Capítulo Vinte Seis - Layla
"Então você vai ficar por mais alguns dias?", perguntou Sebastian com um sorriso no rosto, olhando para mim de olhos arregalados. "Por que não me contou antes?!"
Eu sorri, sentindo-me um tanto quanto orgulhosa pela reação dele.
"Eu ainda estava organizando tudo. Conversando com a minha mãe e tendo certeza que conseguiria um voo para a data em que Alex vai embora também", disse, esticando as pernas e olhando para o céu nublado. Logo, logo a chuva voltaria a cair e era melhor Sebastian e eu não nos demorarmos demais naquele pátio.
Quando Alex me contou que tinha conseguido convencer Lilian a dar uma escapada para Arthenia mais cedo e Steven me mandou uma mensagem há alguns horas falando que teria de sair da cidade para resolver algum assunto, eu me senti um tanto quanto solitária, até me lembrar de que poderia ter a companhia sempre divertida dos gêmeos.
Era simplesmente incrível como aquelas duas crianças podiam entreter qualquer pessoa.
Infelizmente, Margot estava presa em uma aula de reforço extra em inglês, mas Sebastian pareceu bem satisfeito em me acompanhar para fora do palácio. Graças aos céus, a neve não tinha caído demais nos últimos dias - ao contrário das incontáveis tempestades - e eu não tive muita dificuldade em manusear sua cadeira de rodas até aquele pátio do lado leste do castelo.
Ao que parecia, aquele lugar sempre tinha algo que poderia me surpreender.
Ali, sentada em um pequeno banco de frente para as altas muralhas de pedra do castelo, por alguns segundos eu podia me sentir em outra época, vivendo um tempo diferente, e aquilo era maravilhoso.
"Bom, eu estou feliz que você vai ficar por mais algum tempo", disse Sebastian, ajeitando o cachecol em seu pescoço quando uma rajada de vento frio nos acertou. "Margot vai ficar louca quando souber."
Eu sorri, esperando que aquilo fosse verdade. Mesmo agora, tendo adiado a minha partida, eu ainda me perguntava como seria difícil ficar longe dos gêmeos. Eu já tinha me habituado demais à presença deles, e seguir adiante sem as tiradas engraçadas de Margot e os sorrisos gentis de Sebastian fazia com que uma dor se espalhasse pelo meu peito.
"Ei, você sabe onde o meu irmão foi?", Sebastian perguntou naquele momento. "Não o vejo há um tempão."
Eu mordi o lábio inferior, pensando no que dizer.
A verdade era que Steven não tinha me dito realmente o que iria fazer, apenas escreveu dizendo que sairia da cidade por um tempo para verificar uma coisa, e eu bem sabia que aquela "coisa" poderia muito bem ter a ver com a morte da primeira rainha.
Mas era claro que eu não poderia dizer aquilo a Sebastian.
"Ah, eu não sei", falei. "Talvez resolver alguns desses assuntos de príncipe."
Sebastian assentiu, em seguida abrindo um sorrisinho para mim, seus olhos castanhos me fitando de um jeito zombeteiro.
"Vocês estão juntos, não estão?", ele perguntou, e surpreendentemente meu rosto não corou com a pergunta. "Está na cara. De vocês dois."
Eu comprimi os lábios em uma linha fina, não deixando de pensar que aquilo poderia ser um tanto quanto perigoso.
"Está na cara do tipo que qualquer pessoa consegue ver ou..."
Sebastian soltou uma risada.
"Margot e eu conseguimos enxergar muito bem coisas que ninguém mais percebe, então acho que você não tem que se preocupar. Mas, bem, mesmo se não fosse assim, porque vocês não contam logo para todo mundo?"
"Não!", respondi no mesmo instante, dando um pulinho no banco. "Escute, ninguém pode saber. Além do mais..." Eu desviei os olhos, sentindo um nó se formar na minha garganta. "É complicado. A gente. Tudo isso. Você ainda é novo demais para entender."
Sebastian se ajeitou na cadeira de rodas, ficando todo ereto e me olhando de nariz empinado.
"Tenho onze anos. Não sou criança."
Eu soltei uma risadinha, fitando o príncipe.
"É, talvez não. Mas mesmo assim."
Sebastian soltou um suspiro, em seguida voltando a se encurvar na cadeira. Ele me olhou de maneira séria.
"Para mim, os adultos estão sempre vendo problemas onde não há nada", ele disse. "Sabe, Layla, eu adoraria te ter como cunhada. De verdade. Steven... ele voltou a ser ele mesmo desde que você apareceu. Não fica mais toda hora com aquele olhar triste, nem é tão distante. Ele está alegre e passa mais tempo comigo e Margot. Desde que sofri o acidente com o trenó, ele se afastou e isso mudou nesse Natal. E, bem, a única coisa diferente que aconteceu nesse feriado foi que você apareceu, então só pode ter sido isso que causou essa mudança."
Eu tentei não abrir o maior sorriso do mundo ao ouvir aquilo, mas foi simplesmente impossível.
Nunca fiquei tão feliz pelo velho ditado que dizia que crianças nunca mentem.
Nunca acreditei que uma pessoa é capaz de simplesmente mudar a outra e torná-la diferente, mas sabia que era possível conseguirmos revelar uma melhor versão de nós mesmos conforme a vida prossegue e conhecemos as pessoas certas no caminho. Saber que eu tinha feito aquilo com Steven era surreal e ao mesmo tempo me fazia me sentir muito bem comigo mesma.
Afinal de contas, como eu podia duvidar do poder que as pessoas certas conseguem exercer sobre nós? Aquele príncipe estrangeiro tinha feito comigo exatamente o que eu parecia ter feito com ele, e se aquilo não fosse o maior milagre de Natal de toda a minha vida, eu não fazia ideia de qual era...
"Obrigada por dizer isso, Sebastian", falei verdadeiramente. "Eu espero que você esteja certo. Talvez Steven e eu...", suspirei, "consigamos achar um caminho."
Sebastian abriu um sorriso radiante, e por mais que eu não acreditasse muito nas minhas próprias palavras, fiquei feliz por vê-lo alegre.
Naquele instante, quando um trovão soou ao longe e eu já pensava em chamar Sebastian para voltar para dentro, vi uma sombra passar pela entrada em arco que dava para o pátio onde estávamos.
Estreitando os olhos, percebi um vestido rosa rodado e mãos enluvadas que cobriam um rosto.
"É Asha", sussurrou Sebastian ao meu lado, ajeitando os óculos no rosto e olhando fixamente para frente. "Ela está... chorando?"
A princesa ainda não tinha se dado conta da nossa presença, mas quando ergueu o rosto percebi que suas bochechas estavam molhadas de lágrimas.
Um segundo se passou até que seu olhar se encontrasse com o meu. No primeiro momento, ela franziu as sobrancelhas e pareceu furiosa, mas depois seus ombros caíram e ela me deu as costas, praticamente correndo para fora do pátio.
Mesmo sem saber o que eu estava fazendo, me levantei.
"Você pode me esperar aqui por um segundo, Sebastian?", perguntei, com os olhos fixos onde Asha tinha desaparecido. "Eu já volto."
"Você vai ir atrás dela?", ele perguntou, fazendo uma careta. "Olha, Layla, não sei se você já percebeu, mas a princesa é um pouco..."
"É, eu sei", falei com um suspiro. De repente, a imagem do meu vestido destruído me voltou à mente. "Sei muito bem, na verdade. Mas, mesmo assim, acho que vou ver o que há de errado com ela."
E dizendo isso caminhei pelo pátio, tentando alcançá-la.
Assim que me vi do outro lado da entrada em arco, enxerguei a princesa correndo ao lado dos muros do castelo, aparentemente desejando sair de perto de mim o mais rápido possível.
"Espere!", gritei, indo atrás dela. Asha se virou por um segundo, mas não consegui enxergar a expressão em seu rosto.
Pelo jeito, minhas botas eram mais adequadas para correr na neve do que o-que-quer-que-fosse que a princesa estivesse usando, porque alguns segundos depois ela caiu na neve.
Percebi que ela tentava tirar o pé de um monte de neve compacto que ainda não havia derretido, mas aparentemente estava presa.
Não precisei mais correr para chegar até ela, mas quando me aproximei percebi que Asha chorava de frustração ao mesmo tempo em que tentava se desprender da neve.
"Quer ajuda?", ofereci baixinho.
"Não!", ela exclamou, mal erguendo os olhos para mim. "Só quero que você vá embora!"
Embora aquelas palavras pudessem me ferir, não senti nada com a raiva dela direcionada a mim. Estava mais do que claro quem ali tinha algum problema a ser resolvido.
Não ofereci minha ajuda de novo, mas me sentei na neve ao lado da princesa, esperando pacientemente enquanto ela guinchava e tentava sair dali.
Pelo menos dois minutos devem ter se passado até que ela desistisse com um gemido de frustração. Vi quando ela se encolheu e escondeu o rosto nas mãos, seus ombros sacudindo enquanto ela chorava.
"Eu sinto muito se em algum momento fiz algo que você não gostou", falei finalmente, olhando para o horizonte além das muralhas externas do castelo. "Sinto mesmo."
Asha não disse nada, mas após alguns segundos ela ergueu o rosto para mim, que estava vermelho e inchado.
"O que fez com o meu vestido, essa raiva que parece ter de mim, foi por causa dele? Do príncipe?"
Por mais que eu já soubesse a resposta, por alguns segundos implorei aos céus que estivesse errada, mas aparentemente meu desejo não seria tão facilmente atendido.
"Eu gosto dele", ela falou, enxugando o rosto com raiva. "Sempre gostei, em toda a minha vida..." Mais lágrimas rolaram pelas bochechas da princesa. "Ele me deu atenção e foi atencioso durante todos os anos em que passei curtas temporadas aqui. Sempre me ouviu até mesmo quando claramente não queria estar na minha presença. Foi cortês e educado. Eu tinha esperanças de que nesse ano conseguiria conquistá-lo, que poderia ser até mais... agradável, para conseguir isso. Mas você apareceu e estragou tudo."
Asha me fitou com seus olhos azuis e eu senti como se eles fossem facas, mas que agora não tinham mais a capacidade de me atingir.
"Eu não tive a intenção. Não é minha culpa." Eu suspirei, mordendo o lábio inferior com tanta força que senti o gosto de sangue na boca. "A gente não escolhe isso. Acontece e está fora do nosso controle."
"Então você gosta dele, não é?", ela perguntou, mas agora já não havia mais tanto veneno em sua voz, apenas tristeza. "E ele gosta de você. É claro."
Eu não respondi, ao contrário disso me virei de frente para ela.
"Sabe, ao invés de ter feito o que fez com o meu vestido, ou me lançar olhares venenosos sempre que chego onde você está, por que simplesmente não me contou suas intenções com ele? Seria tão mais fácil..." Eu suspirei. "Olha, eu entendo o que você sente por Steven. Que garota não se apaixonaria por alguém como ele? Mas nós não precisamos ser inimigas por conta disso, Asha. É ridículo. Quer saber de uma coisa?" Eu me aproximei dela. "Eu te perdoo pelo que fez. E talvez agora você possa achar que não precisa disso, mas um dia, quando as coisas mudarem dentro de você, pode ser que precise sim."
Asha soltou uma risadinha seca, revirando os olhos para mim.
"Se você acha que..."
"Ei", disse a interrompendo. "Você ainda está presa nesse buraco e eu estou aqui, conversando com você. Eu posso simplesmente te dar as costas e te deixar aí falando sozinha. Por que não aproveitamos a oportunidade e nos conhecemos? Parece melhor do que ficarmos discutindo como duas idiotas no meio da neve."
Por algum tempo Asha me olhou como se eu fosse louca - e talvez eu fosse mesmo - mas logo em seguida sua expressão se desmanchou e ela fitou a neve branca como se estivesse cansada demais até mesmo para manter sua raiva direcionada a mim.
"Meus pais tentaram a vida inteira me unir com algum nobre de Liechtenstein", ela começou, e percebi que ela parecia estar falando mais para si mesma naquele momento do que para mim. "Mas todos eles, todos os rapazes que meus pais me apresentam, são horríveis. Inteligentes, é claro, e bem apessoado, aliás, o rei e a rainha não querem ver a filha mais velha casada com qualquer um. Mas eles nunca me perguntam se é realmente isso o que eu quero. Nunca me perguntaram se eu quero realmente engatar um namoro mirando um futuro e possível casamento mesmo sendo tão nova." Asha suspirou, passando os dedos enluvados pela neve. "Steven sempre foi diferente. Nunca pareceu se esforçar para me agradar, nem me fazer falsos cortejos com a esperança de pôr um anel no meu dedo. Porque é assim que as coisas funcionam para mim de onde venho. Por mais nobres que todos os meus pretendentes sejam, nenhum deles receberia uma honra tão grande e nem tantos privilégios se se cassassem com uma princesa. O único interesse deles nisso não passa de social e talvez financeiro."
"Isso é horrível...", sussurrei, transtornada. "Ninguém devia ser tratado como um prémio a ser ganho."
"Exatamente!", disse Asha, olhando para mim como se aquela fosse a maior verdade do universo e finalmente tivesse encontrado alguém que concordasse com ela. Mas a reação durou apenas um segundo, pois no instante seguinte ela pigarreou e embrumou as costas. "Quer dizer, eu também concordo com isso."
Abri um sorrisinho, permitindo que ela continuasse.
"Bom, seja como for, o que eu posso fazer? Meu irmão mais novo é o futuro herdeiro e minha irmã está prestes a se casar. Eu ainda sou o único problema que meus pais têm de resolver", ela falou, mas havia certa amargura em sua voz.
"Escute", falei me aproximando dela. Asha, embora parecesse um pouco relutante, me olhou nos olhos. "Os seus pais estão errados. Você está errada se acha que só porque não é a herdeira do trono ou não tem um casamento à vista é um erro a ser consertado." Eu respirei fundo, me perguntando como exatamente diria as próximas palavras. No fim, elas acabaram sendo mais simples do que eu planejava. "Você pode fazer o que quiser, Asha. Não precisa ficar presa ao que as pessoas esperam de você, mesmo que tenha sido criada a vida inteira para pensar assim. Se não gosta dos pretendentes que seus pais lhe apresentam, diga isso a eles, e se eles não gostarem de ouvir... Bom, então você pode dizer que já está bem grandinha para tomar suas próprias decisões, principalmente em relação a casamentos!"
Asha soltou uma risadinha ao mesmo tempo em que enxugava uma lágrima solitária que rolou por sua bochecha.
"As coisas são complicadas, entende?", ele disse baixinho, sua respiração se transformando em vapor no ar quando ela soltou um suspiro. "Eu... cresci como se a vida já estivesse inteiramente planejada para mim. Quis ver o que acontecia depois de uma curva. Pensei que, se fizesse Steven se apaixonar por mim, se déssemos certo, talvez eu pudesse me mudar para cá e conseguir uma vida nova."
Eu abri um sorrisinho, erguendo uma sobrancelha para a princesa.
"E quem disse que sua única opção de conseguir uma nova vida é se prendendo a um homem? Você pode conseguir isso de outra maneira, Asha, uma maneira que até te faça mais feliz."
Ele ficou em silêncio por um tempo, parecendo pensar no que eu tinha dito.
"E se meus pais não aceitarem?", ela perguntou baixinho, mais para si mesma do que para mim. "A vida inteira segui as regras deles. Nunca contestei. Fui obediente como era de se esperar de mim. Se eu quiser mudar... se não seguir os padrões, o que vai acontecer?"
Eu abracei os joelhos, olhando para o horizonte quando respondi.
"Bom, então você vai ser mais uma mulher tentando encontrar o próprio caminho em um mundo que parece disposto a fazer isso por você." Eu abri um sorrisinho triste, em seguida olhando para a princesa. "Pode ser difícil no começo, mas já ouvi muita gente falar que vale a pena."
Asha sorriu, e pela primeira vez vi aquele gesto se acender em seus olhos azuis.
"Obrigada... Layla", ela disse, parecendo necessitar de um tanto de esforço para pronunciar as palavras. "Eu ainda gosto de Steven, mas talvez parando para pensar, em comparação com o que estou acostumada em Liechtenstein, parecia óbvio que eu acabasse me apaixonando por ele. Talvez, só talvez, eu não mereça menos que ele afinal de contas." Ela passou as mãos pelo cabelo, parecendo disposta a se manter ocupada com qualquer outra coisa que não fosse olhar para mim. "Ele é todo seu. Embora não aceite muito bem perder, vejo que seria ridículo lutar por algo inútil. Além do mais... hum, desculpe pelo seu vestido. Eu estava nervosa naquele dia. Na verdade, estava nervosa sempre que colocava os olhos em você, mas agora vejo que aquilo não foi tão necessário assim. Talvez um pouco necessário, mas..."
"Fique tranquila", falei com um sorrisinho, sabendo que aquele era o máximo que eu conseguiria arrancar dela como um pedido de desculpas. "Já te perdoei, lembra?"
Asha fechou a cara.
"Você deveria é me agradecer. Se não fosse por mim, você não apareceria no baile com um vestido ainda mais bonito."
"Então devo acreditar que tudo fez parte do seu elaborado plano de gentileza."
"É claro."
Eu ri, me levantando da neve.
"Quer ajuda para sair daí agora? Admito que poderia te deixar de castigo por um tempo sem a minha consciência pesar."
"Nem ousa."
Eu dei a mão para Asha e a ajudei a sair do buraco onde seu pé tinha afundado.
Quando ficamos uma de frente para a outra, soube que seguir Asha tinha sido uma das melhores decisões que já tinha tomado. Talvez, com aquela simples conversa, ela conseguisse mudar um pouquinho o rumo da sua vida. Mudar para melhor. Apesar de tudo, qualquer um que seja capaz de admitir seus erros merece a felicidade.
Asha acabou se despedindo de mim segundos depois, alegando que estava congelando ali fora e queria voltar para o castelo. Talvez a verdade fosse que nós ainda não podíamos dizer que éramos amiguíssimas, mas aquela aproximação já era um grande começo. E eu estava radiante por aquilo.
Eu já estava voltando para o pátio onde tinha deixado o pobre Sebastian quando meu celular tocou de repente, o som ecoando por aquela parte vazia do palácio.
Quando o peguei, percebi que era Steven.
No mesmo instante atendi.
"Steven?"
Do outro lado da linha, ouvi uma respiração acelerada, mas nenhuma palavra.
"Steven?", chamei um pouco alarmada. "Está me ouvindo?"
Dois segundos de completo silêncio se passaram até que ele dissesse alguma coisa.
"Layla, preciso de ajuda..." A linha ficou muda, até que ele voltou a falar. "Não estou conseguindo... respirar. Não consigo dirigir para casa."
Àquela altura, meu coração estava batendo com tanta força que eu fiquei tonta. Senti as palmas das minhas mãos ficarem úmidas de suor.
"Steven, tente se acalmar. O que aconteceu?"
Do outro lado da linha ouvi sua respiração entrecortada, seguida de um lamento profundo.
Ele estava chorando.
"Eu sei quem a matou, Layla. Eu já sei."
O mundo a minha volta vacilou. Sem consciência do que estava fazendo, me encostei contra a parede fria do palácio.
"Layla... Não estou conseguindo pensar. Eu quero sair daqui, mas não consigo." E, depois de alguns segundos, ele disse novamente: "Não consigo respirar."
Eu não precisava ser uma gênia para saber que ele estava sofrendo um ataque de pânico. Não precisava pensar muito para saber que ele precisava da minha ajuda.
Rápido.
"Estou indo", falei, ao mesmo tempo em que corria até onde Sebastian estava me esperando. "Consegue me mandar sua localização? Preciso disso para te achar, Steven."
Eu já estava com lágrimas nos olhos quando ele finalmente me respondeu:
"Consigo."
E então a ligação caiu.
Eu estava ofegante quando cheguei até Sebastian. Minhas mãos tremiam tanto que eu mal conseguia segurar o celular.
"Layla, o que foi?", ele perguntou assim que viu meu rosto. "O que aconte..."
"Seu irmão está na estrada. Ele está... passando mal. Preciso de um carro para ir buscá-lo, Sebastian."
O garotinho arregalou os olhos, mas graças aos céus não fez nenhuma pergunta.
"Me leva até o estacionamento com você. Eu posso pedir para um dos guardas te dar a chave de um dos carros reserva. Ligue para Alexia. Ela tem de ir com você."
Eu neguei com a cabeça, sentindo meu coração bater mais rápido quando um raio cruzou o céu.
"Ela está em Arthenia. Não dá tempo."
Sebastian não disse nada, apenas assentiu e me mandou levá-lo até o estacionamento.
Não foi muito difícil conseguir a chave de um dos carros do palácio, nem foi difícil convencer Sebastian a não contar para ninguém que eu tinha ido atrás de Steven até nós voltarmos.
O difícil, o que realmente me deixou momentaneamente paralisada, foi a chuva que desabou enquanto eu descia a colina.
O pavor, porém, não durou muito, porque naquele momento meu celular apitou com a mensagem de Steven, me mostrando onde ele estava. Era uma cidade a sessenta quilômetros dali.
Uma eternidade levando em conta o quão desesperada eu estava.
Mas eu não tinha tempo para aquilo. Não enquanto alguém que eu amava estava por aí, precisando de mim.
Antes de voltar a dirigir, outra mensagem de Steven chegou.
Não venha. Uma tempestade começou.
Mas era tarde demais.
Eu já estava indo.
Para a minha própria surpresa, percebi pela primeira vez que as coisas que eu amava eram mais poderosas do que o medo que eu sentia. Por isso, dirigindo todas as minhas atenções para a estrada e no caminho que deveria percorrer para encontrar Steven, a chuva lá fora não passou de um mínimo detalhe para mim.
Os trovões não passavam de um barulho. Os relâmpagos não eram mais que luzes no céu.
Pela primeira vez, o passado não me aterrorizou. Ele era apenas uma sombra distante.
No momento, meu único medo era o presente e o que ele me reservava.
______________________❤️__________________
Oii gente! Primeiramente peço muitas desculpas pela infinita demora em postar um novo capítulo, mas o ano letivo está acabando e eu estou super atolada de coisas para fazer. Vou tentar voltar com as postagens duas vezes por semana, prometo hahaha
Mas então, me contem o que acharam desse capítulo! O que acharam dessa conversa entre a Asha e a Layla? Será que a Asha realmente tem algo bom aí dentro dela rsrsrs? E essa ligação do Steven no final? Desculpe por deixar esse enorme gancho, mas preciso de vocês curiosos para o próximo capítulo hahaha
Bom, por hoje é isso pessoal, em breve postarei o primeiro capítulo do meu livro novo, por isso fiquem atentos por aqui e lá também!
Mil beijos e até mais,
Ceci.
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