34. Here we go again

Noah Urrea • POV

Riley estava tranquila quando cumprimentou todo mundo que estava no quarto, fazendo um toque de mãos com todos os caras e com as meninas também.

Eu me lembrava de quando Jack, o líder da sua gangue em Vegas, entrou em contato com a gente para nos informar que Riley havia desaparecido. Lembro que eu até mesmo me prontifiquei a procurá-la antes de toda a merda acontecer e eu não ter como me focar naquele assunto, mas também não foi necessário já que ela veio até mim.

— Qual foi? — fiz um toque de mãos com ela quando chegou minha vez, observando suas ações. — O que rolou com você? Jack nos contou que você tinha sumido de Las Vegas.

O sorriso que estava em seu rosto murchou quando eu toquei no assunto.

Riley deslizou na sua postura e eu pude ver que ela estava tensa, o que me deixou ainda mais curioso.

— Precisamos mesmo falar sobre isso agora? — ela resmungou.

— Acho bom aproveitar que estamos colocando tudo em pratos limpos para colocar isso também. — Ryan falou.

Ryan aproveitou para colocar seu braço ao redor dos ombros dela como se a abraçasse de lado mas Riley foi rápida em empurrar seu braço para longe.

— Eu tive alguns problemas com Jack. — ela murmurou após suspirar.

— Que tipo de problemas? — questionei.

— Você sabe que já tem um tempo que não estou satisfeita com a gangue dele e que não estou me dando muito bem com Jack, eu só não tinha deixado a gangue ainda porque queria ter certeza de que entraria em outra mas então nós tivemos uma briga feia e eu achei que seria melhor se eu sumisse de Vegas de uma vez. — ela falou.

Riley tinha os olhos tristes e uma expressão cansada.

Ela nunca deixava transparecer quando alguma coisa a incomodava mas daquela vez estava nítido no seu olhar o quanto as coisas estavam erradas para ela. Eu preferi não aprofundar aquele assunto por saber que era delicado para Riley e apenas assenti com a cabeça.

— E o que te trouxe até aqui? — perguntei.

— Estava rolando um boato de que você tinha levado uma surra, tive que vir até aqui conferir com meus próprios olhos. — ela zombou, abrindo um sorriso implicante.

— Quero deixar claro que isso só aconteceu porque ele jogou baixo. — resmunguei mau humorado. — Aquele filho da puta mandou seus capangas me segurarem para que eu não conseguisse reagir. Se não fosse por isso, pode ter certeza que quem teria levado a surra seria ele.

— Sim, claro. — ela falou sarcástica entre risos e levantou as mãos como se estivesse se rendendo quando eu lhe lancei um olhar feio.

— Vai se foder, Riley. — resmunguei.

Riley olhou ao seu redor antes de ganhar um semblante confuso.

— Não está faltando uma pessoa aqui? — ela perguntou, com certeza se referindo ao Henry.

— Aconteceu tantas coisas que você nem imagina. — Victoria respondeu quando nenhum de nós o fez.

— É, isso eu notei já que até você está aqui e eu acreditava que nunca veria você tão perto do Noah de novo sem que fosse em uma briga feia. — Riley disse. — Mas... O que houve com Henry?

— Henry nos traiu. — Chaz respondeu. — Ele estava com Josh durante todo esse tempo, nos apunhalou pelas costas.

Riley arregalou os olhos e negou com a cabeça várias vezes.

— O quê? Isso é absurdo! Henry nunca faria isso com vocês. — ela falou. — Trevor com certeza deve estar ameaçando ele ou qualquer coisa do tipo... Ele não faria uma coisa dessas...

— Mas ele fez. — eu a cortei antes que ela continuasse. — Não tem justificativa. Henry é a porra de um traidor.

Riley então ficou quieta. Foi só tocar no assunto Henry que o clima pareceu ficar mais pesado, nós ainda não tínhamos digerido a sua traição.

— Então, Riley... — Ryan limpou a garganta para falar, era como se ele quisesse amenizar aquele clima. — Pretende ficar na cidade?

Ela entortou a boca antes de encolher seus ombros.

— Hum... Se ainda tiver aquele espacinho na gangue de vocês... — ela mordeu o lábio e então todos os olhares se viraram para mim como se a decisão fosse minha.

— Você sabe que não é bem assim que funciona. — falei, fazendo-a bufar. — Preciso falar com Jack antes, não posso me indispor com ele por sua causa. E também tem muita coisa acontecendo, não tenho como resolver isso agora já que todo meu foco está em outra coisa. Mas tenho certeza que você pode ficar hospedada no apartamento de Ryan até as coisas se ajeitarem, não é mesmo, Ryan?

— Opa, mas é claro. — Ryan concordou rapidamente abrindo um sorriso maldoso e Riley estreitou seus olhos na minha direção.

— Você é ridículo. — murmurou pra mim.

— Que bom que você gostou da minha solução. — abri um sorriso para ela. — Agora eu realmente preciso de um momento a sós com os caras, temos alguns assuntos privados para tratar ainda.

— Riley, você ficará encarregada de não deixar Victoria e Any muito perto porque senão as duas dão choque. — Chaz falou para a loira.

— Muito engraçadinho. — Victoria resmungou.

— Eu me esforço, né. — ele deu de ombros.

Any olhou para mim e suspirou antes de tentar se levantar da cama mas eu a segurei antes que ela pudesse sair de perto de mim.

— Vai ser rápido, eu juro. — falei baixo para que apenas ela me ouvisse.

Eu sabia que o que ela menos queria naquele momento era ficar com Victoria por perto.

Any assentiu com a cabeça antes de se levantar e então as três deixaram o quarto, restando apenas eu e os caras ali.

— Ainda não caiu a ficha de que Henry teve mesmo coragem de nos trair. — Chris foi o primeiro a falar depois que a porta foi fechada.

— Eu queria saber que porra se passou pela sua cabeça. — Ryan bufou. — O que será que Josh ofereceu à ele para que ele nos traísse? Será que ele estava mesmo sendo ameaçado como Riley disse?

— Foda-se o que Josh o ofereceu, nada justifica ele ter nos apunhalado pelas costas daquela forma. — esbravejei.

— Uma parte de mim me diz que nós devíamos ter desconfiado dele e dos sumiços que ele dava mas a outra parte me convence de que não conseguiríamos sequer levantar uma mísera dúvida sobre ele. — Chaz suspirou. — Fala sério, o cara estava com a gente desde o começo dessa porra. Eu nunca iria sequer cogitar a hipótese dele nos trair.

Tudo aquilo ia muito além de ser apenas negócios, representava muito mais do que uma desvantagem contra Josh. Não estávamos daquela forma porque tínhamos perdido para Josh e sim por causa da traição de alguém que nós considerávamos ser nosso irmão, parte da nossa família.

Henry nos traiu da forma mais imperdoável possível, ele traiu nossa confiança e nossa amizade. Ele não foi leal à nossa irmandade, ele deixou toda aquela porra subir a cabeça.

— Ele terá o que um traidor merece, disso eu tenho certeza. Cedo ou tarde. — falei sério. — Mas nesse momento nosso foco não é aquele filho da puta, é o Josh.

— Sabe... Eu achei muito suspeito Josh ter saído do casebre daquela forma... Sei lá, parecia que ele sabia que a gente ia acabar fugindo de lá e que ele queria isso. — Chris comentou, chamando nossas atenções para ele.

— Por que você acha isso? — Ryan comentou. — Se ele quisesse isso então ele não teria deixado aqueles capangas vigiando a gente, eu acho até que ele pensou que Noah estava morto e que nós não conseguiríamos nos soltar até que ele voltasse.

— Não acho que passou pela cabeça dele que Noah estava morto. — Chaz negou com a cabeça. — Josh não começou nisso ontem, ele sabe bem quando alguém está morto ou não. Além disso, em momento algum ele checou a pulsação do Noah para saber se ele tinha morrido.

— Provavelmente o que Josh está tramando é muito maior do que só me dar uma porrada. — bufei irritado. — Sabe de uma coisa? As vezes eu penso que seria bem melhor se tivéssemos um confronto direto com ele e acabar com essa merda de uma vez por todas.

— Você sabe o risco que um confronto direto tem, pode ser que um de nós não sobreviva à um. Não tem como arriscar dessa forma, nós podemos acabar com ele de outro jeito. — Chaz falou.

— E qual vai ser então? — Ryan questionou. — Temos que fazer alguma coisa, não dá para ficarmos de braços cruzados até ele atacar outra vez.

— Assim que Noah receber alta do hospital nós começamos a preparar tudo, vamos dar nosso contra-ataque. — Chris disse. — Podemos até pensar em usar Victoria como isca, sabemos que ela consegue enrolar homens muito bem.

— É melhor mesmo começarmos a preparar tudo depois que Noah tiver alta, ele não está cem por cento ainda. — bufei para a fala de Chaz.

— Não fale como se eu estivesse debilitado. — resmunguei.

— E Riley? — Chaz questionou após me ignorar. — Vamos incluir ela nessa?

— Por enquanto não. — falei. — Não podemos nos indispor com a gangue de Jack, só vamos incluir ela em alguma coisa depois que falarmos com ele.

Nos calamos quando ouvimos batidas na porta e antes que qualquer um de nós pudesse responder alguma coisa o médico entrou no quarto com sua prancheta em mãos. Ele primeiro pareceu me analisar com o olhar e logo em seguida olhou para os caras.

— Pelo visto vocês não entenderam muito bem a regra do número de pessoas dentro do quarto por vez. — o velhote brincou enquanto se aproximava da minha cama.

— Deu algum problema? — Chris perguntou quando o médico começou a analisar os aparelhos ao lado da cama e anotar algumas coisas em sua prancheta.

— Não, eu só estou checando o estado dele para então o levar para refazer alguns exames apenas para garantir a evolução do seu quadro. Mas tenho certeza que está tudo bem e que amanhã mesmo ele já vai poder ir para a casa. — o médico informou. — Vocês terão que esperar na sala de espera enquanto ele realiza os exames.

Os caras se aproximaram para fazer um toque de mãos comigo um de cada vez antes de saírem do quarto para esperar que eu fizesse os exames.

O médico checou meus sinais vitais em um procedimento padrão e eu não consegui esconder minha frustração por estar ali, bufando a cada segundo. Hospital era um lugar chato pra caralho para se estar. Depois de checar tudo o que precisava ele anotou mais algumas coisas na prancheta.

— Você está reagindo muito bem, tenho certeza que conseguirá ter alta amanhã mesmo. — eu suspirei com a notícia. — Mas... As pancadas foram realmente bem fortes, parece até que alguém te bateu na tentativa de um homicídio. — ele me olhou por cima da sua prancheta. — Foi o que aconteceu com você? Alguém tentou te matar? Nós podemos abrir um boletim de ocorrência se você quiser.

E aquele era o motivo pelo qual nós só íamos à hospitais em último caso.

Eles desconfiam de tudo e sempre fazem perguntas demais, fora que tem vezes que acabam acionando a polícia. Eu não sabia ao certo qual tinha sido a desculpa que os caras tinham dado na hora de preencher minha ficha então preferia não me aprofundar naquilo.

— Não foi nada demais. — dei de ombros. — Não precisamos incomodar a polícia por uma idiotice dessas.

— Você pode me dizer o que aconteceu, eu posso te ajudar a falar com a polícia e...

— Já disse que não aconteceu nada. — o interrompi, me irritando. — Tem como andar logo com isso?

O médico demorou alguns segundos para assentir com a cabeça, pronto para me levar para realizar os exames.

{...}

Any entrou no quarto saltitando com um sorriso tão grande que me fazia questionar como cabia em seu rosto.

Depois de fazer todos os exames eu acabei dormindo, não lembro exatamente em que momento isso aconteceu ou se eles acabaram por me sedar mas acordei com Any abrindo a porta do quarto.

— Adivinhe só a notícia que acabamos de receber? — ela cantarolou quando se sentou ao meu lado na cama.

— Não sou bom com esse jogo. — entortei a boca. — Qual foi?

— Bom... — ela fez uma pausa para fazer um suspense. — Você vai receber alta pela manhã. — disse animada.

A ideia de deixar logo aquela merda de hospital me agradava.

— Porra, finalmente. — soltei uma lufada de ar. — Não vejo a hora de sair dessa cama desconfortável. Como pode um hospital caro pra caralho ter umas camas dessas? — Any deu risada.

— E eu não vejo a hora de poder voltar a dormir com você por perto sabendo que você está bem.

Ela abriu um sorrisinho para mim antes de se inclinar para aproximar seus lábios dos meus, juntando-os. Eu fui rápido em pedir passagem com a língua querendo aprofundar o beijo, como se aquilo fosse tudo o que eu precisasse naquele momento. Any segurou meu rosto com as mãos da forma mais delicada que conseguia como se estivesse com medo de acabar me machucando por causa dos hematomas em meu rosto. Com a forma que ela estava me beijando eu poderia tranquilamente transar com ela naquela cama desconfortável e eu não reclamaria disso.

Any se afastou de mim no susto quando a porta foi aberta abruptamente. Eu entrei em alerta e segurei a Any com instinto antes de virar meu olhar para a porta, suspirando aliviado ao ver que se tratava apenas de Chaz. Mas meu alívio acabou assim que eu vi seu semblante nada bom enquanto ele segurava seu celular.

— Acabei de receber um alerta, nós precisamos dar o fora daqui o mais rápido possível. — ele falou rápido. — A polícia recebeu uma denúncia sobre você estar aqui por um motivo suspeito, quando eles souberam o seu nome já suspeitaram de que você estava em maus lençóis e estão vindo para cá agora doidos para colocarem a mão em você.

Ah, porra.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top