CAPÍTULO 35
Acordei com lambidas e miados perto do meu rosto, e quando me dei conta do que realmente estava acontecendo me sobressaltei assustada com os dois animaizinhos na minha cama, o que resultou na minha queda. Ainda deitada no chão, pude ouvir o riso de Alicia que ecoou em cada canto do meu quarto, e para comprovar que era real o que eu vi, a cabeça pequena do filhote da pelagem dourada surge deitando em seguida a cabeça entre as patas.
Internamente choraminguei.
Depois o gatinho de pelos escuros e de boquinha pintada em branco apareceu também. Sentei-me no chão e encarei os filhotes antes de olhar Alicia.
— Alicia de quem são? — eu estava temerosa, Alicia às vezes era impulsiva nas decisões e levando o fato de que até as suas obrigações eram deixadas de lado, imagine dois animaizinhos fofinhos.
— Nosso. — sentou na cama e buscou o gatinho que também tinha as patinhas pintadas em branco, os olhinhos esverdeados eram magnéticos.
Apenas um olhar era capaz de nos envolver e nos conquistar sem mais nem menos.
— Como assim, nosso? — a encarei desacreditada.
— Ontem, eu sonhei com dois filhotes. Uma gatinha e um cachorrinho, e hoje em vez de fazer a minha corrida matinal, fui lá seguir meu sonho.
Vejo Alicia fazer carinho no gatinho, e beijar a cabeça do pequeno filhote.
— Alicia, você se compromete a cuidar bem desses animaizinhos? Você sabe que eles requerem cuidado e atenção.
— Nós nos comprometemos, eles são nossos. — pontuou.
— ok, vamos analisar o quadro direitinho. Eu trabalho o dia todo e só tenho a noite para cuidar deles, você só tem a parte da manhã livre. Agora me diga Alicia, como fica? — A encarei esperando uma solução decente mas o latido do cachorrinho chamou a minha atenção.
O peguei e o suspendi para frente, concluindo que era um machinho. O olhar escuro e doce me fitaram cativando a minha alma à sua, o aninhei ao colo e acariciei a sua cabeça.
— O Matteo me deu três horas de trabalho, das uma às três horas da tarde. Eles não ficarão por muito tempo sozinhos, vai dar tudo certo. — Áli estava muito confiante.
Dei de ombros e fitei o pequeno filhote no meus braços, aqueles olhinhos castanhos escuros trouxeram um nome em mente.
— Charlie. — sussurrei. — Foram adotados ou comprados? — perguntei.
— Adotados, cada um tem seis meses e já estão vacinados. E olha que eu quase fazia um escândalo pelo fato desse douradinho não estar para adoção. — entortou os lábios ao falar — Mas usei os meus dons persuasivo com o gerente do pet shop, e a conclusão foi que compraria tudo que eles precisam para ter conforto, você acha que compraria esses nenéns? — mudou a voz no final ao falar com a gatinha — Eu só espero que meu tio não surte com a fatura do cartão, apesar que quem saiu perdendo foi o pet shop.
Arregalei os meus olhos diante da sua confissão.
— Alicia, o que você aprontou?
— Nada, eu só usei o cartão do meu tio. Ele Disse “ se precisar, pode usar”. Então usei — seus olhos brilharam ao contar.
— Daqui a três dias irei viajar com o Dominic a trabalho e precisamos ver uma solução antes da viagem.
— Ok, pensaremos em algo.
Coloquei o filhote na cama novamente e me levantei para tomar o meu banho. Encarei o pequeno golden retriever e sorri com aqueles olhinhos brilhantes me fitando.
Alicia era a minha caixinha de surpresa, e apesar de sempre estar à frente de meus passos eu amava até as suas imperfeições. Alicia foi alimentar os filhotes, e eu segui para o banheiro pois o tempo estava contado.
*
Enfrentei o elevador com a cara e a coragem mais uma vez, a imagem de Dominic no elevador pedindo para confiar nele se tornou minha âncora. Suspirei fundo, e contei até chegar na presidência. Eu estava cinco minutos atrasada e antes de sentar na cadeira, vejo a porta do escritório entreaberta e intrigada me aproximo em passos silenciosos.
— Já preparei tudo para essa noite. Irei liderar uma pequena equipe e após essa operação farei a viagem. — a voz de Dominic parou, meu coração começou a bater rapidamente imaginando que ele poderia ter me visto, mas tranquilizo-me quando ouço novamente a sua voz. — Sim, senhor. Anteciparei a viagem e comparecerei em Washington. — sua voz saiu dura e inflexível.
Mas porque diabos estou ouvindo atrás da porta?
Repreendo-me e afasto-me imediatamente da porta, eu estava sendo invasiva com o Dominic. Antes de sentar na cadeira passei as mãos na lateral do vestido que moldava-se ao meu corpo, o vestido verde escuro possui mangas curtas e um decote redondo com uma pequena abertura frontal. O cumprimento chegava nos joelhos e mais uma vez eu estava com o meu scarpin nude, e como complemento usava apenas o colar e o anel dado por Dominic.
Tento focar a minha atenção nas classificações de documentos, e coloco em mudo qualquer pensamento irrelevante, mas a voz gutural dele me fez tirar os olhos da tela para encará-lo.
— Bom dia, minha princesa. — Se aproximou com um sorriso charmoso de canto e beijou os meus lábios. — Aconteceu alguma coisa?
—Não... — respondi desconfiada e aquelas gemas celestes me examinaram.
Eu não estava louca em falar “Ah, não aconteceu nada, o atraso foi porque fiquei conversando com a minha irmã sem me dar conta do horário.”
— Ok... — ele mordeu o lábio inferior e levantou a sobrancelha direita em uma indagação silenciosa. — Ajuste todos os compromissos para a parte da manhã, não estarei aqui pela tarde. Tenho um compromisso de última hora e irei me ausentar. Ok, anjo? — seus dedos fizeram um carinho nos traços do meu rosto e o toque era carregado de um eletrizante calor que se espalhou por todo o meu corpo.
Fiquei hipnotizada por breves segundos sentindo todo o turbilhão de emoções que seu toque despertava. Limitei a assenti, olhei-o vestido em um terno escuro sob medida em seu corpo másculo fez meu sangue incendiar, desviei meus olhos do seus.
— Certo. — o turbilhão de sensações dançavam sobre a minha pele, só pelo simples fato de tê-lo ao meu lado.
Eu esmorecia só com o seu doce toque e reacendia com a intensidade do seu olhar. O combustível dos átomos que acendiam a nossa química era singular, e a irresistível atração deixava claro o quanto eu era rendida a ele.
Dominic voltou para a sua sala com passos calculados, e à medida que ele se afastava me indaguei qual seria o seu defeito, já que exteriormente ele não possuía. O homem era um doce pecado, daqueles que para repetir novamente não era necessário pensar duas vezes.
Pela parte da tarde considerei um tormento não vê-lo por perto.
*
A noite chegou e estava de volta a ativa. Sentindo mais uma vez a pressão de uma missão, a noite estava fria e sombria.
A lufada de vento tocou uma pequena parte da minha nuca que estava exposta, mantinha-nos silente e éramos encobertos pela sombra da noite. Ian estava na van, que estava camuflada no meio das árvores da floresta. Dessa vez a equipe estava em número menor, e a missão dessa noite era impedir a venda de drogas que aconteceria em uma cabana nas coordenadas que seguíamos, os drones sobrevoam na nossa frente para fazer a captura de imagens que os olhos humanos são incapazes de enxergar.
Paramos na última linha, precisaríamos passar perto do lago atravessando uma área sem cobertura de árvores. Era um risco que devíamos correr.
— Russell? Separa os drones na área, mas deixa dois em nossa frente. — comuniquei através do ponto.
— Feito. — A voz soou automática.
Estávamos abaixados olhando todo o perímetro a nossa frente, virei-me para os quatros integrantes da equipe e falei:
— Stewart, você ficará atrás de mim dando cobertura. — Minha voz saiu abafada por causa da temperatura que havia caído a noite, apesar de o uniforme de frio não deixar a temperatura do corpo cair. — Ivan, você cuidará do franco atirador. Otto e kenzie vocês entrarão assim que Ian nos passar as informações do lugar.
Todos assentiram, e com pesadas silenciosas seguimos por perto do lago atentos a qualquer barulho. Depois de atravessar a área exposta, adentramos novamente na floresta e avançamos para o local. Antes de marchar em direção a cabana, Ivan procurou uma árvore em que pudesse ter um bom ângulo de todo o derredor da cabana, já posicionado em cima da árvore esperamos algum sinal da parte de Ian.
O silêncio pairava entre nós e a floresta, e apesar de estarmos atentos era possível sentir que havia algo errado.
— Russell? — o chamei.
— Não há movimento por fora... — atentei os meus olhos para a cabana, enquanto o ouvia — Há apenas um movimento dentro da cabana...
Diante do meu gesto, Otto avançou pela frente com kenzie ao seu encalço dando cobertura. Eu fui pelos fundos com Vasti cobrindo a minha retaguarda. Apesar de termos o Ivan nos cobrindo, precaver nunca era demais.
E seguindo o plano traçado, primeiro ouvimos se haveria alguma conversa mas diante do silêncio invadimos a cabana. As luzes estavam acesas e havia várias caixas espalhadas pelo cômodo, ainda em modo de alerta fizemos a vistoria em todos os cômodos. Quando abri a porta do sótão, pude ver a trilha de sangue nos degraus finais, e uma arma com silenciador caída perto do corpo.
— Não há ninguém no local. — Kenzie se aproximou e olhou para o mesmo local que eu encarava.
— Vamos, estamos em uma armadilha. — peguei em seu braço para fazê-la andar rápido. — Vasti e Otto esquecem a mercadoria. Estamos em uma armadilha. — Minha voz carregava uma certa urgência ao falar pelo ponto.
Sai da cozinha e quando entrei na sala vi Otto e Vasti, olhando para um quadro na parede. Ambos se afastaram rapidamente indo de encontro a saída, rapidamente vi o quadro e não era só um quadro, era uma bomba. Os ponteiros giravam em direção anti-horário, e havia pressa no girar.
Kenzie estava na minha frente, e como Otto e Vasti começamos a correr em direção às árvores, mas a explosão veio, levando para os ares cada pedaço da cabana. Com o impacto da força da explosão joguei-me em cima de kenzie, protegendo-a dos pedaços que começavam a cair no chão.
Fragmentos da explosão caíram em cima de mim, e apesar da adrenalina que corriam como um doce veneno em minhas veias. Senti algo perfurar a minha perna, e foi inevitável o grunhido sair da minha boca.
*
A noite chegou e assim que saí do banho um número desconhecido ligou para mim, quando atendi reconheci pela voz que era Célia Ford. A mesma havia ligado para convidar-me para um jantar em família, e depois que a ligação foi encerrada a bolha do nervosismo estourou em cada parte do meu corpo.
Havia dois problemas que estavam tirando minha paz. O problema número um era conhecer a família do Dominic sem o próprio. O problema número dois era a indecisão de como me vestir.
Abri as portas do meu armário de roupa e olhei para as peças analisando cada uma. No fim escolhi um vestido da cor amarela, que passava pouca coisa do joelho.
Além de possuir mangas bufantes que chegavam até o antebraço, o decote quadrado contribuía para que a peça se tornasse delicada. Optei em deixar meus cabelos soltos e usar uma maquiagem simples que ressaltasse os meus naturais, e por último escolhi calçar uma sandália preta de tiras.
Após me produzir esperei apenas cinco minutos quando o motorista bateu na porta. Ao entrar no carro, acomodei-me no banco de passageiros e tentei não pensar muito no fato de conhecer a família de Dominic sem ele estar presente.
Ajeitei meus cabelos em um ato nervoso quando o motorista que havia sido mandado para buscar-me parou em frente ao portão luxuoso da mansão. Inquieta pelo nervosismo passei as mãos nas minhas coxas, soltei uma lenta respiração assim que o carro parou em frente a casa dos pais do Dominic.
A mansão possuía seus requintes de esplendor, tudo esbanjava luxo e poder. A escada baixa de mármore tinha ao lado duas luminárias, o jardim da mansão era impecável de tão fabuloso. Subindo as escadas pude ver através da porta de vidro duas crianças olhando para mim.
Sorri gentilmente para elas que retribuíram imediatamente.
*
Após o jantar que foi bastante harmonioso, fomos para a sala. Fui recepcionada com tanto carinho que o nervosismo que estava pulsando se dissipou. Enquanto conversava com os pais de Dominic, percebi o amor entre ambos e não envolvia nada de fachada.
Era puro e real.
O senhor Ford, tinha um olhar curioso em mim, mas ocultamente eu sabia o motivo. Eu lembrava a filha deles, e o fato de saber isso deixa-me de certa forma incomodada por saber que eu lembrava a perda deles. Isso me deixou triste.
As gêmeas são ecléticas, não ficavam quietas e eram bem comunicativas. As gêmeas eram iguaizinhas: negras, de olhos redondos e castanhos, e os cabelos cacheados. Desde o início em que coloquei os meus pés aqui elas logo buscaram fazer interação comigo.
Duas princesas encantadoras!
— Sei que pode parecer estranho o Dom não estar presente, mas infelizmente ele teve uma reunião com uma empresa que faz parceria com a empresa Ford. — O senhor Ford falou solícito.
— Entendo perfeitamente. — respondi, Dominic não havia sido claro sobre seu compromisso e a conversa no telefone dizia o contrário do que o Sr. Ford havia dito.
— Sua família mora aqui em Nova York? — Celia perguntou com uma certa curiosidade.
— Meus pais são de piscataway, nasceram e cresceram lá. É um lugar encantador, mágico… — falei saudosa.
— Tenho certeza que sim. — Célia respondeu e sorriu gentilmente. — O aniversário das gêmeas está chegando, gostaria que você e sua família estivessem presentes. Quero apresentá-la à família completa.
— Infelizmente meus pais não poderão comparecer… — expliquei o motivo e compreensivamente ambos entenderam.
— Kristal, saiba que se precisar de qualquer coisa pode contar conosco. — Richard falou.
— Obrigada.
— Você entrou na vida do meu filho e faz parte da nossa também. Estamos felizes em ter você em nossa família. — Célia disse amorosamente.
Sorri carinhosamente ao ouvi-la. Agradeci, a conversa se estendeu um pouco.
— Kristal... — Alana falou dengosa. — Você vai casar com o meu irmão? — As mãozinhas estavam nas peças do quebra-cabeça.
— Estamos dando um passo de cada vez, princesa. — Respondi e sorri.
Ana se levantou e andou até mim, com passos firmes.
— Promete de dedinho que virá outro dia brincar conosco? — seus olhinhos brilhavam esperando uma resposta.
A olhei carinhosamente com a vontade de enchê-la de beijos, acaricie seu lindo rostinho e falei:
— Prometo. — Selamos a promessa e o gritinho de alegria das duas ecoaram pela sala e ambas me deram um abraço de urso, sorri contagiada com a alegria e as abracei apertadamente.
Não demorou muito me despedi deles prometendo voltar para brincar com as gêmeas e aceitando vim passar um domingo com eles.
*
Quando cheguei em casa verifiquei se Charlie e Lolita estavam bem e se ainda tinha ração e água em suas tigelas. Charlie estava em sua caminha, mas a cama da gatinha estava vazia.
Subo as escadas e vejo Charlie passar na minha frente indo direto para o meu quarto. Ao ligar a luz do meu quarto, quase caio para trás quando vejo as minhas lindas almofadas coloridas rasgadas.
— Charlie, o que você fez? —falei abismada.
Soltei um lento suspiro e me aproximei da cama, joguei as almofadas nos pés da cama e quando fiz isso, Charlie latiu para mim.
Ora! Que ousadia!
— Você apronta e vem latir para mim? — coloquei as mãos na cintura e o encarei enquanto falava. — Olha o que você fez com as minhas almofadas? A roxa foi presente da minha mãe, Charlie! — disse enquanto olhava minhas almofadas.
Charlie inclinou a cabeça para a esquerda, e latiu de novo. É, percebi que não tinha voz para dizer algo a ele.
Suspirei, e balancei a cabeça negativamente.
Andei até o banheiro para tomar um banho, dessa vez escolhi a água quentinha. Depois do banho, passei a loção hidratante de lavanda em meu corpo e vesti meu baby doll de cetim vermelho. Antes de dormir, decidi pesquisar pelo meu celular mais um pouco sobre a raça golden retriever. Charlie tentava pular em cima da cama e foi através da pesquisa que descobrir que eles quando se sentem sozinhos gostam de chamar atenção.
— Não tenta me enganar que não sabe subir, que eu não sou nenhuma boba. Você rasgou as minhas almofadas. — falei e o vi parar com as patinhas sobre a cama.
Fechei meus olhos antes de tomar a decisão, sabia que poderia me arrepender mas decidir não me concentrar nos pontos negativos. Peguei Charlie e o coloquei em cima da cama, o mesmo se aproximou de mim e deitou-se ao meu lado.
— Só hoje, viu mocinho? — obtive dele apenas o olhar doce e rendida a tanta fofura o abracei e dormi logo em seguida.
2828 palavras....
Até o próximo capítulo... ⏰❤️
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