peito afundar. Eu sentia tanta saudade dos meus pais, e tudo que eu mais queria era poder estar ao lado deles.
Alicia veio ao meu encontro e abraçou-me fortemente, permitindo que meus conflitos ficasse em off por alguns minutos.
— Vai ficar tudo bem é só uma fase. — Ao desfazer o abraço, ela me olha e sorri docemente. — Sua tempestade é minha tempestade, não precisa esconder seus conflitos internos de mim, independente da situação que eu estiver, sempre estarei ao seu lado.
— Eu te amo, minha barbiezinha.
— Eu sei, sou irresistível… sabe como é, né? — Suas covinhas apareceram diante da sua fala com uma pitada de humor.
— É, é sim. — Soltei uma piscadela para ela. — Nos vemos depois.
Seguir para o meu quarto, com a certeza que cumpriria um ou dois objetivos da minha lista.
*
Meus olhos se abrem e na tentativa de não ver nada desfocado pisco três vezes. O quarto estava escuro e para ter uma iluminação natural, pego o pequeno controle que estava no criado mudo e aperto no botão que faz a cortina recolher. A luz do dia invade o cômodo, e solto um grunhido quando sinto a dor de cabeça surgir.
Afasto a coberta do meu corpo e é quando dou conta da minha nudez. Olho à minha volta e vejo a bagunça que está no meu quarto, minhas roupas e travesseiros se encontravam no chão e diante da imensa bagunça sinto que não passei a noite sozinho, mas porque não me lembro de nada?
Que porra havia acontecido aqui?
Balanço a cabeça tentando dissipar o véu negro que há em minha memória, mas nada muda. O vazio de que falta algo, permanece. Deixando apenas uma translúcida sombra ribombar por cada canto da minha mente.
— Droga!
Levanto-me da cama e sigo para o banheiro, escovo os meus dentes e antes de adentrar no box, aumento no painel digital a temperatura da água, a deixando um pouco mais gelada. Os jatos fortes de água caem sobre o meu corpo trazendo de volta a dignidade da minha alma. A temperatura da forma que escolhi, faz que por um momento esqueça dos meus miseráveis problemas. Por um momento não pensei nela, dando-me o controle total das minhas faculdades mentais.
Uma escolha e tudo voltará a ser como antes, apenas uma decisão para acabar com tudo isso.
Depois do banho, visto-me apropriadamente para comparecer à empresa. O dia nem havia se iniciado e o acúmulo de trabalho batia em minha porta, em um gesto de aviso. Vestido formalmente, saio do meu quarto e vou em direção a escada.
— Bom dia, bela adormecida. — escuto Ian falar, sentado no sofá.
— Cara, assim você me humilha. Mais uma vez conseguiu driblar o meu sistema de segurança! — comento e sigo para a cozinha.
— Isso demonstra o quanto sou bom no que faço. Vai, admite que sou muito bom?!! — Ian aparece na cozinha com uma expressão lisa. — E também mostra que o seu sistema de segurança tem uma falha!
— Não preciso admitir.
— Considerarei uma resposta.
— Está com seu celular, ai? — indago — Sinto uma sensação estranha que tinha alguém no meu apartamento ontem a noite. — revelo meu pensamento que tanto me inquietava.
— Ahm, vou entrar no sistema de filmagens. Só preciso de um minuto.
Tomo um comprimido que tem o efeito de curar a ressaca e depois começo a preparar o meu café da manhã. Algo prático e gostoso, como: sanduíches e suco natural.
— Ninguém entrou ou saiu do seu apartamento, já vi todas as filmagens de ontem a noite e o único a entrar foi você e a vasti que te acompanhou até a porta.
— Não sei, não lembro dos detalhes de ontem a noite. Mas sinto que aconteceu algo…
— Cara, você bebeu pra cacete. — Soltou um riso e pegou um dos meus sanduíches. — Ainda acha que lembrará de algo?
Cedendo a razão acabei aceitando.
— Ok, vamos nos atentar aos fatos importantes. Temos um arquivo criptografado para acessar, uma investigação para fazer sobre Cindy Nabokov e Alan Olarv. Quero saber cada passo deles e que pesquisem com afinco o passado de cada um.
— Acha que a Nabokov desconfiou do tablet?
— Não, ela não vai suspeitar de nada. Só vai precisar se conformar com o fato de não haver nada para ser feito.
— A viagem para Washington, será a que horas?
— Farei amanhã, hoje resolverei os assuntos da empresa.
O celular toca no bolso interno do meu terno, retiro e logo o correio de voz soa.
"Oi, filho. Espero que tenha chegado bem da viagem. Venha jantar conosco hoje, sentimos sua falta. Ah, e trás a kristal… as meninas amaram conhecê-la."
— Cara, quer um conselho? Diz que ela não é a Mulan que você procurava.
— Mulan? De onde tirou isso?
— É, a jovem guerreira destemida que vai lutar em uma guerra. — Ian digita algo no celular, depois me olha como se estivesse ofendido. — Ah, não! Vai me dizer que nunca assistiu Mulan?
— Não.
— Suas irmãs assistem o quê? Polly Pocket?
Soltei uma gargalhada vendo o quão sério Ian estava.
— Não. Esse é um desenho que a sua assiste? — Ironizei.
— Olha pra mim, sou um ótimo exemplo a ser seguido. Desde pequena, a minha irmã só assiste filmes de qualidade.
— Sei. — limito-me a responder.
Um pequeno silêncio paira, mas é cortado com a pergunta de Ian.
— Você está bem?
Soltei um suspiro sofrido, pela primeira vez na minha vida, eu havia desistido de algo.
Então, nada estava bem.
— Vou ficar.
O famoso altos e baixos da vida, mas dessa vez se relaciona ao amor.
— Relaxa, vocês vão voltar. Não é a primeira vez que ela termina.
— É complicado e diante do que aconteceu é melhor que as coisas fiquem assim.
Eu esperava que sim.
*
Indo para empresa, acessei o e-mail no notebook e enquanto checava os mais importantes, me deparei com um e-mail do RH. Estranhei o fato deles terem entrado em contato comigo por email, e ao ler do que se tratava, sinto novamente o peito se apertar com a realidade presente. Ela estava tomando mais uma providência de se manter longe de mim, e caralho do inferno, como dói! Essa merda dói pra cacete!
Sou um homem que nunca havia experimentado o amor, nunca havia sentido tal intensidade dos sentimentos e tão pouco declarado para uma mulher que o meu coração escolheu amá-la. Um riso amargo escapa da minha boca, deveria ter seguido o meu plano e se concentrar apenas na minha vingança. Kristal não merece estar nessa linha de fogo que estou envolvido, ela merece muito mais.
— Ian, você poderia levar a mala e a bolsa da kristal na casa dela?
Não o encarei para perguntar, observei o movimento da rua e tentei manter a minha mente longe dela.
— Claro.
Suspiro aliviado, quem sabe um dia a minha vida voltasse ao normal.
*
O dia foi exaustivo, havia uma porcentagem da carga emocional interferindo no meu trabalho. E em cada momento do dia, meus pensamentos me atraem. A sala da presidência lembrava ela, a sala de reuniões tinha a presença dela no meio da ausência e nesses momentos estava eu pensando nela. Não pensar nela, se tornou até ridículo.
Porque conscientemente acabava pensando.
A reunião com a diretoria da empresa, tirou o resquício da minha paciência nesta tarde. Afundei-me no trabalho para agilizar os assuntos pendentes, já que estaria de viagem para Washington no dia seguinte.
Escuto batidas na porta do escritório, e murmurei um "entre".
— Senhor, devido a demissão da senhorita Hernandez ser antes da finalização do contrato de fidelidade, gostaria de saber se ela perderá os dez por cento do que receberia? — a encarei — Pergunto, porque em outra situação, seguiríamos a norma da empresa. Mas como se trata da sua namorada, decidimos informar.
Olhei Silvana a minha frente seu jeito simpático me encarava esperando uma resposta.
— A senhorita Hernandez receberá tudo que lhe pertence, ela trabalhou e se dedicou pelo tempo que esteve aqui.
Antes que eu continuasse falando, lembrei-me do projeto dela. Eu não tinha ideia sobre os termos de negociação dela, nem como ela financiaria o projeto, mas sabia que ela poderia precisar de ajuda financeira.
— Acrescente por fora quinze por cento a mais, anonimamente. Eu sei que ela precisará, é só isso.
Silvana se retirou, e com a tarde se findando, resolvi ir para casa dos meus pais.
Eu só precisava enfrentar um dia de cada vez, e acreditar que essa tempestade era só uma fase passageira.
*
Fiquei tão nervosa para conversar com Lauro, pelo fato de supor que ele não estava contratando ninguém que por pouco desistia de ir nas garotas apimentadas. Mas determinada a tentar, corri atrás do meu antigo emprego.
Mas havia um porém, para ser contratada dessa vez, teria que ser dançarina. As dançarinas ganhavam bem, e sem contestar com a objeção, aceitei. Matei a saudade que sentia das meninas e antes de procurar outro emprego, tinha decidido algo e eu sentia que ao tomar a decisão era porque a minha hora de voltar havia chegado.
Retirei o celular do bolso e liguei para minha mãe por vídeo chamada.
Seu rosto radiante surgiu na tela do meu celular, havia um brilho novo em seu olhar e isso era pelo simples fato do papai estar se recuperando.
— Oi, meu amor. Tudo bem? — indagou enquanto me analisava.
— Oi, mãe. Eu quero lhe mostrar uma coisa… — eu estava de frente para estátua da liberdade, era um código que não precisaria de palavras para dizer o que significa.
Antes de embarcar no avião para vim a Nova York, disse a ela que quando voltasse daria a notícia em frente a estátua da liberdade.
— Oh, meu Deus. Você está voltando? — sua voz embargou.
— O plano é para daqui a três meses, mas pode ser antes. — expliquei, deixando claro. — Estou voltando mãe, preciso de vocês.
— Meu docinho, o que fizeram com você?
— É uma longa história, mãe. Mas o que posso dizer é que Nova York não é tão encantadora no momento.
— Meu amor, independente da sua escolha, saiba que estarei aqui para te ouvir e apoiar.
— Eu amo vocês… — falei com os olhos cheios de lágrimas mas me contive para não me derramar em sua frente.
— Também amamos você, meu doce.
Depois da ligação voltei a procurar emprego e em todo lugar que havia aviso de contratação, eu entrava. Mas eles não me aceitavam com a desculpa de "A senhorita não se encaixa nos nossos critérios", segundo eles uma pessoa que possuiu um cargo alto não se contentaria com um trabalho rotineiro e de salário tão inferior.
Exausta, voltei para casa. No táxi as lembranças com Dominic vieram junto do conselho de Alicia: O tempo é a solução para apagar lembranças mas também trabalha junto da saudade. Será uma questão de escolha continuar pensando ou esquecer!
*
|| JADE FORD||
Eu sentia que a qualquer momento seria diluída pela culpa, era uma amarga e venenosa sensação que rondava-me em busca de algo. Eu não sabia o que fazer, estava ficando louca em vê-la em sites de notícias ao lado do Dominic ou no meu quarto, ela estava me perseguindo. Me cercando.
Encaro a lápide do seu túmulo queria me certificar que ela realmente havia morrido. Um alívio preenche o meu coração, era só um truque barato da minha mente. Ela estava morta e ninguém saberia do real acontecimento daquela noite.
Jurei para mim, que havia sido um acidente e que a culpa era dela. O que aconteceu foi um acidente.
Assim como as passagens das estações tem ligação com o tempo, o amor que sentimos por Amélia Ford é enraizado nas linhas do amor e marcado por cada estação. Li a frase da lápide e toquei as letras.
Amélia carregava em sua alma, um espírito livre. Além de ser sonhadora, escolhia fazer o que era certo. Era um exemplo de prima a ser seguido.
— Eu não tive culpa — ressalto mais uma vez o meu mantra, mas já não era tão convincente assim.
Éramos duas adolescentes com pensamentos diferentes, e personalidades opostas. Era um fardo carregar uma culpa que não tive nenhuma intenção em machucá-la. Eu não tive…
Sinto as lágrimas surgirem, sentia que toda a pressão que vinha sentido, faria-me fraquejar a qualquer momento. Levanto-me e com o coração pesado de tanta culpa, afasto-me da sua lápide e sigo para o meu carro. Deixaria o passado para trás e lidaria com o fantasma que a minha mente criava toda vez que via algo relacionado a namorada do Dominic.
Ela invocava uma fantasma morta, trazia meu passado para o presente e ela havia conseguido conquistar o coração do Dominic. Novamente a vida fazia questão de mostrar que não importava quem eu amasse, nunca o teria. Fosse no passado ou no presente, sempre haveria outra pessoa em meu caminho.
Enquanto dirigia, alinhei os meus pensamentos em uma única solução. Ela estava me forçando a fazer isso, a seguir um caminho que não teria volta.
3174 palavras
Segue capítulo abaixo... ❤️
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