CAPÍTULO 17

  A volta para Nova York foi um tanto estranha. A segurança estava dobrada e Dominic parecia sempre atento a sua volta. Entre nós nada havia mudando. O sentimento continuava lindo e crescia de forma fascinante.

Ainda não conversamos sobre o sequestro e o meu resgate, não por falta de abertura, simplesmente por pensar que o momento ainda não era apropriado. Não entendi porque não entramos em contato com as autoridades para denunciar o que aconteceu comigo. Pensei por um momento que o motivo seria para não gerar um possível escândalo, mas me vi sendo tola por pensar assim. Seu nome foi parar nas manchetes quando me ajudou a denunciar Alec Fontana. Ele estava presente e se arriscando nos dois momentos distintos, mas o segundo algo não batia. 

Tirando essa parte que me deixou assustada, em Las Vegas tive que ter controle sobre a agenda do meu chefinho. Foi uma loucura deliciosa que tive o prazer de vivenciar. Toda agitação dada pelo trabalho foi executada com eficiência. 

Infelizmente o trabalho nos obrigou a voltar no amanhecer. Não me senti muito bem durante o voo e por conta da tontura decidir tomar um remédio para dormir o voo inteiro. Quando Dominic retornou para a poltrona eu havia apagado por completo, o jatinho pouso e custei para acordar. Quando abri meus olhos vi preocupações nos belos olhos do meu namorado, a mesma sensação atordoante estava presente, julguei ter sido o remédio que tomei. 

Meu olhar estava preso na agitação de Nova York, as sextas-feiras tinha uma intensidade a mais nos dias. As buzinas, as pessoas diversificadas e os cenários espetaculares que ela proporcionava prendia a nossa atenção. 

Pisquei os olhos espantando o embaçamento. 

— Kristal, irei almoçar com a minha família. Gostaria que viesse comigo. — Seu pedido carregado de gentileza possuía uma intenção por trás, oficializar. 

— Eu adoraria aceitar. Mas preciso agilizar minhas malas. Irei passar o final de semana com meus pais. — passei a mão na minha nuca na tentativa de aliviar o calor que sentia. 

— Certo. Pode ser em outro momento. — respondeu. — Você está bem? — indagou olhando para mim preocupado. 

— Estou. — respondi e sorrir contidamente, não havia motivos para se preocupar. Acredito que minha pressão possa estar baixa, mas isso não é motivo para levantar preocupação. 

O carro entrou no estacionamento da empresa e estacionou na vaga destinada ao chefe. Os carros dos seguranças também nos acompanharam até aqui. O segurança que sentava ao lado do motorista abriu a porta e esperou nós sairmos. 

Respirei fundo do lado de fora e senti novamente a tontura. Antes que desse mais um passo minhas pernas fraquejaram e fui amparada pelos braços do meu namorado. 

Minha visão embaçou novamente, tentei focar no rosto de Dominic, mas a escuridão me engoliu por completo… 

*

   Estranhei ver a palidez em seu rosto. A cor sumindo de repente como se aos poucos sua vitalidade estivesse escapando do seu corpo. Bastou apenas descer do carro para que ela desmaiasse em meus braços. 

A primeira reação que tive foi em levá-la de volta para o carro e pedi para o motorista nos levar para o hospital. Felipe meu segundo motorista foi habilidoso ao conduzir o carro o mais rápido possível para chegar ao hospital. Os vidros do carro estavam abertos para haver ventilação. Sua demora em voltar a si, estava estranho, um desmaio pode demorar alguns minutos, mas o fato de dar entrada no hospital com ela desacordada em meus braços tirava meu autocontrole. 

A médica responsável pelo atendimento me encheu de perguntas e não tive como ajudar. Eu não sabia o que havia acontecido. Sozinho na sala de espera senti um aperto no peito com a falta de informação. 

Levantei-me da cadeira, inquieto, a demora de ter uma notícia dizia-me que podia ser algo sério. Um amargor retorceu no meu peito quando a médica apareceu no meu campo de visão. O semblante inexpressivo corroía o meu coração. 

— Sr. Ford pode me acompanhar até a minha sala? — indagou séria. 

— Claro, Dra. Forbes. 

A segui em silêncio até o seu consultório. Após entrar e sentar seguindo o seu pedido, esperei ela se pronunciar. 

— Infelizmente as notícias não são boas. — iniciou — Tudo indica que a paciente kristal Hernandez foi exposta a uma categoria de droga que está em alta. 

— Exposta? — cometei confuso. 

— Sim, procuramos por algum sinal de picada de agulha e nada foi encontrado. Se ela não ingeriu nada pode ter sido inalado. — busco um controle para não enlouquecer. — O que sabemos dessa nova droga é que um excesso dela faz a pessoa desidratar aos poucos, perca de visão temporária e tontura. 

— Como ela está? — indaguei preocupado. 

— No momento estamos fazendo uma desintoxicação. Temos dois pacientes e ambos estão no mesmo quadro que a senhorita Hernandez. A equipe que está cuidando dela são de minha total confiança. Ela está em boas mãos.  

— Posso vê-la? 

— Pode sim. Tem alguém da família dela para vim ficar com ela? 

— A família dela é de Piscataway. Tentarei entrar em contato com eles, mas enquanto isso informarei amiga dela. 

— Claro. — concordou — Deseja vê-la agora? 

Assenti, e a segui até o quarto hospitalar onde kristal estava. A Dra. Forbes deixou-me sozinho no quarto dando privacidade, me aproximei da maca e olhei para todos aqueles aparelhos.

Como não notei nada? Pensei lembrando dos acontecimentos até o momento em que ela desmaiou. Sei que ela dormiu muito durante o voo não estranhei porque achei estar cansada, mas aquela palidez repentina mostrava que ela não estava bem. 

Toquei a sua mão com a ponta dos meus dedos suavemente e esperei alguma reação, mas não obtive nenhuma resposta. Seu estado letárgico paralisava-me. Lábios ressecados e sua pele pálida me quebrou por inteiro. Kristal havia se tornado meu ponto fraco. O ponto que estremece toda a estrutura emocional quando a vejo em estado de perigo. 

A Dra. Forbes parecia confiante diante do caso, mas olhando para a minha aurora boreal, sua aparência com o aspecto fragilizado dizia outra coisa. Aproximei do seu rosto e beijei a sua testa carinhosamente. Diante da ciência eu estava limitado a ajudá-la. Mas no meu mundo obscuro eu tinha recursos a recorrer. Eu tinha armas para usar na batalha. 

Ela não estava sozinha. Apesar do meu medo ser visível diante do quadro que ela se encontrava, eu não esperaria sentado. 

*

    Ao sair do hospital pedi para Felipe dirigir até a casa onde kristal morava. Contei com a sorte para encontrar Alicia lá. Poderia até ligar para ela, mas não achei empático dar a infeliz notícia por ligação. Era frio demais. 

Diante da preocupação dela tentei acalmá-la. Relatando algumas coisas que a médica me passou e por fim pedi para ligar para a família da kristal. Os seguranças deixaram as malas na sala e após isso liguei para Hank Bennett. 

O chefe da organização. Talvez ele tenha alguma informação sobre a nova droga. Eu contava com isso. 

— Sr. Bennett? — perguntei quando a ligação foi atendida. 

— Olá, Dominic. Em que posso ajudá-lo? 

— Tem informações sobre a nova droga? — digo direto. 

— Estamos rastreando os fabricantes. Até onde sei é nocivo ao corpo humano. O efeito é lento. Só há três vítimas internadas por essa droga, duas em Nova York e outra na Itália. Até o momento os médicos sabem como mantê-los vivos através dos aparelhos. —  suspirei pesadamente ao ouvir. — A equipe científica daqui estão estudando uma fórmula de combate. Como ficou sabendo? Essa informação está liberada para um grupo pequeno. — Perguntou curioso — Irei falar sobre ela na próxima reunião. Estou reunindo mais informações sobre essa nova produção. 

— Kristal foi exposta. Ela está internada. 

Seu silêncio pesa do outro lado. 

— Isso esclarece um fator importante. — comentou pensativo. — A fabricação é da Máfia Dragão sangrento. 

— Algum avanço na fórmula? 

— Sim, avanços positivos. — fez uma pausa — O Sergei acabou de informar que as vítimas do porto também deram entrada no hospital com os mesmos sintomas da kristal e Dominic...

Seu tom de voz havia mudado para um alerta sutil. 

— Duas não conseguiram chegar com vida ao hospital. — sinto meus dedos segurarem com força o celular no momento que o ouço. — Pedirei para o Johnny investigar de perto o que está acontecendo no hospital. Os sintomas são parecidos, mas parece que houve alguma mudança na fórmula. 

— Certo, enquanto isso irei rastrear o causador. 

Encerrei a ligação e pedi para meu motorista parar o carro. Felipe e Andrew descerem do carro ao meu pedido, ordenei aos demais seguranças para não me seguir. Assumir o volante do carro e dirigir para a instalação.


*

||Luka Zorkin||

  Antes de entrar no jatinho recebi um telefonema que acabou com a minha noite. Se havia algo que o meu pai reprovava era falhas nos negócios e ao saber que a carga havia sido interceptada pela polícia, tirou toda a minha tranquilidade. Decidir voltar para o hotel onde estive hospedado e em busca de um refúgio momentâneo aspirei três camadas de cocaína. Não esquecendo da minha garrafa de uísque.

No silêncio do quarto busquei limpar a minha mente, clareando as ideias. Se eu tivesse ido ao encontro dos homens teria feito uma merda.

Pela manhã estava outro. Não havia traços do homem da noite anterior. Voltei para o armazém  onde estive no início da noite no amanhacer. Alguns dos homens que havia conseguido escapar do confronto com a polícia  estava no armazém.

Deixei o celular desligado desde a noite passada, sabendo que meu pai entraria em contato no momento que a notícia chegasse aos seus ouvidos.

Desci do carro e segui para o salão de reunião. Estavam todos aguardando a minha espera para poderem relatar o que havia acontecido detalhadamente. Com as mãos atrás das costas parei e olhei para os rostos a minha frente. 

— Lúcio? — chamei o responsável pela entrega. 

Ele se aproximou e parou a minha frente. 

— Pode explicar o que aconteceu? 

— Senhor, o meu contato na polícia informou que uma denúncia anônima chegou ao delegado. Ele só soube estar ligado a nós quando encontraram os corpos dos homens que estavam com a segunda parte da mercadoria. 

— E vocês não ouviram nada? — indaguei. 

— Seja quem for usou silenciador e os pegou de surpresa. Não houve troca de tiros. 

— E as mulheres? 

— Foram levadas pela polícia. 

Eu estava quase rompendo a linha de auto controle. O estrago havia sido desastroso e infelizmente o peso cairia sobre os meus ombros. 

— Usaram a droga nova nelas? 

— Sim, as mais frágeis sucumbirão em breve se não tomarem o antídoto para cortar o efeito da droga. 

Em meio a terrível situação consigo respirar com a notícia. Apesar de não saber de nada elas viram rostos e podem muito bem relatar a polícia. Mas havia uma entre elas que havia roubado a minha total atenção. Essa em particular estava destinada a ser unicamente minha se tudo saísse como planejado. 

— Entre em contato com Bill Hunter. E o avise que a parte dele não chegará como combinado. 

Lúcio assente e se retira da minha frente rapidamente. 

— Investiguem a denúncia, quem matou os responsáveis pela segunda carga e quero que rastreei a última mulher que estava no evento. — disparei as ordens. 

  Automaticamente cada um deles foram fazer o que foi solicitado. Marchei para a sala de controles para verificar de perto a busca pela mulher por qual estava obstinado. 

*

   Eu me importava com os resultados. Fui criado para manter a ordem no ramo, raríssimas foram às vezes que uma tarefa dada a mim, foi mal sucedida. 

O caminho que percorri foi duro e escuro, disciplinado desde novo para entender que um sucessor tinha um peso enorme sobre si. Alexander me resgatou das ruas e me deu um teto, um sobrenome e um propósito para a minha vida. O mundo prega uma falsa bondade e um puta, moralismo de amor ao próximo que no final não tem ninguém por ninguém. Escolhi as sombras para sobreviver e no final constatei que ali era o meu lugar. 

Alexander apenas ampliou o que eu já era. Oferecendo oportunidades que me puxava ainda mais em direção ao buraco negro. Eu andava sozinho e as luzes se acenderam quando ele estendeu a mão e me guiou para conhecer o seu mundo. 

— Sr. a denúncia anônima foi enviada por um Hacker. É o mesmo que rastreou a localização do GPS do carro. Infelizmente ele é muito bom e apagou os seus rastros. E sobre a mulher que pediu para rastrear, ela está internada em Nova York. 

Um alerta disparou na minha mente ao ouvi-lo. 

— Faltou alguém na lista das mulheres que a polícia encontrou? — perguntei suspeitando de um nome. 

— Sim. Na lista há apenas 19 mulheres. Na há registro da mulher que está procurando. Kristal Hernandez. 

— Pesquise pelo homem que estava com ela no evento. Quero saber os rastros dele, na noite anterior e hoje pela manhã. 

Giro o anel no meu dedo enquanto espero apenas as afirmações sobre o meu pensamento. Podia sentir meu interior agitado com as peças desse quebra cabeça se encaixando. 

— Desde o momento que ele saiu do evento seus rastros foram apagados. Só há imagens dele saindo 21:30 e entrando em um carro do lado de fora do hotel, e retornando 00:40. 

— Consegue rastrear a placa do carro? 

— Infelizmente não é possível. A placa é falsa. 

— Sr. o Bill Hunter está desaparecido. — lúcio informou — os seguranças noturnos foram encontrados hoje pela manhã mortos. 

— Continuem investigando. Qualquer informação me avisem. 

Eu não precisava de uma confirmação para saber quem foi o autor desse episódio. Havia um rosto e um nome bem visível para mim, e eu estava indo atrás dele.

2255 palavras...

  Da um nervoso só em pensar no que esta por vim. 😬🤐
      Espero que tenham curtido a leitura. <3

    Beijos meus amores, até a próxima... ⏰

(-:
      

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