28. Trying to keep her safe

Noah Urrea • POV

Abri os olhos devagar, me sentindo perdido por estar tudo escuro e eu não enxergar nada. Tateei a mesa de cabeceira que eu sabia que ficava ao lado da cama e consegui ligar o abajur, podendo ver então Any dormindo com a cabeça apoiada em meu braço, que se encontrava dormente, e com seu corpo coberto apenas pelo lençol que, na minha opinião, tinha muitas flores e borboletas.

Me levantei devagar, tendo um puta trabalho para tirar meu braço debaixo dela sem que ela acordasse. Também foi trabalhoso encontrar minha cueca que estava no chão na meia luz, mas assim que eu a encontrei eu vesti e deixei seu quarto, indo para o meu. Tomei um banho rápido no meu banheiro e depois vesti uma bermuda de moletom com uma regata branca.

O apartamento estava silencioso quando eu deixei o quarto, olhei no meu relógio de pulso e dei conta de que estávamos no início da noite. Fui até o escritório, encontrando todos os caras no cômodo.

— O que está rolando? — perguntei ao me jogar no sofá ao lado de Ryan, coçando os olhos preguiçosamente.

— Estamos bolando o plano para foder Andrew e Josh. — Ryan disse sem tirar os olhos do seu celular, onde estava trabalhando. — Não pode haver falhas.

— É o quê? — falei meio incrédulo, procurando Chaz com o olhar. — Vamos mesmo fazer isso?

— Any está decidida, ninguém vai conseguir tirar isso da cabeça dela. — Chaz falou. — Tudo o que podemos fazer é garantir que vai dar certo.

— Nós estaremos lá, vamos proteger sua garota. — Henry falou e bateu com a mão no meu ombro.

— E qual é o plano? — resmunguei.

— A princípio, Any vai agir como se ainda não soubesse de nada e vai aceitar o convite de Andrew para sair com ele. Nós vamos seguir ela e também ela terá uma escuta, daí nós veremos para onde ele a levará. — Chris disse. — Se for como esperamos, ele irá levá-la para Josh e nós teremos os dois no mesmo lugar. Precisamos também de alguns capangas para irem com a gente, os melhores de Los Angeles.

— Pode deixar comigo que eu arrumo alguns capangas. — Henry falou.

— Eu vou separar então o que cada um vai ficar responsável. — Chaz falou enquanto digitava em seu laptop. — Mas já sabemos que Ryan ficará responsável por arrumar os carros e Henry por arrumar os capangas.

— Eu vou ter que ir agora, galera. Tenho algumas coisas para resolver ainda. — Henry se levantou. — Vou entrar em contato com alguns capangas e dou o retorno para vocês.

— Se precisar de alguma coisa é só acionar. — Ryan falou ao fazer um toque de mãos com ele.

— Eu vou ver se a Any já acordou. — murmurei, me levantando do sofá.

Saí do escritório e fui em direção ao quarto da Any, ela não estava em canto nenhum mas o som da água caindo denunciou que ela estava dentro do banheiro. Fechei a porta atrás de mim e fui até sua cama bagunçada, me sentando na ponta enquanto a esperava sair do banho.

E era quase inevitável o meu pensamento parar na porra do plano, o plano em que Any se arriscaria.

Ela era muito cabeça dura e se achava intocável, ela iria participar desse plano apenas para não dar o braço a torcer para mim e me mostrar que ela consegue fazer aquilo. Mas e se ela não conseguisse?

O mais foda é que ela estava confiante que eu iria conseguir protegê-la daquilo também, como se nada de muito ruim fosse acontecer com ela porque eu estaria lá. Mas e se acontecesse?

E então me lembrei que esse filme já tinha rolado antes, fazendo meu pensamento viajar para um tempo atrás, quando Victoria também achou a mesma coisa...

— Não vai acontecer nada, amor. Eu sei me cuidar, esqueceu? — Victoria disse confiante e beijou meus lábios antes de abaixar sua balaclava que deixava apenas seus olhos visíveis.

Carreguei uma arma e a coloquei presa na cinta-liga de Victoria, não perdendo a oportunidade de apertar sua coxa no caminho.

Todos estavam em seus devidos lugares e só faltava o sinal de Ryan para começarmos a festa. Ryan apareceu de longe e deu o sinal com a luz da lanterna e todos começaram a se aproximar do galpão com cuidado para não fazer barulho, Josh não podia desconfiar que estávamos lá. Me preocupei em olhar tanto para as coisas ao meu redor quanto para Victoria, eu precisava garantir que ela estaria segura. Eu não podia deixar nada acontecer com ela... Se ela apenas ralasse o joelho ou a droga de uma farpa entrasse em seu dedo eu não sei o que eu faria.

Fui para o lado de trás do galpão como mandava o plano com Henry do meu lado e Victoria atrás de mim, os outros caras foram pela frente. Henry abriu a fechadura da porta com a chave clonada sem largar a arma e nós entramos no galpão sem fazer alarde. Dava passos cuidadosos enquanto apontava a arma para todos os lados, atento à tudo ao meu redor.

Por mais merda que ele fosse, Josh não era tão burro assim.

Victoria estava atrás de mim e na frente de Henry, como se estivéssemos dando cobertura à ela. Antes de virmos para o plano eu falei com todas as letras para eles vigiarem ela junto comigo, ela não podia sair machucada.

Tiros são ouvidos e Victoria deu um grito abafado pela balaclava, virei rapidamente minha cabeça para trás em alerta para checar se ela estava bem. Percorri seu corpo todo com meu olhar e não vi nada que pudesse indicar que ela tinha se ferido.

— Desculpa! — ela sussurrou. — Eu... Eu só... Me assustei.

Victoria estava claramente assustada com toda aquela situação.

Foi ela quem quis entrar no plano, na hora que decidiu ela estava toda cheia de si e decidida mas agora parecia prestes a correr para longe de lá.

— Eu vou cuidar de você, lembra? Nada vai acontecer. — jurei. — Eu consigo cuidar de nós dois.

Conseguia ver pela forma como seus olhos diminuíram que ela estava sorrindo, e então assentiu com a cabeça. Voltei a caminhar com ela atrás de mim, encontramos com Chaz, Ryan e Chris no cômodo central. Chaz estava armando a bomba.

Um tiro foi disparado por Chris e um dos caras de Josh caiu no chão morto.

— Ele está no galpão? — perguntei.

— Eu chequei a parte de cima mas não achei nenhum sinal dele, infelizmente. Mas isso aqui já basta para deixar ele avisado. — Chaz falou ao terminar de armar a bomba e deixou ela no chão. — Ainda temos cinco minutos para correr.

Os caras começaram a ir para fora do galpão pela grande janela que tinha naquele cômodo e eu olhei ao meu redor procurando por Victoria com o olhar, sentindo meu coração errar uma batida por não encontrá-la.

Ela não estava ali, porra. Por que ela não estava ali?

O sangue começou a correr mais rápido pelas minhas veias e eu senti a adrenalina da situação. Tinha só cinco minutos para não ser fritado ali dentro e ainda tinha que achar ela. Como pude tirar os olhos dela?

Ela só podia ter corrido com os caras para o lado de fora e eu não vi, então saí do galpão pela janela também. Os caras estavam perto do carro mas não havia nenhum sinal da garota loira lá.

Engoli em seco.

— Porra, Urrea, anda! Três minutos. Nós precisamos nos afastar daqui. — Chaz gritou para que eu escutasse pela distância e eu comecei a negar com a cabeça.

— Eu não sei onde ela está e eu não saio dessa porra de lugar sem ela. — falei antes de voltar para dentro do galpão.

Conseguia ouvir Chaz gritar atrás de mim mas eu continuei correndo para dentro do galpão, subi os degraus da escada o mais rápido que consegui com a arma destravada na minha mão pronto para estourar os miolos de qualquer um. Quando cheguei no segundo andar consegui ver Victoria com uma expressão perdida e ela suspirou de alívio assim que me viu.

— Vic. — disse, aliviado por vê-la também. Andei até ela enquanto ela corria até mim. — Precisamos sair daqui.

Ela respirava ofegante quando chegou perto de mim, segurei seus braços querendo que ela se acalmasse.

— Ele está aqui, Noah! Eu subi atrás dele, eu vi ele olhando de longe, ele está aqui! — ela falou rápido.

Conhecia ela bem o suficiente para saber que ela estava quase morrendo de medo.

— Não importa mais, Vic, a gente precisa sair daqui. — segurei seu rosto para que ela olhasse para mim e ela assentiu com a cabeça.

Segurei sua mão e me virei para ir até a escada mas parei assim que ouvi um som de tiro ser disparado.

Meu corpo todo ficou tenso, era como se o mundo tivesse parado de girar por um momento e várias tragédias distintas se passaram pela minha cabeça. Eu não sentia mais a mão de Victoria na minha e aquilo só fazia meu coração palpitar mais rápido.

Engoli em seco antes de virar meu corpo devagar e olhar para o chão, vendo Victoria jogada com a mão em sua barriga cheia de sangue. Sua boca estava entreaberta e lágrimas escorriam dos seus olhos.

Fiquei parado no mesmo lugar sem conseguir me mover, não conseguia nem piscar. Estava paralisado.

Urrea! — ouvi a voz de Chaz me chamando mas não consegui me virar, não consegui responder. — Que merda aconteceu com ela? MERDA, A GENTE PRECISA SAIR DAQUI! — ele gritou tentando me tirar do transe mas não funcionou.

A minha namorada estava ferida jogada no chão e a culpa daquilo ter acontecido era minha. Era tudo culpa minha.

Chaz correu até ela quando eu não o fiz e ajoelhou do lado do seu corpo, analisando seu ferimento com os olhos.

— Victoria? Você está consciente? Fala comigo. — ele tentou enquanto ela continuava chorando.

— E-Eu... — ela tentou falar mas estava fraca demais, sua voz trêmula me tirou do transe e eu corri até ela, pegando ela no colo com todo cuidado possível mas ainda assim ela gemeu de dor.

Comecei a correr com ela no colo para fora daquele galpão enquanto Chaz corria comigo e contava os segundos que faltavam para a bomba explodir, o que só contribuía para me deixar ainda mais nervoso. Tive dificuldade em pular a janela por estar segurando Victoria e quando consegui eu corri para longe do lugar com Chaz logo atrás de mim. Antes que a gente conseguisse chegar perto dos caras a bomba explodiu e a força da explosão nos fez cair no chão.

Me sentei na grama e olhei para trás, vendo o galpão de Josh em chamas, mas eu sabia que ele já não estava mais lá.

Fui tirado dos meus pensamentos quando um grito sufocado de dor saiu dos lábios da mulher que eu amava. Me virei para Victoria e vi Chris tentando ajudá-la enquanto ela chorava compulsivamente tentando segurar a sua barriga com a mão como se fosse suficiente para amenizar a dor do tiro. Sua roupa estava encharcada de sangue e ela já estava entrando em desespero com aquilo.

De um modo indireto, fui eu que fiz aquilo com Victoria. A culpa foi minha por não ter conseguido protegê-la. Se algo acontecesse com ela eu não seria capaz de conviver com a porra da culpa.

Naquele dia nós tivemos que correr com ela para o hospital, ela perdeu muito sangue e chegou a ficar em coma induzido. Victoria ficou entre a vida e a morte, e a culpa foi toda minha. Eu que deixei ela participar da merda do plano, eu que deixei de vigiá-la lá. Eu não consegui cuidar de nós dois.

Aquilo aconteceu bem no início do nosso relacionamento e foi uma das primeiras merdas que aconteceram com ela por culpa dos meus inimigos. Josh atirou nela sem piedade alguma, ele apenas queria que ela morresse para me ver na merda. Era isso que ele fazia, jogava o mais baixo possível só para me desestabilizar.

Voltei para a realidade quando Any se sentou no meu colo com os cabelos molhados, um short tão curto que parecia uma calcinha jeans e uma camiseta da Vans. O sorriso que ela abriu para mim foi o suficiente para afastar todas as memórias do passado que estavam insistindo em voltar à minha mente.

— No que estava pensando? Estava em outro planeta. — ela disse colocando as pernas ao redor do meu quadril e se ajeitando no meu colo.

— O que eu preciso fazer para você desistir do plano? — perguntei baixo e segurei suas coxas com minhas mãos.

— Noah, não volte para esse assunto agora. — ela choramingou. — Vai tudo ocorrer bem, está bom? E de quebra vamos conseguir nos ver livres do Josh.

Respirei fundo, tentando me convencer com suas palavras.

Tentei deixar aquelas ideias de lado e tomei seus lábios para mim com urgência, conseguindo a paz que eu precisava quando ela me beijou de volta.

Se alguma coisa acontecesse com a Any durante esse plano fodido eu nunca iria me perdoar.

Notas Finais:
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