Capítulo Quinze - Steven
Carta deixada na Fonte do Anjo em 23 de Dezembro.
Eu sei que é difícil Alteza, mas, pelo menos agora, o senhor tem absoluta certeza de que realmente há algo por trás da morte da rainha Louisa, e que, naquele dia, ela estava esperando por alguém que iria matá-la sem pudor.
O primeiro passo foi dado e tenho fortes suspeitas para acreditar que o senhor não poderá mais voltar atrás, não é? Agora vamos até o final.
Antes de lhe aconselhar sobre o que deverá fazer em seguida, sinto que devo responder sua pergunta a respeito de Julian e da magnitude do que ele revelou. Seria cruel demais deixá-lo na escuridão desse jeito.
A verdade é que eu sabia sobre a informação que aquele pobre senhor tinha. Sei há anos, na verdade. Na minha busca por mais confirmações da verdade por trás da morte de sua mãe, fui até Sunville fazendo perguntas, e, qual foi a minha surpresa, quando descobri que Julian tinha dúvidas sobre uma moça que tinha aparecido em seu estabelecimento no dia em que a rainha foi encontrada morta em um penhasco próximo daquele vilarejo.
Veja bem, ele nunca teve certeza se era realmente ela naquele dia, e quando eu apareci fazendo perguntas, fingindo ser apenas mais uma curiosa a respeito da horrível morte que tinha ocorrido próximo dali, o pobre homem pareceu ver em mim um meio de despejar as dúvidas e inseguranças que rondavam a sua mente.
Se quer saber, Alteza, acho que você fez muitíssimo bem em dizer a Julian que a moça que ele sempre teve dúvidas de ser a rainha na verdade não era ela. Quem sabe agora ele terá um pouco de paz em sua consciência.
Bom, então foi esse o motivo pelo qual o aconselhei a ir até Sunville. Apesar de ser um palpite fraco, eu tinha desconfianças de que o senhor seria atraído pelo cheiro delicioso daquela padaria no centro do vilarejo, que há pouco tempo vim a descobrir que continua preparando delícias inimagináveis. O senhor provavelmente não se lembra mais de mim, mas eu conheci a criança e o pré-adolescente que você costumava ser, sempre apaixonado por guloseimas...
Então, apesar de supor que o senhor entraria na padaria e também supor que Julian acabaria lhe contando sua pequena história, posso dizer que contamos com uma boa dose de sorte. Se o seu carro não tivesse passado por cima de um pedregulho, eu provavelmente teria que lhe contar essa parte da história por mim mesma, fazendo com que o senhor tivesse que dirigir novamente até Sunville e obter de Julian a informação.
Acho que o destino está ao nosso favor, o senhor não acha?
Agora que isso ficou explicado, que tal nos concentrarmos no que deve ser feito a partir de agora? O tempo é curto e não podemos nos dar o luxo de perdê-lo.
Alteza, o senhor ter o costume de visitar a sua avó, Alyssa?
Para descobrir a verdade por trás da morte da sua mãe, o senhor terá que voltar um pouco mais no tempo e descobrir certas coisas importantes. A sua avó poderá lhe dar algumas informações.
Eu soube que, desde que a sua mãe morreu, ela ficou muito doente e geralmente não têm dias bons, mas, se a sorte continuar conosco, talvez o senhor consiga conversar com ela tempo o suficiente para obter uma parte da verdade.
Em outra situação, poderia lhe enviar para falar com algum de seus tios, irmãos de sua mãe, mas se as notícias que ouvi forem verdadeiras, Finley Lawford está viajando o mundo e Gracie está ocupada demais em Partelia sendo uma condessa. Tenho certeza que não seria muito adequado que o senhor pegasse um voo em plena época natalina sem aviso prévio para ir visitar a sua tia. Chamaria atenção indesejada.
Bom, de todo modo, aí está a sua missão:
Vá visitar a sua avó em Arthenia e lhe pergunte uma coisa que estou certa que ela saberá responder: pergunte qual foi o maior sofrimento da vida de Louisa.
Lhe desejo sorte, Alteza. Quando precisar de ajuda e orientação, estarei aqui.
"Certo, pelo menos agora as coisas fazem algum sentindo", Layla disse ao meu lado no banco do passageiro, enquanto eu dirigia com cautela pela estrada que descia a colina do palácio.
"Terminou de ler?", perguntei, relanceando um rápido olhar para ela, que tinha duas páginas escritas nas mãos.
"Terminei. É meio sinistro, se quer saber."
Sorri, voltando os olhos para a estrada.
"Qual parte?"
"Todas elas", ela disse, fazendo com que eu soltasse uma risada. "Mas essa coisa sobre o maior sofrimento da sua mãe... Bom, é meio esquisito. Você não tem ideia do que seja?"
O sorriso em meu rosto se apagou no instante em que ouvi aquilo e um calafrio subiu pela minha espinha ao me lembrar daquela parte da carta.
"Não...", respondi com sinceridade. "Quer dizer, o que eu poderia saber? Eu tinha onze anos e a minha mãe... Bom, ela sempre pareceu alegre, mas isso era perto de mim. O que ela poderia esconder?"
Layla franziu o cenho em concentração, olhando para a paisagem esbranquiçada que passava pela janela.
"Talvez o seu pai soubesse responder isso", ela falou por fim.
Eu suspirei pesadamente, sem conseguir conter.
"Não sei como perguntaria uma coisa dessas para ele, além do mais, a mulher das cartas foi bem clara. O destino é a minha avó."
Layla assentiu, mas percebi a curiosidade em seus olhos castanhos. Segurei o volante do carro com mais força, sentindo meus músculos ficarem rígidos conforme o silêncio se estendia.
"Você e seu pai...", ela começou receosa, mas logo em seguida se calou. "Esqueça. Isso não é da minha conta."
"Não se preocupe", me obriguei a falar para tranquilizá-la, tentando me concentrar na estrada para que ela não visse os meus olhos nem o que eles poderiam revelar. "É normal que você esteja curiosa."
Respirei fundo, percebendo que queria falar sobre aquilo com Layla não só porque ela tinha perguntando, mas porque eu simplesmente queria.
"Desde que minha mãe morreu, meu pai se afastou", comecei, sentindo-me estranhamente aliviado em dizer aquelas palavras em voz alta. "Ele... Ele se fechou para todos, entende? Inclusive para os filhos. Talvez essa tenha sido a maneira dele de lidar com a dor. Sinceramente? Não sei se concordo muito com isso."
"Bom, as pessoas têm maneiras diferentes de lidar com a dor", Layla disse depois de um tempo, olhando para mim. "Você mesmo disse que se afastou, não é? Depois do que aconteceu com Sebastian."
Eu abri a boca para contestar, dizer que as situações eram diferentes, mas surpreendentemente as palavras não saíram.
Layla estava certa. Eu não era tão diferente assim do meu pai naquele quesito.
E a pior parte? Eu sabia disso. Acredito que sempre soube.
"Mas não acredito que vocês sejam iguais", disse Layla no mesmo instante, como se tivesse lido meus pensamentos.
"Não?", perguntei, usando todo o meu autocontrole para continuar com os olhos fixos na estrada e não me virar para Layla, mostrando como eu estava ansioso - desesperado, eu diria - para ouvir o que ela tinha a dizer.
"Não", ela confirmou com um sorrisinho triste. "Você está tentando reverter a situação, não está? Está tentando se aproximar de Margot e Sebastian de novo. Eu posso ver. Já seu pai... Bem, talvez ele precise de um empurrãozinho para enxergar certas coisas."
Novamente, eu não soube o que dizer.
Layla poderia não saber, mas ela havia sido o empurrãozinho que eu precisava para enxergar a verdade que estava na minha frente: me afastar dos meus irmãos não iria reverter o que aconteceu com Sebastian. Me afastar deles só causaria mais dor, para nós três.
Mas será que eu tinha que ser o gatilho que o meu pai precisava para enxergar? Enxergar que estava perdendo a infância dos filhos mais novos, que estava perdendo uma série de coisas que eu, até pouco tempo, tinha fechado os olhos e me impedido de ver em uma tentativa inútil de autopreservação?
Eu não sabia como poderia fazer isso, e a verdade, por mais horrível que seja, é que eu não sabia se conseguiria mais me aproximar do meu pai, conversar com ele e... amá-lo.
Suspirei baixinho, sentindo meu coração ser preenchido pela dor.
Quem eu estava querendo enganar? É claro que amava o meu pai, muito, mas eu não sabia se esse amor era o suficiente para curar a mágoa que por todos esses anos eu tinha nutrido dele.
Além dos mais, eu podia dizer a mim mesmo que não me importava com a opinião do meu pai e que sua aprovação nunca significou nada para mim, mas é mentira. Sempre foi mentira. E agora eu começava a me perguntar se era ela, aquela garota sentada ao meu lado, que tinha me feito ver todas essas coisas com poucas palavras e gestos gentis.
"Como é a sua relação, com sua família?", perguntei à Layla depois de algum tempo, quando virei à esquerda pegando a rodovia que levava até Arthenia.
Pelo canto do olho, vi Layla sorrindo genuinamente, e aquilo, por algum motivo, fez meu coração dar um salto no peito.
"Minha família não é tão grande como a sua, sabe? Acho que é por isso que nos damos bem", ela disse casualmente, fazendo com que eu risse. "Minha mãe é um amor. Ela é professora em uma escola primária do vilarejo de onde vim, então tem uma paciência invejável. Meu irmão, Oliver... Bem, ele é uma peste, mas que irmão não é?" Eu sorri, me perguntando se o irmão de Layla se parecia com ela.
"Ele não deve ser pior do que Margot e Sebastian", falei, fazendo Layla rir.
"Bom, ele tem dezesseis anos, então era de se esperar que fosse um pouquinho mais maduro. Mas posso garantir que esse não é o caso. Ele está sempre procurando algo novo para fazer e não é do tipo que para muito em casa, mesmo morando em um vilarejo minúsculo."
"E seu pai?", perguntei, notando que ela não tinha se referido a ele até então. Ao julgar pelo silêncio que se instalou naquele instante, descobri rapidamente que aquela tinha sido a pergunta errada. "Desculpe", apressei-me a dizer. "Se você não qui..."
"Não, tudo bem", Layla falou com um sorrisinho, enrolando distraidamente uma mecha do cabelo castanho na ponta do dedo. "Ele morreu quando eu era muito nova. Não me lembro muito dele. Mas... Bem, tem aquele vazio no peito, sabe? Um vazio onde ele deveria estar. Acho que todas as pessoas que perderam os pais novos demais sentem isso, pelo menos é o que eu ouvi falar."
Eu assenti, de repente desejando abraçá-la.
O impulso, com qualquer outra pessoa, seria estranho, mas por algum motivo não me senti assim com Layla. De todos os momentos que já tínhamos passado juntos, estranho não seria a palavra que eu usaria para descrever qualquer um deles.
"Eu entendo", murmurei, e percebi que ela me lançou um sorrisinho grato que fez algo inquietante se remexer no meu estômago, algo que eu nunca tinha sentido.
Pelos próximos minutos, conforme eu me aproximava de Arthenia, nós ficamos em silêncio. Mas não foi um silêncio desconfortável que precisava ser preenchido de algum modo. Foi um silêncio bom.
Eu já tinha percebido aquilo quando estava com Layla, mas toda vez que acontecia de novo eu ficava surpreendido.
Era incrível como já nos conhecíamos tão bem. Era incrível como eu tivera coragem de contar coisas para ela que nunca tinha admitido nem para mim mesmo.
Me perguntei se aquilo era algo normal, encontrar de repente uma pessoa que se parece tanto com você e que ao mesmo tempo é diferente de um jeito magnífico e perfeito.
Eu não estava esperando absolutamente nada daquele Natal, e, de repente, junto com a minha prima tinha vindo uma garota que provou ser bem mais do que qualquer outra que eu já tivesse conhecido.
"Steven?", a voz doce de Layla soou de repente, fazendo com que eu despertasse dos devaneios e relanceasse um rápido olhar para ela, que parecia apreensiva e encolhida junto ao banco do carro.
"O que foi?", perguntei no mesmo instante, observando que ela mordia o lábio inferior com força e torcia as mãos no colo. "Você está bem?"
Ela assentiu de maneira tensa.
"Estou", ela murmurou, e depois de alguns segundos aflitos em que minhas mãos começaram a suar, ela completou: "Preciso te contar uma coisa."
Droga, aquela frase com certeza estava na lista de coisas que um homem nunca, em hipótese alguma, quer ouvir.
Jamais vem coisa boa depois dela.
"Pode dizer", falei, diminuindo consideravelmente a velocidade do carro.
"Eu..." Ela parou, tomando fôlego antes de soltar a seguinte frase como se fosse a bomba de Hiroshima: "Eu disse a Alexia que nós dois estávamos juntos."
Uma das minhas mãos escorregou do volante e o carro derrapou no segundo seguinte, provavelmente deslizando por uma pequena parte da pista que estava escorregadia por conta do gelo.
"Cuidado", Layla guinchou, tombando para a direita e caindo no meu colo quando tomei bruscamente o controle do carro.
Tentei controlar a sensação quente que se apoderou do meu corpo quando a mão de Layla pousou em minha perna, um pouco acima do joelho, quando ela tentou se equilibrar.
Com um único toque da mão dela e todo o fluxo sanguíneo do meu corpo pareceu se dirigir para um lugar em específico, fazendo com que eu me perguntasse rapidamente se Layla era realmente humana ou alguma feiticeira saída diretamente de um desses livros de contos de fadas, que enfeitiçam os homens de tal maneira que eles enlouquecem de desejo.
Não parecia uma alternativa tão impossível assim...
Tentando me concentrar no volante, eu encostei o carro na beira da rodovia, desligando o motor e tentando acalmar as batidas aceleradas do meu coração por conta da pequena onda de adrenalina.
"Você está bem?", perguntei para Layla no instante seguinte, virando o corpo para ela.
Sua boca estava seca e seu rosto terrivelmente pálido, pouco a pouco assumindo uma coloração estranha de verde. Aquilo não podia ser bom.
"Você pode abrir a janela?", ela pediu sufocada. No mesmo instante apertei o botão do meu lado para abrir a janela do lado do passageiro.
Layla colocou a cabeça para fora do carro e respirou o ar gelado da manhã, levando alguns segundos até se virar para mim de novo.
"Desculpe por isso", ela falou, parecendo terrivelmente envergonhada. "Eu devia ter contado de maneira mais sutil."
Eu levei uma das mãos até a cabeça, passando os dedos pelo cabelo sem ter ideia do que dizer.
"Certo", murmurei, tentando colocar os pensamentos em ordem. "Você pode... explicar com um pouco mais de detalhes?"
Layla assentiu e pelos próximos minutos me contou como não tinha conseguido inventar nada para despistar Alexia mais cedo e fazê-la sair de seu quarto, optando então por contar a verdade, omitindo a parte de que, na verdade, o objetivo da nossa saída era tentar descobrir quem tinha matado a minha mãe. Alexia, então, entendeu as palavras de Layla como se nós dois estivéssemos saindo em um encontro, e a mentira foi se embolando até que Layla não conseguisse mais sair dela.
Maravilha.
Por que não era tão difícil imaginar Layla Bennett naquela situação? Se fechasse os olhos, eu quase poderia vê-la gaguejando com o rosto corado para Alexia, divida entre contar uma baita mentira menos constrangedora ou uma pequena que a mataria de vergonha.
Mas agora, ao que tudo indicava, eu não tinha só a minha irmã mais nova desconfiada de algo que poderia estar acontecendo entre Layla e eu - pois a atitude dela de mais cedo e seus constantes olhares maliciosos para nós dois tinham deixado isso bem claro para qualquer um que tivesse olhos -, como também Alexia, a garota menos sutil te toda Steinorth, também acreditava naquilo.
Eu devia estar surtando, literalmente morrendo de constrangimento, mas ao invés disso uma vontade insana de rir se apoderou de mim.
E foi o que eu fiz.
Me curvei sobre o volante do carro e comecei a rir, fazendo com que Layla se calasse.
"Desculpe", tentei dizer em meio as risadas, mas era praticamente impossível. "Mas tudo isso é... Bem, é um pouco cômico, não?"
"Bom, talvez", ela disse, e percebi que me olhava com os olhos semicerrados. "Mas não é você quem vai ter que aguentar Alex pelos próximos dias, não é? Disse para ela não te contar nada do que eu disse, por isso todo o fardo de suportá-la vai ser inteiramente meu."
"E você acreditou quando ela disse que não iria abrir a boca?", perguntei, erguendo uma sobrancelha para Layla de forma divertida. "Sinto decepcioná-la, Srta. Bennett, mas minha prima está tentando me unir com alguém desde que paramos de usar fraudas."
"É mesmo?", Layla perguntou, parecendo realmente surpresa. Eu assenti. "Por quê?", ela perguntou.
Eu dei de ombros.
"Alex parece ser do tipo que não consegue aceitar que alguém pode ser feliz sozinho", falei. "E eu estou sozinho há..." Me calei, de repente sentindo minhas orelhas queimarem estupidamente. Para alguém com vinte e um anos, às vezes eu me sentia bastante como um adolescente de novo. "Bom, há bastante tempo."
Layla olhou para mim atentamente, e alguns segundos se passaram até que ela abrisse um sorriso torto, erguendo uma sobrancelha para mim.
"É mesmo?", ela disse em tom jocoso, aparentemente esquecendo a vergonha que até então estava sentindo ao me contar toda a sua história com Alexia. "Bom, Alexia deve ter mencionado alguma coisa sobre você nunca ter tido uma namorada na vida, o que é, no mínimo, curioso." Naquele instante senti o calor em meu rosto se intensificar, e, não pela primeira vez na vida, quis torcer o pescoço de Alexia. Eu não podia acreditar que ela tinha dito aquilo para Layla! Era... humilhante. "Ainda mais porque, pelo que eu andei lendo na Internet, pelo menos metade das jovens solteiras do mundo está bastante interessada no posto de princesa."
"Aí é que está", disse, dando de ombros de forma displicente. "Elas só estão interessadas numa coroa."
"Bom, talvez não só nisso...", Layla falou, e percebi que seus olhos de repente se escureceram quando ela os passou pelo meu corpo. Novamente, senti todos os meus músculos despertarem e tive que me ajeitar na poltrona do carro para que ela não percebesse nada.
Pois aquilo sim seria vergonhoso.
"E o que você quer dizer com isso?", perguntei, e dessa vez foi a minha fez de sorrir maliciosamente ao ver o desconforto eminente de Layla.
No mesmo instante ela ergueu os olhos para mim, seu rosto estava vermelho como um pimentão e sua expressão era bastante parecida com o de uma garotinha pega durante uma travessura.
Linda.
"Bom, você não é feio", ela disse, parecendo lutar para manter o tom de voz casual. "E... Quer dizer, se elas te conhecessem, todas essas garotas que você diz só estarem interessadas numa coroa de brilhantes, aposto que veriam que você também não é só um rostinho bonito cheio de dinheiro."
"Obrigado", falei com sinceridade, ainda sorrindo. "Mas, só para você saber, você realmente não sabe elogiar alguém."
"Ah, fique quieto", ela resmungou com um sorriso, me empurrando de brincadeira. "Você deveria se sentir elogiado só por eu ter dito a Alexia que nós estávamos saindo. Acha que eu dou chance para qualquer um?"
Eu me afastei dela, fingindo ultraje.
"É tão ruim assim fazer as pessoas pensarem que você está comigo?", perguntei, fazendo com que ela risse. "Bom, talvez eu não seja bom o suficiente para você, madame."
"Tá brincando?", ela disse ainda rindo, parecendo ter deixado finalmente o constrangimento de lado. "Ser vista com um príncipe pode aumentar muito a minha reputação. Quando chegarmos a Arthenia, quero que desfile em praça pública comigo, certo? Amanhã de manhã quero estar em todos os jornais."
"Ah, eu não sei se posso fazer isso", falei, involuntariamente me inclinando para ela de novo, analisando seu rosto de maneira quase hipnotizante. Eu sentia que poderia observá-la por horas sem me cansar, vendo cada traço seu mudar e voltar ao lugar, enxergando a oscilação constante do brilho em seus olhos e a cor de sua pele. "Se fizer isso e todos os homens do país tiverem a chance de ver como você é bonita, sinto que não vou ter uma namorada de mentirinha por muito tempo."
As bochechas de Layla assumiram um tão vivo de rosa assim que eu disse as palavras, me dando conta tarde demais como aquilo tinha soado como uma flertada. Uma flertada enorme.
Mas, de verdade? Eu não me importava. Só tinha dito a verdade e eu sabia que Layla já me conhecia bem o suficiente para não acreditar que eu estava realmente dando em cima dela.
Mas, bem, e se eu estivesse?
Eu nunca tinha conhecido uma garota como ela antes, e duvidava que um dia chegaria a conhecer. Ela despertava em mim tantos lados que eu nem sabia que existiam... Um lado brincalhão, leve e confiante, características que, por mais que tentasse sozinho, nunca consegui fazer florescer em mim.
E quando eu estava perto dela... Bom, não era só quem eu era que se tornava melhor e mais divertido, mas também todo o meu corpo reagia de uma maneira que eu ainda não tinha experimentado.
Embora ficasse dizendo a mim mesmo que aquilo era errado e que não deveria pensar naquelas coisas, tudo o que eu queria era segurar Layla nos braços e sentir o corpo pequeno dela contra o meu, sentir seus lábios e seu gosto. Sentir seu calor.
E, Deus, como aquilo era perigoso... Eu nunca tinha desejado tanto uma mulher como a desejava, e, de repente, me dei conta de que a mentirinha que ela tinha contado para Alexia era algo que eu desejava ser real.
Mas não podia ser.
Não podia porque ela não sentia o mesmo e porque... Bem, porque era tudo recente demais, confuso demais. E a minha prioridade agora não era ter a mente consumida por fantasias românticas. Minha prioridade era descobrir o que tinha acontecido com a minha mãe. Apenas isso.
"Bem, você sabe mesmo fazer um elogio, não é?", Layla falou naquele instante, e meus olhos perdidos foram fisgados pelos dela, que transbordavam familiaridade e conforto.
"Bom, se tivermos que agir como dois apaixonados perto de Alexia para que ela engula a história que você inventou, é melhor praticarmos", eu disse, tentando retomar o controle dos meus próprios sentimentos.
"Certo, Romeu", ela disse com um sorriso travesso, se ajeitando novamente no banco do carona e colocando o cinto de segurança. "Me agradeça mais tarde quando perceber que Alexia não vai nos encher de perguntas quando precisarmos escapar do castelo para investigar o mistério que temos em mãos."
Eu sorri, também colocando o cinto e ligando o carro.
"Claro, porque toda essa história foi cuidadosamente planejada por você, não é, Dr. Watson?"
Layla sorriu, me olhando pelo canto do olho.
"Pare de caçoar de mim e dirija logo, Sherlock, caso contrário nunca chegaremos a Arthenia."
"É para já."
Então dei partida no carro, voltando para a rodovia.
Mas de bom grado ficaria parado naquele acostamento para sempre se isso significasse ter Layla ao meu lado, fazendo com que o mundo inteiro coubesse em seu sorriso e toda a diversão em suas risadas.
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Oii gente! Tudo bem?
Esse capítulo era para sair amanhã, mas quem disse que eu conseguiria aguentar até lá? hahaha. Gostei muito de escrever esse capítulo e espero que vocês tenham gostado também! O que acharam?
É impressão minha ou o Steven já está entendendo um pouco mais seus sentimentos em relação a Layla? O que vocês acham?
Espero realmente que vocês tenham gostado! Não esqueçam deixar seus comentários <3
E para quem ainda não sabe, estou postando um novo conto "Evil Queen" e ontem postei capítulo novo! Vou deixar a sinopse aqui para vocês conferirem (:
Muitos a chamam de Rainha Má, mas poucos sabem sua versão da história.
O que aconteceria se eles soubessem que a verdadeira vilã foi a princesa que todos amavam? O que aconteceria se soubessem que por trás da maldade da rainha - se é que realmente houve alguma - existe um passado que ninguém nunca ouviu falar?
Naqueles tempos não houve anões ou príncipes encantados, mas sim um rei cruel e uma princesa louca de maldade e desejo de vingança.
Mas, já as maçãs envenenadas... Bem, essas nunca foram invenção.
https://my.w.tt/6vBrHBfhNZ
Espero ver vocês por lá <3
Muitos beijos e até a próxima!
Ceci.
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