CAPÍTULO 26
Não é simplesmente a paixão que fisga o coração do homem por uma mulher, é a pessoa que o coração escolhe. O segredo está nela e só ela é capaz de colocar um fim no sentimento. A cada momento que passava ao lado da minha feiticeira me fazia ter um ângulo do qual rápido o nosso relacionamento prosseguia e progredia, mas independente da maneira que iniciamos tinha certeza que a queria.
Às vezes nem tudo é construído a base de tempo, as vezes só acontece. O lado apressado do sentimento que nasce nunca é aceito por uma parte da sociedade, é sempre questionado e debatido como errado. Amar em tão pouco tempo? É possível? Bom, quem não acredita só terá a proeza de ter as respostas quando verdadeiramente provar do amor. Posso dizer que o amor mora na essência, é intenso e vai além do físico.
Deixei que meus pensamentos voltassem a se concentrar no meu presente, e encarei o que estava fazendo. Coloquei a bandagem preta nas mãos para o treino, e como todos os outros coloquei o uniforme preto que nos dava facilidade para praticar qualquer arte marcial. Sai do vestuário masculino, e com a postura ereta adentrei a sala de treino.
Samuel estava sentado e pensava em alguma questão interna. Apesar de termos resolvido a questão da maçã podre e nos certificar que nada que nos envolvia havia sido relatado à Máfia Dragão Sangrento, não tínhamos nenhuma pista sobre a enfermeira do hospital. Kristal não lembrava e havia se decidido a não lembrar, e o que eu podia fazer quando entendia o seu medo? Não tinha ideia de como ela reagiria ao lembrar que para sobreviver precisou matar e agir a sangue frio. Havia um risco dela se entregar ao abismo quando se deparasse com a lembrança daquela noite.
— Samuel, não se martirize. — sentei ao seu lado, apoiei os braços na perna e entrelacei os dedos. — Nunca saberemos quem verdadeiramente é aquele que está ao nosso lado. Você sabe que muitos entram para a corporação com um propósito, outros como você migraram de gangues e se juntaram a nós por um motivo único mas acabam se corrompendo novamente. — falei.
— Eu só não consigo lidar com o fato de não ter percebido os sinais. Éramos próximos, estávamos sempre juntos. — respirou — Eu... não queria sentir pela morte dele, mas é inevitável...
— Você não é o único. — levantei-me e segui para o tatame.
Me posicionei em modo de defesa e esperei o meu oponente atacar, Samuel Morris iniciou o seu ataque com um soco de esquerda, e deixou a sua guarda aberta. Desviei do seu soco e aproveitei a oportunidade para golpeá-lo com um chute nas suas costas, era só um aquecimento.
O estilo de luta que eu usava é o Sambo, desde o momento que entrei na corporação dediquei-me de corpo e alma nessa arte marcial, apesar de fazer anos que treino o Sambo eu também abrir espaço para outras artes marciais, como: jiu-jitsu, Kickboxing e boxe.
Sambo foi por uma questão de origem, sendo minha mãe uma russa e uma das melhores lutadoras da corporação, eu decidi seguir os mesmo passos no sambo.
Encarei o meu oponente, Morris deixou um riso escapar e balançou a cabeça.
— Só isso? Parece que está com problemas nos movimentos.— Mudei a posição e comecei a rondá-lo estudando o seu ataque. O estilo de luta do Samuel é o Kickboxing, exigia muito do lutador.
— Estou só me aquecendo.—deixei um sorriso escapar. — Você luta que nem uma mocinha, Samuel.— Toquei no ponto crucial de um homem que tem um ego enorme.
Eu havia acabado de puxar o pino da granada.
Sua expressão mudou e foi questão de segundos para receber a sequência de socos, com reflexos rápidos me defendi dos seus ataques, os bloqueando no começo. Morris usou uma sequência de cotoveladas ascendentes ao encurtar o espaço entre nós.
Senti a cotovelada no meu rosto e continuou até que eu caísse no chão. A vista embaçou, pisquei várias vezes para focar a minha visão e espantar a neblina que cercou a minha mente. Apoiei o braço no tatame para me levantar, massageei os dois lados do meu rosto, o filho da puta havia pegado pesado. Notei que os demais haviam parado com o treino e observava agora na espera do desfecho.
Uma pessoa explosiva raramente vê as brechas que deixa enquanto luta. Só pensa em revidar para aplacar a sua raiva, esse era o ponto fraco de Samuel que quando descoberto trás consequências.
Alonguei o meu pescoço, e encarei Samuel. O mesmo atacou usando socos Jab, defendi-me saindo do seu ataque e com uma joelhada na sua barriga o fiz cambalear. Morris usava a raiva e seus ataques ficavam visíveis o deixando vulnerável, possuía um temperamento curto e apesar de ter bons reflexos e saber executar cada movimento bem, ele deixava a raiva o dominar.
Peguei um pouco mais de distância, assim que Morris veio pra cima, eu apliquei uma voadora de pescoço. O derrubando no chão.
Nocaute!
— Ótima luta, meninos... — Vasti aplaudiu — Cheguei a pensar que só acabaria quando um estivesse morto. — se benzeu.
— Morris, você precisa aprender a controlar a raiva. — aconselhei, e me levantei. Estendi a minha mão para o ajudar a levantar, o mesmo estava ainda estirado no chão. — A medida que o tempo passa ela está mais o controlando, e isso não só coloca a sua vida em risco como a de toda a equipe. — O alertei.
Ele assentiu apenas.
— Os novos armamentos chegaram e estão na sala de treinamento de tiro. — Otto comunicou e a equipe começou a andar para o estande.
Kenzie segurou no meu braço, no momento que todos se afastaram. A encarei repreendendo o seu gesto.
— Você tem certeza do que está fazendo? — seus cabelos loiros estavam presos em um rabo de cavalo e os seus olhos esverdeados estavam suplicantes ao me fitar.
Respirei fundo e levei as mãos ao cabelo.
— Kenzie não complica as coisas que nunca existiram. Eu nunca alimentei o seu sentimento, você sabe perfeitamente que nunca a olhei com outros olhos. — Falei friamente — Pelo bem do seu coração, coloca um ponto final nesse sentimento que você mesma alimentou.
Sua mão me segurou novamente quando fiz menção de sair.
— Você está colocando ela em perigo, uma pessoa inocente que pode pagar um alto preço Dominic. Você compreende a sua escolha ? — o tom ressentido estava ali presente.
Busco controlar meus pensamentos que estavam beirando o limite.
— Kenzie... — tentei parar-lá.
Eu estava no meu limite e tentava não ser rude com ela.
— Uma civil corre risco de vida porque está ao seu lado, Dominic. Somos assim porque decidimos ser frios e adotar essa natureza animalesca. — disse duramente. — A vida dela sempre estará em risco, e você será o culpado por mantê-la às cegas nesse relacionamento.
— Eu fiz uma escolha que não cabe a você questionar e nem interferir no meu relacionamento. Eu sei dos riscos e escolho protegê-la de qualquer perigo que venha ameaçá-la.
— Você não vê, infelizmente. — balançou a cabeça negativamente.
— Assumirei as consequências quando elas surgirem.
Ela suspirou, sai da sala de treinamento e fui para a estande me encontrar com os outros. Sentia todo o meu corpo quente devido a luta, a cabeça cheia devido a intromissão de Kenzie.
Segurei em minhas mãos uma das armas que o disparo só acontecia se a digital do dono estivesse no gatilho, além de possuir mira noturna possuía um pequeno painel que informava se a arma estava ativada ou não. A arma seguia o estilo da sniper semi automática, uma adaptação de primeira. Devido a fatídica noite em que George morreu, o senhor Bennett resolveu mudar o modelo de armas.
Coloquei os abafadores e óculos de proteção, com a arma em mãos andei até a linha de posição. Apontei a arma para o alvo que se encontrava distante e mirei na cabeça, assim que a minha digital carregou no pequeno painel apertei o gatilho e através da mira vi o estrago que a bala fez no alvo e descontei minha raiva.
Descarregando por completo o pente.
— Essa é das boas. entrou, saiu! — a voz lírica de Vasti bradou por cima da comemoração dos demais. — Minha nova bebê... — analisou toda a lateral da arma.
— Eu ainda prefiro o meu fuzil. O estrago que essa belezinha faz é apaixonante! — Luke comentou levantando o fuzil para o alto. — Se você quiser eu posso te dar umas aulinhas de bom gosto, Vasti.
Vasti revirou os olhos e disse:
— Seus bons gosto é mesmo que nada, Luke. — rimos — Cariño, no estés triste. Necesitas esforzarte más. — falou na sua língua nativa.
Vasti é uma colombiana, possuía um corpo em forma e tinha tatuagens espalhadas pelos braços e costas. Os cabelos curtos pintados de vermelho estavam amarrados revelando as pequenas tatuagens em forma de cruz na nuca. Me aproximei da mesa em que estava as mercadorias e coloquei a arma na mesa. Sentei-me em uma das cadeiras, e peguei o tablet para fazer a verificação de cada armamento.
— Dá um desconto pra ele, Vasti. É novato. — Otto zombou.
— Alguém tem notícia da Natalie? — Mason se pronunciou — Ela não responde as minhas mensagens desde aquela noite.
— Ela foi convocada para regressar a Washington. Ela não te contou? — Colton respondeu enquanto olhava o conjunto de adagas. — Acredito que esteja em missão por estar sem contato.
— Não se preocupe Mason, sua garota estará de volta assim que possível. — o tranquilizei e sorri presunçoso antes de falar — Se eu fosse você daria um jeito de falar o que sente pra ela o quanto antes. Nunca se sabe se há algum gavião rondando a sua garota. A qualquer momento ela pode aparecer com outro. — Alfinetei o que tirou um riso do pessoal.
— Dom, meu lindinho. Seu lado sarcástico me cativa, uma pena que já está comprometido. — Vasti estava ao meu lado, a encarei e ergui uma sobrancelha. — Não me testa, Dominic! — explodi em uma gargalhada diante do seu espanto e os demais me acompanhou.
Aos poucos o riso cessou, Kenzie adentrou na sala de treinamento de tiro e sentou-se ao lado do Samuel.
— O senhor Bennett pediu para avisar que até segunda ordem não teremos nenhuma missão. — comunicou.
— A primeira rodada de chope é por minha conta. — falei, Ivan se aproximou e retirou o equipamento de tiro. — No barzinho de sempre, hoje a noite.
O pessoal saíram comemorando, permaneci sentado fitando o nada mas com o pensamento em George.
Tanto George quanto Simmons vieram de gangues de rua, foram recolhidos e testados assim como todos que entram. Ambos tiveram uma chance de lutar pelo que acreditam ser certo, um morreu cumprindo seu dever.
Tínhamos uma identidade, uma marca. Somos uma negra sombra que ceifa na calada da noite mafiosos que lucravam com vendas humanas, drogas, sequestros e exploração de sexualização infantil.
Um a um era caçado e morto.
Somos conhecidos por sermos caçadores, letais e altamente preparados para o perigo.
O meu passado trazia não só a sede de vingança, como também a sede de fazer justiça por outras pessoas que foram e são vítimas da máfia.
1857 palavras...
Segue capítulo abaixo...
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