A chegada

- Que aventura! De repente vou ter um amigão produtor dum dos melhores vinhos mundiais e milionário. - E soltou uma gargalhada

- Oh pá não digas uma coisa dessas, que ainda estou atordoado.

- Então Jaime, tem calma, eu estou contigo e tens os advogados, estás apoiado! Tens que relaxar. O máximo que pode acontecer é voltares à estaca zero.

Chegaram ao aeroporto e já tinham um carro à espera. Aproximou-se uma mulher de estatura mediana que se apresentou.

- Boa tarde.

Cumprimentou o advogado, Horácio Martins, que por sua vez fez as apresentações.

- Meus senhores, a Dra. Matilde Pereira, assistente do seu tio, e principal responsável pela qualidade do vinho que a quinta produz.

Jaime cumprimentou-a, e agradeceu todo o trabalho que tem feito para manter tudo a funcionar e com qualidade.

Foram diretos para a quinta, enquanto Matilde, como pediu para ser tratada, ia fazendo de guia turística, e revelando a beleza daquela pequena cidade junto ao mar. Com altas encostas de várias cores, onde se viam, em muitas delas, vinhas. Referiu que já tinha os quartos preparados, os trabalhadores também estavam presentes, pois queriam conhecer o novo patrão, e depois teriam um excelente jantar para se deliciarem com a os petiscos da região e claro com o vinho da quinta.

- Embora o vinho da Madeira seja um vinho mais para aperitivos, convívios e momentos festivos. Concretamente, a nossa quinta produz um excelente tinto para acompanhar qualquer refeição. Foi uma aposta do seu tio, na qual trabalhamos os dois durante 3 anos, e realmente é um sucesso. - Referiu Matilde

- Estou ansioso por saber tudo.

Quando chegaram à quinta, Jaime ficou maravilhado com todo o espaço. Desde a casa principal, tudo o que a circundava, o tamanho infindável da quinta, era avassalador.

O jantar foi ótimo, o vinho espetacular, mas, Jaime estava verdadeiramente exausto.

Foram descansar.

No dia seguinte, levantou-se bastante tarde, 10h30m. Foi à janela e viu Lourenço já a socializar, e  Matilde acompanhava-o. Pareciam animados.

Foi-se arranjar, e já ia sair porta fora, quando foi chamado pela D. Sónia, a cozinheira.

- Onde pensa que vai assim, sem comer?

- Ah, ia ter com o meu amigo... -sentiu-se como um miúdo que se tinha portado mal.

- Vai já. Mas primeiro o pequeno almoço. Sente-se.

Jaime obedeceu. À sua frente uma panóplia de petiscos todos com bom aspeto. Queijo, manteiga, café, leite, pão, tudo caseiro.

Depois do "pequeno", lá o deixaram ir ter com o amigo.

Saiu de casa, mas já não os encontrou.

Deixou-se levar, e foi tentar conhecer o local no qual, o seu tio avô desconhecido, tinha dedicado toda a sua vida. Depois de dar um pequeno passeio, voltou a entrar em casa e foi até ao escritório do tio, segundo lhe disseram.

Começou por ver a biblioteca. Era uma grande biblioteca pessoal, e com livros de variados assuntos. Percebia-se pelo acervo, que era um homem com um gosto eclético. Possuía também os velhos romances dos grandes escritores portugueses: Eça, Camilo, Régio, Brandão, Ortigão, Florbela, Torga e tantos outros. Curiosamente estavam alinhados por ordem alfabética. Era um homem organizado.

Abriu algumas gavetas...

- Então amigo, o que fazes aqui com um tempo espetacular lá fora?

Jaime assustou-se. Não esperava ser interrompido, era Lourenço.

- Ainda fui à tua procura, mas não te encontrei, por isso resolvi tentar conhecer um pouco melhor o meu tio avô.

- Ah, deixa isso para outro dia. A Matilde esteve a mostrar-me parte da quinta, e o local de produção do vinho. E agora vamos almoçar.

- A Matilde? Vocês andam muito entretidos.

Sorriram os dois, cúmplices. Abraçaram-se e foram para a sala de jantar. Já lá estava a Matilde e o advogado.

- Espero que tenha dormido bem-disse Matilde.

- Sim obrigada. Dormi que nem uma pedra.

Sentaram-se à mesa. Foi um almoço comprido e muito agradável. Falou-se de tudo, e a comida estava deliciosa, com um bom vinho a acompanhar.

De tarde, foram os 3 conhecer mais um pouco da quinta e até da produção do vinho. Ao final do dia, Matilde levou-os ao centro da cidade. E aí jantaram.

No dia seguinte Jaime acordou um pouco mais cedo e antes que alguém lhe dissesse alguma coisa foi direto à sala. Lourenço já lá estava e claro, Matilde também.

- Hoje acordaste cedinho. Vamos ver o resto da quinta, vens claro?

- Não, desculpem. Vou ver umas coisas no escritório do tio. Mas vão vocês, aproveitem, e depois Lourenço, fazes-me o relatório.

No dia anterior tinha visto uma escrivaninha antiga e muitas vezes, estas, têm um ou mais compartimentos secretos. Interessava-lhe descobrir se aquela também tinha e se tinha, o que continha, claro. Para além disso gostava de conhecer a caligrafia e a forma de escrever, e quem sabe de pensar, deste familiar tão desconhecido e de quem nunca tinha ouvido falar.

Abriu a escrivaninha e começou a mexer nas gavetas e em todas as saliências. Não descobriu nada. Abriu uma das gavetas por baixo de uma das estantes, e estava cheia de papelada. Pegou num monte ao acaso, e foi sentar-se no sofá.

Foi lendo por alto, os vários documentos. Alguns eram contas, outros pequenos nada, alguns recortes de jornais... Contudo estes pequenos "nada" acabaram por lhe preencher toda a manhã, de tal forma, que só se apercebeu disso quando a D. Sónia o veio chamar para o almoço.

De tarde, foi até à adega, e Matilde foi-lhe explicando todo o processo pelo qual o vinho passava, porque tinham pipas de material diferente, etc. Falou-lhe das castas e prometeu uma volta pelas vinhas para conhecer algumas das mesmas. 

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