30. Fucked plan

Any Gabrielly • POV

Os dias tinham se passado e hoje era finalmente o dia em que colocaríamos o plano em ação.

Nos últimos dois dias eu mal tinha visto os meninos, incluindo meu namorado e meu irmão, eles passavam praticamente o dia inteiro trancados dentro do escritório terminando de preparar os detalhes para que tudo ocorresse bem hoje. Noah e Chaz ficaram me testando para ver se eu desistiria de ir adiante com aquilo mas eu não dei para trás.

Eu tinha que fazer aquilo.

Eu sabia que aquele era o jeito mais rápido de atacar Josh e a ideia de ver nossas vidas livre daquele idiota me agradava demais. Se eu podia ser útil para eles nesse momento e ajudar a acabar com esse cara então eu faria isso.

Eu estava nervosa, era claro, mas só de lembrar que os garotos estariam por perto e nunca deixariam nada de ruim acontecer comigo já me acalmava o suficiente.

Noah me puxou de volta dos meus pensamentos quando abraçou meu corpo por trás, dando um beijo no meu ombro que a regata que eu estava usando deixava exposto.

— É sua última chance para desistir disso. — ele falou baixo com a voz rouca a centímetros do meu ouvido.

— Eu não vou desistir, Noah . — repeti pela milésima vez.

Noah bufou e me soltou, eu arrumava a minha bolsa que estava em cima da cama quando ele se sentou ao lado dela.

— Você tem noção do quão perigoso isso pode ser, não é?

— Sim, eu tenho. — terminei de colocar as coisas na bolsa e virei meu olhar para ele. — Estou fazendo isso por nós.

— Você não precisa fazer isso, bebê. Nós podemos achar outro jeito de acabar com Josh sem você precisar se arriscar dessa forma. — ele insistiu.

Suspirei antes de me inclinar e capturar seus lábios em um beijo delicado, procurando passar alguma segurança para ele. Ajeitei minha postura e peguei minha bolsa, colocando ela em meu ombro.

— Vocês vão estar por perto para me proteger, não vai acontecer nada que não esteja no plano. — acariciei sua bochecha com meu polegar.

Noah bufou em desistência e voltou a ficar de pé.

— Os caras estão te esperando lá embaixo, Chaz veio com a ideia de tomarmos café da manhã juntos antes de sair. — eu sorri com a ideia.

— Isso vai ser ótimo. — falei. — Vamos lá.

Noah passou por mim para sair do quarto apenas para mostrar que ainda estava emburrado e eu dei uma risada abafada antes de seguir para o andar de baixo também. Quando cheguei na cozinha pude ver todos os meninos sentados na mesa conversando alto enquanto tomavam o café da manhã deles, até mesmo Henry estava lá e fazia uns dias que eu não o via. Mas era bom ter a família reunida.

— Oi, Any. — todos eles falaram em uníssono quando me viram e aquilo me fez rir.

— Bom dia, meninos. — falei de volta.

Dei um beijo no topo da cabeça do meu irmão quando passei por ele e me sentei na cadeira vaga entre ele e Noah.

— Está preparada? — Ryan perguntou do outro lado da mesa.

— Acho que sim, só estou um pouco nervosa. — falei enquanto pegava um pedaço de bolo.

— Henry, os capangas que você descolou já estão prontos? — Noah perguntou para seu amigo, ele tinha uma carranca em seu rosto por ainda estar emburrado comigo.

— Não só já estão prontos como também já estão parados pelas ruas próximas ao colégio esperando nosso sinal. — Henry garantiu.

— Então acho melhor vocês já irem logo, já deu tempo de tomarem café da manhã. — o senhor mau humorado resmungou. — Ainda tem algumas coisas para organizarem, vocês vão na frente e eu vou daqui a pouco com a Any.

— Acho melhor a gente ir antes que o Urrea morda a gente. — Ryan zombou do seu humor.

Os garotos se apressaram para terminar seu café da manhã e então foram se levantando da mesa para fazerem o que Noah havia mandado.

— Boa sorte hoje, Any. — Chris me lançou um sorriso. — Vamos fazer o impossível para que tudo dê certo. — eu sorri para ele.

Meu irmão depositou um beijo em minha testa e me olhou com carinho.

— Não vai mesmo desistir? — ele perguntou e eu neguei com a cabeça, o fazendo suspirar. — Eu amo você, maninha. — e então ele beijou meu rosto. — E Noah, nos encontramos na rua do colégio. — falou para seu amigo.

E então os garotos deixaram a cozinha.

Noah e eu terminamos de tomar nosso café da manhã em silêncio, com Noah checando a hora no seu relógio a cada segundo que passava.

— É melhor a gente ir agora, já está no horário da sua primeira aula. — ele falou após checar a hora pela milésima vez, virando o resto do seu suco antes de se levantar.

Tive que correr para alcançar Noah quando ele saiu da cozinha e então nós seguimos juntos para fora do apartamento. Ele escolheu sua Bugatti na garagem e eu apenas o acompanhei para dentro do carro.

A breve viagem de carro até o meu colégio foi feita em total silêncio, nem mesmo o rádio eu liguei daquela vez. Noah estava pensativo e mantinha a sua mandíbula contraída, já eu estava tão nervosa que sentia minha mão suar cada vez mais a cada esquina que nós passávamos para nos aproximarmos do nosso destino.

Parecia que meu coração ia sair pela boca quando Noah parou o carro na frente do meu colégio, que estava bem movimentado naquele horário por ser a hora da entrada dos alunos.

— Te vejo logo, bebê. — a voz de Noah saiu rouca.

— Só isso? Sem nenhum beijo de despedida ou alguma coisa do gênero? — tentei aliviar o clima implicando com ele e senti meu coração aquecer ao ouvir o som da sua risada.

Ele segurou minha mão e me ajudou a passar para o seu lado do carro, comigo sentando no seu colo. Noah afastou seu banco para trás para dar espaço para que eu me ajeitasse e então ele procurou meus lábios com urgência, nem esperando eu me ajeitar direito para me beijar. Seus braços abraçaram minha cintura como se ele quisesse me manter perto para sempre e seus lábios se mexiam em sincronia com os meus, em um beijo calmo porém intenso.

Infelizmente fomos obrigados a separar nossas bocas quando o ar faltou em nossos pulmões, nossas respirações descompassadas eram os únicos sons audíveis dentro do carro quando eu encostei minha testa na sua.

Noah me deu mais um selinho e então se esticou e abriu o porta-luvas, pegando de dentro dele um aparelho bem pequenininho que eu não sabia ao certo do que se tratava. Ele puxou o decote da minha blusa para baixo e antes que eu pudesse perguntar o que ele estava fazendo ele prendeu o objeto dentro do meu sutiã, ajeitando minha blusa em seguida e o deixando bem escondido.

— É um GPS. — explicou ao notar meu semblante confuso. — É como vamos saber onde você está. — assenti com a cabeça.

— Tudo bem mas agora eu realmente preciso ir. — beijei seus lábios uma última vez antes de voltar para o meu lugar no banco do carona, pegando a minha bolsa que eu tinha largado em cima do banco. — Eu te amo, Noah. Muito!

— Eu também te amo, bebê.

Eu lhe dei um último sorriso antes de sair do carro, acenando para ele enquanto andava em direção à entrada do colégio.

Tudo tinha que dar certo agora.

A cada passo que eu dava meu nervosismo parecia aumentar mas eu tentava manter a calma, o plano dependia disso.

Frequentei minhas aulas como se fossem um dia comum, felizmente nenhuma das minhas aulas do primeiro horário eram com Andrew então aproveitei para tentar me acalmar e mentalizar coisas positivas. Eu não consegui prestar atenção em nenhuma aula até que tocou o sinal do intervalo, que fez meu coração disparar por saber que estava chegando a hora.

Eu saí da sala apressada indo em direção ao refeitório do colégio mas antes que eu pudesse chegar no meio do caminho uma mão segurou meu braço, então senti meu corpo todo tremer.

— Any! — meu nome foi chamado e eu virei quase que roboticamente, tendo a visão de Andrew com um sorriso no rosto. — Quanto tempo que eu não te vejo.

— Pois é, eu tive alguns problemas pessoais e então não consegui vir à escola. — tentei forçar um sorriso. — Mas já está tudo resolvido então estou de volta.

— Eu entendo. — disse. — Então, eu estava indo agora mesmo para uma lanchonete que eu conheço fora do colégio, você está afim de ir comigo? — seu sorriso continuava no seu rosto. — Não querendo te pressionar mas você está mesmo me devendo uma saída. — brincou.

Sua tentativa de parecer amigável falhou já que eu sabia bem que era uma farsa.

Mas eu abri um sorriso falso para ele antes de assentir com a cabeça.

— Claro, é uma boa ideia! Eu vou adorar. — aceitei.

— Vamos lá então, meu carro está no estacionamento.

Eu caminhei junto com ele para o estacionamento da escola, onde seu carro estava estacionado. Respirei fundo antes de entrar no veículo junto com ele e então ele acelerou para sair da área do colégio, quando ele entrou na rua eu pude ver o carro dos garotos estacionados lá de tocaia.

Que o plano comece.

A cada metro que o carro se distanciava do colégio eu sentia minha respiração ficando mais pesada, como se o ar tivesse tendo dificuldades de chegar aos meus pulmões. Estava me esforçando ao máximo para não demonstrar meu nervosismo e o receio.

Andrew puxava conversa enquanto dirigia como se nada estivesse acontecendo e me provando que ele era um excelente ator. Eu estava dando o meu máximo para me igualar a ele na atuação e respondê-lo tranquilamente mas eu falhava toda vez que só conseguia lhe dar respostas curtas.

— Está mesmo tudo bem com você? — ele me olhou por uma fração de segundos antes de voltar seus olhos para o caminho. — Mal falou até agora.

— Está tudo bem sim, eu só estou com alguns problemas na cabeça mas não é nada demais. — murmurei.

— Você tem certeza? Pode se abrir comigo se quiser.

— Sim, está tudo bem.

— Por que sumiu durante esses dias? — ele perguntou. — Foi algo com seus pais?

— Sim, foi. — menti. — Aconteceram algumas coisas envolvendo eles mas eu não me sinto confortável para falar sobre isso agora.

Andrew apenas assentiu sem me fazer mais perguntas.

Observava através da janela o caminho que ele estava fazendo, pelo tempo em que estávamos dentro do carro eu podia concluir que não estávamos próximos à escola. Estávamos em um bairro que parecia ser bem barra pesada mas eu não conhecia aquele lugar, tinha certeza de que nunca tinha ido para aquele lado da cidade.

O carro foi diminuindo a velocidade e então foi estacionado rente ao meio-fio, eu engoli em seco ao ver que se tratava de uma rua deserta.

— Chegamos! — ele avisou.

Andrew me incentivou a descer do carro e eu o fiz mesmo que contrariada, com ele descendo logo em seguida. O lugar era muito silencioso e mesmo que tivesse algumas casas parecia que ninguém morava ali, era como se fosse uma terra esquecida por Deus. Andrew tinha estacionado seu carro em frente à uma casa bem pequena e muito bem preservada.

Soltei um grito de susto quando senti alguém me imobilizar por trás, segurando meus braços juntos para que eu não os movesse. Era Andrew.

— Bem-vinda ao seu inferno. — ele sussurrou em meu ouvido e meu corpo estremeceu de puro medo.

Por mais que isso estivesse no plano e que eu soubesse que os garotos logo estariam aqui também eu não conseguia deixar de temer, sentindo um aperto no coração.

Nos últimos dias eu me esforcei para passar uma imagem de garota determinada para Noah e meu irmão por querer amenizar a preocupação deles e fazer com que eles acreditassem que eu conseguiria fazer aquilo, mas a verdade era que aquilo tinha me deixado assustada e eu tinha muito medo de alguma coisa dar errado.

Nada podia dar errado.

— POR QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO ISSO, ANDREW? — gritei com meus olhos marejados enquanto tentava inutilmente fazê-lo soltar meus braços. — O que eu fiz para você?

— Não leva para o lado pessoal, Any, são apenas negócios. — o seu tom de voz me causava calafrios. — Eu só tenho algumas contas para acertar com o seu namorado então teremos que esperar por ele aqui.

Ele definitivamente não tinha nada a ver com o Andrew que eu havia conhecido antes.

Ele me arrastou para dentro do casebre mesmo que eu relutasse para que ele não o fizesse, eu tropeçava nos meus próprios pés enquanto ele me empurrava, se mantendo atrás de mim segurando meus braços juntos com tanta força que chegava a me machucar.

— Finalmente chegaram. — uma voz conhecida ecoou pelo lugar com um tom de deboche. — Quanto tempo, minha linda, eu senti saudade. — Josh tinha um sorriso maldoso nos lábios quando deu passos vagarosos em minha direção.

Naquele momento eu já tremia de puro medo e a primeira lágrima escorregou do meu olho, e eu me arrependi de não ter escutado Noah e Chaz. Eles estavam certos, eu não aguentaria aquilo.

— Saudades? O chute que eu te dei não foi o suficiente para você? — cuspi as palavras em deboche e ele semicerrou os olhos para mim.

— Parece que o Urrea fez você se tornar uma garota ousada, isso é mau. — ele estalou a língua no céu da boca e segurou meu pescoço, me fazendo arregalar os olhos. — Você nunca esquecerá o dia de hoje, minha linda.

Ele me segurou pelo pescoço e me empurrou para uma das cadeiras de madeira que estavam vagas ali, Andrew foi rápido em puxar um pedaço de corda do seu bolso e vir amarrar meus pulsos na cadeira.

— Por que vocês estão fazendo isso? — perguntei com minha voz já embargada por causa do choro enquanto sentia meus pulsos serem amarrados.

— Achei que fosse mais esperta que isso. — Andrew riu.

— Deixe-me te explicar, minha linda. — Josh se abaixou na minha frente. — É fato que se alguma coisa ruim acontecesse com você o Urrea ficaria enfraquecido e essa seria uma brecha para que eu acabasse com ele de uma vez. E sabendo disso, eu pensei e repensei em um jeito de enfraquecer ele mais do que isso e cheguei a conclusão de que eu poderia fazer melhor do que só acabar com você.

Ele fez uma pausa e se levantou, começando a andar em círculos na minha frente com a mão no queixo como se estivesse pensando.

— E daí eu pensei no plano perfeito! Eu pensei, por que eu não criar uma armadilha para o Urrea usando sua querida namorada como isca para isso? E então esse plano veio na minha mente como uma obra-prima. — ele parou de andar e abriu um sorriso. — Eu sabia que vocês iriam me subestimar e achar que eu fosse mandar Andrew se apresentar para você usando seu nome real como um amador.

— C-Como assim? — engoli em seco.

— Eu sabia que você falaria com o Urrea sobre Andrew em algum momento e ele ficaria desesperado querendo armar um contra-ataque só de pensar que estávamos tão próximos à você. Eu tinha um infiltrado do meu lado o tempo todo, alguém que conseguiria manipular a situação inteira. — Josh virou para mim. — Primeiro eu fiz ele convencer o Urrea a te mandar embora de Las Vegas, para que assim você conhecesse Andrew na sua escola. Depois eu fiz ele sugerir um plano que te colocava como isca por saber que você seria ingênua o suficiente para se envolver nisso e tudo correria de acordo com o meu plano. — ele deu uma breve risada antes de continuar. — Você é apenas uma isca, Any Gabrielly. Noah virá até aqui achando que tem tudo sob controle para proteger você mas ele vai acabar morto antes de conseguir isso, e então você poderá voltar para sua casinha depois disso aqui e curtir sua depressão pós-morte do namorado.

As lágrimas já escorriam pelo meu rosto sem restrições quando ele terminou de falar.

O barulho dos carros do lado de fora do casebre aumentou meu desespero e eu só queria que houvesse uma forma de mandá-los embora antes que eles entrassem ali.

E foi como se eu tivesse levado um soco no estômago e toda culpa do mundo tivesse caído sobre meus ombros, tudo aquilo estava acontecendo por minha culpa. Foi como Josh havia falado, eu era ingênua o suficiente para achar que conseguiria fazer aquilo dar certo mesmo com Noah e Chaz me avisando que não seria uma boa ideia.

Eu tinha colaborado para o plano de Josh, eu tinha nos colocado naquela situação.

— Aproveita o show de camarote. — Andrew falou antes de tapar minha boca com uma fita isolante.

Notas Finais:
Quem vocês acham que é esse infiltrado? 👀

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