Capítulo Cinco - parte I, Layla
Minha cama estava um caos, na verdade, meu quarto estava um caos.
Eu era a mais caótica ali.
Com um suspiro de exasperação, tirei a segunda calça jeans que tinha vestido. Pelo amor de Deus, quem apareceria em um jantar com o rei de calça jeans?
Mas elas eram confortáveis. E quentinhas. E eu me sentia bem com elas.
Pisando duro, fui até o enorme armário do lado oposto do quarto, que naquele momento tinha tido todas as suas portas abertas por mim.
Ali dentro, em uma porta separada, havia vários vestidos e outras roupas sociais masculinas, e eu me perguntei pela milésima vez se deveria pegar um daqueles lindos e caros vestidos emprestados.
Bem, se estavam ali, em um quarto de hóspedes, talvez tivessem sido colocados com a intenção de serem usados, não é? Usados principalmente por alguma garota desajustada que nunca tinha pisado em um palácio na vida e que tinha passado o dia todo nervosa por conta de um jantar.
Mas não era um simples jantar. Não mesmo.
Será que todos os dias eu passaria por aquele drama na hora da refeição? Será que, talvez, conseguisse convencer Alexia que ainda não conseguia andar direito e talvez não fosse uma boa ideia sair do quarto?
Mas eu tinha dito a Steven que compareceria, quando ele surgiu de repente durante aquela tempestade. Não que ele fosse notar minha ausência, não é? Não precisava me preocupar com isso.
"Droga, Layla, não seja uma covarde. É só um jantar idiota", resmunguei para mim mesma, pegando em uma braçada alguns dos vestidos pendurados cuidadosamente em seus cabides e jogando-os na minha cama, já abarrotada de roupas.
Eu duvidava que encontrasse algum vestido do meu tamanho, aliás, como eu poderia ter tanta sorte? Mas o destino parecia disposto a não me dar desculpas para faltar àquele jantar, desde meu pé - que já não me incomodava tanto para andar - até o vestido que havia se agarrado perfeitamente ao meu corpo.
Sem jeito e segurando a saia, me dirigi até o banheiro, onde um enorme espelho emoldurado me dava uma visão quase que de corpo todo.
Ele era longo, de cor creme e tinha alguns detalhes em renda na saia e nas mangas, formando arabescos. Era magnífico, lindo mesmo, mas em um lugar como aquele talvez fosse bastante simples e apropriado para um jantar.
Teria que pedir a opinião de Alexia assim que ela chegasse.
Com cuidado calcei minhas melhores sandálias baixas - de jeito nenhum arriscaria um salto com o pé enfaixado daquele jeito - e passei um batom rosa claro nos lábios. Estava bem, não muito extravagante nem simples demais, embora ainda preferisse mil vezes alguma das minhas calças jeans.
Naquele momento, enquanto acabava de escovar meus cabelos, ouvi alguém abrindo a porta.
Nem me dei o trabalho de olhar.
"Uau! Você está linda!", uma voz feminina disse, mas não era a de Alexia.
Me virei rapidamente e deparei-me com a princesa Margot, que tinha os cabelos castanhos penteados e presos em uma trança de lado, vestia uma meia-calça branca e um vestido azul escuro que ia até um pouco abaixo dos seus joelhos.
"Obrigada", agradeci, depois de me recuperar do susto. "Você também. Não acha que estou um pouco demais?", perguntei, mordendo o lábio inferior em apreensão.
"É claro que não!", a princesa disse despreocupadamente, se sentando na beirada da minha cama. "O vestido ficou ótimo em você."
"Sabe onde está Alexia?"
"Ah, já deve estar chegando com Sebastian. Eu quis vir na frente. Como está seu pé? Quis vir ver você ontem, mas não deu, e Sebastian teve que ir a sessão de fisioterapia..."
Eu sorri, sentindo um calorzinho se espalhar pelo meu peito diante das palavras da princesa, e ergui um pouco a saia do vestido para que ela desse uma olhada no meu pé enfaixado.
"Não está tão mal", ela comentou, depois de estreitar os olhos e analisar meu pé de todos os ângulos possíveis.
"É. Não preciso mais das muletas, embora ande um pouco mais devagar que o normal."
"Quando Steven apareceu com você nos braços, Sebastian e eu pensamos que era algo mais sério", ela comentou, em seguida abrindo um sorrisinho. "Foi bem romântico, sabe, o jeito como ele te carregou..."
"Margot!", exclamei, sentindo minhas bochechas arderem. Dei as costas a ela, muito envergonhada, e comecei a recolher as roupas espalhadas pelo quarto.
"O que foi? É verdade! Foi como nos filmes, quando a mocinha desmaia e o mocinho..."
"Eu não estava desmaiada", interrompi rapidamente.
"É claro que não. Só estava com o pé machucado depois de derrubar aquele vaso." Eu me virei para ela com uma sobrancelha erguida, mas Margot já tinha desviado os olhos brilhantes, parecendo fazer força para não rir.
Naquele momento Alexia entrou no quarto, Sebastian logo atrás.
"Uau, parece que um furacão passou por aqui", foi a primeira coisa que ela disse. "Foi você outra vez, Margot?"
"Eu não!" A princesa exclamou, e apontou acusadoramente para mim. "Foi Layla. Já estava assim quando cheguei."
"Eu... Bem, estava em dúvida sobre o que vestir", expliquei. "Acabei pegando esse vestido que já estava no armário. Espero que não tenha problema."
"Ah, não tem não", Sebastian disse com um sorrisinho. O príncipe estava com os cabelos cuidadosamente penteados para o lado, seus olhos reluziam e sua camisa branca de mangas compridas não tinha um único amassado. "Todos os quartos têm algumas roupas extras para os hóspedes."
"Steinorth, o país da hospitalidade...", disse Alexia, e só naquele momento me permiti reparar nela.
"Uau. Você está linda."
"É. Eu sei."
Revirei os olhos para ela, olhando com cuidado seu vestido preto que descia até os tornozelos.
"Os jantares são sempre assim? Tão formais?", perguntei, enxugando o suor das mãos na saia do vestido.
"Não estamos formais", falou Margot, como se não entendesse o que eu quis dizer.
"Ah, não?"
Alexia riu e nossos olhares se encontraram.
"Por aqui é normal se produzir assim para os jantares, principalmente nos dias que antecedem o Natal e a família seu reúne. Você vai se acostumar."
"Ah, vou?", perguntei baixinho, me encolhendo no lugar. Alexia apenas riu e segurou o meu braço.
"Anda, vamos logo. Não quer se atrasar para conhecer o restante da minha família, quer?"
"Isso aí!", falou Margot, que pulou da cama em um salto, com um sorriso de orelha a orelha. "O papai está aqui hoje."
O rei.
Respirei fundo, tentando me acalmar.
Era só um jantar e eu deveria ser eu mesma, certo? Só que a "eu mesma" não usava vestidos como aquele em uma noite qualquer, muito menos conhecia reis como se aquilo fosse mais um fato corriqueiro em uma vida agitada.
De fato, eu não me sentia nada como eu mesma.
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Oi meus amores! Tudo bem com vocês?
Estou postando a parte um desse capítulo agora (que é bem curtinha) e logo vou postar a parte dois. Espero muito que vocês estejam gostando desse livro! Não deixem de comentar
Beijos e até mais tarde!
Ceci.
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