O Jardim de Jeans
— Muito interessante essa vestimenta, Só-caio. Como é mesmo o nome disso?
— Estou vestido de ninja.
— Gosto do som dessa palavra, ninja. Então, está pronto para ser furtivo?
— Por que simplesmente não vamos pelo portão frontal?
— Tentei isso da última vez e deu errado. Hora de tentar algo diferente. Minha intuição me diz que vamos encontrá-la sozinha fazendo seu passeio pelos jardins, sem aquele bando de bajuladores.
— Tá bom! Eu sempre quis ser um ninja. Só não imaginei que ia ser o ninja azul. Esse seu anel num consegue fazer uma roupa toda preta não?
— Azul é uma cor maravilhosa, Só-caio, e o azul ultramarino lhe cai muito bem.
Caio entrou nos jardins e caminhou agachado, pelos cantos, espreitando o caminho com o coração disparado. O Sr. Laos não estava em lugar algum, pelo visto, ele era um ninja bem melhor que ele.
Caio tropeçou e caiu sobre uns arbustos, quebrando galhos e fazendo um barulho considerável.
— Quem é você? — indagou uma bela mulher oriental com longos cabelos negros e que usava um colete justo feito de escamas amarelas. — Como entrou aqui?
Caio ficou de pé — Me desculpe, meu nome é Caio. E parece que eu caio toda hora...
— Isso era para ser engraçado? Que roupa mais estranha é essa? De de onde veio, o que quer? Responda todas minhas perguntas!
— Eu pulei aquele muro ali. Era para ser engraçado. Uma roupa de ninja e eu quero pedir para a senhora endossar essa carta de crédito aqui.
— Quem te mandou aqui? — ela chegou mais perto, parecia volitar para se aproximar e quando caio olhou para os pés dela, viu que não estavam lá. No lugar, havia uma grossa cauda de serpente de escamas amarelas que se ligava ao tronco da mulher.
— Vim em nome da rainha de Jutolândia, senhora Baronesa.
— De novo essa coisa de carta de crédito! Eu devia mandar meus guardas atirá-lo no fosso das mantícoras. Mas já que não tem ninguém olhando, dá aqui esse papel.
Caio espanou algumas folhas e pedaços de galho que estavam grudados em sua roupa, aproximou-se e entregou o pergaminho para a bela naga.
— Pronto! Agora, some daqui, garoto! Antes que eu mude de ideia.
Caio fez uma vênia, pegou o pergaminho e caminhou na direção do muro. Antes de pular, ele hesitou... — Posso fazer uma pergunta, Baronesa Jeans?
— Você ainda está aqui? Vai, fala...
— Por que tantas tem tantas crianças famintas na sua cidade? Suas terras parecem bem ricas...
— Ah, eu já tentei mandar matá-las e servi-las como comida num banquete, mas as malditas leis não permitem. Enfim, são mesmo um incômodo aquele monte de mendiguinhos.
Caio ficou olhando, sem acreditar no que tinha escutado. Depois pulou o muro e ficou olhando para o céu azul. Que lugar infernal era aquele!
— Você conseguiu, Só-caio! Arioque te amaldiçoe!
— Eu bem que queria ser imediatamente amaldiçoado e retornar para minha cidade agora mesmo!
A longa cauda do Sr. Laos envolveu o pergaminho e depois esfregou-o com satisfação na face escamosa, como se aquilo fosse um gatinho fofo.
Um mosquinha preta veio fazendo um zum zum zum até pousar no nariz de Caio. Ele estava pronto para dar um tapa quando escutou Laos gritando!
— Não faça isso, Só-caio!
Nesse instante, caio forçou os olhos, ficando vesgo para enxergar melhor a mosquinha. Era uma mosca preta, exceto que no lugar da cabeça de inseto, havia uma cabeça humana. Um sujeito medonho, barbudo e com dois chifrinhos pontudos.
— É o Duque Arioque, em pessoa! — explicou Laos.
A mosca zumbiu, quase inaudível — zzzim! zim, zou eu!
— Meu lorde! — Laos se enrolou todo e prostrou-se em sinal de respeito. — Esse humano não é daqui, e quer retornar para sua cidade, Conquista da Vitória.
— Vitória da Conquista!
— Foi o que eu disse!
— Zzzim, zim, zim! Agora, mezmo, meu bom zervo Laozzz...
Caio rolou para fora do armário no quartinho dos fundos da casa do avô. Estava todo coberto de poeira. Algumas teias de aranha penduradas em seus cabelos curtos e enrolados.
— Ai acordei! Aquela feijoada só podia estar estragada! Ufa!
E então, sentiu uma coisa pesada em seu dedo. Olhou, e viu o belo anel prateado cravejado de safiras. Ficou olhando embasbacado até que conseguiu dizer: — Jesus!
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