sete
Mariella estava com o computador apoiado no colo, escrevendo seu livro diretamente das catacumbas do seu castelo italiano.
Tá, o lugar não era uma catacumba de verdade, só se parecia bastante com uma, com seus túneis em formato de arco e as paredes de pedra. Os subsolos do castelo antigamente serviam como depósito, mas agora estavam vazios, com exceção de algumas aranhas e a presença de Mari bem ali no meio.
Mas nem ali, nas entranhas do castelo, ela conseguiu algum silêncio. As reformas no andar de cima eram tão barulhentas que nem um fone de ouvido com música lofi estalando era capaz de abafar o som. Mari podia estar na torre mais alta ou no subsolo, não adiantava. Ela não conseguia escrever nem mais uma frase completa.
Ela conferiu o horário no canto inferior direito da tela e se sobressaltou ao perceber que estava quase na hora de se encontrar com Nico. Mari salvou as últimas atualizações do manuscrito e fechou o computador. Ela precisava tomar um banho. E talvez passar seu perfume preferido. Aquele caro, que só espirrava atrás das orelhas e no pescoço em ocasiões especiais.
Não que tivesse algo de muito especial no passeio daquela tarde. Era só uma voltinha inofensiva pelos campos italianos com seu vizinho. Não havia nada de extraordinário em...
- Mari!
Ela se encolheu quando seu nome ecoou pelo túnel. Se houvesse pombos por ali, eles com certeza teriam saído voando assustados.
Vitória apareceu na outra ponta do corredor com a lanterna do celular ligada.
- Meu Deus, você ainda tá aqui embaixo?! - A amiga perguntou, embora a resposta fosse bastante óbvia. - Achou algum rato?
- Não tem ratos. O Sr. Cipolla disse que houve uma dedetização há pouco tempo. Pelo jeito meu querido vovô não se importava se o teto do castelo caísse na cabeça dele, mas insetos correndo pelo subsolo? Nem pensar!
Mari se levantou e espanou a poeira da calça.
- Mas pelo menos o barulho aqui não tá tão alto. Consegui terminar uma cena importante.
- Ótimo, porque tá na hora do café. Anda, eu levei algumas daquelas mesinhas circulares de uma das salas do castelo lá pra fora para os caras da reforma comerem também.
- Por que você não me chamou para ajudar? Não precisava fazer isso sozinha!
- Não deu trabalho nenhum. Além do mais, eu estou treinando as minhas habilidades de pôr a mesa.
Mari franziu as sobrancelhas.
- Por que, pelo amor de Deus?
- A Giana me ligou ontem à noite. Estão com uma vaga aberta para atendente no bar. Ela me chamou e eu aceitei.
Mari parou em um dos degraus da escada que levava à superfície.
- Sério?
- Sim. - Vitória sorriu animada. - Eu tenho um emprego!
- Vi, isso é demais. Mas você tem certeza que quer isso? Pensei que ia aproveitar esses meses para relaxar.
- Relaxar demais cansa. Além disso, as minhas economias não vão durar para sempre. Eu precisava de uma grana.
Mari sorriu.
- E ainda tem o bônus de trabalhar com a sua namorada.
- Ela não é minha namorada! - Vitória começou a torcer o cabelo. - Ainda não.
Mari riu e acotovelou a amiga quando passou por ela.
- Até parece. Vocês se veem quase todo dia e você não para de falar dela.
- Tô sendo irritante?
- É claro que não. Você só tá apaixonada.
- Eu não tô... - Vi soltou a respiração e riu baixinho. - Talvez eu esteja. Um pouco. Mas ela é tão incrível, engraçada e inteligente! É impossível não gostar daquela garota.
- Quero conhecer ela melhor um dia desses.
- Talvez a gente possa sair de casal. Eu e a Giana, você e o Nico.
Mari quase empurrou a amiga escada abaixo.
- Você pode por favor parar com essas ideias?! Se falar isso perto do Alonso sem querer, ele vai contar para o Nico na primeira oportunidade e eu vou ter que me matar. Você quer que eu me mate, Vitória?
- Depende. Vai deixar o castelo para mim no seu testamento?
Mari revirou os olhos.
- Vou. Junto com uma maldição para você aprender a parar de ser chata.
Mas Vitória não dava a mínima para as ameaças dela. Quando colocava uma coisa na cabeça - no caso o fato de que Nico e Mari formariam um ótimo casal - nada no mundo era capaz de tirar.
Alguns instantes mais tarde, as duas guiaram a equipe que estava trabalhando no castelo para o lado de fora para que eles pudessem ter uma pausa e comer à vontade. Eram todos homens bem gentis e que sabiam o que estavam fazendo. Por meio do senhor Cipolla, Mari conseguiu subsídios do governo para começar as reformas no castelo com uma empresa especializada em construções históricas. Se tudo desse certo, as reformas principais seriam finalizadas antes do Natal e Mari não precisaria ser jogada na rua. Eles tinham quase dois meses. Para ela, era tempo mais que o suficiente.
Depressa, Mari enfiou alguns dos lanchinhos que Vitória tinha preparado na boca e correu para se arrumar.
Quando chegou à mansão - com muitos minutos de atraso - se deparou com Nico esperando por ela do lado de fora, sentado nos degraus da frente com a cabeça de Bidu descansando no seu colo.
- Olá - ela se anunciou.
Nico ergueu o rosto na sua direção e sorriu.
- Achei que você não vinha mais.
- E perder a oportunidade de passear com o meu vizinho preferido? Nem pensar.
- Será que eu ser seu vizinho preferido por acaso tem a ver com o fato de eu também ser o único?
- Provavelmente.
Nico riu e Mari andou até ele, cumprimentando Bidu com uma coçadinha atrás das orelhas.
- Eu trouxe seu casaco. Esqueci de te devolver naquele dia do jantar.
- Ah, tudo bem. Eu nem lembrava mais disso. Você pode colocar lá dentro? A porta está aberta.
- Claro. A propósito, posso deixar o meu suéter aqui também? O dia está mais quente do que eu esperava. Comecei a suar só de andar até aqui.
- Pode, sim.
Quando voltou lá para fora, Nico já tinha se levantado com Bidu e estava tirando sua bengala dobrável do bolso.
- E então? Para onde nós vamos? - ela perguntou ao ficar do lado dele.
- Tem uma lagoa perto daqui. Não é grande, mas a água costumava ser tão clara que dava para ver os peixes no fundo. Construíram um deck para pescaria e piqueniques há alguns anos. Pensei em te mostrar, caso você ainda não tenha conhecido.
- Amei a ideia. Aposto que é lindo. Eu só não posso chegar muito perto da beirada. Se cair, afundo rapidinho.
- Você não sabe nadar?
- Não.
- Mas você não é carioca?
- Sou, mas nunca fui muito de ir à praia. Só de vez em quando. E quando entrava no mar, ficava no rasinho. - Mari franziu as sobrancelhas. - Como sabe que eu sou carioca? Eu nunca te contei.
Nico sorriu de lado.
- É o seu sotaque. Você chia quando pronuncia o "s".
O queixo de Mari caiu.
- Eu não chio.
- Chia sim. Eu também falo um pouco desse jeito. A minha mãe era carioca, então o português que eu aprendi é típico do Rio de Janeiro.
- Mesmo? Então me fala aí algumas gírias.
Nico riu e balançou a cabeça.
- Eu não sei gírias. Tenho plena consciência que falo português como um velho de oitenta anos.
- Não é tão ruim assim. Eu diria um velho de cinquenta anos, no máximo.
- Obrigado, Mariella. Você sabe mesmo como fazer alguém se sentir melhor.
Ela riu.
- Você pode me chamar de Mari. Eu queria te falar isso há um tempão, mas sempre esqueço.
- Mari? Seu nome é bonito demais para precisar de um apelido.
Ela corou como uma boba diante do elogio.
- Obrigada. Mas é muito grande. Mari é mais fácil. Do mesmo jeito que Nico sai melhor do que Niccolò.
Ele se escolheu.
- Por favor, não pronuncia esse nome.
Mari sorriu, sabendo que usaria aquilo para torturá-lo mais tarde. Ao seu lado, ela observou o modo como Bidu guiava o dono pelos caminhos mais limpos e seguros do terreno. Nico arrastava a bengala em um arco amplo e recalculava a rota toda vez que o objeto batia em uma pedra ou raízes de árvore. De certa forma, era como se ele conhecesse cada um dos obstáculos de cor. Mari se perguntou quantas vezes ele não tinha andado sozinho por aquelas bandas.
- Existe uma diferença entre as cores das bengalas? - Ela perguntou. - Eu tenho quase certeza que já vi uma verde em algum filme.
- Existe, sim. - Nico prendeu uma parte do cabelo atrás da orelha quando uma rajada de vento os atingiu. - As verdes são para pessoas com baixa visão. As brancas para quem é totalmente cego e as brancas com vermelho para quem também tem deficiência auditiva.
Mari observou a bengala pintada de branco de Nico, só agora se dando conta do que aquilo significava.
- Eu nem sei como não sabia disso antes - ela murmurou, um tanto envergonhada.
- Eu também não sabia até precisar de uma.
Mari hesitou, mas por fim fez a pergunta:
- Faz muito tempo que você perdeu a visão?
- Dois anos. - Ela notou o modo como os nós dos seus dedos ficaram brancos quando ele apertou com força o cabo da bengala. - Ainda é recente. Mas tem dias que é como se tivesse se passado uma vida inteira.
Mari queria perguntar o que tinha acontecido, mas sabia que eles não se conheciam bem o suficiente para que ela fizesse uma pergunta daquelas. E Nico claramente se sentia desconfortável com o assunto.
Ela estava procurando algo para dizer quando avistou a lagoa ao longe.
- Meu Deus, que lindo! - ela exclamou, os olhos arregalados diante da beleza do lugar. A lagoa com o deck pintado de branco estava no meio daquele vele verde com os Alpes italianos imponentes ao fundo. Era como uma paisagem saída de um conto de fadas.
Nico sorriu diante da animação dela, um daqueles sorrisos genuínos que o deixavam tão ridiculamente mais bonito do que já era que Mari perdeu o fôlego.
- Você gostou?
- É lindo. Obrigada por me trazer aqui.
- Não foi nada. Vem, vamos chegar mais perto.
Eles se aproximaram da lagoa e subiram no deck. Ele estava vazio naquele dia, mas Mari conseguia imaginar pessoas fazendo piqueniques e pescando ali e ao redor da lagoa durante os fins de semana. Ela chegou bem perto da beirada e mergulhou a mão na água fria.
- A água ainda é clara como era antigamente? - Nico perguntou.
- É sim. Consigo ver os peixes.
- Eu costumava nadar aqui quando era criança, sempre durante o verão. Depois a água fica fria demais sequer para molhar os pés.
- A lagoa congela durante o inverno?
- Sim, geralmente em janeiro.
- Eu vou tentar trazer o Alonso aqui antes disso, então. Ele sempre fala que quer aprender a pescar.
- Você sabe pescar?
- Não. - Mari riu e se sentou de pernas cruzadas no deck.
Nico se sentou perto dela e tirou a guia de Bidu.
- Eu posso trazer ele. Tenho material de pesca jogado em algum lugar lá em casa. E você... você pode vir com a gente, é claro. - Mari sorriu satisfeita diante do desconforto dele, mas decidiu deixar aquela passar.
- Logo o meu irmão vai gostar mais de você do que de mim.
- Eu acho que ele gosta mais do Bidu do que de nós dois juntos.
- Disso eu já tenho certeza.
Eles ficaram em silêncio por algum tempo, então Nico limpou a garganta e disse:
- Eu gostei muito do seu bolo. Estava uma delícia.
Mari abriu um sorriso amplo.
- Então você não o jogou em um vaso de plantas enquanto eu não estava por perto?
- Eu jamais faria isso - ele disse. - E se fizesse, com certeza não admitiria fácil assim.
Mari riu e encostou seu joelho no dele.
- Obrigada pela sinceridade. Vou procurar mais receitas para pessoas que são intolerantes à lactose.
- Você não precisa fa...
- Fica quieto, Nico. Eu vou fazer sim. E você vai comer tudinho e ainda me agradecer depois.
Ele ergueu as mãos para o alto em sinal de rendição.
- Sim, senhora.
Mari sorriu e se debruçou no deck, passando os dedos pela água e tentando contar todos os peixes que via sob a superfície.
- Cuidado, Mari. Eu odiaria que você caísse e eu ficasse aqui te ouvindo afogar sem poder fazer nada.
- Aposto que você me salvaria.
Nico abriu um sorriso que era quase triste.
- Você tem muita fé em mim.
- Eu tenho. E não se preocupa, eu tô bem aqui, com o corpo todo em cima do deck. - Ela se sentou de novo e se lembrou de uma coisa. - Eu bebi um pouco de uma das suas garrafas de vinho no jantar de ontem à noite.
Nico ergueu as sobrancelhas.
- E o que você achou?
- Que foi uma péssima ideia você me dar tantas garrafas. O negócio é tão bom que vou ficar viciada rapidinho.
Nico riu satisfeito.
- Era vinho tinto?
- Sim. Eu acho que gosto mais desses do que dos espumantes. Mas não sei usar aquelas palavras chiques para diferenciar o sabor. Isso é com você.
- O Riccardo também gosta mais dos tintos, principalmente agora que eles estão nos dando mais dinheiro. O meu primo é um mercenário.
- Ele é esperto, isso sim. A sua família tem um histórico de produção de vinho?
- Ah, não. É uma coisa minha e do Riccardo mesmo. Na verdade o cunhado dele já está no ramo há alguns anos, então quando começamos tivemos muita ajuda dele. A minha família paterna toda trabalha com produção e exportação de queijo em larga escala, com exceção do meu pai. Foi assim que eles enriqueceram, na verdade.
- O seu pai é um pintor famoso, né?
Nico ergueu o rosto para ela.
- Como você sabe?
- Me contaram na cidade. - Ela se remexeu, desconfortável. - Mas é só isso que eu sei além do fato de ele morar em Milão agora.
Nico puxou uma linha solta da sua camisa preta e sorriu de um jeito amargo.
- Ele sempre foi obcecado por Milão. Tanto quanto é obcecado pelas suas pinturas. Ele se mandou de vez para lá depois da morte da minha mãe.
O coração de Mari apertou.
- Faz muito tempo que a sua mãe faleceu? - ela perguntou baixinho.
- Dois anos.
Mari se sentiu zonza quando as peças começaram a se encaixar.
Dois anos desde que Nico tinha perdido a visão. Dois anos desde a morte da mãe dele. As duas coisas poderiam estar relacionadas?
Mas o pai... Ele tinha deixado Nico sozinho depois daquilo? Depois da morte da esposa e do que quer que tenha deixado o filho cego?
Não. Ela devia ter entendido errado. Nenhum pai faria uma coisa daquelas.
- Eu sinto muito pela sua mãe - Mari disse. Ela sabia que aquele não era nem de longe o momento para fazer perguntas. Ela nem tinha aquela liberdade.
- Eu também sinto pela sua. Você já falou dela no passado algumas vezes. Então eu supus...
- Ela faleceu, mesmo. Foi durante a pandemia. A gente tentou se proteger, mas ela acabou pegando COVID e não resistiu. - Aquele nó na garganta que a impedia de respirar apareceu outra vez. - Foi antes das vacinas chegarem para a faixa etária dela.
Nico ficou em silêncio, a testa franzida e o maxilar tenso.
- Isso é horrível, Mari. Eu nem sei o que dizer.
- Tá tudo bem. - Ela enxugou a lágrima que rolou pela sua bochecha, se segurando para não fazer nenhum barulho. Ela não queria que ele soubesse que estava chorando.
Nico tateou o chão de madeira do deck e Mari percebeu que ele estava procurando por ela. Ela colocou sua mão sobre a dele e Nico a apertou de leve.
- Eu sinto muito por você ter perdido alguém tão importante desse jeito. De verdade, Mari.
- Obrigada. Ainda é difícil, às vezes. Principalmente quando Alonso pergunta sobre ela e eu me dou conta de que ele só tem doze anos e já perdeu o pai e a mãe. É uma merda.
- Ele é muito sortudo por ter você como irmã.
Mari suspirou, outra lágrima idiota pingando no deck.
- Eu não sou uma boa irmã. Acho que não chego nem perto.
- Mari, eu sei que a gente não se conhece muito bem e não nos vimos muitas vezes, mas eu tenho certeza que essa com certeza é uma das maiores bobagens que já saiu da sua boca.
Ela soltou um risinho estrangulado.
- Eu tô falando sério.
- Eu também. - Nico apertou sua mão com mais força. - Quantos anos você tem?
Ela franziu as sobrancelhas.
- Vinte e dois.
- Então você perdeu a sua mãe quando mal tinha saído da adolescência. Aposto que não foi nada fácil lutar pela guarda do seu irmão. E eu aposto que também não é fácil administrar uma carreira como escritora e ainda criar um garoto de doze anos. Eu sei que só vi o Alonso uma vez, mas ele parece ser uma criança saudável e alegre como todas as outras. Com certeza, por sua causa.
Ela sorriu triste e repetiu o que ele tinha dito mais cedo.
- Você tem muita fé em mim.
Nico balançou a cabeça e riu baixinho, como se não pudesse acreditar.
- Talvez a gente possa acreditar um no outro. O que você acha?
- Parece uma boa ideia.
Então ele aproximou a mão da bochecha dela. Mari prendeu a respiração.
Nico passou o polegar pela trilha de lágrimas que ela tinha deixado para trás, a pele áspera enxugando seu rosto com cuidado.
- Como você... - ela começou, deixando a frase solta no ar.
Nico abriu aquele sorriso de novo. O sorriso esperto e gentil de quem gostava de pegá-la de surpresa.
- Se você acha que pode esconder as coisas de mim só porque eu não consigo te enxergar, pode tirar o bezerro da chuva.
- Bezerro?
- Não é assim a expressão em português?
Mari riu tanto que as lágrimas de tristeza foram rapidamente substituídas por outras de riso.
- É "cavalinho" - ela disse, quase sem ar. - A expressão é: "pode tirar o cavalinho da chuva".
- Para de rir - Nico disse, por mais que também estivesse segurando a risada. - Nossa, você é um ser humano horrível, Mariella. Eu espero que você nunca cometa um erro de italiano na minha frente.
- Eu vou tomar um cuidado extra a partir de agora.
Mari ainda estava fazendo graça da cara dele quando percebeu que já estava ficando tarde.
- Eu preciso ir. Já está quase na hora de buscar o Alonso na escola.
- Eu te acompanho até o castelo. Vamos, Bidu.
O labrador, que estava bebendo água da lagoa, ergueu a cabeça depressa e foi saltitando até o dono.
Juntos, eles fizeram o caminho de volta até a colina que dividia as duas propriedades. Mari já estava com saudade da lagoa e daquela tarde gostosa que tinha passado ao lado de Nico.
- Hoje foi muito legal. A gente pode fazer mais vezes, quando puder.
- Claro. E fala com o Alonso sobre a pescaria. Se ele quiser, posso ajeitar tudo para levar ele no fim de semana.
- Vou falar, sim. Mas já aviso que ele vai topar. E que você vai se arrepender. É impossível manter aquele garoto sob controle.
Nico sorriu.
- Aposto que a gente não vai ter problemas. Eu sempre quis ter um irmão mais novo, então vai ser legal passar um tempo com ele.
- Meu Deus, você não faz ideia do que tá pedindo.
Então Mari se aproximou do Nico e Nico se aproximou da Mari. Eles sabiam que estava na hora de se despedir, mas hesitaram mesmo assim.
- Tchau, Nico.
- Tchau, Mari.
Ela tomou a iniciativa outra vez. Foi um abraço rápido e um tanto desajeitado com Bidu entre eles, mas ela gostou de todo jeito.
Então Mari desceu correndo a colina em direção à Montefiori e Nico esperou até o som dos seus passos sumir para voltar para casa.
Nico descalçou os sapatos no hall de entrada e tirou a guia de Bidu para que ele andasse livre por aí.
- Prontinho, garoto. Já vou colocar ração nova pra você.
Ele tateou o cabide ao lado da porta para que pudesse levar o casaco que Mari tinha devolvido para o seu quarto quando sentiu a maciez de um tecido diferente.
Nico segurou o suéter da Mari com as duas mãos. Ele reconhecia o cheiro do perfume dela na roupa, suave e fresco, tão gostoso que ele quase não resistiu à tentação de mergulhar o nariz no tecido e respirar fundo.
Nico devolveu o suéter ao cabide com cuidado, tentando em vão segurar o sorriso que se espalhou pelo seu rosto. Se Iolanda o estivesse observando escondida agora, provavelmente pensaria que ele estava enlouquecendo.
E Nico estava, mesmo. Desde a noite em que ficou preso com aquela garota no moinho abandonado.
Mas ele tentou não pensar muito sobre isso. Pelo menos não daquela vez. Nico não podia enganar a si mesmo do mesmo jeito que não conseguia parar de sorrir.
Mari tinha esquecido seu suéter e era dever dele devolvê-lo.
Sua felicidade, ele tentou se convencer, não tinha nada a ver com o fato de que agora ele tinha uma desculpa para ver a vizinha de novo.
Mari estava congelando no caminho até a escola.
Mas tudo bem. Era por uma boa causa.
Ela só pedia a Deus para que Nico não adivinhasse suas intenções.
Seria muito constrangedor se ele percebesse que ela tinha deixado o suéter na casa dele de propósito.
_______________________♥️_________________
Dedicado à butterflyx_mari
Oii, gente!!
Como vocês estão??
O cap de hoje quase não saiu por motivos de eu ainda estar me recuperando do show da Taylor de sexta-feira (uma experiência incrível que no entanto quase me matou de calor), mas eu estava ansiosa demais para deixar vocês esperando.
E aí? O que acharam??? Quero saber TUDO!
Ah, eu estou gostando muito de ilustrar os capítulos com imagens geradas por IA (eu juro que se tivesse condições pagaria um ilustrador para desenhar cada uma das cenas desse livro, mas como eu ainda não tenho essa grana, tô aproveitando dessas ferramentas gratuitas para imaginar meus personagens) então tô deixando aqui mais algumas fotos do Nico e do capítulo de hoje <3
Eu já planejei os próximos capítulos da história e fico com um frio na barriga gostoso só se pensar neles. Até o próximo domingo e se cuidem!!
Bjs,
Ceci.
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