Capítulo Dezenove - Steven


Dei uma batida curta na porta do quarto de Sebastian antes de abri-la um pouquinho, colocando a cabeça para dentro do aposento.

"Oi. Precisa de ajuda com isso?"

Sebastian estava em sua cadeira de rodas, parado em frente a um espelho grande e ornamentado que ficava do lado oposto do quarto. Dali, eu podia ver que ele lutava para dar o nó certo na gravata.

"Eu vou conseguir", ele falou quando eu entrei, mal erguendo os olhos da tela do celular que estava em cima da sua coxa. "Tem vários tutoriais no YouTube."

Eu soltei uma risadinha, me aproximando dele.

"Muito bem, você está quase lá."

Sebastian estreitou os olhos para o seu reflexo no espelho em concentração e depois de alguns segundos em profundo silêncio, ele finalmente conseguiu ajeitar a tal gravata.

"Isso aí!", ele disse com empolgação, em seguida girando a cadeira de rodas para que eu o visse de frente. "E então, como estou?"

Eu fingi pensar por um instante.

"Como um príncipe?"

"Ah, tá bom..." Ele falou soltando uma risada. "Você também. Estamos iguais."

"Não estamos não. Sua gravata é vermelha e a minha é azul", disse, sentando na cama dele. "E os meus olhos são mais bonitos."

"Metido...", meu irmão disse, revirando os olhos e se aproximando de mim. "Então, o que você está fazendo aqui?"

Pensei por um instante, me dando conta de que não sabia exatamente o que tinha feito meus pés me guiarem até ali, no quarto do meu irmão mais novo que eu raramente entrava.

"Não sei...", admiti, percebendo que Sebastian me olhava com clara dúvida, uma das sobrancelhas arqueada. "Eu terminei de me arrumar para o baile e Arabella apareceu me ajeitando como se cada fio do meu cabelo estivesse fora de lugar, então fugi para cá."

"Valeu, agora você vai atrair a fera diretamente para o meu quarto, e então cada fio do meu cabelo vai parecer fora de lugar para ela." Sebastian soltou uma risada, em seguida olhando para mim novamente com um pouco de dúvida. "Mas não é só isso."

Eu suspirei.

Às vezes odiava como os meus irmãos, os dois, tinham nascido com mais sagacidade e percepção do que a maioria das pessoas julgaria adequado e não irritante.

"Tudo bem, você venceu", falei, erguendo um pouco as mãos em sinal de rendição. "Eu não queria ficar sozinho até ser a hora de descer para o baile."

"Por quê?"

Passei uma das mãos pelo meu cabelo, pensando.

"Por que odeio o baile do Dia da Nova Conquista e sempre fico ansioso quando chega a hora de ir até lá, passar a noite inteira naquele salão", admiti, me sentindo um tanto quanto patético por dizer aquelas coisas para o meu irmão mais novo.

"Por que você ficaria ansioso?", Sebastian perguntou na mesma hora, se endireitando na cadeira de rodas e olhando para mim com verdadeira curiosidade. "Eu pensei que você amava o baile. Você está sempre do lado do papai, sendo apresentado para muitas pessoas e dançando com cinquenta garotas diferentes. Todo mundo olha para você com... Você sabe, respeito e admiração, além de receber um monte de paparicos. Quem não gosta disso?"

Eu olhei para Sebastian com surpresa quando ele terminou de falar, de repente me endireitando na beirada da cama.

"E quem é que gostaria disso?", perguntei, realmente incrédulo.

"Bom, eu gostaria...", ele acrescentou em um sussurro, os olhos rapidamente se desviando dos meus. "Você não tem motivos para não gostar do baile. Ele deveria ser perfeito para você. Mas para mim..." Sebastian soltou um longo suspiro, o rosto rapidamente assumindo um profundo tom de vermelho. "Ah, esqueçe..."

"Não", disse no mesmo instante, me aproximando dele. "Diga. Por favor."

Sebastian mexeu nos óculos, parecendo desconcertado, mas logo em seguida olhou para mim, seus olhos fixos nos meus.

"Desde que sofri o acidente com o trenó, todos olham para mim com pena, e isso é..." Sebastian estremeceu. "Um saco!" Eu pisquei, um tanto quanto atordoado pela escolha de palavras. Sebastian, ao contrário de Margot, não era dado a xingamentos, e aquilo só mostrava como ele realmente se sentia a respeito de tudo aquilo. "Durante o ano, no castelo, isso não acontece tanto, porque as pessoas já estão acostumadas comigo. Os criados, os tutores, todo mundo. Mas no baile, o único momento em que eu tenho algum contato com as pessoas do lado de fora..." Sebastian suspirou. "É um pesadelo. Todos aqueles nobres, os condes e as pessoas do parlamento me tratam como se eu fosse algum doente em fase terminal. E a pena nos olhos deles... É horrível. Não quero que ninguém tenha pena de mim."

Eu engoli em seco quando ele terminou de falar, sentindo meu coração apertar até sumir no peito.

Sebastian nunca tinha me dito aquelas coisas e, agora que ele havia falado, eu simplesmente não sabia como agir.

Ao mesmo tempo em que me sentia horrível por tudo o que tinha ouvido dele, também me sentia grato por meu irmão ter confiado em mim daquela forma.

Respirei fundo, pensando no que diria a seguir, pois sabia que, dependendo das minhas palavras, muita coisa podia mudar. E aquilo era aterrorizante.

"Sebastian, você não devia se importar com o que as pessoas pensam sobre você, principalmente as que não conhece e as que não te conhecem." Sebastian olhou para mim e percebi que suas mãos tremiam ligeiramente no seu colo. Aquilo... Ah, aquilo quase fez com que eu perdesse a voz, tamanho era o nó que se formou na minha garganta. "Eu sei que isso é difícil, mas é a verdade. Porque eu sei que se te conhecessem eles veriam que você não precisa da pena deles e nem nada disso. Você consegue se virar muito bem."

"Você acha?", ele perguntou baixinho.

Eu assenti com vigor.

"Sim, eu acho. E sei que, se o nosso pai te desse mais um pouco de liberdade, você se daria muito bem lá fora." Eu suspirei, encontrando nos olhos do meu irmão muita dor, uma dor que eu moveria céus e terras para tirar dali. "Essa cadeira de rodas não pode ditar quem você é Sebastian, nem o rumo da sua vida. É claro que é algo considerável, algo que também fará de você quem vai ser, mas não é o mais importante."

"É difícil pensar assim quando o mundo todo acha o contrário..."

Instintivamente, eu coloquei uma mão no ombro dele.

"Então podemos começar com você."

Sebastian sorriu, um sorriso pequeno, mas mesmo assim um sorriso.

"Sabe, eu sempre me senti culpado pelo o que aconteceu", confessei em um rompente, sem saber muito bem de onde tinha vindo a coragem de dizer aquilo em voz alta. Mas... Deus, agora que eu tinha dito, foi como se um peso enorme tivesse sido tirado de minhas costas.

"O quê?", Sebastian perguntou, os olhos confusos fitando os meus. "Como..."

"Eu deveria ter conferido aquele trenó", falei, e dessa vez foi a minha vez de desviar os olhos. "Deveria ter garantido que era seguro e se o ponto em que estávamos não era tão íngreme, porque assim você não teria perdido tanto o controle do trenó e ele não desceria tão rápido. De certa forma..." Eu estremeci. "De certa forma sempre achei que a culpa foi minha."

Um longo instante se passou, o silêncio parecendo pesar no ar. E, quando não aguentei mais, olhei para o rosto do meu irmão mais novo e vi a mais completa e avassaladora confusão.

"Você está brincando, não está Steven?" Ele perguntou, logo em seguida soltando uma risadinha. "Por que essa é a coisa mais ridícula que eu já ouvi."

Eu neguei com a cabeça, mas, estranhamente, a reação dele fez com que algo bom se instalasse no meu peito.

"Como é que a culpa poderia ser sua? Pelo amor de Deus, foi um acidente!" Ele me encarou com as sobrancelhas franzidas e olhos raivosos. "Por que nunca me contou isso antes? Eu poderia ter dito há muito tempo que você estava sendo bobo."

Eu dei de ombros, de repente percebendo como seria mais fácil se eu realmente tivesse dito tudo antes, aliás, Sebastian já não era mais uma criancinha incapaz de entender as coisas. Ele tinha onze anos!

"Fiquei com medo, eu acho."

Sebastian então, para a minha não tão completa surpresa, soltou uma gargalhada.

"Escuta, Steven, nem por um segundinho eu pensei que a culpa do que aconteceu comigo poderia ser sua, tá bom? Você é meu irmão! Então, pelo amor de Deus, para de pensar bobagens."

Eu sorri, sentindo os meus olhos arderem e dizendo para mim mesmo que, se eu chorasse na frente do meu irmão mais novo, aquilo seria a coisa mais ridícula que eu já tinha feito.

Por Cristo, nos últimos dias eu estava me tornando o homem mais chorão da face da Terra...

Naquele instante, antes que eu pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, a porta do quarto de Sebastian foi arrombada e uma princesa em miniatura entrou, pisando duro e resmungando mais palavreados que alguém da idade dela deveria saber e sequer cogitar repetir.

"Margot!", exclamei, olhando feio para ela. "Onde você aprendeu essas palavras?"

Assim que os olhos da minha irmã pousaram em mim, ainda sentado na cama, ela soltou um gritinho, pulou para trás e cobriu a boca com as mãos.

"Steven!", ela guinchou. "O que você está fazendo aqui?"

"Essa não é a questão. Se for xingar, pelo menos xingue como Shakespeare."

Ela tirou as mãos da boca, erguendo uma sobrancelha para mim.

"É como é que se faz isso?"

"Ah, eu não sei, você vai ter que ler as obras dele para descobrir."

"Não, obrigada", ela disse simplesmente, fechando a cara e se aproximando de nós. "Prefiro continuar assim."

"Se Arabella ouvisse...", disse Sebastian com um sorrisinho zombeteiro. "Você seria obrigada a lavar a boca com sabão pelo fim dos seus dias."

"Você não contaria a ela", Margot disse, olhando para Sebastian como se pudesse exterminá-lo apenas com a força de sua mente. "Porque, se contasse, eu colocaria fogo em cada um daqueles seus livros empoeirados..."

Sebastian arregalou os olhos para ela, escandalizado.

"Você..."

"Ok, já chega", falei, sabendo que se não os interrompesse a tempo eles jamais parariam de falar e eu teria que enfrentar aquele baile com uma baita dor de cabeça ainda por cima. "Margot, você ainda não me disse o porquê estava xingando."

"E era essa a questão?", ela perguntou inocentemente, virando os olhos para mim. "Pensei que era onde eu tinha aprendido os xingamentos."

"Marg..."

"Ok, tá bom!", ela falou, erguendo as mãos para o alto ao notar o meu tom de voz. "É que eu odeio esse baile. Odeio com todas as minhas forças e a minha vontade é de rasgar esse vestido apertado em mil pedacinhos!"

E dizendo isso ela começou a se mexer, como se a cintura do vestido estivesse a impedindo de respirar ou algo assim.

"Me deixe ver", falei, erguendo a mão para analisar o vestido, mas assim que fiz isso Margot se afastou em um pulo.

"Não precisa...", ela falou com um sorrisinho amarelo. "É que ele só parece apertado para quem está dentro dele, entende?"

Eu estreitei os olhos para ela, obviamente não acreditando nem em meia palavra. Margot era a rainha dos exageros.

"Que ótimo", disse com um suspiro cansado. "O baile do Dia da Nova Conquista existe há milhares de anos e eu tenho quase certeza que nós somos a única geração de príncipes que o odeia mais do que..."

"Uvas passas", sugeriu Sebastian.

"Vestidos!", gritou Margot. "E Arabella, é claro. Não podemos nos esquecer dela."

Eu tive que usar todo o meu autocontrole para não rir. O certo, é claro, seria repreender Margot, mas eu já havia desistido de tentar entender e controlar o ódio que minha irmã mais nova nutria pela madrasta.

Então ela caminhou até o espelho de Sebastian, olhando-se nele com certo rancor.

"Não me sinto bem com isso", ela disse baixinho, parecendo falar consigo mesma. "Sei que deveria, aliás, princesas não gostam de vestidos, de flores e todas essas coisas cor-de-rosa?" Ela suspirou, mordendo o lábio inferior em apreensão e passando uma das mãos distraidamente pelo cabelo castanho preso em um penteado elaborado. "Acho que nasci errada."

"Ei, não fala isso", repreendi, me levantando e me aproximando dela. Sebastian também me seguiu. "Você não nasceu errada."

"Mas eu não sou a princesa que deveria ser, não é?", ela perguntou erguendo os olhos para mim, e me surpreendi ao ver que ela, minha irmãzinha que parecia ser totalmente independente e segura de si mesma mesmo sendo tão nova, estava desolada. "Quer dizer, eu sei que não me comporto muito bem. Papai diz que eu xingo como um marinheiro e Arabella está sempre tentando me fazer agir como uma dama. Mas eu não consigo. Não sou graciosa nem boazinha, muito menos sutil e delicada. Não sou como Asha, por exemplo."

"E você gostaria de ser como ela?", perguntei.

"Claro que não!" Margot respondeu, praticamente gritando. "Deus que me livre."

Eu abri um sorrisinho, me colocando atrás de Margot e virando seu corpo novamente para que ela se encarasse no espelho.

"Mas você gostaria? Gostaria de ser como as outras princesas que você diz?"

Margot se olhou no espelho, os olhos claros perdidos em algum lugar distante.

Então ela suspirou, os ombros se curvando.

"Não. Mas não é essa a questão."

"A questão é quem as pessoas esperem que você seja, não é?"

Ela assentiu devagar.

"Bem, se eu fosse você, não tentaria mudar nada em sua personalidade, aliás, qual é a graça de ser igual a todo mundo?"

"Mas você sabe..." Ela suspirou. "Mesmo não saindo do castelo, eu sei que todos sempre vão estar de olho em mim, dentro e fora desse lugar." Margot alisou a saia do vestido de maneira triste. "Sinto que todo mundo sempre vai esperar algo de mim, Steve, algo que eu não sou. Isso é apavorante e esse baile pode provar isso. Toda vez que sou eu mesma, as pessoas me olham de nariz torcido e, quando tento ser quem Arabella, meu pai e todo mundo espera, fico parecendo uma garota antipática. É difícil!"

Sebastian então se aproximou da irmã gêmea, segurando a mão dela.

"Steven me disse que você não deve se preocupar com o que as pessoas pensam de você. Porque elas não te conhecem. E faz sentindo, não faz? Quer dizer, dane-se o que elas pensam..."

Margot então sorriu, em seguida soltando uma gargalhada nem um pouco feminina ou delicada, mas única. Única e dela.

"É verdade. Dane-se."

Eu sorri, sentindo certo alívio por saber, naquele momento, que eu podia ser o irmão que eles precisavam. E aquilo... Aquilo pareceu mudar tudo.

E eu também soube que mesmo se estivesse longe, eu não tinha com o que me preocupar. Porque embora agora eu soubesse que faria de tudo para ser mais presente na vida dos gêmeos, eles também saberiam se cuidar sozinhos, porque tinham um ao outro.

Naquele momento, algo bom se instalou no meu peito e eu soube que faria o possível para aproveitar aquela noite e não deixar que o Dia da Nova Conquista fosse uma penúria para mim.

Se os meus irmãos mais novos podiam se desprender dos seus medos e inseguranças por uma noite, eu também podia.

De repente, a imagem de Layla surgiu na minha mente com uma clareza surreal e eu senti borboletas voarem no meu estômago.

Fazia algum tempo que eu não falava direito com ela, tudo por conta da vergonha estúpida que tinha sentido depois do que aconteceu entre nós em Arthenia.

Ridículo.

Eu não sabia por mais quanto tempo ela ficaria em Steinorth, mas sabia que não deixaria que eu fosse estúpido o suficiente para me afastar dela por conta de uma coisa boba daquelas.

Layla não era assim, afinal de contas. Ela não tinha me julgado quando desmoronei em seus braços e, se ela não tinha feito aquilo, por que eu deveria fazer?

Aos poucos, vários dos momentos que tínhamos passado juntos surgiram na minha mente, como quando eu a tinha encontrado chorando na beira da estrada, quando a ensinei um pouco de boxe, quando ela descobriu sobre os bilhetes e todos os outros momentos que já tínhamos dividido desde que nos conhecemos.

Deus, como eu queria vê-la e conversar com ela de novo... Pois aquilo era tão simples e maravilhoso como algo que eu jamais tinha sentido.

E ela estava ali, debaixo do mesmo teto que eu, e parecia estúpido que eu me preocupasse com qualquer outra coisa que não fosse estar com ela.

Tentando segurar o sorriso bobo que queria a todo custo se espalhar pelo meu rosto, eu peguei meu celular no bolso e mandei uma mensagem de texto para ela.

Steven: Admito que nunca gostei muito desse baile anual, mas agora estou um pouco mais empolgado. Não sei o motivo... Você se lembra que me deve algumas danças, não é? Espero que não tenha se esquecido (:

Um longo tempo se passou antes que ela respondesse, mas não me preocupei, aliás, todos os homens sabem como as mulheres demoram a se aprontarem para sair. Para um baile da realeza então? Me surpreendia que ela tivesse tido tempo de olhar o celular.

Layla: Oii! Que bom que tá animado, mas sinto muito pelas danças... Eu não vou. Quem sabe na próxima?

Assim que vi a mensagem meus olhos se arregalaram e eu a li de novo, de novo e de novo, mas o significado das palavras não parecia mudar nem me revelar mais alguma coisa.

"Steven, o que foi?", Sebastian perguntou de repente, provavelmente notando a minha expressão de confusão e espanto.

"A Layla...", sussurrei, ainda atordoado. "Parece que ela não vai."

"O quê?!", meus irmãos gritaram em uníssono.

"Por quê?", Margot perguntou chorosa.

Foi isso que mandei para Layla na próxima mensagem, mas ela não me respondeu.

"Vou ver o que aconteceu", anunciei no mesmo instante, sentindo, mesmo sem saber como, que havia algo errado.

"Nós também", disse Sebastian determinado, já se dirigindo até a porta. Antes que eu pudesse ver, ele e Margot já tinham sumido pelo corredor.

Antes que eu saísse, conferi mais uma vez o celular, mas ainda não havia resposta.

Com um suspiro, me dirigi até a porta do quarto, no mesmo instante batendo de frente com Arabella.

"Steven!", ela gritou assustada, dando um passo para trás nos seus saltos gigantes. "Cuidado..."

"Desculpe, Arabella", murmurei distraído, já passando por ela, mas sua mão segurou meu pulso, me impedindo de atravessar o corredor.

Olhei para a minha madrasta, que com aquela maquiagem parecia pelo menos dez anos mais jovem, além de linda e transmitindo uma áurea só dela, que era de puro poder e autocontrole.

"O conde de Heather e a família acabaram de chegar, Steven. Você precisa ir lá para baixo e cumprimentá-los. Seu pai já está te esperando." Então ela me soltou e espiou para dentro do quarto, seus olhos se arregalando quando o percebeu vazio. "Ah, Deus, onde está Sebastian? E Margot? Ela também não estava no quarto dela e só pensei que poderia estar aqui!"

Arabella parecia furiosa e agitada, mas eu sinceramente não tinha tempo para me preocupar com aquilo.

"Olha, talvez eu saiba onde eles estão, vou procurá-los e te vejo no salão em alguns minutos", disse, já quase desejando sair correndo pelo corredor. Precisava saber o que tinha acontecido com Layla, pois, até onde minha imaginação conseguia alcançar, eu não via nenhum motivo para ela não aparecer no baile naquela noite.

"Não", Arabella falou, os olhos azuis me encarando com firmeza. "Eu procuro os gêmeos. Você precisa ir lá para baixo ou seu pai vai ficar uma fera com você."

Como se eu me importasse!, desejei gritar a plenos pulmões, mas óbvio que não fiz aquilo.

Eu já ia abrir a boca para protestar quando minha madrasta se aproximou de mim, alisando meu terno com as mãos repletas de anéis e ajeitando minha gravata.

"Vá, sim, querido?", ela pediu baixinho, soltando um suspiro. "Seu pai já está estressado o suficiente com o baile. Você sabe como ele não é muito sociável." Ela então abriu um sorrisinho carinhoso, os olhos azuis perdidos por um tempo. "E, sinceramente, ele já anda bastante sobrecarregado. Obedeça e vá ficar ao lado dele. Vou procurar seus irmãos."

Eu queria discutir, queria dizer que precisava ver Layla e que a curiosidade e a preocupação pelo que poderia ter acontecido para fazê-la não ir ao baile estavam me matando, mas, do modo como minha madrasta pediu aquilo, eu simplesmente não consegui recusar.

Arabella poderia ter muitos defeitos e ser meio dura às vezes, mas de uma coisa eu e todas as outras pessoas ao seu redor tínhamos certeza: ela amava meu pai de verdade. Amava tanto que às vezes se preocupava em excesso como ele, como naquele momento.

Então, me sentindo ao mesmo tempo patético e irritado comigo mesmo, endireitei os ombros e ajeitei minha gravata já perfeitamente alinhada.

Estava na hora de assumir o papel de príncipe herdeiro, e, por dentro, eu rezava para que o que quer que tivesse acontecido com Layla pudesse ser resolvido com a ajuda de Alex - que com certeza estava com ela - e dos meus irmãos.

Pois eu sentia - e estava mais que certo ao afirmar aquilo - que apenas a presença dela poderia fazer aquela noite não apenas valer a pena, mas também ser incrível.

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Oii galera! Mais um capítulo novinho para vocês <3

Então, o que achara desse capítulo narrado pelo nosso querido Steven? Gostaram? O que será que vai acontecer daqui para frente?

Agradecimentos do dia: carolina_ribeiro9204 DjaneSousa13 EllyDura7 Graceribeiro. Obrigada por fazerem parte dessa história e por todos os comentários divertidos e cheios de carinho!

Bom, por hoje é isso, vejo vocês no próximo capítulo!

Beijos,

Ceci.

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