Último Dia

( Pequeno conto de capítulo único)

Este pequeno conto não tem o intuito de levantar questionários a meu respeito ou se quer julgamento sobre minha opinião sobre o assunto. Tirem suas próprias conclusões sobre a pergunta que lançarei e espero que entendam.

Ela foi para a festa por livre e espontânea vontade, então fora culpa dela o que aconteceu?

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       O sol vai embora logo depois do acontecido. Um barulho estrondoso ecoa e logo a tempestade cai. Cai sobre Mariana as gotas geladas de água, caem como pedras a perfurando. Enchem seus olhos e se misturam às suas lágrimas. O corpo ainda doi por fora e os dedos já não se movem, ele os quebrou quando ela tentou arranhar seu rosto bonito, ele também socou a boca dela quando tentou mordê-lo e agora o gosto de ferrugem descia por sua garganta.

A floresta estava escura e a água escorria por entre suas pernas nuas, lavando os vestígios dele.
Quem dera a lavagem daquela chuva fizesse a dor infernal de dentro parar. Se era um pesadelo está ali, queria muito acordar.
Se pudesse se teletransportar para outro corpo inocente, assim faria, mas ainda assim, será que ainda sentiria aquela dor?

A noção do tempo passado, havia se perdido entre o desengonçado balançar das moitas ao receberem as gotas pesadas de água, mas a visão mais claras das árvores e os pássaros a cantar anunciavam o dia novo.
O primeiro dia depois de sua morte.

Se tivesse dado ouvidos a sua mãe quando disse " filha essa não é o tipo de festa pra você, não sabe quantas pessoas com pensamentos maus aparecem por lá, por favor não vá!"
mas era só um lual na reserva, e além do mais Felipe estaria lá, ele havia dito que ela era uma graçinha enquanto fumava com os amigos a dois dias atrás, o que ele poderia está pensando de ruim?
Certamente nada, sua mãe que era paranóica demais.
Felipe era o cara mais lindo do bairro e se ele disse aquilo pra ela  na frente de tantas outras garotas mais bonitas que ela, ele certamente também a amava.
Ele era mais velho sim, mas o coração não determinava a quem ela deveria amar, ele não sabia disso, mas ela amava.
Porém Felipe era uma dessas pessoas com pensamentos maus como disse a mãe, pena que ela não percebera a tempo e agora era tarde, muito tarde.

O barulho da sirene da ambulância soava tão perto que os pobres pássaros voaram desesperados. Ela queria ter voado também quando ele a pegou pelos braços e a jogou no chão com brutalidade, deitando-se em cima dela em seguida.
Ele havia dito que queria ela naquela noite, assim que se viram no fim da tarde, ela só não imaginava que ele queria mais do que ela poderia oferecer.
Como não desconfiou que ele queria mais do que a vida dela?

E Alice? Por que Alice disse " vai com ele amiga, aproveita a noite." será que ela não sabia o que ele queria? Todavia já não importava mais.

Agora ouvia vozes se aproximando.

- Ela tá ali! É ela! Minha nossa, ela tá morta!!

 
A voz era de Alice e parecia tão apavorada como nunca havia visto, será que seu corpo estava estraçalhado também por fora e por isso aquela reação?

- Não se aproxime, por favor! deixe que cuidaremos disso.

Agora era uma voz masculina que falava bem mais próxima.

Alguém mexeu em seu corpo e ela se quer piscou com os olhos que tinham passado a noite abertos.
O choro de Alice era altamente irritante e se pudesse pediria para ela parar com aquilo.

- Foi tudo minha culpa, eu convidei ela pra essa maldita festa...eu deixei ela sozinha, eu... eu... Ela tá morta?

- Acalme-se ela não tá morta, só está inconsciente. Vamos levá-la pro hospital e depois você irá me acompanhar até a delegacia para deixar seu depoimento.

A voz do homem era firme e sábia, emoção nenhuma demonstrava.
Com um barulho de assobio ele chamou dois homens fardados de branco que aguardavam próximos sem  interferiram.
Ela sentiu seu corpo sendo coberto, retirado do chão e posto em algo mas quente que a terra molhada. Antes de ver tudo girando ouviu mas uma vez o choro desesperado de Alice um pouco mais longe.
Pobre menina ainda se culparia por muito tempo.

   Mariana tinha lido certa vez que amar poderia ser muito doloroso e que era uma dor indefinida, mas ela gostava de amar Felipe mesmo que de longe, que dor tinha nisso?
Isso ela pensava antes da tarde do dia anterior chegar, só não imaginava que a dor do primeiro amor fosse tão destrutiva e insuportável para uma pessoa só, e o pior de tudo, ela carregaria essa dor para sempre.
Certa vez também ouviu dizer que amar era quando dava-se a sua vida a outra pessoa, mas quando essa vida é arrancada sem consentimento, qual nome se dá?  

Tudo se apagou e a última coisa que ouviu foi um telefonema do homem de voz firme para outra pessoa que certamente ela sabia quem era.

- Felipe temos uma ocorrência.

- Qual?

- Estupro.


" Não há amor quando o ato de amor provoca imensa dor".

" A prisão e condenação do ladrão nunca trará liberdade para a vida que ele roubou".

                                     Fim

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Na tarde desse sábado (29/04/17) em meio a uma chuva com relâmpagos e trovões me veio esse pequeno conto em mente sem motivos exatos. De repente ele queria sair e eu o trouxe a vida.
Para quem entender a mensagem que ele está querendo repassar pode parecer triste e podem me perguntar o que me aconteceu para escrever algo tão assim... como sabemos esse conto é fictício, mas o mundo não é flores e sabemos que muitas mulheres passaram ou passam por essa realidade, claro que o que eu escrevi não chega nem perto das dores que elas sentem, mas quero apenas que saibam o quanto fico indignada com acontecimentos como esses, não com mulheres, mas com todas as pessoas do mundo que por esses e outros motivos tiveram suas vidas interrompidas.

Obrigada a todos que leram.
E se ficou alguma coisa na mente de vocês vamos pensar sobre isso, certo?
Beijo no coração de todo mundo e vamos espalhar amor por minha gente, não aguento mais tanta violência nesse mundo horroroso...

Agora respondam minha pergunta inicial.

Até a próxima...

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