Capítulo Três, parte II - Layla


"Vocês não deviam fugir das aulas com a Sra. Jones", eu disse então, ainda parada contra a porta do quarto. Estava tentando inutilmente aliviar minha consciência pesada.

Os príncipes pareciam ter finalmente parado de discutir sobre qual dos dois era melhor em matemática, e Margot, que parecia jamais se dar por vencida, conseguiu calar Sebastian e se jogou na minha cama, parecendo aproveitar bastante todo aquele espaço só para si, os braços esticados acima da cabeça.

"Mas ela é uma chata", a garota falou, agarrando a almofada macia mais próxima e a abraçando.

"Ela não é tão chata", Sebastian interferiu, manuseando sua cadeira de rodas para mais perto da irmã. "Ela é melhor que a Srta. Julian."

"Srta. Julian?", perguntei, decidindo que, se não podia lidar com o fato de que dois príncipes de uma nação estavam no meu quarto escondidos clandestinamente, eu pelo menos podia entrar na conversa e tentar esquecer o fato de que tinha ajudado os dois pestinhas a fugirem de uma aula com sua tutora.

"É", falou Margot. "Ela foi a nossa... terceira?", ela indagou incerta para Sebastian. Ele assentiu. "Isso. Nossa terceira tutora esse ano."

"Terceira?!"

"Sim. Ela começou em abril", contou Sebastian.

"Mas desistiu há uns três meses. Então a Sra. Jones chegou. Ela está resistindo há bastante tempo...", suspirou Margot, como se aquilo fosse um fato muito inconveniente em sua vida.

"Resistindo?", perguntei insegura.

"É", o príncipe falou, ajeitando os óculos quadrados que tinham escorregado pela ponte do nariz. "Margot colocou um rato no quarto dela na semana passada. Ninguém sabe que foi ela, é claro, mas papai nos deu uma bronca mesmo assim. Depois disso Sra. Jones tem sido bem mais rigorosa com os deveres..."

Eu estreitei os olhos para a princesa, que continuava abraçada à almofada e com um sorriso tranquilo no rosto. Ela parecia muito satisfeita com seu feito, e aquilo era definitivamente assustador.

"Você não devia colocar ratos no quarto das pessoas", eu disse calmamente para ela, me sentando ao seu lado.

"Mas nem era um rato feio!", ela protestou, revirando os olhos esverdeados. "Era um camundonguinho bem pequeno e branquinho. Em minha opinião, foi um exagero dela ter desmaiado quando viu aquela coisinha fofa no seu travesseiro... Eu iria querer ficar com ele para mim."

"O que a Srta. Layla quer dizer, Margot", interferiu Sebastian, impaciente. "É que não é educado colocar nenhum tipo de bicho no quarto das pessoas sem o consentimento delas antes!"

"Como se você não tivesse concordado com a ideia, não é?"

Sebastian corou e desviou os olhos dos meus, envergonhado.

"Se não gostam das tutoras, porque não vão à escola?", sugeri, sem conseguir conter. "Aposto que seria bem mais divertido estudar com outras crianças do que fazer isso em casa todos os dias. Com certeza há colégios dignos de príncipes e princesas em Arthenia, não é?"

Um silêncio desconfortável recaiu sobre o quarto. Margot e Sebastian trocaram olhares e logo depois os desviaram, mudos.

"Nós nunca fomos à escola", foi Margot quem disse, parecendo muito distraída com um fio solto da almofada que segurava. "Sempre fomos educados no castelo. Nós quase nunca... saímos daqui."

"Mas... por quê?", perguntei, sentindo-me mal ao ver os rostos subitamente perturbados dos dois.

"Papai não acha uma boa ideia", o príncipe disse por sua vez. "Há dois anos nós quase o convencemos, sabe? Dissemos que íamos nos comportar e que seria melhor do que expulsarmos tutoras a cada mês, mas então..." Ele engoliu em seco. Seus olhos castanhos e tristes fitavam as pernas imóveis na cadeira de rodas. "Então isso aconteceu comigo e ele ficou ainda mais preocupado, eu acho. Aliás, não é como se eu pudesse fazer muita coisa desse jeito, não é? Margot acabou tendo que carregar o fardo também."

"Não seja bobo Sebastian...", Margot começou a dizer, parecendo muito ressentida.

"Isso é uma grande bobagem", falei, interrompendo-a antes que pudesse pensar no que estava dizendo. "Você pode fazer o que quiser. E eu sei, mesmo não conhecendo seu pai, que talvez tudo o que ele queira é proteger vocês."

Margot olhou para mim, parecendo agradecida, e Sebastian apenas assentiu, mas seu rosto continuava triste e aquilo partiu meu coração.

Mentalmente não pude deixar de me perguntar o que tinha acontecido com o príncipe para ele ter ficado preso a uma cadeira de rodas e, também, me indignei com o fato de que aquelas duas crianças ficassem presas naquele palácio.

Apesar de ser enorme e luxuoso, o castelo parecia solitário para duas crianças da idade deles. Eu não precisava perguntar para saber que eles provavelmente não tinham amigos, e, ao julgar pelo modo como se comportavam com as pobres tutoras - principalmente Margot - tudo aquilo parecia uma tentativa desesperada de mostrar ao rei que eles não estavam exatamente felizes com o modo de vida que levavam. Mas... Será que ele os ouvia? E a mãe dos dois, a rainha? Pelo que tinha observado até então, eles não pareciam ser muito próximos a ela.

Poxa, eu tinha acabado de conhecê-los e era impossível não me importar com os dois pestinhas, e, lá no fundo, me ressentir com o rei que eu nem conhecia por agir de modo tão rigoroso com os filhos. Era claro que ele podia se preocupar com os dois, principalmente com Sebastian, mas não era saudável para ninguém viver numa bolha. Os dois pareciam precisar muito de ter contato com o mundo real, fora das muralhas guarnecidas daquele palácio.

Com dificuldade, tentei esquecer aquilo. Eu não pertencia àquela família e definitivamente não tinha nada que meter o nariz onde não era chamada, por mais que já tivesse feito isso no momento em que me solidarizei pelos príncipes e os deixei se refugiarem no meu quarto.

"Então, me contem, não é possível que não gostem de nenhuma área da educação. Devem ter uma matéria preferida, não é?", falei, me endireitando na cama e tentando deixar o clima leve de novo. Eu preferiria que os dois estivessem novamente brigando do que se encarando com aquelas carinhas tristes.

"Eu gosto de matemática", Margot disse prontamente, no mesmo instante o rosto se iluminando. "E eu só colo nos testes de vez em quando, quando não consigo entender muito bem alguma coisa", acrescentou, olhando enviesada para Sebastian.

"Eu gosto mais de história", o príncipe falou, e instantaneamente eu me afeiçoei mais a ele. "Não levo jeito com os números."

"É mesmo?", perguntei, sorrindo. "Eu estudo História em St. Andrews."

"Sério?", Sebastian perguntou, os olhos brilhando por trás dos óculos. Ele se aproximou de mim. "E o curso é legal? Você gosta da universidade? Já li muita coisa sobre St. Andrews... Sabia que é a universidade mais antiga da Escócia? O príncipe William do Reino Unido já estudou lá!"

"Eu sei!", exclamei, também empolgada e admirada com o conhecimento do príncipe. "Tudo lá é incrível. Tenho certeza que você adoraria..."

Ao meu lado, ouvi a princesa bufar.

"História é chato."

Sebastian e eu nos viramos para ela. Margot não pareceu se intimidar.

"O que foi? É verdade! Por que eu tenho que saber de coisas que já aconteceram? Está no passado!"

"Bom, se você não entender o passado, como vai compreender seu presente?", perguntei, erguendo uma sobrancelha para ela.

"Isso nem faz sentido..."

"Faz sim", rebateu Sebastian.

"Desculpe se eu não passo horas com aqueles livros velhos da biblioteca decorando o nome de cada rei e rainha de Steinorth", ela implicou com o irmão, fazendo uma careta.

"Eu não decoro nada!"

"Sabe, eu não conheço tudo sobre a história de Steinorth", falei, olhando para os dois que se encaravam com ferocidade, "mas tenho certeza absoluta que jamais existiu por aqui dois irmãos reais que brigassem tanto em um curto espaço de quinze minutos. Talvez isso, princesa Margot, entre para a história."

Ela olhou para mim, parecia tentar segurar a risada por trás daquele olhar carrancudo, mas assim que o irmão gargalhou ela não conseguiu se conter.

"Eu não quero ser lembrada como Margot, A Princesa Briguenta", ela disse, ainda rindo. "Quero ser lembrada como Margot, A Valente."

"É um título de peso", admiti, sorrindo para ela. "Não duvido nada que você seja capaz de conquistá-lo."

Ela olhou para mim, havia um sorriso em seu rosto e seus olhos brilhavam.

"Bom, se você quer dizer por valente roubar todos aqueles doces da cozinha bem na cara dos cozinheiros, talvez o título já seja seu", opinou Sebastian baixinho, mas alto o suficiente para que conseguíssemos ouvir.

"Sebastian!"

Então Margot jogou uma almofada nele, que bateu em seu rosto e caiu no chão. Eu gargalhei, rolando para um lado quando ela voltou sua atenção para mim e começou a reunir o máximo de almofadas e travesseiros possíveis.

"Ei! Isso não é atitude de uma princesa", reclamei rindo, quando ela me acertou com toda a força na cabeça.

"Bom, para ser azar, eu não sou uma princesa comum..."

E então, antes que a princesa pudesse me soterrar debaixo de tantas almofadas fofinhas, uma batida na porta soou, fazendo com que virássemos estátuas no mesmo instante.

Sebastian olhava para a porta petrificado, parado em seu movimento de tentar se curvar sobre a cadeira de rodas para pegar uma almofada no chão. Margot estava em cima de mim, agora também olhando para a porta, o braço estendido segurando um grande travesseiro prestes a me acertar.

Devagar, soltei o braço dela que segurava e escorreguei para fora da cama.

"Deve ser só Alexia", eu sussurrei para os dois.

"E se for a Sra. Jones?", perguntou Margot baixinho, aterrorizada. "Pior, e se for Arabella?!"

"Fiquem quietos", murmurei com o coração aos pulos.

Droga, o que Alexia pensaria depois de descobrir que no meu primeiro dia no palácio eu já tinha contrabandeado os príncipes para dentro do meu quarto para que não fossem a uma aula chata com a Sra. Jones que eu nem conhecia e já tinha começado a odiar?!

Pela milésima vez em minha vida, eu percebi que agia muito mais emocionalmente do que racionalmente. Talvez aquela fosse a fonte de todos os meus problemas.

Lentamente me encaminhei em direção à porta, e, quando a abri, já estava prepara para encarar os olhos azuis e severos da rainha do outro lado.

Porém não foram os olhos dela que eu encontrei, foram outros, mais gentis e calorosos que me encaravam do corredor.

"Desculpe, eu pensei ter ouvido a voz dos meus irmãos enquanto passava pelo corredor...", o rapaz falou, sua voz grave e educada ecoando por todo lado.

Quando meus olhos se cruzaram com os dele, vi uma sombra ali, e percebi que seu rosto assumiu um tom pálido. Ele franziu as sobrancelhas grossas e escuras por um microssegundo, como se me reconhecesse de algum modo...

Então, dentro do quarto, duas vozes gritaram em uníssono:

"Steven!"

Eu não disse nada. Aliás, o que poderia dizer?

Ali, na minha porta, parecia estar parado um príncipe de contos de fadas ou algo do tipo.

Ele era tão desconcertadamente lindo que parecia ofuscar tudo ao seu redor, como aqueles modelos que sempre vemos em capas de revista e não julgamos ser reais.

Mas aquele cara não estava em uma revista, estava bem ali, na minha frente.

Antes que eu pudesse tomar nota de tudo aquilo, Margot e Sebastian gritaram do quarto, e percebi que aquele homem não era ninguém com quem eles se preocupavam em ser pegos matando aula.

Sem jeito, eu dei um passo para trás, permitindo que ele entrasse.

Enquanto fitava as costas largas e musculosas que o desconhecido provavelmente escondia por trás daquele terno engomado, algo parecia martelar na minha cabeça com insistência, lutando para tomar a frente dos meus pensamentos:

"Desculpe, eu pensei ter ouvido a voz dos meus irmãos enquanto passava pelo corredor..."

Espera um pouco. Irmãos?

"Irmãos?", falei, percebendo que tinha dito aquilo em voz alta só quando os três rostos no quarto se viraram para mim. Eram tão semelhantes que eu cheguei a me sentir tonta.

"Layla, esse é nosso irmão mais velho", Sebastian falou sorrindo, olhando para mim enquanto se aproximava do rapaz com dificuldade, tentando desviar a cadeira de rodas das almofadas pelo chão. "Steven, essa é a Layla. Ela é..." Ele pareceu em dúvida por um momento, não sabendo como me classificar. "Amiga de Alexia", decidiu por fim.

"É um prazer conhecê-la, Srta..."

"Bennett", balbuciei, ainda um pouco desconcertada. Ele continuava me olhando daquele jeito, parecendo analisar cada traço do meu rosto, e eu me perguntei se já tínhamos nos encontrado antes para que ele agisse daquele modo.

Mas não era possível. Eu me lembraria se tivesse visto alguém como ele na vida.

Tentei acalmar os pensamentos. Era impressão minha ou havia três príncipes no meu quarto? Bom, aquilo não devia ser tão estranho, pois, afinal, eu estava em um castelo, mas ainda era só eu. Como aquilo tinha acontecido?

"É um prazer conhecê-lo também, Alteza", falei, tentando recobrar a postura. Quando me curvei em uma ligeira reverência desajeitada, percebi que ainda estava descalça e minhas botas jogadas em algum lugar no meio daquela bagunça.

Senti como se meu rosto estivesse pegando fogo.

"Por favor, me chame de Steven", ele disse cordialmente, e quando ergui meus olhos os dele me fitaram diretamente.

Os olhos dele tinham uma cor estranha, mas definitivamente bonita. No centro eram azuis muito claros, como um céu de verão, mas conforme se aproximavam da borda da íris se tornavam verde musgo.

Era hipnotizante.

Então o príncipe mais velho se virou para os irmãos, e ele parecia tão confuso quanto eu, olhando para Margot jogada na cama e as almofadas espalhadas para todo o lado.

"Nós acabamos de conhecer Layla", foi Margot quem falou, olhando para mim e abrindo um grande sorriso. "Ela é muito legal. Nos ajudou a fugir da aula com a Sra. Jones. Lembra que te falei dela? Na ligação da semana passada?"

"Como é?", perguntou o príncipe, que olhou de mim para os irmãos e de volta para mim.

Eu soltei uma gargalhada sem graça quando seus olhos voltaram a me encarar, me aproximando de Margot.

Queria matá-la.

"A princesa está só brincando", falei, ainda rindo como uma idiota. "Eu só... Bem, eles já tinham terminado a aula com a... como é mesmo?" Fingi me lembrar de algo repentinamente. "Ah, sim, a Sra. Jones, quando nos encontramos."

"Espera um pouco", disse Sebastian, franzindo as sobrancelhas. "Nós nem vimos a Sra. Jones hoje. Layla, por que você está..."

"É mesmo?", disse o príncipe mais velho, interrompendo o irmão mais novo. Quando ele olhou para mim percebi que a estranheza de antes havia sido substituída por um brilho divertido. Naquele momento, me permitindo encará-lo com mais cuidado, percebi que o príncipe não devia ser muito mais velho do que eu, embora tivesse algumas marcas de expressão em volta dos olhos e na testa, que indicavam algo que eu ainda não conseguia identificar. "Se te tranquiliza saber Srta. Bennett, eu fico grato que tenha dado refúgio aos meus irmãos antes que eles acabassem tentando se esconder da pobre Sra. Jones no alto de uma torre, e, se os conheço bem, acabariam quebrando um pescoço no processo."

Eu pisquei, olhando para ele.

"O quê? Ah, é claro." Eu ri, sentindo minhas mãos suarem e meu rosto queimar mais do que nunca. "Eu só fiz... Você sabe, o que qualquer outra pessoa teria feito."

O príncipe olhou para mim serenamente. Era impressão minha ou ele parecia tentar segurar o riso?

Margot e Sebastian, por sua vez, não pareciam entender nada e olhavam para nós como quem assiste a um jogo de ping pong.

"Nós não sabíamos que você chegaria hoje, Steven", Margot disse então, e eu fiquei aliviada em sair da conversa por um tempo.

"Bom, eu decidi vir mais cedo esse ano", o príncipe falou casualmente, colocando uma das mãos no braço da cadeira de rodas do irmão. "Soube que Alexia também vinha nessa data e acabei decidindo vir também. Papai deve ter se esquecido de avisar vocês."

"É, ele esqueceu", disse Margot, parecendo ressentida. "E você já viu Alexia?"

"Já. E ela está louca para ver vocês." Eu abri um sorrisinho discreto quando vi os olhos dos dois príncipes mais novos se iluminarem. "Bom, agora acho melhor nós irmos, não é? Apesar de tudo, tenho certeza que a Sra. Jones não ficaria nada satisfeita se se atrasassem mais."

Sebastian e Margot pareceram murchar em seus lugares.

"Temos mesmo que ir?", sussurrou Sebastian para o irmão.

"Têm sim."

Margot desceu da cama lentamente, com uma expressão de quem estava indo para a forca.

"Se tivéssemos rido mais baixo, ele não teria escutado a gente", ela falou, e eu senti meu rosto corar de vergonha de novo. Eu queria muito cavar um buraco no chão do quarto e me esconder nele até os fins do tempo.

"Podemos nos encontrar de novo quando quiserem", falei verdadeiramente, enquanto observava os príncipes mais novos rumarem em direção a minha porta aberta.

Quando eles já estavam distantes o suficiente, Steven se virou para mim. Ele era consideravelmente mais alto que eu e tive que inclinar um pouco a cabeça para conseguir encará-lo.

"Não precisa se preocupar com o que aconteceu, Srta. Bennett", ele disse em tom baixo, mas mesmo assim seu sotaque forte e bonito pareceu ecoar nos meus ouvidos. "Eu sei como meus irmãos parecem ter aversão a cada tutora que aparece por aqui, e sei como eles conseguem ser persuasivos quando querem. Ninguém conseguiria ter negado um refúgio para os dois."

Eu abri um sorrisinho sem graça, mas dei um passo para trás. Senti como se estivéssemos perto demais.

"Bom, isso é verdade", comentei com um leve dar de ombros. "Mas eles também são adoráveis e eu amei conhecê-los."

"Eles também pareceram gostar de você", o príncipe disse. "E acredite em mim quando digo que Margot é extremamente difícil de agradar à primeira vista." Ele abriu um pequeno sorriso e me encarou. Novamente havia aquilo em seu olhar, como uma sombra à espreita que, por mais que ele tentasse esconder, estava ali e parecia deixá-lo deprimente. "Espero que possamos conversar melhor depois, minha prima Alexia sempre falou muito bem de você."

Eu apenas assenti, sentindo um pouquinho da minha raiva por Alexia ter me arrastado para tudo aquilo sem que eu soubesse aflorar.

Ela já havia comentado casualmente uma vez ou outra que a única pessoa da família que era mais próxima era um primo de primeiro grau, e eu sabia que ela trocava contato com ele frequentemente. Mas nunca, nunquinha, ela havia dito que o tal primo era na verdade um príncipe, nem que toda a sua família não era do tipo que nós chamamos de convencional.

Então Steven ergueu a mão, provavelmente para apertar a minha, mas eu me assustei com o repentino contato e dei outro passo para trás, escorregando sem querer em uma das almofadas que estava jogada no chão.

Naquele instante tudo pareceu acontecer em câmera lenta.

Eu senti meu corpo se desequilibrar e pender para trás. Meus braços se agitaram pateticamente, tentando encontrar qualquer coisa que conseguissem agarrar para me equilibrar, mas, antes que isso acontecesse, senti a base das minhas costas baterem contra o pedestal que ficava ao lado da cama.

Meu cotovelo se chocou com algo frio e frágil, e, antes que eu pudesse registrar o que estava acontecendo, o vaso decorativo de porcelana tombou e caiu pelo ar, se espatifando em mil pedaços bem em cima do meu pé direito.

Eu sufoquei um uivo de dor e finalmente me choquei contra o chão, as mãos encontrando com os cacos que agora se espalhavam por ali.

Antes que eu pudesse perceber e me assustar com todo o sangue que escorria pelos meus dedos, ouvi sons de passos apressados vindo até mim e produzindo atrito com o chão coberto de cacos de porcelana. Sem que eu pudesse protestar, fui erguida do chão por braços firmes que me seguravam como se eu não pesasse mais do que uma pena.

"Você está bem?", a voz do príncipe disse assustada ao meu ouvido, ao mesmo tempo em que ele atravessava o quarto com apenas quatro passadas e chegava ao corredor.

"Layla!", ouvi a voz de Sebastian exclamar assustada. "Ela está coberta de sangue, Steven!"

"Margot, corra e peça a um motorista para ir até a cidade buscar o Dr. Davies", o príncipe disse urgentemente, a voz ecoando pelo corredor. "Rápido!"

Então ouvi quando a princesa saiu correndo em disparada, os passos sumindo ao longe. Ao mesmo tempo Steven andava comigo pelo castelo, me segurando com tanto cuidado que mais parecia que eu era o vaso frágil feito de porcelana, não o ser humano patético que tinha caído sobre ele.

Sem querer, mordi o lábio e tentei não deixar escapar os gemidos de dor que lutava para reprimir.

Fechei os olhos, tentando ignorar o lugar e a situação em que me encontrava.

Patético.

Dentro da minha cabeça, uma voz jocosa parecia repetir sem parar:

"Seja bem-vinda ao palácio, Layla Bennett. Você está indo muito bem."

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Oii gente! Tudo bem com vocês?

Como prometido, aí está a segunda parte do capítulo três! Estou muito ansiosa para descobrir o que vocês acharam!

O que acharam desse primeiro encontro entre os protagonistas nem um pouco convencional? hahaha. A Layla já tem muita história para contar sobre essa viagem, e olha que ela só está no castelo há algumas horas!

O Steven super educado né gente? A Layla, coitada, parece ainda não estar se encaixando muito bem nessa vida em volta da realeza.

Bom, por hoje é isso! Vejo vocês nos próximos capítulo.

Beijos,

Ceci.

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