— Hakook! — Gritei assim que abri a porta do quarto.

A bola de pêlos branca correu até mim e peguei-a no colo, deixando-me beijar na cabeça dela.

— Olha, se não é a princesa da casa — Jungkook parou ao meu lado e acariciou os pelinhos da adorável Lulu-Da-Pomerânia — Yeontan deve estar com saudades. — Piscou para a cachorrinha que latiu.

— Concordo — proferi —Eu estava com saudades papai — afinei a voz para fazer uma provável voz para a cachorrinha.

— Eu também — Jungkook fez um pouco de carinho e logo se afastou indo para o quarto de hóspedes.

— Liga não Hakook, ele é insensível — Sorri para a cachorrinha.

Eu ganhei Hakook, em meu aniversário de Dezesseis anos, de Jungkook, e durante todas as férias nós dois cuidávamos da cachorrinha, com isso colocamos esse nome nela, "Ha" de Hana e "Kook" de Jungkook. Nós nos preocupávamos tanto com a filhote, que nos nomeamos pais da cachorrinha.

— Eu ouvi isso — O garoto gritou do outro cômodo.

Coloquei a cachorrinha no chão e comecei a caminha até o quarto de hospedes.

— Hum, vou sentir saudade dos seus roncos — Murmurei olhando ao redor.

— Eu também — o menino sorriu — Minha porquinha.

— Ya — desferi um tapa nele — Que tal vim dormir no meu quarto ? Lá é tão deprimente, quando estou sozinha.

— A não ser que você tire uma cama da parede, eu não durmo lá — Jungkook falou colocando as roupas no colchão.

Ele não gostava de dividir a cama, principalmente comigo, já que sentia sua privacidade invadida, pelo menos, era isso que ele dizia a mim.

— Vai Jungkookie, minha cama tem espaço, para nós dois e a Hakookie— Fiz um biquinho adorável.

— Não — negou — durma com a Hakook, mas eu fico aqui.

Eu bufei e sai do quarto batendo a porta, pareci uma criança de seis anos fazendo birra, e aquilo era só o começo, quando eu não conseguia o que queria enchia o saco.

Algumas horas depois Jungkook bateu em minha porta.

— Hanie você viu meu boné ? — perguntou atrás da porta

— No meu bolso que não está — Respondi de volta.

Ouvi o garoto bufar. Sorri vitoriosa.

— Você vai me ajudar Hakook ? — Questionei olhando a cachorrinha, em cima da cama, sair correndo para dentro da casinha — Preguiçosa.

Desfiz a mala, e ao abrir o guarda-roupas vi a antiga manta da minha mãe. Meus olhos se arregalaram, peguei aquela manta e aproximei-a de meu nariz.

Ainda tinha seu cheiro.

∘Pov's Narradora∘

Jungkook bateu na porta, ele estava preocupado, já fazia horas que não ouvia a voz de Hana.

— Vamos assistir um filme ?

— Não — respondeu.

— comer ?

— Não

— Jogar ? — Tentou uma última vez.

— N, A, O, tio, Não — Respondeu irritada.

Jungkook, sem mais paciência e mais preocupado, abriu vagarosamente a porta branca. Respirou fundo, e ao ter visão completa do quarto escuro, viu Hana — Iluminada pela luz da lua — abraçada com o lençol de sua mãe, logo ouvindo um fungar.

— Tudo isso, por causa de um "não" ?— Perguntou o garoto tentando aliviar a tensão.

— V-você poderia me deixar sozinha. — Pediu em um tom imploração segurando a manta com mais força.

Jungkook já havia entendido tudo, e não deixaria a menina ficar ali sozinha.

— Não ! Hanie eu... — O garoto respirou fundo — quero pedir desculpas por hoje de manhã.

— Que isso, e-eu que insisti, sabendo que você não gosta de dividir a cama — Sorriu franco, fechando os olhos com força. — E-eu que vivo insistindo em coisa sem m-motivo ou que não dariam certo

Jungkook fechou a porta, e se aproximou da menina, ele pode ver o caminho das lágrimas por seu rosto, assim que chegava mais perto.

— E pensar que ela me deu dicas de como conquistar alguém... — Riu baixo

— Ela era única —Murmurou deitando no lado dela — Sua omma odiaria ver você chorando por isso.

— Sabe — Riu um pouco mais forte, se virando para Jungkook — Tudo aquilo que eu fiz na escola, para chamar a atenção do Jiminie, foi ela que me ensinou... aos sete anos.

— Bem a cara dela — Riu — Você se saiu bem, na segunda provocação, mas eu não gostei de ver ele te apalpando.

— O Jimin-ssi, é caso sério —Resmungou. — Mas eu já desisti de vez..

Sua vida de princesa do papai durou bastante, mas como nada era perfeito, Hana perdeu sua mãe aos oito anos de idade, uma perda dolorosa e que fez a menina se culpar por longos meses.

Kim Emily, foi uma grande mulher, lutava por seus direitos, e sempre fazia um ótimo trabalho como advogada, seu parto, teve certa complicações, e infelizmente, ela perdera muito sangue. A partir daquele dia, a mulher sofria de anemia, porém, ainda sim conseguia fazer coisas surpreendentes. Isso até o dia de sua decaída, onde contraiu uma pneumonia forte, e já não era mais provável ela ter mais anos de vida pela frente.

— Olha filha, você não pode andar assim largada — A mulher negava com a cabeça enquanto andava de um lado para o outro no jardim — Principalmente se você gosta do Jungkookie.

— Não omma— Hana negou com a cabeça rapidamente— Jungkookie é meu amigo — balbuciou com sua fininha voz — Eu gosto do Jaehyun-oppa — Sorriu colocando as mãos nas bochechas.

— Ah, é do Jae — Comentou pensativa— Mas enfim, você tem que melhorar essa postura. Se continuar assim, vai virar uma corcunda e duvido que o Jungkookie vai querer andar com você, e o Jae nem vai te olhar.

— Mas omma...

— "mas" nada, lembre-se quando você vê-lo, levante, e comece a andar de forma sedutora, até alguma coisa a frente dele — Ditou enquanto fazia os movimentos.

Hana pulou do banco e começou a imitá-la, depois de risadas e tombos, Emily olhou no fundo dos olhos de Hana e sorriu.

—Então, se não funcionar — Sorriu de lado — Provoque-o

— Como assim provocar — inclinou a cabeça a cabeça

— Fique sempre ao lado do Jungkookie, ande rebolando, use roupas extravagantes — Sorriu — Mas nada que te deixe vulgar, entendeu ?

— Sim, omma — falou agitada.

—Então, se um dia, você ver que nada funcionou... esqueça-o, ele não gosta, e não vai gostar de você — Sorriu acolhedora e em seguida virou de costas — E, talvez, você descubra que não gosta realmente do Jaehyun — Murmurou para si mesma.

— omma ! Estou indo brincar com o Jungkookie, agora ! — Avisou e correu do jardim.

Emily, sabia que sua filha, amava Jungkook, seu melhor amigo. Eles viviam grudados um no outro, sentiam a dor do outro, apoiaram um ao outro, e nada nem ninguém os separavam. Então para Emily, Jaehyun só foi uma coisa criada pela cabeça de Hana.

— Eu sinto falta — Riu de si própria — Sinto falta dos conselhos dela, acho que, ela me ajudaria numa situação dessas.

— Eu, estou aqui Hanie — Jungkook a abraçou por trás.— E não vai ser, um idiota como o Jimin-ssi, que de deixara para baixo.

Novamente, aquela corrente elétrica percorreu o corpo de Hana que arquejou brevemente, suas bochechas ficaram quentes, e seu coração disparou. Mal sabia a garota que Jungkook passou pela mesma coisa naquele momento.

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