Vê a Sasha partir daquele jeito, embora não tenha dito nada, me quebrou inteiro por dentro. Parece que um pedaço de mim foi embora com ela.

Após nos despedirmos, e notar o quanto seus olhos estavam tristes, voltei para casa com minha irmã e meu melhor amigo desde que cheguei aqui, Marvin. Avisei dona Ana que a neta dela já tinha embarcado e ido para casa, e ela agradeceu e então fui para minha casa e entrei direto em meu quarto.

Não queria receber ninguém agora, por tal motivo, expulsei a visita de minha irmã para fora do quarto. Queria ficar sozinho e pensar um pouco sobre tudo o que aconteceu desde o dia em que eu conheci aquela loirinha que despertou em mim algo que eu nunca imaginei sentir por ninguém. E ao pensar nela um sorriso se acendeu em meus lábios acompanhado de uma profunda dor no peito, causado por uma terrível tristeza.

A fala sério. Ela nem bem tinha ido embora e eu já estou sentindo falta dela. Que homem fraco que eu sou. Não posso me deixar ser vencido por uma mulher.

Me levantei da cama, passei a mão nas minhas chaves jogada em cima da cadeira, encostada perto da janela, e saí do quarto pegando meu jeep e dirigindo em direção a Los Angeles. Para uma das melhores baladas que tinha por lá. De algum jeito eu tinha que aliviar essa bagunça em minha mente e extravasar o estresse.

Fazia tempo que não vinha ao La Cita Bar, uma das maiores potências do Punk em Los Angeles. Ao chegar na porta me recordei da primeira vez em que estive aqui, foi na mesma época em que namorava com Jasmim. O primo dela, por incrível que pareça, o pai dele é sócio de um dos donos daqui, o que foi fácil a nossa entrada já que na época éramos menores de idade.

Dessa vez não obtive dificuldades para entrar, mostrando meus documentos para o segurança na entrada, e assim que atravessei escutei uma banda cantando músicas da famosa e falecida cantora mexicana-americana Selena.

Sentei na mesa do bar e pedi ao garçom um drink. Sem eu ao menos ver, logo isso já tinha se transformado num monte de copo largando em cima da arquibancada, mas especificamente 10 copos vazio, e o décimo primeiro descendo goela abaixo agorinha mesmo.

Tá. Confesso que exagerei um pouquinho, e que a essa altura já estava praticamente bêbado. Mais o que eu posso fazer? Quanto mais eu bebia, mas eu me lembrava dela, e tudo o que eu só quero é esquecê-la de uma vez por todas.

- Você devia maneirar na bebida- uma mão macia encostou no meu ombro- Depois começa a passar mal e isso não vai ser nada bom.

- Me deixa em paz,e vai tomar conta da sua vida- resmunguei tomando outro gole.

- Isso é jeito de tratar uma velha amiga- Jasmim fez um biquinho manhoso- Eu sei que você tá sofrendo com a partida daquela garota- revirou os olhos, enviesada- Mais não pode estragar sua vida assim, se empanturrando de bebida até virar um alcoólatra.

Olhei para a garota sentada ao meu lado, vestida com um topper jeans e uma saia comprida branca, ouvindo uma música mix tocada por um DJ local. E espremi bem os olhos encarando se de fato aquela mulher morena, esbelta na minha frente era mesmo real.

- Eu sinto muito por você, mas a Sasha se foi e não vai mais voltar- tocou em meu rosto com sua mão delicada- Mas eu sou real, e estou bem aqui na sua frente- Jasmim me olhou como se lesse meus pensamentos.

Terminei de beber fitando seus olhos castanhos escuros, que nem percebi ou me deixei levar, não sei, que nem fiz esforço algum para impedir que ela me beijasse.

- Eu estarei sempre aqui com você- sussurrou em meu ouvido.

Ao ouvir aquilo me fez constatar uma verdade. Quem estava comigo agora e sempre esteve era Jasmim, a Sasha estava a muitos quilômetros longe e sabe lá Deus se ela voltaria ou quisesse falar comigo.

Apesar de tudo, Jasmim era de verdade, algo concreto que realmente aconteceu. Não um amor de verão que parecia ter sido um sonho. Por isso quando dei por mim, antes que pudesse retornar a realidade desse transe, me peguei beijando-a com voracidade e desejo. Percebendo isso, Jasmim sorriu entre o beijo e travou as mãos em meus cabelos os bagunçando, colando seu corpo ainda mais no meu, sem se importar se chamamos ou não a atenção da multidão.

De repente me despertei do meu devaneio e afastei Jasmim de mim. Ela me olhou incrédula e quis retornar aos beijos.

- Isso não está certo. Eu não posso usar você para esquecer outra. Eu não sou esse tipo de cara.

Sai da boate e o som da voz de Jasmim gritando entre a multidão eufórica, dançando e cantando junto com os músicos, foi ficando cada vez mais distante e abafado.

Minhas pernas cambaleavam e a cada passo que eu dava torcia uma perna na outra invertendo, que tropecei e para não cair me escorei na parede da saída. E com muito custo consegui chegar ao meu carro.

Procurei as chaves no bolso da calça jeans, e minha visão estava um pouco turva tanto que tive dificuldades de enfiar a chave na porta para abri-lo, e inesperadamente alguém chegou até mim e puxa a chave da minha mão.

- O que pensa que está fazendo?

- Não vou permitir que você vá para casa nesse estado e dirigia nessas condições- Jasmim apontou para mim de cima abaixo- Eu mesma vou te levar pra casa. Embora quisesse muito que você estivesse me levando para outro lugar- resmungou com reprovação.

Protestei de várias formas, mas estava me sentindo fraco e impotente, o que foi fácil para ela me arrastar pelo braço e me jogar dentro do carro, ligá-lo e da partida logo em seguida, dirigindo com tanta tranquilidade e sem nenhum medo.

Quase fiz ela bater e perder o controle do carro, quando reclamei tentando pegar o volante, com ela me empurrando, mandando eu ficar quieto no meu lugar, me xingando de tudo quanto é nome.

É. Eu admito que merecia aqueles palavrões nada agradáveis para os ouvidos de alguém.

Jasmim estacionou na rodovia, e me arrastou do carro até a porta da minha casa pela areia, tocando a campainha em seguida. Nicole abriu a porta e se espantou ao me ver pendurado nos braços de Jasmim, não me aguentando em pé.

- Toma aqui seu irmão. Ele é todo seu.

- O que você fez com ele?- Nicole franziu as sobrancelhas cruzando os braços.

- Eu não fiz nada- Jasmim franziu a cara indignada- Mais a loirinha, sua amiga fez- soou com ironia- Foi ela quem o deixou assim. Isso é tudo culpa dela- pronunciou em desdém.

Marvin apareceu do nada, e me tirou dos braços de Jasmim, e me levou para dentro de casa. Antes de subir as escadas com ele, ouvir minha irmã resmungar um "obrigada" para Jasmim e "pode deixar que daqui em diante cuidamos dele". E como fumaça a garota desapareceu.

Sem cerimônias, Marvin me jogou para debaixo do chuveiro, e a água gelada me molhou com roupa e tudo. Me joguei no chão do box com Marvin sentado do outro lado, perto de mim.

- Cê tá bem mal, hein cara.

Eu não tive nem palpite ou coragem para respondê-lo, só balbuciei coisas que nem mesmo eu entendia.

- Cara. Se você gosta tanto dela assim, porque não vai atrás dela?

- Porque ela deixou bem claro que não quer nada comigo mais.

- Se eu fosse você tentava. Vai saber se agora ela mudou de ideia, e está esperando pelo príncipe encantado dela aparecer e salvá-la- deu de ombros debochado.

Olhei para o cara de cabelos loiros escuros por cima dos ombros cogitando essa possibilidade. Mas no fim das contas acabamos só rindo, como se isso fosse uma grande piada.

Após o banho me recuperei e deitado na cama fiquei pensando sobre o que Marvin me falou. Aquilo martelou sem parar na minha cabeça, e ao final daquela madrugada, conclui que aquilo não passava de decisão inútil, já que ela me provou de todas as formas que queria me ver longe dela.

Eu me sentia um fraco, inválido por permitir que uma mulher me deixasse abatido. Que tipo de homem eu sou? Isso não pode ficar assim. Foi por pouco tempo que ficamos juntos, mas pra mim foi tempo o suficiente para me apaixonar e me apegar a ela.

Sim, eu confesso. Estou apaixonado e não consigo tirar da cabeça Sasha Peterson. A neta da Dona Anastácia, minha vizinha.

E toda vez que eu olho para casa dela, é como se tivesse vendo ela andando lá dentro. Já cheguei até a enxergar sua silhueta vagando por cada cômodo da casa, como se tivesse visto um fantasma. Um fantasma. É isso que ela se tornou para mim agora. Um mero e lindo espectro.

***

E aí batatinhas.
Gostaram do capítulo especial narrado pelo Liam?

Qual é a expectativa de vocês para o que está por vir? O que vocês esperam para esse futuro? Me contem tudo que quero saber.

E não se esqueçam de votar.

Vejo vocês em breve.