Vizinhos


Ele é lindo, seu nome é Érick, tenho uma quedinha por ele já faz um tempo. Isso tudo começou quando eu estudava em minha antiga escola, sem querer eu fui confundida com uma outra garota que estudava lá, algumas garotas vieram para cima de mim, dizendo que ficaram sabendo que eu estava a fim dele, no caso o Érick.

Mas naquela época eu nem conhecia ele, achei tudo estranho e me assustei com o que elas estavam dizendo, quer dizer... estavam gritando! Todos olhavam, uma das meninas era apaixonada por ele, e o resto eram as amigas, eu disse que nem o conhecia, mas estavam totalmente eufóricas.

Uma delas levantou a mão para me bater, foi quando um garoto se intrometeu na frente e segurou a garota, foi tudo muito rápido, quando dei por mim, ele estava gritando para as meninas, dizendo para nunca mais se meterem comigo e com nenhuma outra menina.

Elas abaixaram a cabeça e saíram correndo. Em seguida, ele veio falar comigo, perguntou se eu estava bem e me pediu desculpas, disse também que era ele o menino de quem elas estavam falando. O famoso Érick.

Quase não acreditei, o achei lindo de primeira, mas era só isso, com a minha timidez, nada rolaria entre nós dois.

Óbvio que essas garotas não deixariam barato, elas foram à diretoria e disseram que eu comecei a briga e que iria bater nelas, eu fui citada como a culpada de tudo, fui convocada a sala da direção e como se já não bastasse, elas ainda pagaram para uns alunos falarem que eu havia começado a tal briga.

A minha palavra contra a de uns dez, não significou absolutamente nada, fui expulsa da escola. Quando isso aconteceu, fiquei perplexa, eu... Ágatha, a garota tímida e indefesa, expulsa por querer bater em um grupo de meninas? Como puderam acreditar que eu seria capaz disso? Logo eu? Sofri uma grande injustiça e ninguém me ajudou a desmentir e a provar minha inocência.

Meus pais decidiram me colocar na minha atual escola, com o apelido de "Monte Quebrado".

O apelido é ridículo! Pior, que todos os alunos o chamam assim, ficou conhecido por toda a população por tal apelido. No entanto, esse foi o único colégio que me aceitou nesse período. Alguns dias atrás, descobri que o Érick se matriculou aqui no Monte Quebrado. Eu gostaria de saber o motivo, mas sou tímida demais para puxar assunto, até então, eu só tenho o observado, bem de longe.

Ele é bem popular, mal entrou na escola e já tem vários amigos e várias garotas arrastando um bonde por ele.

Aqui nessa escola, existe um time de basquete e de futebol, mas, ele entrou para o time de basquete. Fiquei sabendo que antes de entrar, é preciso passar por uma avaliação do professor de Ed. Física, se ele for bom, é aceito no time.

Érick Rodriguez deve ter 1,83 m de altura, dono de um lindo cabelo castanho claro, liso e seu corte não é nem curto e nem longo, um tamanho normal e um pouco bagunçado, mas é um bagunçado fofo. Seus olhos são da cor verdes escuros, e, o sorriso é de encantar qualquer uma!

Ele poderia ser considerado um belo sedutor... talvez seja, não o conheço, mas bonito assim, deve ficar com várias meninas. Não sei muito sobre ele, mas me lembro de sua voz, linda como ele.

Aconteceu ontem, quando eu estava indo para a minha sala de aula, ele tocou o meu ombro e me cumprimentou com um aperto de mão.

— Oi, tudo bem com você? — Ele perguntou, com um lindo sorriso no rosto, que faria qualquer uma se apaixonar, meu coração acelerou ao vê-lo ali, falando comigo, mas tive que reagir para não parecer uma boba.

— Oi, sim e com você? — Respondi, sem entender o motivo de ele estar conversando comigo.

— Estou ótimo! Melhor agora que te achei, eu precisava falar com você.

— Sobre o quê? — Perguntei nervosa, pensando sobre o que ele queria falar comigo.

— Sobre a briga naquela nossa antiga escola — respondeu, seus olhos fixos aos meus.

Nesse momento a minha vontade foi de sumir, meu coração batia cada vez mais forte. Ele me convidou a sentar em um banco da escola, para que pudéssemos conversar melhor.

— Pode falar — falei rápido e baixo.

— Eu não queria que aquilo te prejudicasse, aliás, eu nem sabia daquela confusão, fiquei sabendo na hora e corri para te ajudar. Você não tinha nada a ver, e sofreu as consequências, não era para você ter sido expulsa, eu queria te pedir desculpas por isso, foi tudo minha culpa, eu me senti muito mal quando descobri que te expulsaram — ele disse meio envergonhado, mas parecia sincero.

— Não foi sua culpa, você não sabia de nada, então não precisa se sentir culpado — disse e dei um sorriso, para descontrair o clima.

Mas me veio uma curiosidade imensa, e eu queria saber o motivo dele ter vindo para o Monte Quebrado.

— Por que você saiu da escola e veio para essa? — Perguntei de uma vez, nem acreditei que fiz tal pergunta.

— Eu já não estava mais aguentando aquela escola, resolvi mudar. Achei que o Monte Quebrado era pior, mas, me surpreendi, aqui é bem legal, até já entrei para o time de basquete — ele disse todo sorridente, e pude perceber seus olhos cheios de felicidade.

— Aqui tem seus encantos, é uma escola bem divertida — concordei.

— Qual o seu nome mesmo? Estamos conversando há um tempo, mas nem sei seu nome ainda.

Qualquer outra pessoa no meu lugar estaria super feliz em falar com ele, mas eu só estava nervosa, por um momento achei que tivesse esquecido meu próprio nome! Mas logo lembrei, ainda bem...

— Ágatha. Me chamo Ágatha Moraes.

Ele estendeu sua mão novamente para me cumprimentar e sorriu.

— Prazer em te conhecer, Ágatha! É um nome lindo, bom, eu tenho que ir treinar para o time, depois nos falamos! — Ele disse, acenou um "tchau" e saiu correndo em direção à quadra.

Ótimo! Será que ele iria mesmo falar comigo depois? Ou ele só falou isso para ser gentil?

— Ágatha! Se você não entrar na sala agora, a professora Margaret, vai te dar uns pontos negativos! — Minha melhor amiga gritou de longe, fazendo vários sinais com as mãos.

Eu tinha me esquecido totalmente da aula! Fui correndo e entrei na sala, ao chegar à porta, a senhorita Margaret me lançou um olhar sinistro.

— Querendo matar aula, Ágatha? Da próxima vez, você nem entrará mais, se estiver atrasada igual agora.

— Eu não ia matar aula, eu só... — fui interrompida por ela novamente, aff!

A Margaret é uma chata! Chata amargurada! Ela é a professora de Matemática, e quase todos não a suportam, está sempre nos criticando e dando broncas, e olha que ela é nova hein! Deveria ter uns vinte e cinco anos e já é muito amargurada para essa idade.

— Cale - se! E sente - se agora, mocinha rebelde! — Ela gritou por fim.

Eu simplesmente não acredito que ela falou assim comigo na frente de toda a turma! Que humilhação que eu senti naquele momento. Passei todas as aulas no mundo da lua, cada professor que entrava ali, era como se estivessem em um filme do Charlie Chaplin, falavam, mas não saía som.

Deu o intervalo, mas não saí da sala, durante os intervalos era permitido ficar dento da sala, desde que não houvesse bagunças ou namoros exagerados. Eu sempre saio, mas dessa vez, não estava a fim.

Minha amiga Hanna foi até a cantina comprar um lanche, depois, ela voltaria para a sala junto de mim.

Hanna sempre foi à amiga perfeita, mas, ela é um pouco louca, faz muitas coisas que eu não faria nunca. Apesar de ser louquinha, é uma ótima amiga e eu a amo muito.

Nos conhecemos desde o primário, e onde eu estou, ela também está, vivemos grudadas, somos melhores amigas há anos.

Quando fui expulsa, ela resolveu sair do colégio também. Hanna é dona de um lindo cabelo negro, liso na raiz e cheio de cachos nas pontas, seus olhos são castanhos escuros. Ela é um pouco alta, nada exagerado, mas consegue ser um pouco mais alta do que eu.

— Ágatha, eu estava na fila do lanche, e tinha uns meninos atrás de mim, eles estavam falando, que um tal de Érick, tinha te achado uma gatinha, e que estava doido em você — me contou, eufórica, e em seguida, gargalhou.

— O quê? Eu não acredito! Como? A gente só conversou, e estão contando tamanho boato! — Gritei , quase caindo da cadeira.

— Mas e se for verdade? E se ele realmente te achou bonita? Realmente, você é linda amiga. Não duvido nada que esse Érick esteja a fim de você mesmo — ela disse, sentando - se na minha frente.

— Sei lá, pode ser, ou não. Eu só espero que esses boatos não causem a minha expulsão — ironizei, abaixando a minha cabeça na mesa.

— Óbvio que não, sua boba! — Ela disse e riu.

Quando finalmente as aulas terminaram, pude sentir o alívio em ir para a minha casa. Estava caminhando, rumo onde moro, quando alguém me chamou, me virei para ver quem era, tive uma surpresa enorme.

— Érick? Você aqui? — Perguntei surpresa.

— Eu moro em frente a sua casa, me mudei esses dias, pensei que poderíamos ir e voltar juntos da escola a partir de amanhã — ele disse, segurando uma mecha de seu cabelo que caía sobre o olho.

— Então... você é o novo vizinho? — Perguntei surpresa, pela tamanha coincidência.

O que o destino estava fazendo comigo era uma brincadeira? Primeiro a confusão o envolvendo, depois, ele vai para a mesma escola que eu e agora, ele é meu vizinho?

Ok! Isso é muita informação para mim em um único dia.

— Sim! Mas você ainda não me respondeu — ele insistiu sem graça.

— Claro! Vamos ir e voltar juntos, talvez, possamos nos tornar amigos, eu não sou que nem você, que consegue arrumar vários amigos de uma vez — disse, tentando parecer legal.

— Percebi, mas nada que você não possa mudar — ele disse e olhou para o chão, como se estivesse evitando me olhar.

— É... você tem razão.

Caminhamos pelo resto do caminho, em certos momentos a conversa parava e ficávamos em um silêncio constrangedor, mas depois ele falava algo, para que quebrasse aquele clima. Eu o olhava e não podia acreditar que aquele garoto, fosse o meu novo vizinho.

O destino é realmente louco, ele brinca com as pessoas.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top