Antes que ela pudesse protestar, ele a puxou suavemente, segurando seu rosto entre as mãos, como se fosse a última coisa que faria. Seus lábios se encontraram com uma urgência quase dolorosa, como se o mundo ao redor desaparecesse, e tudo o que restasse fosse aquele momento, aquele beijo.
Quando finalmente se separaram, ambos ofegantes, Meera olhou para ele com uma mistura de raiva e preocupação.

- Seu maluco! O que você fez? Você se condenou à morte por um beijo? - Sua voz tremia, mas havia algo mais ali, um resquício de emoção reprimida.

Ethan sorriu, os olhos cansados, mas cheios de contentamento.

- Por um beijo seu... não me arrependo. - murmurou, o calor de suas palavras contrastava com a gravidade da situação.

- "Vei'la thu!" - Ela pronunciou para ele e viu seu olhar de confusão.

- Vei'la = Eu amo... Thu = Você... Vei'la thu! Eu amo você, Ethan! - Ela Sorriu sem mostrar os dentes.

- Vei'la thu, eu amo você, Meera! - Declarou o terráqueo, para ela.

- Esse é o Zherian, o dialeto Marciano... - Ela explicou e continuou:

"O'naas ti vi'a reth mazh ulaan zhreth'thar."

"Você é a luz que ilumina minha escuridão."

"Kyl'en thu a'shae moren zha'rin ti ve'eh."

"Meu coração sempre buscará o seu, em qualquer mundo."

"Tha'mor velii ehtir, fa'nael zhi thu oron ta'vi."

"O tempo pode parar, mas meu amor por você será eterno."

"Zhla'mar ti vai'reth, nyan tra'nai zhir morv.

"Seus olhos são o lar onde minha alma descansa."

"Miel'ra ti a'shron, kha'ri thu vi'nal osh ta'var."

"Seu toque é o milagre que meu corpo esperava."

- É lindo! - Ele elogiou sorrindo. - e com a sua pronúncia fica mais belo ainda! - Ela sorriu sem graça.

- Quero lutar até o fim pelo nosso amor, Ethan! - ela falou segurando firme as mãos dele. - O que faremos de fato para ficarmos juntos?

Antes que pudessem dizer mais alguma coisa, um barulho alto ecoou ao longe. Meera se afastou rapidamente, seus olhos arregalaram de medo.

- É meu pai. Ele me rastreou!

Uma luz intensa e ofuscante explodiu no horizonte, inundando o ambiente com uma claridade quase sobrenatural. O ar ao redor parecia vibrar com a súbita explosão de energia, e Ethan imediatamente levantou a mão, protegendo os olhos do brilho insuportável. A luz era tão forte que parecia perfurar seu crânio, queimando atrás de suas pálpebras fechadas. Ele cambaleou, o mundo ao seu redor distorcido, as formas ao longe se dissolvendo em um mar branco.

Meera, no entanto, permaneceu imóvel, seus olhos abertos e tranquilos. A luz não a afetava, como se fosse parte dela, ou como se ela estivesse em uma frequência diferente daquela explosão de claridade. Ela observou Ethan lutar contra a força invisível da luz, o coração apertando ao vê-lo fraquejar.

- Ethan! - gritou, mas sua voz parecia distante para ele, abafada pelo som agudo que agora enchia seus ouvidos.

Antes que pudesse reagir, as pernas dele cederam, e seu corpo tombou, caindo pesadamente nos braços dela. Meera o segurou, o peso dele trazendo-a de volta à realidade. O brilho ao redor começou a se dissipar, mas a tensão no ar continuava. O peito de Ethan subia e descia lentamente, seu rosto pálido e sem vida por um momento, como se tivesse sido tragado pela própria luz.

Meera o puxou para mais perto, sentindo o calor frágil de seu corpo contra o dela. A claridade ao redor já havia se esvaído.

[...]

O pai de Meera, o Regente Sharaak, era imponente. Sua presença enchia a sala do palácio marciano com uma gravidade que Ethan nunca havia sentido antes. Ele foi trazido à força pelos guardas marcianos e, agora, estava ajoelhado diante do trono. Meera estava ao lado de seu pai, mas evitava olhar para ele.

- Como ousa se aproximar da minha filha, terrestre?! - Sharaak rugiu, sua voz era grave e cheia de desprezo. - Vocês, invasores, que destroem tudo o que tocam, não são dignos nem mesmo de pisar em Marte, quanto mais de cortejar uma princesa marciana!