Um Amor Em Marte - Parte 2
Seus olhares já haviam se encontrado já algumas vezes e diziam muita coisa, mas era a primeira vez que Ethan via um ser marciano tão de perto, e mais impressionante ainda, era a beleza etérea que emanava dela.
— Você... você não deveria estar aqui! - disse ela, com sua voz suave e musical. Não era exatamente em inglês, mas Ethan podia entender cada palavra como se estivesse sendo traduzido em sua mente.
— Eu sei. - Ethan respondeu com a voz abafada pelo capacete. Ele olhou para o céu e falou com sua voz suave e cheia de desejo:
— Eu vim em busca de algo além das estrelas!
Ela sorriu de leve, mas seus olhos continuaram cheios de cautela.
Ela observou-o por um momento com o coração apertando. Ela sabia que aquele "algo" que ele buscava era muito mais do que um sonho distante, porque era ela. Mas ainda assim, ela perguntou, sua voz saiu em um sussurro quase hesitante:
— E você encontrou o que procurava?
Ela já sabia a resposta. Ele também.
— Não me arriscaria vindo aqui se a não tivesse encontrado!
— Mas você está brincando com forças que não entende, terrestre! - Ela quis trazer um pouco de razão e realidade pro olhar perdido dele.
Ethan deu um passo à frente, ignorando os sinais de alerta em seu traje. Ele estava muito mais interessado nela do que na própria sobrevivência naquele momento.
— Você sabe, eu sou... a filha de Sharaak, o Regente de Marte. Eu não deveria estar falando com você. Não depois do que seu povo fez!
Ethan sabia do que ela falava. A chegada dos humanos a Marte, com suas máquinas de exploração e tentativas de colonização, havia gerado tensão entre os marcianos e os terráqueos. Ele, no entanto, não fazia parte dos políticos ou militares; ele era um explorador, um sonhador. Ele sempre acreditou que o cosmos abrigava mais do que as simples leis da física. Ele acreditava no destino.
— Eu não sou como eles! - disse Ethan. — Eu estou aqui por escolha própria. Sempre acreditei que há algo... ou alguém, neste planeta que eu precisava encontrar. E agora, aqui está você.
Meera olhou para ele com mais atenção agora, com seus olhos grandes e brilhantes cheios de curiosidade e algo mais, talvez esperança.
— É melhor levantarmos. Se meu pai me pega falando com você, estaremos mortos, se me pega falando com você assim, em cima de mim, estaremos duas vezes mortos!
Ethan sorriu se levantando e ajudando ela se levantar.
— É tolice o que você diz. Nosso povo e o seu são muito diferentes. Vocês não podem respirar o nosso ar, nem nós o de vocês. - Falou batendo a poeira e a areia de suas vestes.
Ethan sorriu suavemente.
— Talvez o amor não precise de oxigênio.
Ela riu pela primeira vez, uma risada leve que flutuou no ar como uma melodia distante. Mas logo a seriedade voltou ao seu rosto.
— Meu pai nunca permitirá que eu me aproxime de um terrestre. Ele acha que vocês são selvagens, intrusos em nossa terra sagrada!
Ethan deu um passo.
— E o que você acha?
Meera hesitou, seus olhos brilharam com algo que ela claramente tentava suprimir.
— Eu... não sei. Você é diferente de como nos ensinaram a pensar sobre os terráqueos. Mas isso não significa que pode haver um futuro. Nosso povo vive por leis antigas, e meu pai é o líder mais forte que Marte já conheceu. Ele jamais aceitaria!
O vento soprou suavemente entre eles, levantando partículas de poeira vermelha que pareciam dançar ao redor. Havia algo elétrico no ar, uma tensão que Ethan podia sentir em cada fibra do seu ser. Ele sabia que o caminho à frente seria difícil, mas ao olhar para Meera, soube que valeria a pena lutar.
— Eu não me importo com as leis antigas! - disse Ethan, com sua voz firme e decidida. — Sei que parece impossível, mas há algo entre nós, Meera. Algo que é maior do que planetas ou povos. Eu sinto isso. E sei que você também sente!
Ela deu um passo para trás, quase como se suas palavras a assustassem. Mas, ao mesmo tempo, havia algo em seu olhar que sugeria que ela estava sendo atraída para ele.
— E se eu disser que sinto? O que isso mudaria? Meu pai não vai hesitar em fazer com que você seja banido deste planeta. Ele pode até... destruir você!
Ethan não vacilou.
— Não importa o que ele faça comigo. O que importa é o que você sente. Você está disposta a lutar por isso, Meera?
Ela olhou para o horizonte, onde as dunas de Marte se estendiam infinitamente sob o céu escuro. Havia uma batalha interna em seus olhos, um conflito entre o dever e o desejo. Finalmente, ela suspirou e voltou a olhar para ele.
— Eu não sei se tenho forças para lutar contra meu povo. Mas... se houver uma chance, qualquer chance, de que possamos mudar algo, eu posso tentar! - Sorriu.
Ethan deu mais um passo e, agora, estava perto o suficiente para ver melhor cada detalhe de seu rosto. Ela era incrivelmente bela, e não apenas por causa de seus traços marcianos exóticos. Havia uma suavidade em sua expressão, uma vulnerabilidade que fez o coração de Ethan acelerar.
Ele retirou uma de suas luvas estendeu a mão, mas hesitou.
— Eu posso...? - Quería senti-la de verdade.
Ela olhou para sua mão por um momento antes de dar um leve aceno de cabeça. Quando seus dedos se tocaram, uma onda de calor percorreu o corpo de Ethan, como se o próprio planeta tivesse respondido àquele gesto. O toque dela era quente, suave, e carregava uma sensação de que aquilo era o início de algo poderoso.
Ethan começou a retirar o capacete, seus dedos hesitantes ao abrir as fivelas, o som metálico ecoava pelo silêncio. Meera arregalou os olhos, e o coração disparou.
— O que você está fazendo?! — perguntou com sua voz num misto de pânico e incredulidade.
Ele parou por um segundo, com seu olhar fixo nos olhos dela. A intensidade era quase palpável.
— Eu preciso dos seus lábios mais do que da minha própria sobrevivência! — Sua voz soava rouca, carregada de desejo e desespero.
Meera deu um passo para trás, balançando a cabeça.
— Você ficou louco? Vai morrer se tirar esse capacete! — A angústia em sua voz era clara, mas ele não hesitou.
— Morrerei feliz... se conseguir um beijo seu. — respondeu Ethan.
A determinação brilhava em seus olhos, enquanto continuava a tirar o capacete e o jogava ao chão com um baque surdo.
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