CAPÍTULO 38

     Assim que Dominic se afastou,  segui o fluxo de pessoas que estavam indo para o segundo andar. A grandiosidade esbanjada da mansão me deixou encantada, enquanto subia as escadas reparei que havia marcas intercaladas no mármore do corrimão. Uma serpente enrolada na adaga, engoli em seco vendo a semelhança com a do meu salto. Era de fato estranho. 

Terminei de subir os degraus e me deparei com mesas compridas e bem ornamentada com comidas e bebidas, pessoas dançando na pista de dança enquanto uma suave melodia preenchia o ambiente. Havia um corredor que provavelmente levaria a outra parte da mansão. Fui até a mesa e analisei cada aperitivo que parecia agradável, mas diante da variedade que havia na mesa apenas peguei um e levei a boca. 

O sabor agridoce tomou conta do meu paladar, troquei a minha taça vazia por outra cheia e depois de comer mais alguns aperitivos voltei a olhar todo o movimento. Havia pessoas subindo para o terceiro andar, e com a curiosidade alfinetando os meus olhos e a minha alma segui na mesma direção. Notei nas colunas o mesmo símbolo que vi na escada, e o fato de ver algo que era discreto e notório começou a me incomodar. Senti-me dentro de uma cena de filme, onde esses aspectos tão sombrios eram ligados a uma máfia.

Ok... devo ter viajado pelo simples fato de ser uma amante de livros e filmes com gêneros de ação. 

Quando cheguei no terceiro andar, vi que se tratava de quartos. Havia o corredor à minha frente que tinha seis portas fechadas, e mais dois corredor do lado esquerdo e direito. Decidi ir em direção à sacada do corredor à minha frente, fitei o céu e sentei em uma das cadeiras. 
Eu não encontrava graça nessas festas, e ainda para completar a minha única companhia foi atrás de uma senhora que apareceu do nada.

Retiro os meus saltos e suspiro aliviada quando sinto o frio do piso nos meus pés. Levei a taça de champanhe aos meus lábios e terminei de beber de uma única vez. 

Perdida nos meus pensamentos não vi quando Dominic chegou e ficou perto da borda de mármore da sacada encarando a vista a sua frente. Ele estava calado e pensativo e de uma forma bem estranha aquilo me inquietou. Me levantei da cadeira e o abracei por trás, não valia a pena mantê-lo distante sendo que o meu maior querer é estar com ele. 

Dominic tocou a minha mão e me colocou de frente para ele, encarei as gemas celestes do seu olhar e dessa vez elas estavam mais escuras e frias. 

— Eu te perdoo...— Falei baixinho. — E entendo as suas razões. 

Suas mãos invadiram os meus cabelos que estavam ondulados em um penteado semi preso. Sua boca plantou um beijo na minha mandíbula e distribuiu beijos molhados no meu pescoço e ombro. 

Parecia necessitado do beijo. 

Arfei, já entregue ao desejo que fazia o meu corpo ficar amolecido em suas mãos e toque. Levei as minhas mãos até o seu pescoço e o beijei matando a saudade que sentia de provar os seus lábios.

*

      Seus olhos encontraram o meu e a visão que eu tinha era dos deuses. Que criatura bela, magnífica, de beleza transcendente! Abracei o seu corpo e senti aquele cheirinho de lavanda que me fazia esquecer de todos os meus problemas. Meu ponto de paz ancorava-me no presente, fazia-me esquecer de todos os meus problemas mesmo quando não há solução para solucioná-los. 

Beijei seu ombro e ajeitei as alças do seu vestido.

— Vamos dançar? — sugeri. 

Ela me olhou e deixou um sorriso escorregar em seus lábios que ainda permaneciam pintados de vermelho. 

— Lá em baixo?

— Quem disse que iremos dançar no andar de baixo? — falei divertido. 

— Não entendi... 

— Meu amor, não precisamos da melodia que vem lá de baixo. — enlacei a sua cintura. 

— Mas... 

Aproxime a minha boca do seu ouvido. 

— Silêncio, ouça a melodia de nossos corações baterem em só compasso. — e sobre a luz da lua começamos a dançar em um ritmo suave e apaixonado. 

A rodopiei e a trouxe de volta para mim, o seu riso era uma das notas musicais mais belas que existia. 

— Minha aurora boreal. — sussurrei em russo. 

Seus lábios plantaram um beijo terno no canto da minha boca. A girei mais uma vez e a trouxe de volta para os meus braços, o lugar de onde ela pertencia. 

*

     Ao descer as escadas encontrei Ian perto da mesa de comida. Ele fez um sigilo aceno com a cabeça, enquanto comia. Pude respirar aliviado sabendo que ele havia conseguido o que queria, as peças do jogo começaram a se mover no tabuleiro de vidro e uma jogada errada partiria cada peça em pequenos estilhaços. 

Ian se retirou primeiro e logo depois houve um apagão. 

Protegi kristal atrás de mim e sorrateiramente levei as mãos até a minha arma que estava no cós da minha calça, um tiro foi ouvido e gritos ecoaram pelo salão. Eu podia sentir todo o movimento à minha volta e o único presente era o medo das pessoas. As luzes voltaram e o corpo inerte de um jovem homem estava caído na pista de dança, havia sido executado com um tiro na cabeça e para um bom entendedor que pertence às sombras, aquela cena era um breve aviso de que um traidor havia sido encontrado. 

Kristal tremia, estava abalada e horrorizada com a cena à nossa frente. Os seguranças da mansão invadiram o andar e começaram a procurar pelo assassino. Os meus seguranças já estavam no andar em modo de alerta, eu não precisava deles para protegê-los mas fazia parte do disfarce de Dominic Ford. Uma mulher chorava junto ao corpo do homem, e farto daquela cena, sai da mansão com kristal encolhida ao meu lado. 

No carro consegui acalmá-la e até chegar no hotel, ela permaneceu calada e abraçada a mim. Quando adentrei a suíte, kristal foi para o sofá e ficou sentada sem reação. Fui até o frigobar e peguei uma garrafinha de água e dei para ela, afaguei os seus cabelos e a vi respirar profundamente. 

— Eu não entendo Dominic... — ela me encarou e através das suas íris notei o quanto as dúvidas patenteiam a sua mente. — Me explique o que significa a serpente enrolada na adaga? 

Fechei meus olhos e respirei fundo antes de encará-la. 

— Anjo, não posso falar desse assunto. Acredite em mim, quanto menos você souber, melhor será. 

Kristal enterrou o rosto nas mãos e soltou um suspiro alto. Ela era bem observadora, não achei que presenteá-la com um salto que possuía o mesmo símbolo da mansão Olarv, a faria ligar um ponto ao outro.

A subestimei. 

— Por que diz isso? — olhou-me confusa — Está envolvido com algo ilegal? — arregalou os olhos. 

Passei as mãos nos cabelos, não envolveria ela em um mundo sombrio que a visão que tínhamos era totalmente diferente da dela. Kristal é inocente e envolvê-la seria como jogá-la aos felinos. 

— Não, anjo. — Mentir para ela deveria ser fácil, mas diante do seu suspiro de alívio vi que era o certo a se fazer. — A elite quando sente-se ameaçada ela engole a pequena presa. — desviei os meus olhos dela, cruzei as mãos e fitei o chão pensativo. 

Senti suas mãos afagarem o meu cabelo e em seguida traçar com o dedo indicador a minha mandíbula, a encarei começando a questionar se realmente estava disposto a colocá-la no fogo cruzado. 

O seu doce olhar havia enlaçado a minha alma com a sua, e por mais egoísta que fosse, eu não conseguia me ver longe da minha feiticeira. 

Eu literalmente a adorava. 

1280 palavras

Segue capítulo abaixo... ❤️❤️

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