Capítulo Dezesseis - Layla

Arthenia, de longe, era a cidade mais enfeitada na época de Natal que eu já tinha visto.

Cada poste de luz e cada janela de cada casa estavam iluminados com piscas-piscas e enfeites natalinos. As árvores cobertas de neve das praças e parques reluziam com suas luzes coloridas e bolas vermelhas de Natal; as vitrines das lojas estavam cobertas de enfeites e neve falsa, assim como guirlandas e estrelas douradas.

"É lindo", eu murmurei, olhando encantada para tudo através da janela do carro de Steven. "Eu estive aqui ontem, mas mesmo assim... Tem algo diferente em cada canto."

Ao meu lado, Steven sorriu.

"Por aqui o Natal é o feriado mais aguardado do ano."

"O Natal deveria ser o feriado mais aguardado do ano em todo lugar!", afirmei com convicção. "É a época mais linda de todas."

"Você acha?", ele perguntou curioso, virando em uma esquina e rodeando uma pracinha antes de dobrar a esquerda. "Às vezes, eu acho triste."

Me virei para Steven, olhando-o atentamente enquanto ele dirigia com os olhos fixos na rua.

"É mesmo? Por quê?"

O príncipe deu de ombros, mas percebi quando as marcas de expressão ao redor de seus olhos se acentuaram.

"O Natal sempre é lembrado como a época do ano em que as famílias se reúnem para festejar. Vemos isso em filmes, em livros, em todo lugar..." Steven suspirou baixinho, os ombros se curvando um pouco. "Acho que é por isso que, por mais que eu goste do Natal, sempre fico um pouco triste pelas pessoas que não estão mais aqui."

Eu assenti em silêncio, compreendendo o que ele queria dizer com um aperto no peito.

"Acho que todo mundo pensa assim às vezes", comentei, desejando que ele sorrisse novamente e deixasse aquela expressão triste para trás. "Mas talvez isso nos faça olhar as coisas por outro ângulo, não é? Por exemplo, podemos ser gratos pelas pessoas que ainda estão aqui."

E ali estava. Aquele sorriso sincero no rosto dele que poderia fazer milhares de corações tropeçarem no peito.

"Você tem razão", Steven disse, relanceando um rápido olhar para mim. "Obrigado, Layla."

"Não foi nada."

Continuamos o resto do caminho pela grande capital em silêncio. Alguns minutos depois Steven ligou o rádio do carro e sintonizou em uma estação que estava tocando músicas natalinas, e eu esperei que aquilo conseguisse trazer um clima mais leve ao ambiente, me tranquilizando também do que estávamos prestes a fazer.

Quando Steven finalmente estacionou em frente a uma grande construção de dois andares, repleta de janelas brancas, uma fachada muito bem cuidada e com um lindo jardim na frente cercado por grades pintadas de azul claro, eu quase me senti decepcionada por descer do carro. Estava tão bom ali dentro com ele...

Com custo, tentei afastar aqueles pensamentos, dizendo a mim mesma que estava sendo boba, mas era mais difícil do que eu pensava.

Depois da conversa que Steven e eu tínhamos tido no acostamento, eu consegui ficar mais calma a respeito da reação dele ao saber da mentira que tinha contado à Alexia. Ele não pareceu zangado ou chateado, muito pelo contrário, o príncipe começou a rir na minha cara.

No início fiquei um tanto quanto chateada com isso, até perceber que na verdade era melhor que ele risse do que me achasse uma maluca completa.

Por outro lado, eu simplesmente não conseguia tirar da cabeça o que Alexia tinha me dito mais cedo. A lembrança ficava rondando minha mente como uma mosca insistente, se recusando a ir embora mesmo que eu lutasse para afastá-la.

Seria mesmo possível que Steven estivesse... Como Alexia tinha tido exatamente? Me olhando diferente? E, se sim, como eu me sentia a respeito daquilo?

Deus, eu não fazia ideia, e preferia mil vezes acreditar que Alexia estivesse apenas ficando maluca.

Sim, aquilo provavelmente encerrava o problema e me deixava livre de paranoias. E, se o bom Deus me ajudasse, eu logo esqueceria aquilo e pararia de olhar para Steven a cada segundo como se estivesse tentando ler seus sentimentos a partir de cada mínima expressão sua.

Quando Steven e eu saímos do carro, o frio da manhã me atingiu com força, fazendo com que eu estremecesse. Pelo jeito, por mais que eu lutasse para me aquecer em Steinorth, sempre congelaria de frio naquele lugar.

Steven se aproximou de mim, seus olhos azuis esverdeados me analisando com cuidado.

"Tenho certeza que deixei um casaco extra no carro. Se quiser, posso pegar para você."

"Não, está tudo bem", falei, abraçando-me enquanto tremia de frio. "Nós já vamos entrar mesmo."

Steven não disse nada, mas por um microssegundo pareceu se inclinar para cobrir meus ombros com seu braço forte, até mudar de ideia no meio do gesto e fingir que tinha esticado a mão apenas para coçar a cabeça.

Nunca saberia dizer qual de nós dois ficou mais constrangido naquele momento, pois eu tenho certeza que todo o frio que estava sentindo antes foi abafado pelo calor que se espalhou pelo meu rosto.

Assim que atravessamos a rua tranquila, Steven parou em frente a grande construção e eu pude ler com clareza o letreiro que ficava em frente à portaria:

Lar de idosos Santa Ana.

Quando passamos pelo portão azul, percebi que havia uma cabine perto das portas principais do lar de idosos, para onde Steven rapidamente se dirigiu. Lá, percebi que ele tirou um cartão de identificação do bolso do casaco e mostrou para a recepcionista, que conferiu qualquer coisa em um computador e se levantou para abrir as portas de vidro para que pudéssemos entrar em uma sala de recepção ampla e bem iluminada.

"Ela está no pátio interno, Alteza", a recepcionista disse quando entramos, parecendo responder algo que Steven tinha perguntado a ela anteriormente. "Teremos uma missa de Natal marcada para os idosos daqui uma hora, por isso peço que por gentileza não demorem muito."

"Certo, obrigado", o príncipe disse com um sorriso gentil para a recepcionista, fazendo com que o rosto da pobre mulher instantaneamente assumisse um profundo tom de rosa.

Divertida, me perguntei se Steven tinha noção do impacto de seus sorrisos doces e inocentes para as pessoas, e, se não, se ele continuaria distribuindo-os assim em vão, correndo o grave risco de fazer alguma pobre moça ter uma parada cardíaca.

A recepcionista nos conduziu pelos largos corredores do lar de idosos, e, enquanto caminhava por ali, não pude deixar de espiar os quartos que tinham as portas entreabertas.

Muitos idosos ainda estavam nas camas, outros já de pé conversando com as enfermeiras. Em determinado momento, vi uma senhora sentada ao pé de sua cama segurando uma boneca velha feita de trapos, chorando baixinho enquanto uma enfermeira dava tapinhas carinhosos em seu braço.

Ao ver aquilo, meus olhos se encheram de lágrimas involuntárias, das quais eu surpreendentemente não tive vergonha.

"Muitos idosos não recebem visitas da família. Nem no Natal", disse Steven ao meu lado, fazendo com que eu me sobressaltasse e enxugasse os olhos rapidamente com a manga do casaco. Ao voltar o olhar para ele, percebi que seus olhos claros também estavam repletos de tristeza. "Mesmo as famílias que têm boa condição financeira, por manterem os parentes em um lar tão bem avaliado como este, não veem motivos para visitá-los, provavelmente imaginando que estão sendo tratados e não precisam deles."

Eu engoli em seco, sentindo um caroço enorme se formar em minha garganta.

"Mas isso é horrível!", eu falei, sentindo meu coração se rebelar de indignação. "Essas pessoas... Elas podem até ser bem tratadas e cuidadas com carinho, mas isso não compensa a saudade que devem sentir da família."

"Se a maioria das pessoas pensasse como você, talvez esse lugar estivesse cheio de famílias que vieram visitar os pais e avós", Steven falou baixinho, voltando a olhar para frente com o cenho franzido de pesar.

Nós continuamos andando por um tempo e, em determinado momento, não pude deixar de notar como os funcionários do lar - e até mesmo alguns idosos -olhavam para Steven com admiração e se curvavam ao longo dos corredores, em seguida voltando os olhos para mim com clara curiosidade.

"Acha que nossa aparição aqui não vai virar notícia ou algo assim?", perguntei a Steven em tom baixo e preocupado.

"Talvez sim, talvez não. As minhas visitas à minha avó não são novidade e nem algo que merece muito ser comentado."

"Talvez", sussurrei. "Mas você nunca veio acompanhado por uma garota desconhecida, não é?"

Steven me dirigiu um pequeno sorriso.

"Vamos torcer para que isso não vire notícia então. A não ser, é claro, que você estivesse falando sério sobre querer aparecer em todos os jornais amanhã de manhã."

"Nem pensar", respondi imediatamente com uma careta, fazendo com que Steven soltasse uma risadinha.

Naquele instante, a recepcionista finalmente virou em um corredor igual a todos os outros e nos revelou um pátio amplo e bem iluminado ao ar livre, onde o teto se abria para revelar um pedaço do céu nublado. No centro do pátio, havia um coreto bonitinho onde alguns idosos com suas enfermeiras estavam sentados, conversando.

"Ela está logo ali", disse a enfermeira para Steven, indicando com a cabeça o coreto. "Se quiser, pode pedir a enfermeira que deixem vocês um pouco sozinhos, Alteza."

Steven assentiu, agradecendo, e logo em seguida nós nos dirigíamos até o coreto.

"Steven?", chamei apreensiva, antes que chegássemos até lá. "A sua avó... O que você quis dizer sobre seus dias bons e ruins, mais cedo?"

O príncipe suspirou audivelmente ao meu lado, e novamente eu percebi a dor estampada em seus olhos.

"Desde que a minha mãe morreu, a minha avó..." Ele parou por instante, parecendo escolher as palavras com cuidado antes de completar: "Bom, ela não é mais a mesma. O sofrimento de perder a filha foi grande demais e ela acabou se fechando dentro de si mesma, praticamente precisando de alguém ao lado dela para tudo. A minha tia mais velha, Gracie, tentou cuidar dela sozinha no início, mas a casa em Partelia era perigosa demais e não adaptada para minha avó. Bom, minha tia então pensou no que poderia ser melhor para ela e decidiu que era melhor que a colocássemos em um bom lar de idosos. O melhor do país é esse aqui, e por mais que apenas a minha parte paterna da família more em Arthenia, minha tia viaja uma vez por mês para visitá-la, trazendo meus primos."

"Entendi", sussurrei, mesmo sem conhecê-la já simpatizando pela pobre senhora que vivia sozinha ali. "Mas ela tem dias bons? Como você disse?"

Steven assentiu sombriamente.

"Às vezes ela tem momentos de lucidez quase perfeita e consegue conversar normalmente, como era antes, mas quando se lembra da minha mãe e do que aconteceu..." Steven suspirou e percebi que suas mãos estavam cerradas em punhos. "Então ela volta a ser o que é."

Eu não disse nada, aliás, o que poderia dizer? Eu conhecia a dor de perder um pai, mas a de perder um filho? Deus, não me surpreendia que a pobre mulher tivesse sofrido a ponto de se perder dentro de si mesma, onde a dor não podia alcançá-la.

Quando chegamos até o coreto, Steven me conduziu até um canto mais afastado, onde uma senhora de cabelos brancos reluzentes estava sentada em uma cadeira de rodas diante de uma mesinha, onde jogava damas com uma enfermeira de cabelos louros, sorridente.

No mesmo instante em que a viu, Steven abriu um sorriso que aqueceu meu coração.

"Acho que estamos com sorte", ele disse para mim, os olhos brilhando de contentamento. "Quando ela joga damas, sempre é um bom sinal."

Naquele momento a enfermeira ergueu os olhos para Steven, se engasgou e se levantou aos tropeços, logo em seguida fazendo uma reverência desajeitada.

"Alteza...", ela disse, erguendo-se para encarar Steven. "É um prazer vê-lo. A Sra. Lawford ficará muito feliz em vê-lo! O senhor quer ficar sozinho por um tempo com ela?"

Steven assentiu em um silêncio distraído, no mesmo instante os olhos se voltando para a senhora sentada na cadeira de rodas, que ainda olhava para o tabuleiro de damas como se nada de diferente estivesse acontecendo ao seu redor.

"Se não for muito incômodo, sim", ele falou por fim, voltando os olhos para enfermeira. "Como ela está hoje?"

"Está bem, Alteza", a enfermeira respondeu, com um sorriso gentil. "Ela está conversando bem há alguns dias, mas às vezes... Bem, às vezes ela tem recaídas. Mas isso é normal em seu estado, não se preocupe. Bom, se o senhor precisar de alguma coisa, estarei por perto."

Steven sorriu, parecendo satisfeito, e naquele instante a enfermeira fez uma última reverência e saiu do coreto.

O príncipe então puxou uma das cadeiras da mesa e colocou-a do lado da que a enfermeira estava sentada antes, indicando-a para mim. Nós dois nos sentamos lado a lado e eu me acomodei, olhando ansiosa para a senhora do outro lado da mesinha circular, que parecia ainda não ter notado a nossa presença.

Ao meu lado, Steven limpou a garganta, parecendo nervoso, e se inclinou um pouco para a avó, chamando em uma voz gentil:

"Vovó?"

A senhora, com os olhos fixos no tabuleiro de damas, franziu as sobrancelhas brancas ligeiramente como se realmente tivesse ouvido alguma coisa, mas não tivesse certeza disso. Sua expressão então voltou a se suavizar e ela moveu uma peça do tabuleiro.

Apenas naquele momento a senhora ergueu os olhos, como se esperasse o próximo passo do outro jogador, e seus olhos castanhos do exato tom dos de Sebastian, se arregalaram ao encontrar Steven.

"Oi, vovó", ele disse com um sorrisinho, esticando o braço por sobre a mesa e envolvendo a mão nodosa da senhora na sua com carinho.

A senhora olhou atentamente para o neto, como se o reconhecesse, mas não soubesse exatamente de onde.

Muitos segundos se passaram, até que ela finalmente disse:

"Carl?"

No mesmo instante Steven se remexeu na cadeira, claramente desconfortável. Seus músculos ficaram tensos como pedra, rígidos sobre o paletó que vestia.

Eu mordi o lábio inferior em apreensão. Não era difícil entender a reação da avó de Steven - que já não estava com a saúde mental perfeita - confundir o neto com seu pai. Por mais que aquilo pudesse desagradar Steven, ele realmente se parecia fisicamente com o pai.

"Não, vovó", Steven respondeu com suavidade depois de algum tempo, olhando para a avó com atenção. "Sou eu, Steven. Seu neto."

Mais um longo silêncio se seguiu, até que, como se um raio a tivesse atingido, os olhos da senhora se iluminaram, deixando de lado as sombras que antes os deixavam enuviados.

"Steven!", ela disse com um enorme sorriso, dando palmadinhas carinhosas na mão do neto. "Meu Deus, juro que você parece maior desde a última vez que o vi. E quando foi mesmo a última vez que o vi? Eu realmente não consigo me lembrar..."

Steven sorriu radiante, e percebi que seus olhos claros estavam um pouco marejados, provavelmente de alívio pela avó tê-lo reconhecido.

Quis abraçá-lo naquele instante e vibrar com ele por aquela pequena vitória.

"Estive longe por conta da faculdade, vovó", ele disse com carinho. "Sinto muito. Espero que Sebastian e Margot estejam vindo te ver."

"Ah, os gêmeos...", a senhora disse com ar sonhador, os olhos se perdendo por um instante. "Sim, eles aparecem de vez em quando. Arabella os acompanha com frequência."

"É mesmo?", perguntou Steven, parecendo surpreso. "Eu não sabia..."

"Pois é verdade", ela disse, voltando os olhos com interesse para o tabuleiro de damas. "Apesar de não ir particularmente com a cara dela, não posso dizer que Arabella seja uma pessoa de todo ruim. Mas o que posso fazer, ela é minha sobrinha, apesar de tudo." A senhora levou uma das mãos a cabeça, analisando o tabuleiro. "Se não me engano, querido, é a sua vez. Vamos logo terminar essa partida, eu não tenho o dia todo."

Steven e eu trocamos um rápido olhar, e ele deve ter percebido a surpresa em meus olhos, pois explicou com um sorrisinho triste:

"É sempre assim", ele sussurrou baixinho. "Às vezes, é como se ela estivesse curada novamente, mas então..." A voz dele se perdeu, assim como o olhar de sua avó, que de tempos em tempos se perdia por um instante. "Bom, é melhor aproveitarmos o momento, não é?"

A senhora então pareceu finalmente se dar conta da minha presença quando ouviu Steven conversando com alguém, seguindo o olhar do neto ela pousou os olhos castanhos em mim.

"E quem é essa, Steve?", ela perguntou com um sorrisinho doce. "Sua namorada?"

"Não!", Steven e eu praticamente gritamos em uníssono, em seguida tentando nos justificar ao mesmo tempo.

"Nós nos conhecemos há pouco tempo..."

"Ela é amiga de Alexia. Se lembra de Alexia, vovó?"

"Vim passar as festas em Steinorth e..."

"Ela está na Escócia há algum tempo e convidou Layla para visitar Arthenia..."

Steven e eu nos entreolhamos alguns segundos depois, nos calamos e rapidamente desviamos os olhares.

Meu rosto estava tão quente que eu realmente pensei que estivesse pegando fogo.

Quando ergui os olhos para a avó de Steven, ela estreitava os olhos para nós com um sorrisinho no rosto.

"Bom, Layla é uma amiga", explicou Steven depois de algum tempo, e ou eu estava cega ou seu rosto parecia tão vermelho quanto o meu. "O nome dela é Layla, Layla Bennett. Layla, essa é a minha avó, Alyssa."

"É um grande prazer conhecê-la, Alyssa", falei com um sorrisinho, ainda sem conseguir olhar para Steven diretamente.

"O prazer é meu querida", ela disse com um sorriso radiante, parecendo analisar meu rosto como um pintor analisa uma obra de arte: com cuidado e atenção. "Ora, Steven", ela disse naquele instante, se virando para o neto. "Ela é linda e parece ser muito bem educada. Se continuar assim, sem ninguém, daqui a pouco se tornará a versão mais nova do seu tio Finley. Ele tem, o quê? Quase cinquenta anos? Desde a última vez que ele veio me ver, ainda estava solteiro."

Se fosse possível medir o constrangimento de uma pessoa em uma escala de 0 a 10, o de Steven naquele momento estava atingindo o número 20.

Rapidamente, Steven mexeu aleatoriamente em uma das peças do tabuleiro, fazendo com que sua avó voltasse a atenção novamente para o jogo.

"Você a ouviu, não é?", provoquei Steven baixinho, sem conseguir me conter. "Não quer acabar como seu tio Finley, quer Steven?"

Ele me fuzilou com o olhar, o rosto corado.

"Eu já tenho Alexia na minha vida, obrigado, não preciso de mais uma como ela."

"Há!" Alyssa exclamou naquele instante, segurando com ansiedade uma das peças de Steven. "Você continua um péssimo jogador, Steve. Ande logo, é a sua vez."

Steven voltou os olhos para o jogo, parecendo se concentrar, mas percebi logo de cara que sua mente estava em outro lugar.

Nós estávamos ali, como era nosso objetivo, e tínhamos conseguido conversar com Alyssa em um dia em que sua mente parecia estar funcionando normalmente, mas, agora, como faríamos a pergunta que aquela mulher das cartas tinha pedido?

Era um assunto pesado demais para um momento como aquele, e eu, apesar de estar curiosa para saber o que poderíamos encontrar ali naquela manhã, sinceramente não queria acabar com a felicidade daquela pobre senhora com uma pergunta triste sobre sua filha morta.

E, ao julgar pela expressão de Steven, ele também não parecia saber como fazer aquilo.

"Vovó?", ele chamou depois de algum tempo em que nós três ficamos em silêncio, concentrados no jogo de damas. Eu me endireitei na cadeira, pronta para ouvir o que Steven iria dizer, mas surpreendentemente foi outra pergunta que escapou de seus lábios: "A senhora é feliz aqui?"

Alyssa largou a peça do jogo que estava prestes a mover, erguendo um pouco a cabeça para olhar para o neto.

"Feliz...", ela sussurrou, e novamente seus olhos pareceram distantes, fazendo com que o medo congelasse meus ossos. Mas, tão rápido como veio, a senhora pareceu voltar à tona. "Ah, sim, querido. Eu sou feliz aqui. É claro que sinto falta de Partelia, mas as enfermeiras são maravilhosas e eu fiz ótimos amigos neste lugar. E, sabe, também tem um fisioterapeuta que vem duas vezes por semana. O nome dele é Harry e puxa vida, querido, se eu fosse trinta anos mais nova..."

"Vovó!", Steven exclamou com os olhos esbugalhados, fazendo com que eu soltasse uma gargalhada involuntária.

Ele olhou para mim, carrancudo.

"O que foi?", perguntei ainda rindo, me inclinando para mais perto de Alyssa. "Ela não é cega, não é Alyssa?" A senhora assentiu com um sorriso radiante, os olhos brilhantes me encarando. "Me diga, como ele é?"

"Ah, querida, ele tem aqueles ombros largos e olhos verdes..." Alyssa suspirou audivelmente. "Que o meu amado e falecido marido me perdoe, mas aquele doutor... Meu Deus!"

"É mesmo?"

"Sim. E aqueles músculos... Não são modestos, pode ter certeza."

"Ei, certo, eu já entendi sobre as maravilhas do Dr. Harry", disse Steven, claramente desconfortável com a conversa.

Eu ri, dando tapinhas de brincadeira no braço dele.

"Mas, bom, respondendo sua pergunta, Steve", retomou Alyssa com um sorrisinho, olhando para o neto. "Sim, eu sou feliz aqui."

"E a senhora..." Steven parou, parecendo receoso com o que iria dizer a seguir. Dentro do meu peito, senti meu coração martelar. "A senhora está melhor? Com relação..." Ele engoliu em seco, não suportando olhar para a avó e fitando as próprias mãos no colo. "Em relação a minha mãe?"

Novamente, vi aquela sombra passar pelo olhar de Alyssa, escurecendo suas feições e a tornando quieta e calada como uma estátua. Ao ouvir o que Steven tinha dito, foi como se algo dentro dela - que a mantivera até então sã e alegre -se quebrasse.

"Ah, Louisa...", ela disse então, depois de um longo tempo em silêncio, e seu tom de voz era tão triste que partiu meu coração. "Sabe, Steve, sei que uma mãe não deveria dizer isso e eu nunca tive preferidos, mas a minha relação com a sua mãe era... bem, era a mais forte dentre os meus três filhos." Ela fez uma pausa, passando distraidamente a mão por um colarzinho dourado que carregava no pescoço. "Gracie, desde nova teve que lidar com a responsabilidade de que um dia seria a governanta do condado de Partelia, gastando todas as suas energias e atenção para o dever que precisaria cumprir no futuro. Finley, bem..." Ela soltou uma risadinha triste. "Finley sempre teve asas e quis voar para longe do ninho, conhecendo o mundo e o que ele tem para oferecer. Mas sua mãe... Ah, sua mãe era quem estava lá ao meu lado, mesmo que não fisicamente.

"Mesmo depois de se casar, Louisa manteve contato diário comigo, por meio de ligações e cartas. Ela me visitava sempre que podia, arranjando tempo mesmo na rotina difícil de mãe e rainha. Sabe, ela não era só a minha filha, era também a minha melhor amiga."

Uma lágrima solitária rolou pelo rosto enrugado da senhora, e, no mesmo instante, Steven estendeu a mão e segurou a da avó, acariciando-a com carinho.

"Sabe, Steve, quando ela morreu daquele jeito horrível, foi como se todo o mundo perdesse a cor para mim. A morte dos meus pais, do meu marido, nada foi tão forte como a dor de perder a sua mãe. E eu sabia que deveria ser forte, por você e pelos gêmeos, que tão novos e já eram órfãos de mãe, mas eu não consegui." Alyssa respirou fundo, os olhos castanhos perdidos em um ponto distante. "Eu sei o que aconteceu comigo, sabe, Steve? Muito mais que uma depressão. Ouvi os médicos falarem há muitos anos, em um de meus momentos de lucidez. Mas, sabe qual é a verdade, filho? Quando estou lúcida, desejo não estar, por que a dor de viver em um mundo no qual a minha filha não exista é difícil demais para suportar." Ela então ergueu os olhos para Steven, erguendo a outra mão e encostando de leve no rosto dele. "Todas as noites, quando estou dolorosamente consciente da minha existência, eu aproveito o momento e agradeço a Deus por ter feito com que ela deixasse um pedaço dela aqui na Terra, comigo. Você, Sebastian e Margot."

Respeitosamente desviei os olhos quando Steven se inclinou sobre a mesa e abraçou a avó, cobrindo o corpo pequeno e frágil dela com o seu.

Apesar de eu não fazer parte daquela família e não ter nem ideia da dor que ambos, avó e neto, carregavam, eu ainda sim senti todo o peso e significado daquele momento.

Quando eles se afastaram, Steven acariciou o rosto da avó e a olhou nos olhos, antes de dizer:

"Eu preciso te fazer uma pergunta. É uma pergunta estranha e horrível, mas, mesmo assim, acho que a senhora é a única pessoa capaz de respondê-la."

Alyssa segurou as mãos do neto com carinho.

"Pode me perguntar qualquer coisa, Steve. Por favor, aproveite este momento, sim?"

Steven assentiu, suspirando e olhando dolorosamente para o rosto da avó quando perguntou:

"Vovó, a senhora sabe, tem alguma ideia, de qual foi o maior sofrimento pelo qual minha mãe teve de passar?"

Alyssa piscou, recuando um pouco em sua cadeira de rodas ao ouvir a pergunta.

"Por que está perguntando isso, Steven?", ela disse baixinho, franzindo as sobrancelhas para o neto.

Steven suspirou pesadamente antes de responder.

"Não posso dizer, vovó, mas garanto que, se não fosse algo importante, eu não perguntaria."

A senhora assentiu lentamente, parecendo estar digerindo as palavras de Steven com cuidado.

Um longo instante se passou, até que, enfim, Alyssa começasse a dizer alguma coisa.

"Bom, só vem um episódio a minha mente", ela disse com cuidado, olhando para Steven. "O único momento da vida em que vi Louisa sofrer a ponto de adoecer, foi quando perdeu o primeiro filho."

Naquele instante, assim que as palavras deixaram a boca da senhora e ecoaram no ambiente, foi como se o ar ao nosso redor pesasse toneladas, como se o tempo desacelerasse e o mundo, lentamente, parasse de girar.

Um olhar. Apenas um olhar bastou para que eu visse no rosto de Steven que ele não sabia daquilo.

Que ele nunca soube.

"Um filho...", ele sussurrou lentamente, os olhos claros tomados por confusão. "Vovó, o que está dizendo?"

Alyssa olhou para o neto com estranheza, estreitando os olhos.

"Ora, Steve, seu pai nunca lhe contou?", ela perguntou, espantando-se ainda mais quando o neto negou com a cabeça. "Bom, isso não deveria me surpreender tanto. O assunto deve ser delicado demais para Carl, e levando em conta que a primeira gravidez de Louisa nunca foi noticiada... Bem, antes de sua mãe engravidar de você, ela esteve grávida de poucas semanas de outro bebê."

"Mas..." Steven estava tão confuso e pálido que cheguei a realmente me preocupar com ele. Eu não tinha ideia do que fazer. Pegar um copo de água parecia uma boa ideia, mas meu corpo parecia grudado à cadeira. "Como? Como ela perdeu o bebê?"

Naquele momento o rosto de Alyssa se fechou, e havia tanta raiva e dor em seus olhos que eu cheguei a senti-los no ar, estalando ao nosso redor.

"Ela foi envenenada", a senhora falou devagar e pausadamente, e Steven soltou as mãos dela, como se de repente tivesse levado um choque. "Havia uma criada no palácio na época, ela devia ser louca ou algo assim, só sei que envenenou o chá que a sua mãe deveria beber. Poucas horas depois, Louisa perdeu o filho em um sangramento."

"E o que aconteceu com a criada?", me intrometi, sem conseguir conter de curiosidade e o horror.

"Ela foi descoberta pouco tempo depois, quando Louisa foi examinada", respondeu Alyssa, com o olhar perdido. "Ainda estava no castelo, trabalhando, como se nada tivesse acontecido. De certo não acreditava que seria pega. Mas, bem, ela foi. Se não estiver morta, continua presa na penitenciária feminina de Bluehill."

Poderia ter se passado décadas entre o instante em que Alyssa terminou de falar e o momento em que Steven escondeu o rosto nas mãos, como se de repente não suportasse olhar para mais nada nem ninguém.

Em um gesto involuntário, pousei a mão em sua perna, desejando transmitir segurança e conforto para ele, algo que nem mesmo eu conseguia sentir naquele momento.

"Sinto muito que saiba das coisas dessa maneira, querido", Alyssa disse baixinho, desviando os olhos marejados para um ponto distante. "Como eu disse, esse deve ser um assunto delicado para o seu pai."

"Mas ainda sim eu merecia saber, não é?" Steven ergueu o rosto das mãos, o olhar perdido e confuso pousando na avó. "Mesmo que ela estivesse grávida de poucas semanas quando perdeu o bebê, mesmo assim, acho que eu merecia saber."

Alyssa assentiu brevemente, torcendo as mãos nervosamente no colo.

"É. Acho que deveria sim."

Steven soltou um suspiro trêmulo e desviou o olhar de nós duas, pousando-o no piso imaculadamente branco do coreto.

Naquele instante, os olhos castanhos de Alyssa se cruzaram com os meus e, da forma como ela me encarou e olhou para Steven em seguida, eu soube exatamente o que ela queria dizer.

"Ei, Steven?", chamei baixinho, pois agora era ele quem parecia estar distante, preso em seus próprios pensamentos e emoções. "Acho melhor voltarmos para o palácio. Já é tarde."

Steven não respondeu, mas assentiu brevemente, como se ainda não conseguisse se conectar perfeitamente com o mundo externo.

Nós se levantamos e ele deu um abraço apertado na avó, que por cima do ombro deixou com que os olhos ficassem marejados, em seguida enxugando-os rapidamente para que o neto não os visse.

"Se cuide, Steve", ela disse, apertando a mão de Steven na sua. "Sempre que precisar conversar, estarei aqui, certo? Mesmo se não puder respondê-lo, irei ouvi-lo."

Steven assentiu e abriu um sorrisinho fraco e triste para a avó.

"Obrigado por ter respondido a minha pergunta", ele disse baixinho. "Foi importante."

Alyssa assentiu, o rosto tomado por uma tristeza avassaladora.

Quando Steven foi chamar novamente a enfermeira para que fizesse companhia à avó, deixando Alyssa e eu sozinhas por um instante, a senhora segurou minha mão, fazendo com que eu olhasse para ela.

"Você parece ser uma boa pessoa, Layla", ela disse baixinho, olhando fundo em meus olhos. "E acho que o meu neto gosta de você mais do que deixa transparecer. Pude ver isso mesmo tão rapidamente. Você sente o mesmo?"

Por um instante, tudo o que consegui ouvir foram as batidas frenéticas do meu coração, enquanto uma série de pensamentos e emoções se embaralhavam dentro de mim, clamando por atenção.

Mas um deles, em específico, foi o que me fez responder com uma certeza que até então eu ainda não sabia possuir:

"Sim", falei, a palavra ressoando em minha mente e no meu coração. "Acho que posso sentir sim."

Alyssa então sorriu de maneira triste, acariciando minha mão.

"Conforte-o para mim, sim?", ela disse, olhando para um dos cantos do pátio, onde Steven vinha com a enfermeira loura de mais cedo. "Ele tenta parecer durão. Sempre foi assim, sufocando a dor para que ninguém a visse. Mas nem tudo é como se parece e nem mesmo a mais forte das pessoas consegue manter uma muralha por muito tempo em volta da dor."

Eu não tive oportunidade de responder, pois naquele momento Steven e a enfermeira se aproximaram e Alyssa largou minha mão, como se o momento entre nós jamais tivesse existido.

Porém, quando Steven se despediu novamente dela e eu a abracei, senti naquele abraço tudo o que ela parecia querer me dizer.

Em silêncio, Steven e eu saímos do lar de idosos, atravessando a rua e nos dirigindo rapidamente para o carro, que nos acolheu com uma lufada de ar quente.

Enquanto eu ajeitava meu gorro na cabeça, percebi que daquele lado da rua, na pequena praça com uma igrejinha no centro, um coral de Natal cantava uma linda canção lenta e um pouquinho triste, reunindo várias pessoas ao redor para assistir.

Lentamente, me virei para Steven, que tinha apoiado a cabeça no volante do carro e mantinha os olhos fechados com força.

"Dá para acreditar?", ele falou baixinho, sua voz ecoando no silêncio do carro, em contraste com a canção do coral que acontecia do lado de fora. "Se as coisas tivessem acontecido de outro modo, eu teria um irmão mais velho. E, de algum modo, essa realidade chama muito mais a minha atenção do que a situação horrível pela qual minha mãe passou quando perdeu o filho."

Eu não disse nada, decidindo permanecer em silêncio. Se ele quisesse falar sobre aquilo, eu estaria ali para ouvi-lo.

"Você tem noção do quanto, a minha vida inteira, eu quis ter alguém para quem correr se as coisas ficassem difíceis? Alguém com quem eu não precisasse fingir ser forte o tempo todo, alguém com que eu pudesse falar da morte horrível da minha mãe e ser compreendido. Mas eu nunca tive esse alguém. Eu fui esse alguém." Steven soltou de uma só vez, erguendo a cabeça. Sua voz estava carregada de certa raiva, mas também embargada de emoção contida. "Eu tive de ser. Tive de ser por Sebastian e por Margot. E, quando a solidão e o sofrimento me sufocam no castelo, ou no meu apartamento em Partelia, eu sempre engulo o que sinto e tento descontar tudo em um saco de pancadas. Mas nunca deu certo. Não totalmente."

Então Steven virou o rosto para mim, parecendo buscar desesperadamente por algo.

Por ajuda.

Por alívio.

Não me surpreendi ao ver seus olhos marejados. E ele parecia lutar tanto para conter aquelas lágrimas, que eu podia ver o esforço vincado em cada marca de expressão em seu rosto.

"Se minha mãe tivesse tido esse bebê, eu teria tido um irmão mais velho. Eu talvez tivesse para quem correr, já que nunca pude contar com meu pai, ou com Arabella. Se as coisas tivessem acontecido de outro modo, Layla, talvez a vida não fosse tão difícil."

Steven suspirou e virou o rosto para longe do meu em uma tentativa falha de autopreservação, mas, antes que eu pudesse ver o que estava fazendo, minhas mãos estavam pousadas em seu rosto, obrigando-o a olhar para mim.

"Me escute, Steven", eu disse com a voz trêmula, meu coração batendo tão rápido e forte que eu temi que ele o ouvisse. Mas, quando os olhos de Steven se encontraram com os meus, foi como se todo o nervosismo em meu corpo se dissipasse, dando lugar a uma força avassaladora. "Eu não posso tirar de você a dor pela qual teve que passar ao longo desses anos, nem posso voltar no passado e estar com você nos momentos em que a solidão te sufocou. Mas estou aqui agora. Estou aqui e não vou deixar que você se esquive e engula as lágrimas em seco, fugindo do sofrimento e permitindo que ele consuma você de dentro para fora."

Uma de minhas mãos deslizou pela lateral de seu rosto e eu a deslizei pelo seu braço até encontrar sua mão grande e forte, que no mesmo instante se entrelaçou com a minha.

"Você não precisa se mostrar forte o tempo todo, Steven. Ninguém precisa. Às vezes, nos entregar as nossas fraquezas é o maior ato de coragem que podemos ter. A dor precisa ser sentia e vivida, senão nunca vai embora. De mim você não precisa se esconder. Nunca. E, se quiser se deitar no meu ombro e chorar, eu não vou me importar. Eu vou estar aqui. Por hoje, me deixe ser a sua fortaleza."

Por um longo instante Steven não disse nada, mas eu percebi quando um suspiro sacudiu seus ombros e seus olhos se fecharam.

"Vem cá", murmurei, o puxando para o abraço mais cheio de significado que eu já tinha dado em toda a minha vida.

E, quando as lágrimas dele molharam meu ombro e meus braços o envolveram de maneira protetora, eu senti algo desabrochar dentro de mim.

Era algo lindo, maravilhoso e ao mesmo tempo assustador por sua intensidade, mas naquele momento tentei não dar muita atenção aquilo, e sim a Steven. Somente ele.

Algum tempo se passou, até que o coral na praça emitiu a última nota da música e aplausos soaram das pessoas que tinham assistido a apresentação.

Lentamente, Steven se desvencilhou dos meus braços, seus olhos inchados se encontrando com os meus que, surpreendentemente, também estavam repletos de lágrimas.

"Feliz Natal, Layla."

Eu soltei uma risadinha rouca, olhando para Steven como se ele fosse a coisa mais incrível e extraordinária que eu já tinha colocado os olhos.

E, de alguma maneira, ele era mesmo.

"Feliz Natal, Steven", respondi.

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Oii gente!

Esse capítulo foi tão difícil de escrever, e eu não tenho certeza se ele ficou bom do jeito que eu gostaria, mas espero de verdade que vocês tenham gostado <3

Esse capítulo marca um ponto importante da história, e agora as coisas vão acelerar ainda mais, por isso, segurem o coração!

Não esqueçam de me falar o que acharam do capítulo, podemos bater um bom papo nos comentários!

Bom, por hoje é isso pessoal. Espero que tenham gostado!

Mil beijos com muito amor,

Ceci.

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