Capítulo 16

Acordei cedo, junto com o nascer do sol. Fiquei observando ele despontar sob o mar enquanto pegava uma fresca na varanda. E como era lindo, me trouxe uma sensação de paz.

Depois de fazer minhas higienes, vou à cozinha preparar um delicioso café da manhã para mim e Âmbar.

As lembranças veem como flashes em minha mente, fazendo-me recordar de vovó dos momentos e das conversas que tivemos aqui nesta mesma cozinha. Apertei os olhos e respirei fundo, mandando pra longe essa vontade imensa de chorar.

- Bom dia. A vovó já chegou?- Âmbar me cumprimenta ao entrar na cozinha, tirando-me dos meus pensamentos.

- Bom dia. Ela disse que virá mais tarde... Na hora do almoço.- conto depositando um pouco de café em duas xícaras e passo uma pra ela e deixo outra comigo.

***

Após o café, arrumamos a casa preparando tudo para receber o pessoal. Aos poucos a casa e a praia foram ficando cheias, principalmente depois que o caixão com o corpo de vovó chegou.

Olha-lá assim deitada nessa caixa de madeira preta, me quebra o coração. Já faz horas que estou jogada em cima de seu corpo inerte, soluçando o resto das lágrimas que já não me caem mais.

Senti uma mão me cutucando e virei a cabeça para trás, sendo levada por minha filha até um sofá no canto perto da janela me sentando nele. A casa da vovó estava rodeada de pessoas que na minoria eu conhecia e a grande parte eu não fazia ideia de quem eram. Aposto que eram só curiosos que vieram passar aqui para dar uma espiadinha e comer alguma coisa de graça.

Bando de abutres.

Mais uma figura inusitada, surgindo no meio da multidão choramingando, chamou minha atenção, o que não me deixou parar de olhá-lo. Sua postura elegantemente formal me fez lembrar alguém. Ele estava vestido todo de preto, ajeitando os óculos escuros no rosto, escondendo a cor de seus olhos.

Ele parecia estar tentando se familiarizar com o local, esfregando as mãos no cabelo curto enquanto chegava perto do caixão. Ele ficou por horas parado ali do lado, balbuciando coisas, limpando as lágrimas que rolavam escondidos de seus olhos, que eu não conseguia entender.

Quem será ele? De onde ele conhece minha avó?

Acompanhei com o olhar, depois de horas, o homem sai de dentro da casa, sumindo na imensidão do mar afora.

***

A parte mais triste disso tudo, foi ver o corpo de vovó sendo sepultado terra abaixo. Depois de um breve sermão dado por um pastor presente, nos despedimos, lançando flores sobre ela enquanto derramamos nossas lágrimas.

Mamãe havia acabado de chegar já no finalzinho. E abraçada a ela, sentia sua dor tentando consolá-la.

Num instante o homem misterioso voltou de novo, e permanecia parado, visionando os coveiros tapando a cova. Seu rosto não transmitia reação alguma. De repente ele enxuga o nariz e retira os óculos do rosto. Seus esverdeados tão conhecidos por mim saltaram pra fora no mesmo instante.

Meu coração começou a palpitar dentro do peito e senti uma forte fisgada nele.

- Tá tudo bem com você?- mamãe me segurou em seus braços, pois estava quase desfalecendo no gramado.

- É só o calor da emoção... Meu peito está doendo demais.- olhei por cima dos ombros dela pro rapaz que agora me encarava.- Vamos pra casa. Já deu demais pra mim por hoje.

No caminho senti seus olhos me acompanharem e um ponto de dúvida surgir entre eles.

Meu Deus, será que ele me reconheceu também? Ou sou como uma completamente estranha para ele?

Entramos no carro e do Jardim parque voltamos para casa de vovó. Ficar nessa casa sem a presença dela é tudo tão mórbido e insignificante. A casa já não tem mais a mesma alegria. É como se a própria, tivesse morrido junto com ela, e terminado de se enterrar.

- Sua avó deixou uma carta pra você.- mamãe agacha na minha frente com a mão no meu joelho.

- Uma carta?- franzi a testa embasbacada.

- Sim.- afirmou.- Achei que você quisesse lê-la.

***

Logo após uma boa ducha gelada, sentei-me na cama, analisando a carta da vovó. Depois de muito criar coragem, resolvi abrir e começar a ler.

"Minha Querida Neta"Venho por meio desta carta lhe informar que... Já Não sei até quanto tempo irei durar nessa vida, e nem quanto tempo mais me resta nesse mundo aqui. Porém, antes de partir, quero Lhe Dizer que eu te amo, e que você é muito especial pra mim.Por isso deixou-lhe a minha casa em Malibu.Não se preocupe, já conversei com sua mãe e ela aprovou... Até porque ela nem gosta de praia mesmo, não daria muito certo aí.

Sorrio surpresa com essa parte da carta, sentindo meus olhos pesarem por conta das lágrimas.

Mais a última parte, fez cessar dos meus olhos toda e qualquer emoção que havia em mim. Dobrei o papel e o guardei no fundo da gaveta... Não posso acreditar que ela tenha me pedido uma coisa dessas. Era só o que me faltava.

Quanto mais você tenta se afastar, mas a vida te empurra para o que você não quer.

É fascinante.

***

Mamãe e Âmbar aproveitaram para ir ao restaurante na beira do mar e jantar fora, esfriando um pouco a cabeça desse dia tão atormentado. Âmbar parecia empolgadíssima e, confesso, que sua alegria me contagiou um pouco também.

Enquanto as duas saiam fiquei em casa lendo um pouco, já me encontrava na metade do livro quando ouço um barulho vindo lá da garagem. Porventura, na hora pensei ser algum gato do vizinho que invadiu a garagem e desci correndo pra verificar.

Apertei o casaco contra o corpo e caminhei até lá. Uma criatura me espanta ao deixar uma chave de fenda cair no chão, produzindo um pequeno palavrão ao se levantar.

- Você?- pronunciamos juntos no mesmo instante.

***

Ei batatinhas, tudo bom?

Como vai o verão de vocês?
Por aqui as coisas estão só esquentando hehe, e nesse novo verão vão só aumentar hahai.

Sei que o capítulo de hoje ficou pequeno, mas eu deixei assim pra dar aquele suspense e um gostinho de quero mais no final.

Mas me digam aí, quem vocês acham que é esse? Amor ler os comentários de vocês.

Beijão e a gente se vê na próxima.

Até mais.

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