Um Amor Em Marte parte final
Ethan tentou sorrir, mas sabia a verdade.
— O ar... o ambiente de Marte... Eu não consigo mais suportar. Meu corpo não foi feito para viver aqui. Eu sabia que isso poderia acontecer.
As palavras de Ethan caíram como uma rocha no coração de Meera. Ela já tinha ouvido sobre os riscos que os humanos enfrentavam em Marte, mas nunca acreditara que isso aconteceria com ele, com o homem que ela amava.
— Não... não... não posso te perder, não agora que tudo está indo bem!
As lágrimas começaram a cair dos olhos de Meera enquanto ela abraçava Ethan, que estava ficando cada vez mais fraco. O pai dela, parado ao lado, observava em silêncio, sabendo que nem mesmo seus poderes como Regente poderiam mudar o destino de Ethan.
— Meera... - Ethan sussurrou, sua voz agora era um fio de ar.
— Eu te amei desde o momento em que te vi. Isso... isso nunca vai mudar. Não importa o que aconteça... nós estamos unidos. Para sempre!
Ela o abraçou com força, sentindo o calor de sua pele começar a esfriar.
— Eu não quero perder você. Não agora!
— Você não vai me perder! - ele murmurou, já quase sem forças. — ...Eu... sempre estarei com você.
— Sim. Eu sei... - Ela falou esboçando um pequeno sorriso. Pegou a mão do terráqueo e depositou sobre o seu vientre.
Ethan olhou para ela, confuso, até que percebeu o que ela queria dizer. Ela estava grávida, e o filho de Ethan viveria em Marte, um símbolo do amor entre dois mundos.
— Vei'la thu, Ethan! - Ela pronunciou.
— Vei'la thu, Meera! - Ele repediu para ela.
Com um último suspiro, Ethan fechou os olhos e se foi. Meera chorou ao lado de seu corpo, segurando-o enquanto sua vida se esvaía. O silêncio pesado do palácio ecoou ao redor dela.
[...]
Meses depois, em Marte, um novo som ecoou pelos corredores metálicos do palácio. O choro agudo de um bebê, o primeiro filho nascido da união entre uma terráqueo e uma marciana, ressoou pelos domos de vidro que cercavam a estrutura. Ali, sob o céu vermelho de Marte, onde tempestades de areia agitavam-se à distância, a chegada de uma nova vida marcava um momento histórico para a colônia.
Meera, a marciana de pele azulada e olhos brilhantes como esmeraldas, repousava exausta, mas com um brilho de alívio e felicidade no olhar. Seu filho, fruto de sua união com Ethan, o terráqueo que perdera a vida meses atrás devido à incompatibilidade do corpo humano com o ar rarefeito de Marte, estava finalmente nos braços da parteira.
O bebê, envolto em um manto prateado para protegê-lo do ambiente estéril, era uma combinação fascinante das duas raças. Sua pele tinha um tom pálido, mas levemente azulado, como se tivesse herdado um toque suave da coloração característica dos marcianos. As pequenas mãos e pés eram delicados, mas havia algo nos traços que remetia à força dos humanos. Seu cabelo fino e prateado brilhava sob as luzes artificiais do quarto, um traço herdado dos terráqueos. E seus olhos, ainda inchados pelo parto, abriram-se brevemente, revelando uma coloração violeta, uma mistura única dos verdes de Meera e dos castanhos de Ethan.
O bebê chorava forte, sua respiração ajustando-se ao ambiente controlado do palácio em Marte, onde a atmosfera era cuidadosamente filtrada. Meera, segurando seu filho nos braços pela primeira vez, sentiu a dor da ausência de Ethan misturada com a alegria indescritível de finalmente ter seu filho ali. Este bebê não era apenas seu filho, mas um símbolo da união entre dois mundos distantes.
As janelas do quarto davam vista para a paisagem desértica de Marte, com dunas avermelhadas que se estendiam até o horizonte e o sol fraco se pondo em um céu de tons laranja e púrpura. O bebê, com seu choro, trouxe uma nova esperança para aquele mundo inóspito.
Sharaak, o avô marciano, entrou na sala em silêncio, seus passos pesados sobre o chão metálico. Seu rosto, duro e marcado pelos anos de liderança, suavizou-se ao ver o pequeno ser. Ele se aproximou lentamente, tocando a cabeça do bebê com sua mão grande e áspera. Em seus olhos, havia uma mistura de orgulho e dor, pois aquele era o neto que carregaria tanto o sangue dos marcianos quanto o legado dos terráqueos.
— Ele será forte! - murmurou Sharaak, sua voz grave e rouca ecoando pela sala. — E será o símbolo de um novo futuro para nossos povos.
O bebê, agora calmo nos braços de sua mãe, parecia quase entender o significado dessas palavras. Meera olhou para o pequeno rosto, sabendo que, embora Ethan não estivesse ali para testemunhar o nascimento de seu filho, sua essência viveria para sempre naquele ser híbrido, nascido entre as estrelas, destinado a grandes feitos.
E assim, embora Ethan tenha partido, seu legado viveu em seu filho, que um dia, segundo Meera acreditava, uniria os dois mundos de maneira que ninguém poderia imaginar.
FIM
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